quarta-feira, 8 de agosto de 2018

Opinião do dia: Luiz Werneck Vianna*

O culto a Lula entre os intelectuais e artistas é uma patologia a ser estudada, sintoma que manifesta o algo de podre nesta nossa Dinamarca, em que o governo do PT trouxe para o interior do Estado tudo o que era vivo na sociedade, sindicatos, movimentos sociais, inclusive os identitários, submetendo-os a seus fins políticos. Quanto aos intelectuais, a política de contemplá-los com generosos financiamentos, especialmente algumas personalidades relevantes – vide a política cultural da Petrobrás –, teve um dos seus mais amargos frutos no rebaixamento da sua capacidade crítica e na autodestituição das suas responsabilidades em relação a seu país e seu povo, fermento que nos anos 1950 nos fez conhecer os Círculos Populares de Cultura, o gênio de Vianinha e de Guarnieri, a Bossa Nova e o Cinema Novo, entre tantos criadores e iniciativas de ideias novas que vieram animar a obra civilizatória dos brasileiros. E, mais tarde, sob o regime militar, as obras fundamentais de Florestan Fernandes, Fernando Henrique Cardoso, Raimundo Faoro e José Murilo de Carvalho, para citar alguns, que desvendaram as raízes ocultas do autoritarismo brasileiro.

A crise que aí está é, a um tempo, de natureza estrutural – a fraqueza da nossa economia –, ética, moral e intelectual. Não há como dar solução a qualquer delas em separado, mas a hora presente indica que se deve começar pela dimensão ideal, pelas concepções do mundo, pela história do País, por que delas é que se principia, como sustenta reiteradamente Fernando Henrique Cardoso, a busca de novos rumos para o País.

---------------------
*Sociólogo, PUC-Rio. ‘Terra à vista’, O Estado de S. Paulo, 4/8/2018.

Vera Magalhães: Bolsonaro: modos de lidar

- O Estado de S.Paulo

Na véspera do primeiro debate na TV aberta da eleição presidencial, o da Band amanhã, as campanhas dos adversários de Jair Bolsonaro ainda não chegaram a um consenso sobre a melhor maneira de confrontar o líder nas pesquisas.

Enquanto a necessidade de fazê-lo desidratar nas pesquisas poderia sugerir que ele seja o alvo natural dos ataques de todos os demais, as recentes sabatinas e entrevistas das quais o candidato do PSL à Presidência participou levaram os QGs rivais a reverem essa estratégia.

Um dos responsáveis pela preparação de um dos oito contendores observa que “o bizarro, o inusitado”, não tira voto de Bolsonaro. Ao contrário, parecem fortalecê-lo diante do eleitorado fiel.

A seguir esta leitura, o melhor seria deixá-lo “quieto”, sem forçar um confronto direto no qual ele pode sair “vencedor” segundo uma régua que não é a convencional da política.

A desconstrução de Bolsonaro seria feita, aí sim, na propaganda eleitoral de TV, quando seus adversários vão dispor de um latifúndio de tempo para atacá-lo, e ele não terá nenhum para contra-atacar ou se defender. Para esses estrategistas, as redes sociais não têm poder de fogo para rebater uma campanha destrutiva.

Resta saber se todos vão resistir à tentação de um tête-à-tête com o primeiro colocado no páreo. Isso vale principalmente para Ciro Gomes (PDT), que pode querer aproveitar a ausência do candidato petista no confronto para ser o antípoda de Bolsonaro diante do eleitor de esquerda.

COMEÇA O JOGO
Alckmin na mira dos rivais por aliança com o ‘Centrão’

Se a imprevisibilidade de Jair Bolsonaro e da reação de seu “fã-clube” ditam alguma cautela, o mesmo não vale para Geraldo Alckmin. O tucano deve ser alvo de todos os adversários, inclusive do deputado do PSL. O acordo com o “Centrão” estará na mira de Bolsonaro, Ciro, Alvaro Dias e até Marina Silva. O que está em disputa, aí, é o eleitorado de centro. O único que adotará como procedimento não fazer ataques e apenas se apresentar será Henrique Meirelles.

Merval Pereira: A polêmica do imposto

- O Globo

O Supremo entendeu que a Constituição não impõe o pagamento de um tributo por todos os membros de uma categoria

É de difícil execução a estratégia de permitir que as assembleias gerais dos sindicatos possam aprovar a volta da contribuição obrigatória, extensível a todos os membros da categoria profissional ou econômica, sugerida pelo candidato à Presidência da República do PSDB, Geraldo Alckmin, por pressão do presidente do Solidariedade, Paulinho da Força.

O Supremo Tribunal Federal já examinou a questão e rejeitou essa possibilidade. O STF inicialmente editou a Súmula 666, depois convertida na Súmula Vinculante 40, definindo que “a contribuição confederativa de que trata o art. 8º, IV, da Constituição Federal, só é exigível dos filiados ao sindicato respectivo”.

Isso significa que as assembleias gerais dos sindicatos só podem impor o pagamento de contribuição aos membros sindicalizados da categoria, e jamais àqueles não sindicalizados. Portanto, a proposta de restauração da contribuição sindical obrigatória por meio da atribuição de poder às assembleias gerais dos sindicatos não faz sentido, pois tal possibilidade já foi rejeitada pelo Supremo Tribunal Federal.

A questão do imposto sindical obrigatório continua sendo um dos pontos da reforma trabalhista mais polêmicos, e não fica restrita aos sindicatos e às centrais sindicais, mas atinge todos os trabalhadores. Afinal, trata-se de exigir que trabalhadores não sindicalizados contribuam para sustentar sindicatos que não os representam.

O candidato do PSDB à Presidência da República, Geraldo Alckmin, teve que responder a essa questão na sabatina da GloboNews, e sugeriu que a lei poderia estabelecer que certo número de participantes de uma assembleia, proporção que varia de 20% a 80%, aprove a contribuição sindical obrigatória, a despeito da sua extinção por lei na reforma trabalhista.

Rosângela Bittar: Traição consentida

- Valor Econômico

Alckmin foi eficiente nas suas opções até aqui

Um dos vídeos que passaram a circular de zap em zap esta semana de gravações para a propaganda eleitoral, mostra o senador Ciro Nogueira (PI), presidente do PP, partido que conseguiu indicar a senadora Ana Amélia para vice na chapa de Geraldo Alckmin (PSDB), engajado, em discurso veemente, na campanha do PT do Piauí. Ciro Nogueira é um dos candidatos a senador na chapa do governador Wellington Dias (PT), candidato à reeleição. Exaltam Lula, e a foto do ex-presidente aparece, sobranceira, no outdoor que os une sob o slogan " o time do povo".

