terça-feira, 2 de outubro de 2018

Merval Pereira: Tentativa frustrada

- O Globo

A decisão de Toffoli é manter a pauta já anunciada, até o fim do ano judiciário, em dezembro, a despeito de Lula

No caso da proibição de Lula dar entrevistas antes da eleição, mais uma vez aconteceu uma tentativa do PT de utilizar a Justiça para validar uma jogada política. Como da vez anterior, em que um juiz de plantão foi utilizado para tentar libertar Lula, também desta vez o pedido para autorização do Supremo Tribunal Federal, depois que a juíza Carolina Lebbos, da 12ª Vara Federal de Curitiba, proibiu entrevistas, foi encaminhado diretamente ao ministro Ricardo Lewandowski sob a alegação de que fora o relator da Lei de Imprensa, anos atrás.

Lewandowski, por isso, tratou o caso como uma defesa da liberdade de expressão, quando na verdade se trata do direito de um presidiário se comunicar com o mundo exterior, o que, pela Lei de Execuções Penais, no artigo 41, cabe ao juiz (no caso, à juíza) decidir. Como da outra vez, a Polícia Federal em Curitiba, onde Lula está preso, foi avisada de que a decisão do ministro Fux deveria ser acatada.

Essa proibição, porém, fora referendada pelo Tribunal Superior Eleitoral (TSE) e pelo Superior Tribunal de Justiça (STJ). Como o ministro Luiz Fux estava no exercício da presidência a pedido de Toffoli, que estaria incomunicável naquele fim de semana, a decisão não foi uma usurpação da presidência do STF como alegou a defesa de Lula.

José Casado: PT mantém Palocci

- O Globo

Depois de amanhã, Antonio Palocci Filho comemora 58 anos de idade. Não vai ter festa na ala A da carceragem da Polícia Federal em Curitiba, onde acaba de completar dois anos. Alguém deverá oferecer-lhe um café —não é privilégio do ex-preferido de Lula, apenas autoproteção dos outros presos, porque, estabanado, sempre que tentou cozinhar, ele produziu um desastre.

No domingo, Palocci permanecerá prisioneiro a 704 quilômetros da sua zona eleitoral, em Ribeirão Preto. Mas o eleitor 3942125012-4 continua petista “de carteirinha”, como há 37 anos, quando fundou o partido na faculdade de Medicina.

À 1h30m de ontem, dez horas antes da liberação de trechos da sua delação, Palocci ainda estava no PT. Era o 132.389º na lista do partido na Justiça Eleitoral de São Paulo.

Numa terça-feira da última primavera, 26 de setembro, Palocci soube de um processo ético para expulsá-lo do PT. Foi logo depois do seu depoimento sobre Lula e a Petrobras.

Respondeu, por carta, informando a delação premiada e defendeu “o mesmo caminho” para o partido, como dissera um ano antes a Lula e a Rui Falcão, então presidente, que “transmitia uma proposta” do ex-tesoureiro João Vaccari, para “um processo de leniência na Lava-Jato”.

Foi além: “Sobre as informações prestadas em 6-9-2017 (compra do prédio para o Instituto Lula, doações da Odebrecht ao PT, ao Instituto e a Lula, reunião com Dilma e Gabrielli sobre as sondas e a campanha de 2010, entre outros) são fatos absolutamente verdadeiros.” Acrescentou: “Tenho certeza que, cedo ou tarde, o próprio Lula irá confirmar tudo isso, como chegou a fazer no mensalão (...) Um dia, Dilma e Gabrielli dirão a perplexidade que tomou conta de nós após a fatídica reunião na biblioteca do Alvorada, onde Lula encomendou as sondas e as propinas, no mesmo tom, sem cerimônias, na cena mais chocante que presenciei.”

Palocci desenha suas memórias. O PT também não esquece o “favorito de Lula”. Por isso, o mantém filiado.

