segunda-feira, 13 de novembro de 2017

Opinião do dia: Thomas Jefferson

Gosto mais dos sonhos do futuro do que da história do passado.

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Thomas Jefferson (3/4/1743 - 4/7/1826), foi autor da Declaração de Independência e presidente dos Estados Unidos.

Convenção vira ato pró-Alckmin 2018

Partido. Governador paulista é impulsionado por correligionários para comandar PSDB e disputar o Planalto em 2018; pela primeira vez, tucano não descarta assumir sigla

Pedro Venceslau / O Estado de S. Paulo.

A convenção estadual do PSDB, realizada ontem em São Paulo, transformou-se num ato de apoio à candidatura do governador Geraldo Alckmin à presidência da República, nas eleições de 2018. Rodeado por lideranças tucanas e de partidos aliados, Alckmin foi ovacionado por correligionários e admitiu pela primeira vez a possibilidade de assumir o comando do partido, como fez Aécio Neves no pleito de 2014. “Precisamos de unidade para mudar o Brasil. Essa tem de ser a nossa mensagem. Com todos os riscos e muita coragem”, disse.

O governador Geraldo Alckmin foi ovacionado ontem como pré-candidato ao Palácio do Planalto por militantes e dirigentes tucanos durante a convenção paulista do PSDB. Em meio à disputa pelo comando nacional da legenda, pela primeira vez ele mudou o tom e já não descarta mais a possibilidade de assumir a sigla. Aos correligionários e lideranças de cinco partidos aliados, Alckmin fez um discurso de campanha para destacar a necessidade de união dos integrantes de sua legenda.

Alckmin chegou à Assembleia Legislativa, na capital paulista, local da convenção, ao lado do ex-governador Alberto Goldman, que assumiu o cargo de presidente interino do partido após o senador Aécio Neves (MG) destituir o colega Tasso Jereissati (CE) do posto. Tasso e Marconi Perillo, governador de Goiás, vão disputar o comando da legenda na convenção nacional marcada para o dia 9 de dezembro. O tucano foi cercado por militantes que pediam “Geraldo presidente”.

Mudança.“Nós precisamos de unidade. Mas eu pergunto: união e unidade para quê? Para mudar o Brasil. Essa tem de ser a nossa mensagem, a nossa proposta. Com todos os riscos e com muita coragem”, disse. Em seguida, afirmou que é a hora de o PSDB voltar às suas origens, ir ao encontro do povo, buscar a eficiência da gestão para reduzir as desigualdades e fazer o País voltar a crescer.

PSDB paulista aclama Alckmin e reforça críticas a Aécio Neves

Em convenção, governador desconversa sobre pressão para comandar o partido

Cleide Carvalho / O Globo

SÃO PAULO - A convenção estadual do PSDB em São Paulo, realizada ontem, serviu de palanque para as pretensões presidenciais do governador Geraldo Alckmin. Acompanhado por políticos de outros cinco partidos, o governador viu seu nome ser aclamado como candidato tucano à Presidência pelos correligionários paulistas. Enquanto seus aliados defendiam publicamente o afastamento do senador Aécio Neves do partido, Alckmin desconversava sobre a possibilidade de assumir o comando da sigla para apaziguar os ânimos, como defende o ex-presidente Fernando Henrique. Também presente ao evento de ontem, o presidente interino, Alberto Goldman, declarou que deve se reunir com líderes da legenda para debater uma candidatura única para o comando da sigla e o desembarque do governo de Michel Temer.

Ao discursar para a militância, na Assembleia Legislativa, Alckmin assumiu um discurso de candidato e falou sobre a necessidade de recolocar o Brasil no “rumo da eficiência e produtividade” e de impedir que o país caia no “populismo latino-americano”. Sobre o perfil ideal nas eleições de 2018, o governador afirmou:

— Temos que saber jogar o jogo do século 21. Devemos ser o Zé Ninguém a serviço de uma grande causa.

Alckmin disse que o PSDB precisará enfrentar o corporativismo estatal e privado e que a reforma da Previdência deve romper com privilégios, não ser apenas um ajuste fiscal.

Tido como um dos principais concorrentes de Alckmin pela candidatura tucana a presidente da República, o prefeito João Doria chegou à convenção estadual do PSDB junto com o governador e fez um discurso rápido em prol da unidade. Doria saiu antes do fim da cerimônia para ir ao GP Brasil de Fórmula 1 e não viu Alckmin ser ovacionado. Ao pedir palmas para Goldman — a quem já chamou de “improdutivo”, que “vive de pijama em sua casa” —, o prefeito sinalizou uma reaproximação com o presidente interino da legenda. Doria afirmou:

— Esta é a convenção da pacificação. É de São Paulo que sairá a força para vencer a eleição.