A cena ilustra a situação do candidato Geraldo Alckmin no Nordeste. Em todos os Estados da região os partidos do Centrão estão com Lula, e devem permanecer com Fernando Haddad ao ser por ele substituído oficialmente. Em alguns, como Alagoas, Piauí, Ceará e Bahia, tanto o Centrão, como o MDB de Michel Temer, já vinham promovendo seus candidatos em viagens e gravações com Lula, antes mesmo de existirem as atuais alianças com Geraldo Alckmin. Em Pernambuco, o senador Armando Monteiro, candidato a governador por partido do Centrão, esteve à frente de comitiva de senadores que foram a Curitiba adular o cabo eleitoral. Ritmo em que permaneceram mesmo depois da coligação com Alckmin.

No Nordeste, quem não está com Lula está com Ciro Gomes (PDT), ou até um pouco com Jair Bolsonaro (PSL). Na Bahia, ACM Neto (DEM) desertou de candidatura pela força do PT no Estado, mas não acompanhou a aliança formal do seu partido, um dos principais do Centrão, com o PSDB. Desde o início vetava a coligação com Alckmin, verbalizando os problemas do candidato para crescer no Nordeste. Queria aliar-se a Ciro Gomes, e é com ele que vai trabalhar nesta campanha, embora não lhe possa dar tempo de TV e dinheiro do fundo partidário.

O mesmo deve acontecer com o DEM do Rio, onde Eduardo Paes, o candidato, já renegou Alckmin e disse que dará palanque também para Ciro Gomes. O DEM de Paes é o mesmo de Rodrigo Maia, em cuja sombra uniu-se o Centrão em negociação permanente para reconduzí-lo, na próxima Legislatura, à presidência da Câmara. Rodrigo e seu pai trabalharão para Ciro.

Bruno Boghossian: Abrindo as ‘caixinhas’

- Folha de S. Paulo

Até políticos que defendem Lava Jato admitem que é hora de discutir abusos

Entre tramas ardilosas e exaltações desmedidas, a campanha eleitoral começa a arranhar um debate sobre o trabalho de órgãos de investigação. Quatro anos após a estreia da Lava Jato, até políticos que sempre apoiaram a operação admitem que é hora de falar de excessos.

Em entrevista à Folha, a senadora Ana Amélia (PP) disse que, embora se considere uma “defensora intransigente” das apurações, é preciso evitar arbitrariedades. “Não pode haver supremacia. Temos que trabalhar nos limites das nossas competências e responsabilidades”, afirmou a vice de Geraldo Alckmin (PSDB).

Ana Amélia se notabilizou por advogar fervorosamente a favor da Lava Jato no Congresso e votou contra o projeto que cria punições para abusos de autoridade. Agora, diz que é preciso ter “muito cuidado”, citando o ex-reitor da UFSC Luiz Carlos Cancellier, que se suicidou após ser alvo de uma investigação controversa.

“O que aconteceu é um sinalizador. Chama atenção para não incorrermos no abuso de autoridade, porque isso é prejudicial à democracia”, diz.

*Paulo Delgado: O topo do pau-de-sebo

- O Estado de S.Paulo

Esta é uma eleição de temperamentos. De um lado, a algazarra, do outro, a reflexão

Quem quiser chegar ao fim da eleição sem se desmoralizar totalmente é melhor tratar de ser sincero. Não procure dar implicação moral ou ideológica ao que for mera ambição. Falso escrúpulo, dissimulação, pode fazer um honesto detestável e um desonesto tolerável. Procure ter uma fé, um ponto no futuro e busque atingir a imaginação do eleitor sem querer manipulá-lo pela mentira ou o medo. A maior fatalidade do Brasil atual é o sucesso do excesso. Não pode ser presidente da República quem consegue se convencer de qualquer coisa; pior ainda se for incapaz de deixar de estar certo de muita coisa.

Se fosse um campeonato de futebol antigo, poderíamos dizer que Geraldo, o tranquilo, venceu o torneio no início ao atuar como um jóquei cuidadoso: só bem montado que se deve galopar. Mais do que conseguir tempo de TV, dividiu com o eleitor a responsabilidade de escolher sua base de apoio congressual desde o 1.º turno. Sem nuance indefinível, claro e aberto, organizou seu time diferente de governos que fizeram sua maioria depois de eleitos. Sua decisão muda a tradição de aderir ao vencedor quando a vitória, no oba-oba, abre o armazém alfandegário da fisiologia parlamentar.

Jair, o incoerente, montou uma equação inverossímil ao mostrar como é falso defender hierarquia e ordem e fazer o cardeal ser vice do vigário. Luta num ringue fictício, pois seu perfil é igual ao esquerdista que combate. Seu adversário real é o tucano, de quem sequestrou os eleitores, mas poderão sair do cativeiro libertados por Ana, a vice certa. Quando ficar claro que sempre foi governista, com o mesmo padrão de voto da esquerda no Parlamento, o galo de briga perderá a espora. Está se salvando até agora porque seus críticos se esquecem de que até para insultar é preciso ter alguma classe. O sentimento de violência que o fez candidato não se combate com destempero.

Luiz, o mesmo, “nada aprendeu e tudo repete”. Imagina curar com eleitor a ferida que deve ser tratada com advogado. Vê triunfo em ter levado com ele o guarda-roupa do partido, deixando seus amigos nus, sem os deixar usar as próprias roupas. Quer deixar peladas as instituições, acusadas de serem incapazes de vestir com dignidade algum argumento em relação a ele. Deseja recuperar para si os bens do poder sem perceber a consequência que foi obtê-lo a qualquer preço. Faz do seu candidato um homem sem vontade à espera do maná que é o voto dos alcançados pela bolsa-tudo, a majestosa mendicância administrativa que mudou o papel das instituições públicas e produziu a crise. Tranca a rua para aliados, dando um ar de ninharia à responsabilidade da esquerda para com o País.

Ciro, o traído, provou o fel do desleal. Deve se sentir como o velho político inglês George Canning: “Dê-me o inimigo declarado, ereto, valoroso. Posso enfrentá-lo com bravura, talvez responder ao golpe. Mas, Deus meu, de todas as pragas que tua cólera pode enviar, salva-me, oh Deus, salva-me do amigo perigoso”.

Marina, a mística, se movimentou no bosque de suas preferências e colheu um homem cordato e experiente para vice. Não está fechado seu caminho para crescer, pois sabe como ninguém expressar uma imagem, embora não saibamos bem o que fará com o Graal quando o encontrar. É popular sem ser demagógica, e já revelou, quando foi atacada por mentiras divulgadas por Dilma na eleição passada, que não sacrifica seus ideais à brutalidade das intrigas políticas.