Míriam Leitão: A nova mulher que foi às ruas

- O Globo

Mulheres foram às ruas com uma mesma ideia e conseguiram a união de centro-esquerda que os partidos tentaram mas não alcançaram

O movimento das mulheres conseguiu algo que os partidos de centro e de esquerda não alcançaram: levar para as ruas, com uma mesma ideia, eleitores de diversos candidatos que se opõem a Jair Bolsonaro. Era a união de centro-esquerda, que tanto defendem alguns políticos, em defesa de conquistas como democracia, liberdade, respeito às mulheres, combate ao racismo e à homofobia. Essa foi a ideia que predominou e é por isso que as cores presentes eram muitas, inclusive o vermelho do PT.

As passeatas do fim de semana não foram equivalentes. Uma é mais forte do que a outra, e não me refiro apenas ao número de pessoas. Não é quantitativa apenas a diferença, é qualitativa. As manifestações das mulheres se projetam para além das eleições e começaram antes da atual disputa. Representam a emergência de um fenômeno novo que é o protagonismo das mulheres, a causa feminista. As passeatas a favor de Jair Bolsonararo foram reativas, uma reação ao que houve no sábado. Representam o que sempre acontece em eleições, em que os candidatos que mais mobilizam eleitores conseguem fazer demonstrações disso. As fotos de uma e de outra manifestação já revelam a diferença. Em uma, há a predominância de mulheres, muita diversidade e nenhum partido específico no comando. Nas de Bolsonaro, a maioria era de homens, em geral brancos, e que a pé ou de carro gritavam os slogans em favor do seu candidato.

O #EleNão é um movimento. A passeata pró-Bolsonaro é o que pode ocorrer em qualquer eleição, quando os seguidores de um candidato vão demonstrar seu entusiasmo. O movimento das mulheres antecede a Jair Bolsonaro e é um fenômeno social que se espalha pelo mundo, tem parentesco com o #metoo e tudo o que representa o renascimento do feminismo em novas bases. As mulheres passaram por cima de ideologias para colocar as suas questões como parte central do debate. As mulheres negras fazem um outro ponto: a exclusão delas é ainda maior, porque é fruto da sobreposição de desigualdades. No século passado, os partidos de esquerda deixavam a causa feminista em segundo plano. Agora, as mulheres não permitirão que isso aconteça.

Bernardo Mello Franco: Revisionismo de toga

- O Globo

O novo presidente do STF resolveu reescrever a História. “Eu me refiro a movimento de 1964”, disse Dias Toffoli, descartando a palavra “golpe”

O presidente do Supremo Tribunal Federal resolveu reescrever a História. Em seu 19º dia no cargo, ele decidiu que não houve golpe militar no Brasil. “Eu não me refiro mais nem a golpe, nem a revolução de 1964. Eu me refiro a movimento de 1964”, informou.

Ao expor a sua visão particular dos fatos, Dias Toffoli citou o historiador Daniel Aarão Reis. Foi uma surpresa desagradável para o professor da UFF. “Chamar o golpe de movimento é uma aberração. Rejeito categoricamente a paternidade dessa ideia, com a qual eu não concordo”, ele afirma.

Em palestra na USP, Toffoli atribuiu ao historiador a avaliação de que a “tanto para a esquerda, tanto para a direita passou a ser conveniente culpar o regime militar de tudo”. Para Aarão Reis, o ministro distorceu suas palavras e fez uma “interpretação vesga da História”.

“Esse tipo de análise sustenta que os dois lados cometeram excessos. É uma forma de lavar as mãos sobre o que aconteceu. Ao igualar o que não é igual, acaba legitimando a ditadura”, critica.

Hélio Schwartsman: Autoritarismo judicial

- Folha de S. Paulo

Justiça tem tomado medidas que afrontam princípios básicos da democracia e do Estado de Direito

Muito se fala do perigo que a eleição de Jair Bolsonaro representaria para a democracia. Numa escala mais modesta, insinuações autoritárias de dirigentes petistas também alimentam especulações. Esses, contudo, são riscos presumidos. Eles dizem respeito ao futuro, isto é, tratam de potencialidades, que, por definição, poderão ou não materializar-se.

No mundo das atualidades, do aqui e do agora, quem tem adotado medidas que afrontam princípios básicos da democracia e do Estado de Direito é, paradoxalmente, a Justiça. O caso mais gritante foi a decisão do ministro Luiz Fux, do STF, de proibir a Folha de entrevistar Luiz Inácio Lula da Silva na cadeia.