Evento do PSDB-SP tem coro de 'fora, Aécio' e tentativa de pacificação

Anna Virginia Balloussier / Folha de S. Paulo

SÃO PAULO - Para o governador paulista Geraldo Alckmin, o momento era de "união e unidade".

Mas, com gritos de "fora, Aécio", a convenção estadual do PSDB-SP, realizada neste domingo (12), na Assembleia Legislativa de São Paulo, mostrou que o racha no tucanato não cicatrizou.

O mestre de cerimônias do evento bem que tentou: "Eu quero que você abrace a pessoa ao seu lado e fale: 'Eu amo o PSDB'". Mas o clima paz e amor dissipava rápido quando o nome do senador mineiro era evocado.

"Ele deveria colocar o pijama e voltar para a casa", disse à imprensa Pedro Tobias, reconduzido no dia à presidência do diretório paulista da sigla, sobre Aécio Neves. "Quieto ele ajuda mais."

Entre as últimas bicadas internas, destacam-se a permanência do PSDB no governo Michel Temer e a manobra de Aécio para reassumir a presidência nacional da legenda, destituir o senador Tasso Jereissati (CE) da interinidade e indicar o ex-governador de São Paulo Alberto Goldman para o cargo.

No sábado (11), o PSDB-MG fez sua própria convenção, e nela Aécio reconheceu que é hora do partido deixar a administração peemedebista, mas "pela porta da frente, da mesma forma como entramos". Ele disse, sem especificar qual cargo disputaria (se Senado ou governo mineiro), que seu nome no pleito de 2018 é garantido.

Tucanos de SP lançam Alckmin à presidência da sigla

Por André Guilherme Vieira e Cristiane Agostine | Valor Econômico

SÃO PAULO - A convenção estadual do PSDB de São Paulo transformou-se ontem em uma campanha pela eleição do governador paulista, Geraldo Alckmin, à presidência nacional do partido. Alckmin foi defendido por dirigentes tucanos como uma solução para "pacificar" a legenda. Questionado sobre a possibilidade de comandar a sigla e garantir sua candidatura à Presidência em 2018, Alckmin não descartou essa possibilidade.

A divisão em torno das candidaturas do senador Tasso Jereissati (CE), e do governador de Goiás, Marconi Perillo, à presidência do PSDB agravou uma das piores crises enfrentadas pela sigla desde a fundação, há quase 30 anos, a reboque do escândalo de corrupção em que seu presidente, senador Aécio Neves (MG), se envolveu, com o suposto recebimento de propina de R$ 2 milhões da JBS - fato que o parlamentar nega.

Ontem, Alckmin não descartou que pode assumir a presidência do PSDB. "Temos dois pré-candidatos, vamos aguardar. Essa é uma decisão coletiva do Brasil inteiro", afirmou, durante a convenção estadual tucana que reconduziu o deputado Pedro Tobias ao comando do diretório. A escolha do futuro presidente do PSDB será em menos de um mês, em 9 de dezembro.

O prefeito de São Paulo, João Doria, que há cerca de um mês travava disputa interna para angariar apoio e ser o presidenciável tucano, também declarou que Alckmin poder ser uma boa opção para pacificar o PSDB. "Pode ser. A melhor pacificação é o diálogo, é o entendimento. Se para isso for necessário que o governador Geraldo Alckmin assuma essa função, desde que ele deseje, é bom para o PSDB", disse. O prefeito, no entanto, ressalvou que mantém o apoio à candidatura de Perillo.

O nome de Alckmin para a presidência do PSDB é defendido por deputados paulistas, principalmente por Pedro Tobias, que fez crítica contundente a Aécio, afirmando que o senador "não está ajudando em nada". "[Aécio] Deveria colocar o pijama e voltar para a casa dele", disparou Tobias, para quem a entrada do PSDB no governo Michel Temer "foi errada e vai sair tarde demais".

Reforma de Temer deve diminuir espaço do PSDB

Mudanças na Esplanada, após pressão de aliados e Centrão, estão em discussão para serem realizadas nos próximos 15 dias

Renan Truffi, Lu Aiko Otta, Daiene Cardoso / O Estado de S. Paulo.

BRASÍLIA - O presidente Michel Temer deve tirar a reforma ministerial do papel nas próximas semanas. A informação é confirmada por fontes no Palácio do Planalto e por parlamentares do chamado Centrão – o grupo pressiona para ganhar mais espaço no governo. Temer já comunicou alguns de seus interlocutores no Congresso sobre a intenção de redesenhar a distribuição de cargos de primeiro escalão nos próximos 15 dias. Com as mudanças, o PSDB deve perder dois dos seus quatro ministérios, enquanto PMDB e PP podem ganhar mais espaço.