Zuenir Ventura: Se elas não sabem...

- O Globo

...imagine nós, homens. Falo por mim, que consulto a minha sobre qualquer coisa importante. A atual indecisão das mulheres em relação às eleições é recorde, e essa inapetência eleitoral explica muito do estado de (des) ânimo geral. Afinal, elas são 52,5% do eleitorado, ou seja, a maioria que determina o resultado final. O problema é que, segundo pesquisa do Datafolha, 80% das eleitoras ainda não escolheram um nome em quem votar: 54% estão em dúvida, e 26% se declararam a favor do voto em branco ou nulo.

Não se trata de idiossincrasia feminina, não é uma questão de gênero. Há motivos específicos de discordância, como a dissonância entre as preocupações. A saúde, por exemplo, que para elas deve ser prioridade de governo, não aparece entre os principais temas de que os candidatos prometem cuidar.

Além disso, quem não está se sentindo confuso, desconfiado, insatisfeito e descrente com o quadro atual? Quando me perguntam “o que você acha que vai acontecer?”, respondo: “se souber, me fala que também não sei”. Será que o eleitor petista entendeu a última jogada de Lula, desistindo junto ao STF do recurso em que pedia sua liberdade? Alguém é capaz de descobrir qual é a ideologia do centrão? Aliás, o que é mesmo esse ajuntamento de interesses fisiológicos? E qual é a da bela Manuela D’Ávila, sendo tratada mais como miss do que como vice, na verdade, vice de vice, isto é, de Haddad, que, segundo o próprio Lula, tem “cara de tucano”? E o general do Bolsonaro, hein, à extrema-direita do capitão?

A novidade é que, acreditando que a indefinição das mulheres não é irreversível, os candidatos desenvolveram oportuna (ou oportunista) estratégia para atraí-las, oferecendo-lhes o cargo de vice, mesmo sem considerar se elas têm ou tiveram participação nas lutas femininas.

De qualquer maneira, segundo especialistas, o quadro tende a se alterar com a propaganda no rádio e na TV, e com o acirramento da campanha na reta final. Eles acham que as mulheres serão decisivas. Eu também.

Luiz Carlos Azedo: Militares na política

- Correio Braziliense

Com a candidatura de Bolsonaro, além do general Mourão, mais de uma centena de militares disputam as eleições, em todos os níveis. São raros os que não apoiam o ex-capitão do Exército

A última vez que um militar disputou a presidência da República em eleições diretas foi em 1960. No final do governo, em meio à crise econômica e a ampliação das demandas sociais, Juscelino Kubitschek tentou costurar uma aliança entre o bloco PSD-PTB e a UDN. A proposta, porém, foi rechaçada por Carlos Lacerda, que decidiu apoiar Jânio Quadros, que havia se notabilizado como bom administrador em São Paulo e não tinha compromisso com partidos. Filiado ao Partido Trabalhista Nacional (PTN), o político populista contava com o apoio de três pequenas agremiações — o Partido Libertador (PL), o Partido Democrata Cristão (PDC) e o Partido Republicano (PR) — e se colocava acima delas. A mesma postura adotou em relação à UDN.

Diante do impasse, sem um nome que unificasse a elite política, PSD e o PTB resolveram lançar o marechal Henrique Teixeira Lott, um líder militar de muito prestígio entre os políticos por posições legalistas. Era ministro da Guerra desde de 1954, escolhido pelo vice-presidente João Café Filho, logo após tomar posse na Presidência da República, no mesmo dia do suicídio de Getúlio Vargas: 24 de agosto. Conhecido por sua intolerância a qualquer indisciplina militar, foi mantido no cargo por Juscelino, que em fevereiro de 1956, logo após tomar posse, teve que enfrentar uma rebelião militar, conhecida como Revolta de Jacareacanga, no Pará. Lott agiu com vigor, mas Juscelino, depois, concedeu uma anistia aos insubordinados para pacificar a caserna.

Jânio venceu as eleições presidenciais de outubro de 1960 com 48% dos votos do eleitorado, contra 32% dados a Lott e 20% a Ademar de Barros. Tomou posse com João Goulart, que foi eleito graças à manobra dos sindicalistas de São Paulo, que lançaram a chapa Jan-Jan, uma dobradinha pirata entre o candidato da UDN e o vice do PTB, rifando o cabeça de chapa do PSD (naquela época, votava-se separadamente no vice). Lott foi um desastre como candidato, embora sua campanha tenha se notabilizado pelo marketing político profissional. Anos Dourados, seu jingle de campanha, ainda hoje é considerado um dos melhores de todos os tempos. A espada como símbolo, porém, não foi boa ideia; em contraponto, Jânio escolheu uma vassoura, que fez enorme sucesso graças ao jingle Varre, varre, vassourinha, no qual prometia uma faxina no governo. Na reta final da campanha, perguntava aos correligionários para onde iria o marechal, em tom de piada, e dizia que mandaria cancelar os comícios nas cidades por onde o militar passasse”.

Ao contrário de Lott, cujo vice era um político profissional, o deputado Jair Bolsonaro (PSL) escolheu um general de quatro estrelas para companheiro de chapa: o gaúcho Antônio Hamilton Martins Mourão. Sua estreia na campanha foi desastrosa. Em Caxias do Sul, ao falar sobre o desenvolvimento do país, disse bobagem: “E o nosso Brasil? Já citei nosso porte estratégico. Mas tem uma dificuldade para transformar isso em poder. Ainda existe o famoso ‘complexo de vira-lata’ aqui no nosso país, infelizmente (…) Essa herança do privilégio é uma herança ibérica. Temos uma certa herança da indolência, que vem da cultura indígena. Eu sou indígena. Meu pai é amazonense. E a malandragem. Nada contra, mas a malandragem é oriunda do africano. Então, esse é o nosso ‘cadinho’ cultural.”

Ricardo Noblat: Gafe de Alckmin foi estocada em Huck

- Blog do Noblat | Veja

Ficaram quites

“Ele me desculpará como o desculpei por me chamar de velho político”, comentou, ontem, com um amigo o candidato do PSDB à presidência da República Geraldo Alckmin.

Ao fim de um evento no Govtech, em São Paulo, Alckmin havia abordado Luciano Huck, mediador do encontro, e dito em voz alta o suficiente para ser ouvido por testemunhas:

– Luciano, manda um abraço para a Eliana.