Num despacho tecnicamente débil, Fux não só revogou decisão anterior do ministro Ricardo Lewandowski, do mesmo STF, que autorizava a entrevista, como determinou censura prévia ao jornal, numa das mais graves agressões à liberdade de imprensa desde o fim da ditadura.

Lewandowski ainda tentou anular o controverso “writ” de Fux, mas o presidente da corte interveio, mantendo a proibição até que o plenário decida a questão. O episódio acrescenta novas camadas à série de desavenças políticas entre ministros que vêm corroendo a credibilidade do STF.

O pior é que a disposição despótica de Fux não é um caso isolado. Leio na Folha que a Justiça Eleitoral fluminense resolveu afastar candidatos supostamente ligados ao crime organizado, mesmo que ainda não tenham sido condenados por um órgão judicial colegiado, como exige a Lei da Ficha Limpa. O objetivo de manter quadrilhas longe do Parlamento é louvável, mas não o método. Numa democracia, mesmo o pior bandido só pode ser impedido de concorrer se se enquadrar numa hipótese de inelegibilidade prevista em lei prévia e regularmente aprovada.

Como já observei aqui, a manter-se a trajetória autoritária da Justiça e da própria legislação eleitoral, nem precisaremos do Bolsonaro para destruir nossa democracia.

Bruno Boghossian: Árbitros eleitorais

- Folha de S. Paulo

Tutelar o eleitor e interferir no debate político não cai bem ao Judiciário

O avanço das ações de combate à corrupção deu protagonismo inédito ao Judiciário na vida do país. O trabalho de magistrados produziu revelações que imprimiram uma marca permanente em partidos e agentes políticos. Algo está fora do lugar, entretanto, quando juízes pretendem assumir também o papel de árbitros da arena eleitoral.

Em agosto, o juiz Sergio Moro achou melhor adiar para novembro o depoimento de Lula em um dos processos que correm contra o petista. “A fim de evitar a exploração eleitoral dos interrogatórios, seja qual for a perspectiva, reputo oportuno redesignar as audiências.”

O magistrado acrescentou uma crítica ao réu nesta segunda-feira (1º) e afirmou que o ex-presidente “tem transformado as datas de seus interrogatórios em eventos partidários”.

O comentário serviu de introdução ao despacho em que o juiz tornou públicos, a seis dias da eleição presidencial, trechos da delação de Antonio Palocci. O ex-ministro acusa Lula de ter conhecimento dos esquemas de corrupção na Petrobras e diz que o PT financiou ilegalmente suas campanhas políticas.

A divulgação do depoimento, com clara influência sobre o processo eleitoral, reforçou no PT o discurso de que o Judiciário age para prejudicar o partido. Moro sabia disso e buscou uma defesa prévia: “A farsa da invocação de perseguição política não tem lugar perante este juízo”.

Joel Pinheiro da Fonseca: A insanidade chegará ao 2º turno?

- Folha de S. Paulo

Estamos nos encaminhando para a disputa entre as figuras mais polarizadoras

Racionalmente, sei que não vale a pena gastar energia para tentar o rumo das eleições. Ainda assim, um ato de fé no brasileiro me faz acreditar que dá para evitar o pior: um segundo turno entre Haddad e Bolsonaro. Isso seria especialmente violento, permeado por boataria e notícias falsas. Promoveria o esgarçamento dos laços sociais e familiares e envolveria dois lados que, em suas palavras e seus atos, não demonstram apreço pela democracia.

Não pretendo dizer a ninguém em quem votar. Quero apenas fazer um raciocínio estratégico e mostrar o óbvio: se você quer, acima de tudo, evitar Bolsonaro, não vote em Haddad. E se você quer, acima de tudo, evitar o PT, não vote em Bolsonaro.

O medo, o ódio e o ressentimento nos levam a decisões ruins. Vemos José Dirceu falando em tomada do poder fora das urnas, em tolher o Ministério Público e o STF. A reação automática de muitos é querer o inimigo mais bombástico do PT: Bolsonaro. Mas será que ele tem as melhores condições de vencer o PT? Vamos considerar dois cenários.