A antecipação da reforma foi revelada ontem pela Folha de S.Paulo. O Estado apurou que a ideia inicial do presidente é reduzir o tamanho do PSDB no governo pela metade. Dos quatro ministérios que detêm atualmente – Governo, Cidades, Relações Exteriores e Direitos Humanos –, os tucanos continuariam com dois. Sob forte pressão do PTB e do PP, Temer deve tirar Bruno Araújo (PE) do Ministério das Cidades e Luislinda Valois (BA) dos Direitos Humanos.

Antonio Imbassahy (BA) tende a perder a Secretaria de Governo, mas, como se tornou uma figura próxima do presidente, pode ser deslocado para outra pasta. O tucano é alvo de críticas de parlamentares e está desgastado na função por não atender aos pleitos da base. Já Aloysio Nunes Ferreira (SP) deve continuar à frente do Itamaraty.

"O povo não está nem aí para o fato de estarmos ou não em governos"

- Valor Econômico

SÃO PAULO - Presidente do Instituto Teotônio Vilela, centro de estudos do PSDB, José Aníbal diz que falta autoestima aos tucanos que criticam a participação do partido no governo Michel Temer. A seguir, os principais trechos da entrevista ao Valor.

Valor: Como o senhor avalia a atitude de Aécio ao destituir Tasso?

José Aníbal: Não vejo como destituição. Foi a substituição de um vice-presidente indicado pelo Aécio por outro vice que não está no processo sucessório. Aécio viu que havia o desejo de ter uma condição mais isonômica, de que a presidência fosse exercida por alguém que não é parte da disputa.

Valor: Mas em 2016 Aécio prorrogou seu mandato por dois anos sem deixar a presidência do partido. São dois pesos e duas medidas?

Aníbal: De jeito nenhum. Aécio era presidente eleito do partido e cumpriu o que manda o regimento. Chamou a Executiva e usou os procedimentos previstos. São situações diferentes. Ele até antecipou o fim de seu mandato, que estava previsto para terminar em maio de 2018, e convocou as eleições para este ano. Tem um mal-estar no partido, mas vamos caminhar para o apaziguamento.

Valor: A crise do PSDB se intensifica a menos de um ano das eleições. Essa articulação do Aécio não prejudica a candidatura de Alckmin?

Aníbal: Não acho que agravou a crise. O partido já está mais pacificado. Essa insistência feita pelos 'cabeças pretas' de reduzir a disputa dentro do PSDB a ficar ou sair do governo Temer é algo completamente estapafúrdio, equivocado. O grande desafio é enfrentar os nossos problemas, construir a nossa unidade e fazer o Brasil avançar. O PSDB tem um compromisso firme com as reformas e deve assumir protagonismo nisso. Quanto melhor estiver o país, com a recuperação da economia, menos chances terá uma candidatura salvacionista. A crise interna é um problema nosso e a sociedade não está preocupada com isso.

Valor: Temer deve fazer a reforma ministerial neste mês e poderá tirar o PSDB. O partido não pode ficar isolado se sair do governo por decisão do presidente?

Aníbal: O partido está construindo a sua saída. Essa questão não pode ser uma questão presente na nossa convenção. É resultado de um compromisso: apoiar o governo em direção das reformas. O governo vinha operando as reformas, aprovou a trabalhista e já ia entrar na previdenciária. Vamos sair do governo, mas é uma relação civilizada, foi um compromisso em função de um programa de quinze pontos que apresentamos. Questões internas têm de ser trabalhadas não para a fragmentação do partido, mas para o fortalecimento. A convenção tem que discutir a revitalização das nossas diretrizes, a construção das premissas de um governo a ser adotado pelo candidato à Presidência.

Marcus André Melo: Procurando Macron

- Folha de S. Paulo

Martin Wolf, festejado colunista do "Financial Times", perguntou-se onde estaria o Macron brasileiro, pois o país precisaria urgentemente de renovação e liderança. Macron é icônico: por meio de um partido recém-criado ascendeu à Presidência da França deflagrando uma renovação parlamentar espantosa de 78%.

Mas Macron nos interessa por outra razão: foi eleito com um amplo programa supostamente impalatável, com reformas trabalhista e do seguro-desemprego. O contraste com o padrão que predomina em novas democracias é grande.

Governante algum defende reformas que infligem custos elevados no curto prazo ao eleitorado. Os que o fazem não se elegem.