A mulher de Huck é Angélica, apresentadora de programa na TV Globo. Eliana é apresentadora no SBT. Um dia antes, embora tenha elogiado “a competência” de Alckmin, Huck dissera que ele representava “a velha política”.

Elas por elas…

Hélio Schwartsman: Plantando tiranos

- Folha de S. Paulo

A transformação do nicaraguense Daniel Ortega

No espaço de quatro décadas, o nicaraguense Daniel Ortega converteu-se de líder revolucionário, que ajudara a remover do poder uma das mais detestáveis ditaduras familiares do planeta, a tirano que não hesita em matar manifestantes desarmados. O que deu errado? O problema, receio, pode estar na arquitetura de nossos cérebros.

Já comentei aqui o interessante livro de Dacher Keltner (“O Paradoxo do Poder”), no qual este professor de psicologia de Berkeley sustenta que instalar-se no poder desencadeia uma série de processos mentais que favorecem o surgimento de características comuns em ditadores, como o aumento da impulsividade, a redução da empatia e o apelo a narrativas de excepcionalismo para justificar as próprias ações.

Para Keltner, vivemos uma era em que a melhor rota para posições de comando deixou de ser o emprego da força bruta para tornar-se a utilização de virtudes sociais —em especial ajudar os outros, o que facilmente se converte em alianças e votos. O problema é que, uma vez acomodado no topo, o indivíduo passa por transformações psicológicas que tendem a torná-lo mais egoísta e menos sensível às necessidades alheias.

Fábio Alves: No vácuo das propostas

- O Estado de S.Paulo

Tentação em desconstruir o perfil e o caráter dos rivais pode ser grande

Passadas as convenções partidárias, que definiram as alianças entre partidos e presidenciáveis e também os nomes a vice de cada chapa, os investidores começaram a semana com o sentimento mais otimista em relação à eleição presidencial desde que, em janeiro deste ano, o Tribunal Regional Federal da 4.ª Região condenou o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, tornando-o inelegível pela Lei da Ficha Limpa.

Isso porque, para o mercado, o balanço das convenções foi o de que o candidato tucano Geraldo Alckmin saiu vitorioso, enquanto Jair Bolsonaro (PSL) e Ciro Gomes (PDT) tiveram um saldo negativo ao não conseguirem atrair apoio de peso de outros partidos nem nomear vice-presidentes com cabedal político para garantir um lugar no segundo turno.

Nesta quinta-feira, 09, começam os debates na TV com os principais candidatos à eleição presidencial. Com mais de um terço do eleitorado ainda sem saber em quem votar, incluindo aí os votos brancos e nulos, a tentação pode ser grande para focar a campanha apenas em desconstruir o perfil e o caráter dos rivais.

Mas o que os presidenciáveis pretendem fazer para retomar o crescimento da economia e corrigir os desequilíbrios atuais? Apresentar desde já uma plataforma de governo com mais detalhe poderá conquistar os votos de indecisos?

Míriam Leitão: Sinal do BC na dúvida eleitoral

- O Globo

Diante da incerteza eleitoral, que entrou no radar do BC, Copom decidiu não se comprometer com os próximos passos da Selic

Na reunião do Copom, os participantes se perguntaram se deveriam antecipar os próximos passos dando sinais sobre as futuras taxas de juros. Decidiram que não. Diante da incerteza eleitoral, que entrou no radar do Banco Central, eles optaram por não se comprometer com uma decisão que poderia ser alterada. Foi isso que o Copom disse na ata divulgada ontem, mais precisamente no parágrafo 24, de um total de 35, em que se conta a última reunião e a maneira como os diretores do Banco Central analisam a conjuntura.

Diz assim o parágrafo: “O Copom debateu, então, a conveniência da sinalização sobre a evolução futura da política monetária. Todos avaliaram que, na ausência de choques adicionais, o cenário inflacionário deve revelar-se confortável”. Até aqui, o que a ata diz é que, se nada acontecer de inesperado, a tendência será manter tudo como está, com a Selic de 6,5%. “Entretanto”, é aí que começa o recado, “o maior nível de incerteza da atual conjuntura gera necessidade de maior flexibilidade para a condução da política monetária, o que recomenda abster-se de fornecer indicações sobre os próximos passos da política monetária”.

O futuro, portanto, ao futuro pertence. Por isso o BC deu um sinal de que não dará sinais. Contudo, nos 23 parágrafos que antecedem, e nos 11 que se sucedem, há vários sinais. Primeiro de que há “evidências” de que o país está se recuperando da queda da atividade com a greve do setor de transportes e que os efeitos da inflação após a greve são temporários. Ou seja, só por aí já é sinal de nenhuma mudança na taxa de juros. Segundo, que, como a economia tem alto nível de capacidade ociosa, a inflação pode ficar até abaixo da previsão atual de 4,1%. Em toda a ata, aqui e acolá, há sinais de manutenção da taxa de juros, ainda que naquele parágrafo 24 o Banco Central se reserve o direito de ter “flexibilidade” e não se comprometer com decisão previamente.

Roberto Freire: Afronta ao Estado de Direito Democrático

- Diário do Poder

A lei da ficha-limpa foi levada ao Congresso por iniciativa popular, com mais de 1,3 milhão de assinaturas.

Foi aprovada por unanimidade em cada uma das duas Casas Legislativas.

Foi sancionada pelo então presidente Luís Inácio, sem vetos, em 2010.

Foi declarada constitucional pelo Supremo Tribunal Federal.

A lei da ficha-limpa determina que um réu condenado em instância colegiada, esgotados os recursos nela, é automaticamente inelegível por 8 anos, nos crimes tipificados nesta lei, em particular corrupção e lavagem de dinheiro público.

A lei também prevê a possibilidade de efeito suspensivo, se os tribunais superiores detectarem alguma anomalia no processo condenatório.

O senhor Luís Inácio foi condenado na 13ª Vara Federal de Curitiba, por um juiz concursado, em pleno exercício de suas prerrogativas funcionais.

Sua condenação foi ratificada pelo Tribunal Regional Federal da 4ª Região, em uma de suas turmas, por unanimidade e não cabem mais recursos nesta instância. Todos os desembargadores estavam em pleno exercício legal e legítimo da função que lhes foi delegada pelo Estado.

Vários pedidos de habeas corpus foram negados pelos tribunais superiores, que atestaram também a pertinência dos julgamentos em Curitiba e em Porto Alegre, pelos magistrados que analisaram o caso do Triplex do Guarujá.

Lula, cumpre ressaltar, começou a cumprir pena em decorrência de jurisprudência vigente do Supremo Tribunal Federal, que dá ao tribunal recursal de 2ª instância o poder de decidir pelo início do cumprimento da pena, uma vez condenado e esgotados todos os recursos nesta instância.