No primeiro, o segundo turno é entre Bolsonaro e Haddad. Nesse caso, Bolsonaro receberia o voto de quem votou nele no primeiro turno, mais os votos de quem escolheu Álvaro Dias e uma boa parte de João Amoedo e Meirelles. Os eleitores de Alckmin se dividiriam, segundo estimativa do Datafolha, quase que igualmente entre Haddad e Bolsonaro. Haddad, por sua vez, ficaria com praticamente todos os votos que foram para Marina e Ciro Gomes, mais a metade de Alckmin.

Eliane Cantanhêde: Pandemônio institucional

- O Estado de S.Paulo

Ministros do Supremo desautorizam uns aos outros e juiz Moro entra na confusão

Exatamente na última semana das eleições, a Justiça toma decisões de deixar juristas, analistas e políticos de cabelo em pé. Em Brasília, o ministro Ricardo Lewandowski insiste em liberar o ex-presidente Lula para dar entrevistas, o que significa fazer campanha para o candidato do PT. Em Curitiba, o juiz Sérgio Moro retira o sigilo da delação premiada de Antonio Palocci, que atinge em cheio justamente Lula.

A “base teórica” dessa guerra de nervos vale para os dois lados: Lula nem é candidato, oras! Logo, pode dar entrevista da sua cela. Logo, não precisa de sigilo para a delação de Palocci, que foi o homem da economia e um dos personagens centrais de seu primeiro mandato na Presidência.

Lewandowski, amigo pessoal do casal Lula e Marisa Letícia e nomeado pelo então presidente para o Supremo, causou uma enorme surpresa na sexta-feira ao autorizar as entrevistas, mesmo sabendo (ou exatamente porque sabe) o peso de Lula na campanha de Fernando Haddad. Os demais ministros levaram um susto, considerando que uma decisão com tamanho impacto político deveria ter sido submetida ao plenário, não tomada individualmente, e por alguém tão ligado a Lula e ao PT.

Ao receber um questionamento sobre a decisão, o ministro Luiz Fux, numa outra canetada, desfez o que Lewandowski fizera. Outra surpresa. Afinal, não é trivial um colega desautorizar o outro, e tão rapidamente. O que Lewandowski fez? Deixou passar o fim de semana e ontem voltou à carga. Ficamos assim: Lewandowski autoriza, Fux desautoriza, Lewandowski autoriza novamente. E agora?

Luiz Carlos Azedo: O dinheiro da revolução

- Correio Braziliense

“Palocci diz que o ex-presidente Lula usou a Petrobras e o pré-sal com o objetivo de “garantir ilicitudes” e a conseguir dinheiro para campanhas do PT. O juiz Moro quebrou o sigilo da delação”

O ex-ministro da Casa Civil José Dirceu goza de plena liberdade, mesmo condenado a 39 anos de prisão, graças a um habeas corpus que lhe foi concedido pelo ministro Dias Toffoli, atual presidente do Supremo Tribunal Federal. Livre e falante, é o melhor intérprete da alma do PT, partido do qual é fundador e dirigente histórico. No auge do escândalo do mensalão, foi defenestrado da Casa Civil, abandonado pelo ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, posto na “geladeira” e condenado pelo STF no processo do mensalão; em liberdade provisória, foi novamente preso e condenado na Operação Lava-Jato, pelo juiz federal Sérgio Moro, da 13ª Vara Federal de Curitiba, mas o processo não transitou em julgado e Dirceu teve a prisão relaxada.

Por ironia da história, agora quem está em cana e perdeu os direitos políticos é o ex-presidente Lula, para quem o caso Dirceu deixou de ser um estorvo para se tornar o “mapa da mina”, pois gerou uma “jurisprudência” que enche de esperança os seus próprios advogados. O ex-ministro e ex-deputado federal petista (foi cassado pela própria Câmara na CPI dos Correios) não é homem de aceitar derrotas e está de volta à luta. Viaja com a família pelo Brasil afora, de motorhome, para emular os militantes petistas com lançamentos do livro que escreveu na prisão. Em duas entrevistas recentes, para veículos de grande prestígio na esquerda brasileira, a edição brasileira do jornal espanhol El Pais e a revista Piauí, Dirceu resumiu o que Lula pretende com a eleição do petista Fernando Haddad: tomar a poder e acabar com a Operação Lava-Jato, tirando o poder de investigação do Ministério Público Federal e acabando com a execução imediata da pena após condenação em segunda instância.