Susan Stokes, cientista política da Universidade Yale, mostrou em "Mandates and Democracy" que em mais de um terço das eleições presidenciais latino-americanas que examinou ocorreu reversão de políticas.

Presidentes eleitos com plataforma crítica a ajustes fiscais e reformas acabaram implementando o programa do seu adversário. Aconteceu com Lula (2003) e Dilma (2015).

*Denis Lerrer Rosenfield: As boas almas e a política

- O Estado de S.Paulo

Quem vai erguer a bandeira de dar sequência ao atual projeto de reformas?

Reconheça-se, preliminarmente, um fato incontornável: todo presidente governa com o Parlamento que tem à mão. Não é de escolha presidencial tal ou qual Câmara dos Deputados ou Senado. É o povo que escolhe os seus representantes.

O presidente da República, este ou qualquer outro, depara-se com um Poder Legislativo constituído segundo a soberania popular, conforme um ritual constitucional que passa por eleições, debates públicos, organizações partidárias, imprensa e outros meios de comunicação livres. Se o povo escolhe “bons” ou “maus” deputados, comprometidos ou não com ilícitos, é problema seu essa sua escolha, e não do presidente.

Quando assumiu a Presidência da República, Michel Temer viu-se obrigado a formar uma base de apoio na Câmara dos Deputados e no Senado, conforme as relações partidárias existentes. Não poderia ter inventado um novo Poder Legislativo, salvo se tivesse enveredado por uma solução autoritária, o que, evidentemente, não fazia parte de seus propósitos. Tratava-se de estabelecer as condições de governabilidade e, mais do que isso, de levar adiante um ambicioso programa de reformas.

E para realizar esse programa lhe era necessário compor uma ampla base parlamentar, sem a qual qualquer projeto seria inviável. É bem verdade que deveria ter tido mais cuidado na escolha de seu Ministério, uma vez que vários de seus ministros foram obrigados a deixar o cargo por envolvimento em ilícitos. O problema político, porém, tem outro viés que merece ser destacado.

Gaudêncio Torquato: As duas imagens do Brasil

- Blog do Noblat

O grau civilizacional de uma Nação pode ser aferido pela maior ou menor identificação com o sistema do qual faz parte. Que espelho ou sistema podem ser usados para o Brasil ser visto?

Tomemos emprestadas duas imagens do Ocidente que o professor Samuel P. Huntington utiliza em seus ensaios.

Na primeira, as nações ocidentais dominam a estrutura financeira internacional, manobram moedas fortes, fornecem a maioria dos bens acabados, controlam o ensino de ponta, realizam as grandes pesquisas científicas, dominam o acesso ao espaço, as co¬municações internacionais, a indústria aeroespacial e as rotas ma¬rítimas, enfim, compõem o maior agregado de bens e serviços do mundo.

Na segunda imagem, distingue-se um conjunto de Nações em crise, com parcela de seu poder político, econômico e militar em declínio.

Nesse segundo cenário, apontam-se lento crescimento econômico, alto desemprego, enorme déficit público, baixas taxas de poupança, criminalidade e imensa desigualdade social.

Com qual imagem a Nação brasileira mais se parece?

Para ajudar o leitor a tirar conclusões, vale lembrar que o País, depois de décadas de inflação alta, tem hoje uma moeda estável. Apresenta bom superávit na balança comercial, chegando a exibir US$ 5,178 bilhões em setembro último, o melhor resultado para o mês desde o início dessa série histórica do governo, em 1989.

Exibe, em alguns setores, tecnologia de ponta; é competitivo em nichos como o agronegócio; tem administrado o risco País, que havia crescido muito.

Em outra escala, exibe péssimo coeficiente (Gini), que mede a distribuição de renda entre indivíduos.

Hoje, o Brasil ocupa o 79º lugar entre 188 nações no ranking de IDH, que leva em conta indicadores de educação, renda e saúde, despencando 19 posições na classificação correspondente à diferença entre ricos e pobres.

Fernando Limongi: Insanos e obcecados

- Valor Econômico

PSDB flerta seriamente com o suicídio eleitoral

Recuperado das dores que o impediram de continuar colaborando com o presidente Michel Temer, leve e solto, o senador José Serra deu para fazer graça. Jantando com correligionários, diagnosticou: o PSDB necessita de tratamento psicológico. Faltou fornecer o perfil do profissional: especialista em suicidas e obcecados pelo poder. Pois é disto que se trata. Serra, Aécio e outros tantos tucanos vêm fazendo das tripas o coração para destruir o partido. Só pensam em si e teimam em não aceitar o óbvio. A hora de pendurar as respectivas chuteiras já passou.