Lula, seus advogados, o PT, os próceres do lulopetismo sabem perfeitamente de tudo isso.

Mas desafiam a Justiça. Mantêm a “narrativa” da inocência do ex-presidente e de sua condenação em decorrência de supostas perseguições políticas.

PT faz alianças com siglas que apoiaram o impeachment

Nas eleições 2018, PT se alia a partidos que apoiaram impeachment

Petistas fecham alianças em 15 Estados para lançar candidatos próprios ou apoiar siglas acusadas antes de ‘golpe’ contra Dilma; legenda diz não ver contradição

Felipe Frazão | O Estado de S.Paulo

BRASÍLIA - Apesar do discurso de que Dilma Rousseff foi vítima de um “golpe”, o PT se aliou em 15 Estados a partidos que apoiaram o impeachment da presidente cassada em 2016 e integraram o governo Michel Temer. Levantamento feito pelo Estado mostra que o PT será cabeça de chapa ao governo nas eleições 2018 em seis Estados em coligações com partidos que foram favoráveis ao impedimento. Na mão inversa, outros nove candidatos a governador de siglas que votaram pelo afastamento de Dilma vão ter o apoio do PT.

Desses nove, há filiados ao MDB, PSD, PTB, PR e Rede. Outros quatro são do PSB, partido que em 2016 orientou voto favorável ao afastamento da presidente cassada. Agora, porém, o PSB – que sempre foi um aliado histórico dos petistas – fechou acordo nacional com o PT para não apoiar formalmente nenhum candidato à Presidência.

A neutralidade do PSB isolou outro postulante ao Palácio do Planalto que disputaria votos no campo de esquerda, o ex-ministro Ciro Gomes (PDT). Na prática, o PT espera uma adesão à candidatura do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, condenado e preso na Lava Jato, ou a seu possível substituto, o ex-prefeito Fernando Haddad, por parte da maioria dos diretórios do PSB.

A presidente nacional do PT, senadora Gleisi Hoffmann (PR), negou que haja contradição entre as conveniências eleitorais do partido e o discurso da direção. “Não há (contradição) porque estamos deixando claro que eles têm de apoiar Lula. Em todos esses casos, tem apoio a Lula e uma autocrítica inclusive.”

O PT terá seis candidatos próprios a governador com chapas amplas, integradas por partidos que foram ou ainda permanecem aliados a Temer: Marcus Alexandre (Acre), Rui Costa (Bahia), Camilo Santana (Ceará), Wellington Dias (Piauí), Fernando Pimentel (Minas Gerais) e Fátima Bezerra (Rio Grande do Norte).

Com Manuela, PT executa ‘estratégia tríplex’

No primeiro encontro com Fernando Haddad após o anúncio da aliança entre PT e PCdoB, Manuela D’Ávila disse que os dois estão preparados para vencer a eleição “em qualquer cenário”, inclusive sem Lula, evidenciando o que os próprios petistas já chamam de “estratégia tríplex”.

A estratégia tríplex: PT nega plano B, mas aliados já admitem cenário sem Lula

Sérgio Roxo | O Globo

SÃO PAULO / Embora rejeite a existência de um plano B para a disputa presidencial, o próprio PT já executa o que seus próprios dirigentes chamam, ironicamente, de estratégia tríplex, que envolve Fernando Haddad (PT), Manuela D‘Ávila (PCdoB) e Lula, preso e com requisitos para ser enquadrado na Lei da Ficha Limpa.

Em uma frente, a defesa do ex-presidente se vale de prazos e recursos judiciais para retardar a declaração de inelegibilidade. Por outro lado, a própria Manuela já reconhece que o cenário da disputa presidencial pode se consolidar sem a presença do líder petista.

A declaração de Manuela bate de frente com a estratégia adotada pela direção do PT de tratar publicamente a pré-candidatura de Lula como única opção do partido. A sigla nega que a escalação de Haddad como vice tenha deflagrado a construção de um plano B para a eleição.

—É um acordo em que nós do PCdoB ocuparemos a vaga de vice em qualquer um dos cenários. Eu torço para que, em 1º de janeiro, a Justiça decida que eu tomarei posse como vice-presidente da República com Luiz Inácio Lula da Silva na Presidência, mas eu e o Haddad estamos prontos para vencer a eleição em qualquer cenário — afirmou Manuela ontem, em seu primeiro pronunciamento após a retirada de sua pré-candidatura.

Ao seu lado, Haddad, que será registrado como vice da chapa petista no dia 15 de agosto, não fala sobre o quadro em que Lula não esteja no comando da chapa. No discurso oficial petista, a estratégia tríplex prevê o ex-prefeito como uma espécie de vice-tampão:

—Eu estou representando o presidente Lula como candidato a vice-presidente. Assim que ele (Lula) tiver a sua candidatura homologada, nós vamos estender o tapete vermelho para Manuela ocupar o meu lugar.

Para não criar rejeição ao seu nome no PT, Haddad tem seguido à risca a linha adotada pela direção da legenda e tem evitado qualquer declaração em que cogite a hipótese de se tornar o candidato a presidente.

COMENTÁRIOS AO VIVO
Questionado sobre as diferenças de abordagem sobre o mesmo tema, o coordenador da campanha, o petista José Sérgio Gabrielli, reconheceu que existe a chance de Lula não estar na urna na eleição do dia 7 de outubro:

— A possibilidade de impugnação existe, mas vamos lutar contra isso.

Apesar de Haddad ter entre as suas missões “vocalizar” as ideias de Lula, o PT não pretende pedir que o ex-prefeito participe do debate da TV Bandeirantes, amanhã à noite. A ideia no partido é fazer um debate paralelo no mesmo horário nas redes sociais.

O pedido de participação de Lula foi negado, na segunda-feira, pelo Tribunal Regional Federal da 4º Região (TRF-4) sem apreciar o mérito do pedido. O entendimento é que o caso deveria ser avaliado pela 1ª instância.

Segundo Gabrielli, não existe chance de que seja feito um pedido para Haddad representar Lula no programa de quinta-feira.

— O candidato é o Lula. A ata da convenção foi registrada. Ele não é mais pré-candidato, é candidato — afirmou o petista.

Se ocorrer o debate paralelo, a proposta em discussão é que Haddad e talvez também Manuela comentem as respostas que os adversários apresentarem no programa da Bandeirantes.

Gabrielli revelou que o PT negocia com a emissora para que a cadeira reservada a Lula seja colocada no estúdio com o seu nome.