Raymundo Costa: Prós e contra PSL e PT no segundo turno

- Valor Econômico

Nessa batida, eleição será um plebiscito sobre o PT

Na última semana da eleição de 1989 ninguém sabia ao certo quem iria para o segundo turno. Foram um aventureiro de direita e um incendiário - à época - de centro-esquerda que era Lula. O ex-governador do Rio Leonel Brizola, presumivelmente o segundo nome, ficou a 300 mil votos da segunda vaga. Uma fração. É improvável que Ciro Gomes (PDT), o equivalente de Leonel Brizola naquela eleição, consiga ainda chegar à final, numa reação do eleitorado à polarização entre o PT e o PSL, o partido de Jair Bolsonaro que assumiu o papel antes desempenhado pelo PSDB.

O segundo turno é este mesmo: Fernando Haddad (PT) e Bolsonaro. São 20 dias de campanha, desta vez com tempo igual de TV para cada lado (conteúdo não é o forte de Bolsonaro), quando o antipetismo será explorado à exacerbação. A ideia é botar o PT (e o governo Dilma, que anda meio desaparecido) no colo de Haddad. A avalia-se que ele ainda não foi contaminado pela rejeição ao partido. Neste momento, aparentemente, Haddad leva alguma vantagem pelo fato de a associação dele com o PT não estar fechada, o que deve acontecer no segundo turno. Pode ser. De certo mesmo, hoje, é que os dois estão no segundo turno.

Pode ser muita coisa depois do dia 7, o domingo da eleição. A conferir. No primeiro turno, algumas parecem mais ou menos claras. Na eleição de 2014, Aécio Neves (PSDB) tirou em São Paulo 7 milhões de votos de vantagem sobre Dilma Rousseff. O antipetismo com Bolsonaro não deve alcançar a mesma vantagem, segundo as pesquisas. Já o PT está em condições de levar 60% dos votos no Nordeste, na esteira do prestígio de Lula. Na eleição passada os outros dois Estados do Sudeste - Rio e Minas Gerais - votaram no PT. Bolsonaro tem possibilidade de ganhar na região.

A campanha de Bolsonaro não pode mais se dar o luxo de errar como fez na semana passada, com declarações desastrosas sobre o 13º salário e a CPMF. O candidato está sob o fogo cerrado do PSDB e das mulheres. A empresa de consultoria Arko Advice fez um interessante trabalho sobre os pontos fortes e negativos de cada um, no segundo turno. Não há margem para novos erros, sobretudo de Bolsonaro, que enfrenta um adversário experiente e que tem a mão uma azeitada máquina de ganhar eleição, o PT.

Ricardo Noblat: Toffoli faltou à aula

- Blog do Noblat | Veja

De volta aos bancos escolares

Se tem cara de gato, pelos de gato, mia como um gato e bebe leite como um gato, pode apostar sem receio: gato é.

Ditadura é um regime onde todos os poderes do Estado estão concentrados em um indivíduo, um grupo ou um partido.

Ditadura militar é uma forma de governo onde o poder é controlado por militares. Aqui existiu uma entre 1964 e 1985.

O ministro José Dias Toffoli, presidente do Supremo Tribunal Federal, nasceu em novembro de 1967. Completará 51 anos.

Tinha apenas 18 quando a ditadura acabou. Não deve ter sofrido na pele as marcas brutais deixadas por ela em muita gente.

Talvez não soubesse que a ditadura torturou e matou adversários do regime e que nos seus estertores ainda quis manter-se de pé.

Mas isso está longe de explicar por que preferiu referir-se a ela tanto tempo depois apenas como “movimento”.