Serra recobrou suas energias e ambições. Os convivas reunidos na cantina foram informados que a Lava-Jato "perdeu ritmo". Tradução: o senador já conta com a garantia de que sairá ileso das graves acusações - a de ter organizado um cartel entre as empreiteiras e a de manter contas na Suíça - que pesam sobre suas vértebras combalidas.

Com certeza, a manifestação recente da Procuradora-Geral da República alimentou a segurança do senador. Raquel Dodge afirmou que o repasse de R$ 500 mil da Odebrecht ao ministro Aloysio Nunes, citado com Serra nesta investigação, é incontroverso. Esclareceu, contudo, que restam dúvidas sobre a 'origem e finalidade' da transferência. Generosa e apaziguadora, a procuradora acrescentou que os dois não têm com o que temer, pois a combinação entre a data do ocorrido e a idade de ambos garante a prescrição da pena. São, digamos assim, delitos provectos.

Marcus Pestana: Educação e inovação, nossos maiores desafios

- O Tempo (MG)

Na última semana, falei sobre nosso calcanhar de aquiles: o grave desequilíbrio fiscal que estrangula o setor público. Hoje, intencionalmente, passo ao largo das intensas polêmicas que envolvem meu partido, o PSDB. Prefiro dedicar este nobre espaço a reflexões sobre um aspecto central da realidade brasileira: a necessária revolução educacional inconclusa.

Nas diversas experiências de planejamento no Brasil, uma se destacou: o Plano de Metas de JK. Na metodologia que embasou a concepção do plano, havia os conceitos de pontos de estrangulamento e pontos de germinação. Utilizando esse paradigma, o desequilíbrio fiscal seria o maior ponto de estrangulamento, e a revolução educacional inconclusa e o processo de inovação, os maiores pontos de germinação.

A economia no século XXI, centrada no conhecimento, na integração global, na inovação, no capital humano, mais nos serviços do que na indústria, digital e não analógica, coloca novos desafios.

Vinicius Mota: O Terceiro elemento

- Folha de S. Paulo

Os efeitos sensíveis de reviravoltas no ciclo econômico —numa nação relativamente complexa, remediada e populosa como o Brasil— são sempre defasados. A pior recessão em uma geração começou em meados de 2014, mas demorou bastante tempo para a ficha cair.

O desemprego sustentou-se em níveis muito baixos até o final daquele ano, o que ajudou a reeleger governantes, como Dilma Rousseff e Luiz Fernando Pezão, diretamente responsáveis por escolhas calamitosas de política econômica. Em 2016, com a desocupação perto do pico histórico, a oposição ao PT e ao statu quo colheu estrondosa vitória nos municípios.

A dinâmica territorial do veneno recessivo também mostrou-se heterogênea. Em 2014, todos os Estados do Nordeste, à exceção de Sergipe, cresceram acima da média nacional de 0,5%. A taxa da Bahia, o maior deles, foi quase cinco vezes a brasileira. Já São Paulo encolheu 1,4%.

Jose Roberto de Toledo: Lula, Bolsonaro e o tempo

Adicionar legenda
- O Estado de S. Paulo

Eles estão nas pontas opostas da corrida presidencial, com eleitorados distintos um do outro, mas, mesmo assim, têm algo em comum. O populismo, gritarão os sem-candidato entre eles. Porém, as convergências de quem foi preso pela ditadura com quem vive para ressuscitá-la são mais do que adjetivas. Por ora, Lula e Bolsonaro são os dois únicos candidatos a presidente com capacidade de mobilizar militantes e campanhas na rua e na rede.

Os pontos em comum são, ao mesmo tempo, causa e consequência da liderança que ambos sustentam nas pesquisas de intenção de voto. Conseguem mobilizar eleitores porque estão na frente, e estão na frente porque conseguem mobilizar eleitores. A questão é se largar na dianteira é uma vantagem tão fugaz quanto foram as “pole positions” de Lula em 1994 e de Serra em 2010. É no que apostam (e torcem) 9 entre 10 consultores do mercado financeiro.

Se o restrospecto conta uma história desfavorável aos apressados, pela primeira vez se vêem indícios de que a campanha digital pode ter impacto positivo sobre a campanha real. Em pleitos anteriores, mídias sociais (WhatsApp à frente) serviram para detonar os rivais, mas foram de pouco valia para ganhar votos. A julgar por 2017, isso está mudando. A força da campanha via redes digitais conseguirá se equiparar à da TV? Se sim, a cronologia das eleições passadas talvez não se aplique a 2018.

Ricardo Noblat: Eles estão vencendo

- O Globo

Grito de um militante do PSDB na convenção do partido em São Paulo “Primeiramente, fora Aécio”.