Haddad e Manuela planejam debate paralelo ao da TV Bandeirantes nesta quinta

Preso, Lula não conseguiu autorização legal para participar do embate entre presidenciáveis

Catia Seabra | Folha de S. Paulo

SÃO PAULO - Juntos pela primeira vez desde o anúncio da aliança entre seus partidos, o ex-prefeito de São Paulo Fernando Haddad (PT-SP) e a deputada estadual Manuela D’Ávila (PC do B-RS) afirmaram nesta terça-feira (7) que planejam protagonizar um debate paralelo ao que será realizado nesta quinta-feira (9) pela Rede Bandeirantes de TV.

Como o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva não tem permissão legalpara participar do debate, a dupla deverá, com o uso de um telão, comentar e responder a questões feitas aos presidenciáveis, que estarão no estúdio da emissora.

Coordenador da campanha de Lula, o ex-presidente da Petrobras Sérgio Gabrielli explicou que a ideia é que Haddad responda às perguntas e comente as propostas dos adversários.

Gabrielli informou ainda que o partido insistirá para que uma cadeira vazia esteja destinada a Lula durante o debate.

Ao lado de Haddad, Manuela justificou a decisão de desistir da candidatura própria em nome de um projeto.

A deputada alegou que, diante da crise econômica e política, não poderia se dar ao “quase luxo” de manter sua candidatura.

“Acredito que essa saída é a que mais reúne condições de ganhar as eleições.”

Sem citar os demais partidos de esquerda, Haddad lamentou que nem todos tivessem compressão da necessidade de união em torno de Lula.

Manuela afirmou que, por ela e Haddad, já existe um pacto de não agressão com o candidato do PDT, Ciro Gomes, a quem chamou de amigo.

“Política tem que ser feita com tolerância, respeito”, diz Ana Amélia

Candidata a vice-presidente na chapa de Geraldo Alckmin (PSDB), a senadora Ana Amélia falou nesta terça-feira (7) para Pernambuco em entrevista a rádio Jornal do Commercio. Indagada sobre ser considerada representante da “direita política”, esclareceu que não se pauta pela defesa dos “extremos” por considerar que eles “perturbam o ambiente democrático e de tolerância”.

– Nós estamos hoje numa zona de intolerância que é muito perigosa. Não gosto disso, eu sou contra os extremos. Os extremos sempre perturbam o ambiente de democrática e de tolerância.

Nós, agentes políticos e de comunicação (Ana Amélia é formada em Jornalismo), temos de trabalhar pelo respeito aos valores e em favor de tudo que pode ser aproveitado de bom em nosso país.

Tolerância e respeito
Ana Amélia fez um breve resumo de sua trajetória política para revelar as incoerências em tal definição. Lembrou, por exemplo, da defesa que faz de alguns modelos de gestão adotados em Cuba – como na Educação e na área penitenciária – e do momento em que apoio para a prefeitura de Porto Alegre (RS) a então candidata do PCdoB, Manuela D’Ávila.

– A turma do Bolsonaro diz que sou comunista. Inclusive montaram uma foto de quando estive em Cuba, acompanhando o ex-ministro da Justiça Paulo Brossard, para visitar uma prisão porque defendo o sistema cubano de saúde, mas também o penitenciário.

Em Cuba, os presos trabalham nas áreas das quais dominam e a venda do que produzem custeia em 80% a prisão.

Por que esse modelo não pode dar certo no Brasil, numa área em que as cadeias se transformaram em sedes do crime organizado?

-Em 2012, apoiei Manuela D’Ávila, que é do PCdoB, ao governo de Porto Alegre. Ora, uma pessoa tão conservadora, tão de direita, estaria ao lado de uma comunista numa eleição municipal? A política tem que ser feita com tolerância, respeito e responsabilidade. Tenho consciência do que fiz no jornalismo e do que estou fazendo agora no Senado.

Anastasia constrói ampla aliança para disputa ao governo de Minas

A candidatura do senador Antonio Anastasia ao governo de Minas recebeu amplo apoio popular vindo de centenas de representantes de organizações da sociedade civil que estão engajadas na eleição de Anastasia ao Governo e de Geraldo Alckmin à Presidência da República.

Com uma ampla aliança composta por 12 partidos, a coligação Reconstruir Minas é formada por PSDB, PSD, Solidariedade, PTB, PPS, PMN, PSC, DEM, PP, PTC, PATRI e PMB.

“Nós tivemos o apoiamento de diversos movimentos da sociedade civil e de partidos políticos. Teremos candidatos de todas as regiões do Estado, tanto a deputado estadual, quanto a deputado federal, com chapas muito competitivas. Por isso mesmo, estou muito animado.

Teremos aí centenas de candidatos levando nosso nome e o nome do presidente Geraldo Alckmin em todas as regiões de Minas Gerais. Esperamos que o resultado seja positivo para que possam realizar, em conjunto e com a participação de toda a sociedade, a reconstrução de Minas”, afirmou Anastasia.

Com 12 partidos na aliança, Paes terá 40% do tempo na TV

Ex-prefeito leva ampla vantagem graças a apoio de MDB, seu ex-partido, e PSDB. Márcia Tiburi (PT), Pedro Fernandes (PDT) e Romário (Podemos) vêm em seguida

Marco Grillo e Jeferson Ribeiro | O Globo

Com uma coligação que engloba 12 partidos, o pré-candidato do DEM ao governo do Rio, Eduardo Paes, terá 40% do tempo do horário eleitoral gratuito destinado aos postulantes na disputa estadual. Para conquistar a vantagem, foram fundamentais o apoio do MDB, ex-partido do prefeito, e do PSDB, de Geraldo Alckmin, que tem o apoio do DEM no plano nacional. O tucano também terá o maior tempo na corrida pelo Palácio do Planalto, graças ao apoio do centrão —no Rio, Paes atraiu parte do bloco: PP, PTB e Solidariedade.

O ex-prefeito vai contar com 3m44s de cada bloco de nove minutos. Os programas dos candidatos a governador vão ao ar às segundas, quartas e sextas, de tarde e à noite. Depois de Paes, quem terá mais tempo será Márcia Tiburi (PT), com 1m20s; Pedro Fernandes (PDT), com 59s; Romário (Podemos), com 45s; Indio da Costa (PSD), com 41s; e Anthony Garotinho (PRP), com 33s. Wilson Witzel (PSC), Tarcísio Motta (PSOL), Luiz André Monteiro (PRTB), Marcelo Trindade (Novo), Dayse Oliveira (PSTU) e Luiz Eugênio Honorato (PCO) vão dividir o tempo restante.