É de supor que o jovem Toffoli tenha lido alguma coisa antes de se formar em Direito. De fato, jamais foi um aluno brilhante.

Empregado do PT, assessorou o ex-ministro José Dirceu de Oliveira no primeiro governo Lula. Alguma coisa aprendeu.

Uma vez Advogado Geral da União foi nomeado ministro da mais alta Corte de Justiça do país.

Carecia de melhor currículo para a função, mas dispunha de amigos influentes e poderosos. Deu-se bem.

A explicação oferecida para chamar de “movimento” o que foi uma ditadura é rasa como um pires e revela grande ignorância.

“Se algum erro os militares cometeram foi que resolveram ficar [no governo”], disse Toffoli, ontem, em aula sobre a Constituição de 1988. Se algum erro?

Quer dizer: os militares não erraram ao rasgar a Constituição da época e depor um presidente legítimo, eleito pelo voto.

Também não erraram ao instituir um Estado de Exceção que durou tristes e duros 21 anos, e produziu tantas vítimas.

Em que país mesmo viveu Toffoli durante todos esses anos?

Em que país é possível a um ministro encarregado de zelar pela boa aplicação da lei desconhecer o mínimo de História?

O dono da conta
Debite-se na conta do PT uma eventual eleição do deputado Jair Bolsonaro (PSL). Se ela ocorrer se deverá ao que o PT fez ou deixou de fazer em quase 14 anos de governos.

Individualidades exuberantes: Editorial | O Estado de S. Paulo

A temática do combate à corrupção eclipsou outros importantes debates da construção do Estado brasileiro, afirmou Francisco Gaetani, presidente da Escola Nacional de Administração Pública (Enap), no seminário Eficiência da gestão pública e instituições de controle: como maximizar os dois termos da equação?, promovido recentemente pela Fundação Fernando Henrique Cardoso. Para que o Estado cumpra minimamente a sua finalidade, há um longo caminho de reformas e melhorias na organização do poder público, que vai muito além da questão da corrupção.

Ainda não existe uma busca efetiva pela eficiência na administração pública. “Na administração federal não existe nenhum mecanismo que valoriza a busca da eficiência”, afirmou Francisco Gaetani. E se isso ocorre no âmbito da União, ainda mais graves são as deficiências administrativas nas esferas estadual e municipal.

No seminário, o presidente da Enap ressaltou um aspecto muitas vezes esquecido no debate sobre gastos públicos. Investir recursos em áreas meritórias – como, por exemplo, em saúde e educação – não é sinônimo de eficiência na gestão desses recursos. Também se pode gastar muito mal o dinheiro público na saúde e na educação. Não basta, portanto, exigir investimento em áreas socialmente relevantes. A tarefa de buscar eficiência é sempre necessária, ainda mais em tempos de ajuste fiscal.

Também participou do seminário o professor da Fundação Getúlio Vargas (FGV) Carlos Ari Sundfeld. Ele lembrou que, em termos de organização do Estado, o País ainda está nos passos iniciais. Em vez de se ter uma atuação estável e impessoal, há no Brasil um “Estado de individualidades exuberantes”, disse Sundfeld. Mais do que um conjunto de interações institucionais, como deveria ser, é habitual ver agentes públicos tentando, por meio de sua performance individual, influir na ação estatal.

Essa característica está presente na gestão pública e também nos órgãos de controle. Carlos Ari Sundfeld ressaltou, por exemplo, que a ideia de autonomia funcional do Ministério Público conduziu a uma atuação pessoal de seus membros muito além do razoável, o que produz problemas de coordenação do trabalho de controle e mais ineficiências.

Não é possível convocar uma Constituinte: Editorial | O Globo

Proposta do PT, que não é nova, fere a própria Constituição e teria de ser derrubada pelo Supremo

Os dias têm sido intensos, e continuarão assim nesta reta final para o primeiro turno, devido à polarização radicalizada entre direita e esquerda. É parte do jogo eleitoral, mas desde que a democracia seja respeitada, não se ameacem a Constituição e a estabilidade política.
No debate de domingo à noite, promovido pela TV Record, um choque entre os candidatos Ciro Gomes (PDT) e Fernando Haddad (PT) expôs um risco de fratura na ordem constituída na defesa feita por Haddad da criação de “condições” para a convocação de uma Assembleia Nacional Constituinte exclusiva, coma finalidade de realizar reformas tópicas, ideia, segundo Haddad, do ex-presidente Lula. De fato.