O que significa “sair do governo pela porta da frente”? É o que fará o PSDB, segundo garantiu no fim de semana o senador Aécio Neves (MG), duas vezes afastado do mandato por decisão da Justiça, com ele reconciliado graças à intervenção dos seus pares. Sim, o mesmo Aécio que construiu com dinheiro público um aeroporto para chamar de seu, e descolou R$ 2 milhões do empresário Joesley Batista.

SAIR DO GOVERNO pela porta da frente significaria sair de livre e espontânea vontade? Pois o PSDB arrisca-se a sair enxotado por Temer, que poderá antecipar a reforma do seu ministério para não perder o apoio de partidos mais à direita. A ser abandonado pelo PSDB, Temer prefere abandoná-lo antes. Dos atuais quatro ministros do PSDB talvez segure dois: Aloysio Nunes (Itamaraty) e Antonio Imbassahy. (Secretaria do Governo).

SAIR DO GOVERNO pela porta da frente significaria ganhar tempo para dar um jeito de não sair? Se dependesse de Aécio e de parte dos deputados federais do partido, o PSDB ficaria no governo até o seu final. Aécio, porque precisa da influência do PMDB nos tribunais superiores para escapar de uma dezena de processos. Os deputados, porque ainda à cata de favores que os ajudem a se reeleger.

Cida Damasco: Caindo na real

- O Estado de S.Paulo

Com fé, reforma enxuta da Previdência passa em 2018. E a próxima?

Tem muita gente fazendo planos para descansar no feriadão esticado que começa quarta-feira e vai até a segunda. Incluindo os parlamentares. Para o governo, porém, a temporada terá de ser de trabalho pesado, se o objetivo for mesmo pôr para andar as votações mais importantes da pauta econômica, conforme a enxurrada de declarações oficiais nos últimos dias. Especialmente a reforma da Previdência, transformada de prioridade absoluta em “quase descartável” e de novo em prioridade absoluta, isso tudo em 72 horas.

O presidente da Câmara, Rodrigo Maia (DEM-RJ), senhor da agenda do Congresso, continua alertando a turma do Planalto para a desarticulação da base parlamentar e os consequentes riscos de rejeição das mudanças na Previdência, e pede empenho do governo. O Planalto, por sua vez, se diz disposto a negociar, mas sempre que pode “lembra” que, em última instância, a responsabilidade é do Congresso. Para quem precisa de um jogo articulado, não parece nada promissor esse reinício das conversas, tornando inevitável que a Previdência volte a ocupar o centro das preocupações do próximo governo.

Angela Bittencourt: Eleição 2018: mercado já tem guia e candidatos

- Valor Econômico

Itaú e BNP Paribas divulgam cartilhas e listam candidatos

Enquanto o presidente Michel Temer e líderes dos partidos aliados engatam uma reforma ministerial capaz de atender a múltiplos interesses e assim garantir os 308 votos necessários para a aprovação de alguma reforma da Previdência na Câmara dos Deputados, bancos, assets e consultorias já estão mobilizadas para as eleições de 2018. Nas próximas semanas, deve ser acelerada a distribuição, iniciada há poucos dias, de cartilhas, guias ou manuais sobre as eleições brasileiras do ano que vem.

Gestores de recursos tratam de municiar investidores com informações sobre potenciais candidatos: trajetória profissional, nível educacional e filiação partidária. E, sobre os candidatos que já são políticos, os manuais da eleição trazem uma retrospectiva de certames passados e perfil de eleitores.

A iniciativa das instituições pode parecer apressada a um ano da eleição, mas ela não será só mais uma. A próxima eleição será a primeira a ocorrer após uma troca de governo e uma inédita recessão econômica.

Em 2018, as urnas deverão produzir, no mínimo, um governo substituto a "2 em 1". O próximo titular no Palácio do Planalto será o sucessor de Michel Temer e de Dilma Rousseff, ex-presidente afastada do cargo, em definitivo e por crime de responsabilidade, no fim de agosto do ano passado.

Inflação, renda e consumo – Editorial: O Estado de S. Paulo

Com inflação ainda moderada e melhores condições de emprego, o consumidor poderá ter um fim de ano mais folgado, ou menos apertado, que o de 2016. Se isso se confirmar, comércio e indústria poderão entrar no próximo ano com estoques moderados, talvez baixos, e também esse detalhe contribuirá para manter a economia animada nos primeiros meses de 2018. A evolução do cenário político até o recesso do Parlamento, em dezembro, poderá, é claro, derrubar qualquer prognóstico otimista, mas, por enquanto, os números permitem alguma animação. A inflação oficial acumulada no ano ficou em 2,21% até outubro, a menor taxa para esses dez meses desde 1998, quando bateu em 1,44%. O total contabilizado em 12 meses passou de 2,54% em setembro para 2,70%, mas permaneceu abaixo do limite inferior de tolerância. A meta do ano é 4,5%, com margem de variação permitida de 1,5 ponto porcentual para cima e para baixo.