A vantagem de Paes poderia ser ainda maior se ele tivesse atraído o PR para a aliança. O partido, no entanto, entrou na coligação de Romário e indicou o deputado Marcelo Delaroli, que tem base eleitoral em Maricá, como vice na chapa. Logo no primeiro dia de campanha, o senador pretende ir ao município, que foi chamado de “merda de lugar” por Paes em uma conversa telefônica com o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva.

A campanha de Paes na TV será coordenada pelo marqueteiro Maurício Carvalho, que já trabalhou com João Santana. O publicitário vai substituir Renato Pereira, que cuidou de campanhas anteriores de Paes, Sérgio Cabral, Luiz Fernando Pezão e Pedro Paulo. Em delação premiada, Pereira relatou caixa dois na campanha de Paes em 2012, o que é negado pelo ex-prefeito.

Paes também terá mais inserções diárias ao longo da programação da TV: serão 12, contra quatro de Tiburi, três de Fernandes, e duas de Romário, Indio e Garotinho.

Após isolamento, Haddad diz que vai 'estar ao lado' de Ciro para 'vencer o PSDB'

Em entrevista à Rádio Jornal, Haddad centrou as críticas no que chamou de ''PSDB do Temer'' e não entrou em rota de colisão com Bolsonaro

Da Editoria de Política \JC

Assumindo postura de candidato, o ex-prefeito de São Paulo Fernando Haddad (PT), escolhido para vice na chapa do ex-presidente Lula, preso em Curitiba, disse nesta quarta-feira (08), em entrevista à Rádio Jornal, ser "amigo de Ciro" e que eles caminharão "lado a lado" para derrotar o "PSDB de Temer".

A declaração acontece após uma série de articulações do ex-presidente Lula, que garantiram que Ciro Gomes (PDT) ficasse sem o apoio do PSB. Assim, após ter perdido o "Centrão" (PP, DEM, PRB, PR e Solidariedade) para Geraldo Alckmin (PSDB), Ciro ficou isolado na corrida presidencial, enfraquecendo sua candidatura no campo da esquerda.

"Somos amigos do Ciro, vamos estar junto no segundo turno para vencer o governo do PSDB e do Temer", disse o petista. "Nós estamos no mesmo lado que é para vencer essa turma que está no poder", disse.

Protestos
Quando questionado sobre as manifestações populares, Haddad defendeu que é necessário que sejam antecipadas, para que as autoridades públicas consigam garantir a segurança para a população. "O protesto tem que ser feito dirigido a quem está causando problema para a população e não a própria população", pontuou.

Como nas últimas eleições, PT e PSDB devem se digladiar na tevê e no rádio

Os dois partidos terão o maior tempo disponível para seus programas. Tendência é que tucanos e petistas briguem entre si e tentem isolar Bolsonaro

-Diário de Pernambuco

Petistas e tucanos estão preparando as munições para a guerra no horário eleitoral. As coligações montadas por PSDB e PT garantem a ambas as legendas os maiores espaços na propaganda gratuita no rádio e televisão, que se inicia em 31 de agosto. Os petistas apostam na retórica de que os adversários são a continuidade do governo Michel Temer. Os tucanos, por sua vez, vão defender que a crise econômica foi construída nos 13 anos dos governos dos ex-presidentes Lula e Dilma.

O horário eleitoral foi reduzido de 45 para 35 dias. Uma semana e três dias a menos para trabalhar o convencimento ou uma peça publicitária diferente, reconhece o deputado Carlos Zarattini (PT-SP). “Isso implica na campanha, mas vamos otimizar os esforços para termos boas possibilidades de vitória”, destacou.

A estratégia petista com as 26 inserções diárias e os 2 minutos e 22 segundos em cada bloco terá duas frentes. Uma é recuperar o histórico das gestões petistas de Lula. O de um governo preocupado com emprego, distribuição e igualdade de renda.

O mote principal, contudo, será voltado para atacar a coligação montada por PSDB, que inclui o centrão. A ideia é vincular a imagem da coalizão tucana como um grupo que entrega o pré-sal e apoiou a reforma trabalhista.

A tática tucana vai na mesma linha de confronto. Com 62 inserções diárias e 5 minutos e 32 segundos em cada bloco do horário eleitoral, a ideia é construir uma narrativa que mostre o PT como o responsável pela crise econômica, sustentada em uma imagem petista vinculada ao populismo. Os cerca de 45% do tempo de televisão são vistos pelos tucanos como suficientes para desconstruir a retórica adversária e mostrar como uma gestão comandada por Geraldo Alckmin pode recolocar o Brasil nos trilhos, explica o deputado Betinho Gomes (PSDB-PE), primeiro vice-líder da legenda na Câmara. “Vamos ter a possibilidade de recontar a história. E o PT terá menos tempo que nós para contra-atacar.”

Dúvidas e certezas nas eleições: Editorial | O Estado de S. Paulo

Com a definição de nada menos que 15 candidaturas à Presidência, o maior número desde a eleição de 1989, é duvidoso que, no primeiro turno, haja algo próximo de um debate de ideias um pouco mais racional para tirar o País da imensa crise legada pelo lulopetismo.

A cacofonia dos palanques não deverá facilitar a vida do eleitor, prolongando a hoje acentuada indefinição de voto provavelmente até a véspera do pleito, em 7 de outubro. Mesmo entre as candidaturas consideradas viáveis, não se sabe ainda com clareza quais são as propostas para os temas mais relevantes. Ou seja, o eleitorado, inclusive a parte dele que se informa bem e se interessa pelo debate político, dificilmente terá condições, neste momento, de fazer sua escolha de maneira firme.

Contudo, se por um lado há dúvida sobre qual seria o melhor desfecho desta eleição, por outro há certeza absoluta de qual seria o pior: o triunfo da truculência, da boçalidade, do desafio às instituições democráticas e do populismo irresponsável.

Infelizmente, os dois candidatos mais bem colocados nas pesquisas de intenção de voto até este momento, Lula da Silva e Jair Bolsonaro, são justamente aqueles que representam esse pensamento deletério, desagregador e mendaz.

Programa do PT retoma filosofia do governo Lula II: Editorial | O Globo

Mais Estado, menos privatização e limites à liberdade de expressão, por meio da intervenção na mídia

Aversão “Lulinha paz e amor”, moldada por marqueteiros e que fez o candidato petista ser sensato na política econômica do primeiro mandato, podendo o país aproveitar a onda de crescimento mundial sincronizado dos anos 2000, foi aposentada no segundo mandato e desativada de vez à medida que as investigações anticorrupção avançavam.