O candidato pedetista, com acerto, retrucou, dizendo ser impossível, do ponto de vista legal, o presidente da República encaminhar ao Congresso proposta neste sentido. Sequer o Congresso tem este poder. Promulgada a Carta em 1988, foi estabelecido o prazo de cinco anos para que ela pudesse ser alterada sema necessidade do quórum qualificado de emenda constitucional, e, depois, não mais. Como em qualquer democracia representativa que mereça o nome, a Constituição só pode ser alterada — exceto as cláusulas pétreas —por emendas submetidas a dois turnos de votação em cada Casa do Congresso e aprovadas por quórum especial de três quintos (60%). Este é um pilar da segurança jurídica de uma nação democrática. Constituinte originária, em que o quórum é de maioria simples, só em rupturas institucionais. Ela é pactuada na sociedade, negociada pelas forças políticas, como foi em meados dos anos 1980, na transição para a volta à democracia.

A proposta colocada no programa de Haddad deriva da antiga obsessão petista, inspirada no chavismo, de sepultar a democracia representativa a partir de uma Constituinte extemporânea. Se vingar, terá de ser extinta pelo Supremo. Chame-se a atenção para o fato de a defesa desta Constituinte de ocasião ter sido feita depois da publicação pelo jornal espanhol “El País” de entrevista do ex-ministro José Dirceu — solto com tornozeleira eletrônica, por liminar concedida pela Segunda Turma do STF —, em que afirma que é questão de tempo o PT “tomar o poder”. E acrescentou: “o que é diferente de ganhar uma eleição.”

Ele não, ele sim: Editorial | Folha de S. Paulo

Louve-se o caráter pacífico dos atos pró e contra Jair Bolsonaro

Das jornadas de 2013 aos atos pelo impeachment de Dilma Rousseff(PT), tornaram-se comuns na paisagem nacional grandes manifestações populares promovidas sem a organização dos partidos políticos.

Pode-se considerar uma novidade, de todo modo, ver ruas tomadas em razão de um único candidato ao Palácio do Planalto —Jair Bolsonaro (PSL), que lidera as pesquisas tanto em intenção de voto no primeiro turno, com 28% no Datafolha, como na rejeição por parte de 46% do eleitorado.

No sábado (29), protestos contra o capitão reformado do Exército, com destacada articulação de mulheres, ocorreram em mais de 30 cidades, incluindo São Paulo, Rio de Janeiro e Brasília.

Concorrentes na disputa presidencial se aproveitaram da ocasião, casos de Marina Silva (Rede) e Guilherme Boulos (PSOL), que estiveram no largo da Batata, na capital paulista. A mobilização de milhares, entretanto, pouco se relacionava à influência de legendas.

Muito menos há como atribuir ao insignificante PSL as manifestações em favor de seu presidenciável no dia seguinte, aparentemente menos numerosas —embora não haja estimativas confiáveis para uma comparação precisa.

Rodada mostra acerto de nova política para o petróleo: Editorial | Valor Econômico

Uma boa surpresa no cenário nada auspicioso da economia brasileira é o aumento da arrecadação dos royalties do petróleo, que vem ajudando a reduzir o déficit das contas públicos e amenizando um pouco a penúria de alguns Estados, como o Rio de Janeiro. A perspectiva melhora após o bom resultado da 5ª Rodada do Pré-Sal, na semana passada. A entrada desses recursos confirma também o acerto da mudança da política para a exploração do petróleo implantada pela ex-presidente Dilma Rousseff, que limitava apenas à Petrobras o papel de operadora do pré-sal. A restrição constrangeu a produção durante algum tempo, que ficou limitada à capacidade da empresa de investir em novos projetos, com repercussões ainda agora.