No fim do ano, segundo especialistas, a inflação medida pelo Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) poderá estar em 3% ou pouco acima – dentro, portanto, do espaço de tolerância. Se essa estimativa estiver correta, o presidente do Banco Central (BC), Ilan Goldfajn, será poupado de uma estranha obrigação: explicar em carta ao ministro da Fazenda por que a inflação ficou abaixo do limite inferior fixado pelo Conselho Monetário Nacional (CMN). Não há, de toda forma, expectativa de grandes pressões neste fim de ano, exceto por novo aumento da conta de eletricidade.

Bolsonaro em pauta – Editorial: Folha de S. Paulo

Se já deve ser levado a sério como candidato à Presidência, o deputado federal Jair Bolsonaro (PSC-RJ) igualmente dá sinais de que busca se tornar um nome palatável ao establishment político e econômico nacional.

Trata-se de movimento pragmático, cujo propósito imediato é obter apoios e estrutura para sustentar uma pré-campanha que até o momento se impôs por meio de uma retórica raivosa, que explora medos e preconceitos.

O postulante da direita radical beneficia-se, ao mesmo tempo, da degradação econômica e social do país nos últimos anos e da ausência de candidaturas definidas fora do campo esquerdista.

Por ora um lobo solitário nesse terreno, pesca nas águas turvas do quadro de escândalos de corrupção, descrédito de partidos tradicionais, insegurança trabalhista e temor da violência.

Divisão põe em xeque papel do PSDB na eleição – Editorial: Valor Econômico

O aprofundamento da crise do PSDB lança uma sombra sobre o futuro do governo do presidente Michel Temer e sobre a capacidade do partido se recuperar e voltar ao poder nas eleições presidenciais de 2018, mais de uma década e meia depois de deixar o Palácio do Planalto. Os tucanos, ave símbolo do partido que fez o Plano Real, quebrou monopólios e fez as privatizações, é que dão credibilidade ao atual governo junto à elite social, econômica e política do país. Eles deveriam em princípio representar esses valores na disputa eleitoral do próximo ano.

As dificuldades para se manter coeso e de obter consensos sobre temas um pouco mais espinhosos do cotidiano nacional, no entanto, são, desde 2002, obstáculos quase instransponíveis para o PSDB retomar o poder que perdeu para o PT nas urnas, e ao qual só conseguiu voltar agora de carona com o PMDB no impeachment da presidente Dilma Rousseff.

Em 2002 como agora, o PSDB também chegou rachado à sucessão do presidente Fernando Henrique Cardoso, após oito anos no Palácio do Planalto.

Os tucanos exibiram sua divisão, contida enquanto FHC estava no Palácio do Planalto, em praça pública. Nada mais constrangedor que a declaração do senador Tasso Jereissati (CE) - novamente protagonista do racha tucano - de abandonar o candidato oficial do partido, José Serra (SP), para apoiar a candidatura do conterrâneo Ciro Gomes, hoje no PDT e à época candidato a presidente da República pelo PPS.

Desobediência civil – Editorial: O Globo

A carga de ideologia que existe no tema leva magistrados a defenderem interpretações contra a lei

O ciclo de reformas em que o país está, forçado pela mais grave crise econômica de que se tem registro, deflagrada por irresponsabilidades fiscais e outras, inevitavelmente tem sido acompanhado — e será até seu esgotamento — por embates com grupos de interesses que se valem da velha ordem, que não mais se sustenta. Ou melhor, uma ordem que passou a ir contra todo o sistema.

As mudanças no arcabouço previdenciário — dos assalariados do setor privado e dos servidores públicos — são um exemplo claro: com o passar do tempo, normas desatualizadas em relação à demografia do país, entre outros fatores, começaram a ampliar o déficit do INSS, e passou a ser necessário fazer com que as pessoas se aposentem com idade mais elevada (a partir de 65 anos). As resistências são ferozes.

Mas há imperativos aritméticos que forçam esta e outras mudanças. O mesmo ocorre com os servidores, privilegiados em relação aos trabalhadores de empresas privadas. O déficit do seu sistema, no caso da União, chega a ser maior que o do INSS, mesmo que conceda benefícios a apenas um milhão de aposentados, contra 33 milhões na área privada. A grita contra mudar este estado de coisas é, óbvio, enorme.