O ex-presidente voltou ao bunker nacional-populista ao ser condenado em primeira instância, por Sergio Moro, no caso do tríplex do Guarujá. A sentença de prisão, por corrupção e lavagem de dinheiro, foi confirmada em segunda instância, e Lula, preso. Na sexta-feira, o programa de governo do PT para um hipotético terceiro mandato do ex-presidente foi lançado e traz de volta Lula e PT da década de 80. Carrega ideias alicerçadas na ideologia que fez o segundo governo Lula e os seis anos de Dilma empurrarem o Brasil para a maior recessão da história (mais de 7% no biênio 2015/ 16 e 14 milhões de desempregados).

Desbastado o texto de 70 páginas de previsíveis adereços politicamente corretos, fica um núcleo de propostas que retoma equívocos cometidos por Lula II e Dilma até levarem a presidente ao impeachment por crime fiscal. Citado como “golpe", por óbvio, no programa.

Partido do governo: Editorial | Folha de S. Paulo

Qualquer que seja o desfecho das eleições, novo governo deverá atrair siglas fisiológicas

Já foi dito que não se governa sem o MDB, outrora PMDB, como também se disse que é impossível governar com a sigla. A depender do que se entenda por governar, as duas afirmativas estão corretas.

Se considerada a capacidade de exercer o poder, o que envolve do mais comezinho cotidiano legislativo à conclusão do mandato presidencial, o apoio emedebista de fato tem se mostrado decisivo. Mandatários que entraram em confronto com o partido, casos de Fernando Collor e Dilma Rousseff (PT), conheceram o impeachment.

Se, entretanto, falamos das condições de levar adiante uma agenda programática mais ambiciosa, o custo do partido em geral se torna proibitivo —nunca haverá endosso convicto e integral a nenhuma plataforma, nem cargos e verbas suficientes para todas as barganhas envolvidas no processo.

Da mesma forma pode ser descrita, decerto, a relação do governo com outras legendas fisiológicas de menores porte, capilaridade e grau de profissionalização.

É ilustrativo, nesse sentido, um levantamento conduzido pelos pesquisadores André Borges, Mathieu Turgeon e Adrián Albala, da Universidade de Brasília, sobre as alianças partidárias montadas tanto para a disputa de eleições como para a sustentação do Executivo.

FMI aponta que Brasil precisa acelerar ajuste fiscal: Editorial | Valor Econômico

O Fundo Monetário Internacional, em sua revisão anual da economia brasileira, insistiu novamente, e com maior ênfase, na necessidade de acelerar o ajuste fiscal brasileiro. A dívida pública é muito alta, continua crescendo e é o principal ponto de vulnerabilidade diante de incertezas domésticas e externas. Turbulências nas duas frentes podem jogar o país de novo em recessão.

Desta vez o Fundo recomenda políticas específicas para acelerar o equilíbrio fiscal. A instituição não vê com bons olhos o aumento do déficit primário em 2018 - previsão de 2,4% ante 1,8% em 2017 - e sugere áreas de possíveis cortes. A mais óbvia delas é a montanha de 4% do PIB de subsídios e isenções fiscais. A outra reside na folha de salários do funcionalismo dos três níveis da federação. Apesar do número de servidores públicos não ser excessivo, sua remuneração é. O gasto total com salários no país é de 13% do PIB, superior a 10% dos países ricos, a 9% dos países emergentes e bem mais alto que os 8% dos países da América Latina.

Há um prêmio de mais de 50% para os salários dos funcionários públicos em relação aos do setor privado, especialmente para pessoas com baixos níveis educacionais. Levando-se em conta o sistema de aposentadoria mais generosa do setor público, essa diferença é ainda maior. Tudo isso coloca os servidores no batalhão dos 40% de maior renda no país - 80% dos funcionários federais estão nele e 55% dos funcionários estaduais e municipais.

Carlos Drummond de Andrade: Elegia

Ganhei (perdi) meu dia.
E baixa a coisa fria
também chamada noite, e o frio ao frio
em bruma se entrelaçam, num suspiro.

E me pergunto e me respiro
na fuga deste dia que era mil
para mim que esperava,
os grandes sóis violentos, me sentia
tão rico deste dia
e lá se foi secreto, ao serro frio.

Perdi minha alma à flor do dia ou já perdera
bem antes sua vaga pedraria?
Mas quando me perdi, se estou perdido
antes de haver nascido
e me nasci votado à perda
de frutos que não tenho nem colhia?

Gastei meu dia. Nele me perdi.
De tantas perdas uma clara via
por certo se abriria
de mim a mim, estrela fria.
As arvores lá fora se meditam.
O inverno é quente em mim, que o estou berçando
e em mim vai derretendo
este torrão de sal que está chorando.

Ah, chega de lamento e versos ditos
ao ouvido de alguém sem rosto e sem justiça,
ao ouvido do muro,
ao liso ouvido gotejante
de uma piscina que não sabe o tempo, e fia
seu tapete de água, distraída.

E vou me recolher
ao cofre de fantasmas, que a notícia
de perdidos lá não chegue nem açule
os olhos policiais do amor-vigia.
Não me procurem que me perdi eu mesmo
como os homens se matam, e as enguias
à loca se recolhem, na água fria.Dia,
espelho de projeto não vivido,
e contudo viver era tão flamas
na promessa dos deuses; e é tão ríspido
em meio aos oratórios já vazios
em que a alma barroca tenta confortar-se
mas só vislumbra o frio noutro frio.

Meu Deus, essência estranha
ao vaso que me sinto, ou forma vã,
pois que, eu essência, não habito
vossa arquitetura imerecida;
meu Deus e meu conflito,
nem vos dou conta de mim nem desafio
as garras inefáveis: eis que assisto
a meu desmonte palmo a palmo e não me aflijo
de me tornar planície em que já pisam
servos e bois e militares em serviço
da sombra, e uma criança
que o tempo novo me anuncia e nega.

Terra a que me inclino sob o frio
de minha testa que se alonga,
e sinto mais presente quando aspiro
em ti o fumo antigo dos parentes,
minha terra, me tens; e teu cativo
passeias brandamente
como ao que vai morrer se estende a vista
de espaços luminosos, intocáveis:
em mim o que resiste são teus poros.
E sou meu próprio frio que me fecho
Corto o frio da folha. Sou teu frio.

E sou meu próprio frio que me fecho
longe do amor desabitado e líquido,
amor em que me amaram, me feriram
sete vezes por dia em sete dias
de sete vidas de ouro,
amor, fonte de eterno frio,
minha pena deserta, ao fim de março,
amor, quem contaria?
E já não sei se é jogo, ou se poesia.