Por reforma enxuta, campanha do governo dirá que nova Previdência combaterá privilégios

Painel / Folha de S. Paulo

De cara nova O governo vai lançar uma ofensiva publicitária para defender o texto mais enxutoda reforma nas regras de aposentadoria. Michel Temer e seus auxiliares definiram o mote da campanha: “Combater privilégios e salvar a Previdência”. A ideia é usar a proposta de unificação dos regimes público e privado para desconstruir o discurso de que as mudanças acabarão com direitos, como prega a oposição. Moreira Franco (Secretaria-Geral) define nesta segunda (13) a agência que fará a propaganda.

Geni A comunicação foi apontada como uma das responsáveis pelo naufrágio da primeira etapa da discussão da reforma previdenciária. O governo busca agora uma linguagem menos fiscalista e mais palatável à população.

É de casa O Planalto optou por uma concorrência interna entre as três agências que já prestam serviço para a Secretaria de Comunicação. Elas apresentarão ao ministro suas propostas para campanhas de rádio, TV e internet.

Isca Para driblar a resistência da Câmara à criação de uma alternativa ao imposto sindical, as centrais usarão o discurso de que a proposta fortalece os sindicatos e, consequentemente, o negociado sobre o legislado –um dos pilares da reforma trabalhista.

Fio de esperança Sindicalistas tentam convencer Rodrigo Maia (DEM-RJ) a levar o projeto ao plenário na última semana de novembro.

PMDB aposta em legado econômico para 2018

Coluna do Estadão / O Estado de S. Paulo.

O PMDB aposta que terá um bom legado a apresentar na disputa presidencial de 2018 na área econômica, com a geração de empregos e o crescimento do PIB. Se hoje o apoio de Michel Temer é tido como tóxico por sua baixa popularidade, os peemedebistas confiam que, à medida que os números positivos da economia forem aparecendo, o partido voltará a influenciar na eleição Planalto. O presidente do PMDB, o senador Romero Jucá diz que o ministro da Fazenda, Henrique Meirelles (PSD), é quem melhor representará esse patrimônio na disputa.

Ajustes. O presidente Michel Temer disse para a Reuters, em setembro, que possivelmente o PMDB terá candidato ao Planalto em 2018. Mas, a legenda já não descarta apoiar Meirelles, que está no PSD.

Norte. Gilberto Kassab, comandante do PSD, usou as redes sociais para autorizar os diretórios estaduais a fazerem alianças em 2018, mas pediu esforço no sentido de lançarem candidatos da sigla aos governos, Senado e Câmara. Só não falou da sucessão presidencial.

Briga no ninho. A decisão de Aécio Neves de destituir Tasso Jereissati da presidência do PSDB foi comemorada por aliados de José Serra. Esse grupo acha que a aliança de Tasso com Geraldo Alckmin ampliaria o poder do governador, minando o espaço de Serra na estrutura partidária.

Quebra cabeça. José Serra vem recebendo pressões para se candidatar ao governo de São Paulo. Paralelamente, Alckmin já está decidindo quem ele irá indicar ao governo do Estado, para formar o palanque majoritário estadual.

Fernando Pessoa: A Outra

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Amamos sempre no que temos
O que não temos quando amamos.
O barco pára, largo os remos
E, um a outro, as mãos nos damos.
A quem dou as mãos?
À Outra.

Teus beijos são de mel de boca,
São os que sempre pensei dar,
E agora e minha boca toca
A boca que eu sonhei beijar.
De quem é a boca?
Da Outra.

Os remos já caíram na água,
O barco faz o que a água quer.
Meus braços vingam minha mágoa
No abraço que enfim podem ter.
Quem abraço?
A Outra.

Bem sei, és bela, és quem desejei...
Não deixe a vida que eu deseje
Mais que o que pode ser teu beijo
E poder ser eu que te beije.
Beijo, e em quem penso?
Na Outra.

Os remos vão perdidos já,
O barco vai não sei para onde.
Que fresco o teu sorriso está,
Ah, meu amor, e o que ele esconde!
Que é do sorriso
Da Outra?

Ah, talvez, mortos ambos nós,
Num outro rio sem lugar
Em outro barco outra vez sós
Possamos nos recomeçar
Que talvez sejas
A Outra.

Mas não, nem onde essa paisagem
É sob eterna luz eterna
Te acharei mais que alguém na viagem
Que amei com ansiedade terna
Por ser parecida
Com a Outra.

Ah, por ora, idos remo e rumo,
Dá-me as mãos, a boca, o ter ser.
Façamos desta hora um resumo
Do que não poderemos ter.
Nesta hora, a única,
Sê a Outra.