Dados disponíveis até agosto mostram que a arrecadação de royalties e participações especiais sobre a produção de petróleo e gás aumentou 62% na comparação com os primeiros oito meses de 2017. De acordo com a Agência Nacional de Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis (ANP), foram arrecadados R$ 34,758 bilhões com essas duas contas nesse período, e o ano pode fechar perto do recorde de R$ 35,6 bilhões registrado em 2014.

A arrecadação dos royalties pelo direito de exploração de petróleo e gás pago pelas petroleiras à União, Estados e municípios, e das participações especiais, adicional cobrado quando há grande produção ou rentabilidade, vem se recuperando desde 2017, quando atingiu cerca de R$ 30 bilhões. O resultado sofre influência do preço internacional do petróleo, da cotação do câmbio e da produção nacional.

O prejuízo que o PT causou: Editorial | O Estado de S. Paulo

A experiência da Petrobrás sob o jugo do PT deve servir de alerta

Recentemente a Petrobrás anunciou a realização de novos acordos nos Estados Unidos – desta vez com o Departamento de Justiça Americano (DOJ, na sigla original) e com órgão regulador do mercado de capitais, a Securities & Exchange Commission (SEC) – relativos aos crimes ocorridos na estatal quando o PT estava no governo federal. A negociação envolve desembolso de recursos nos Estados Unidos e no Brasil, num total de US$ 853 milhões.

Em março deste ano, a Petrobrás havia feito um acordo de US$ 2,95 bilhões para encerrar uma ação coletiva movida por investidores nos Estados Unidos. Já foram realizados dois pagamentos de US$ 983 milhões cada um. A terceira parcela deverá ser paga em janeiro de 2019. Na ocasião, a empresa informou que o acordo se destinava a resolver “todas as demandas pendentes e eventuais de adquirentes de valores mobiliários da Petrobrás nos Estados Unidos e de adquirentes de valores mobiliários da Petrobrás listados naquele país ou que tenham sido liquidados através da Depository Trust Company”.

Os acordos agora anunciados se referem a investigações das autoridades norte-americanas a respeito de crimes ocorridos entre 2003 e 2012. Por atuar no mercado acionário norte-americano, a Petrobrás está submetida à legislação dos EUA. A empresa reconheceu falhas em controles internos e registros contábeis, que permitiram um enorme esquema de fraudes, subornos e corrupção por parte de ex-diretores e ex-executivos da companhia.

Com os acordos, as autoridades americanas encerram as investigações e abrem mão de processar judicialmente a Petrobrás, que terá de pagar nos Estados Unidos US$ 85,3 milhões ao DOJ e US$ 85,3 milhões à SEC. “Os acordos atendem aos melhores interesses da Petrobrás e de seus acionistas e põem fim a incertezas, ônus e custos associados a potenciais litígios nos Estados Unidos”, informou a Petrobrás.

Palocci: eleições de Dilma custaram R$ 1,4 bilhão

Em delação premiada cujo sigilo foi quebrado pelo juiz Sergio Moro, o ex-ministro Antonio Palocci afirmou que as campanhas para eleger e reeleger Dilma Rousseff custaram R$ 1,4 bilhão, quase o triplo do que o PT havia declarado à Justiça Eleitoral. Palocci, que está preso desde 2016 e foi condenado em primeira instância por lavagem de dinheiro e corrupção passiva, disse que doações oficiais serviam para acertar pagamentos de propina e, sem detalhar, revelou a existência de esquema de venda de medidas provisórias no Congresso durante governos petistas. Em nota, defesa do ex-presidente Lula disse que Palocci “mentiu mais uma vez”.

Palocci: eleições de Dilma custaram R$ 1,4 bilhão

Em delação, ex-ministro afirma que gastos do PT nas campanhas de 2010 e 2014 foram quase o triplo do declarado; ele diz que avisou Lula sobre corrupção na Petrobras e vê propina na aprovação de 90% das MPs no Congresso

Aguirre Talento e Robson Bonin | O Globo

BRASÍLIA - O ex-ministro da Fazenda e da Casa Civil Antonio Palocci afirmou no primeiro anexo de sua delação premiada que as duas últimas campanhas presidenciais do PT para eleger Dilma Rousseff, em 2010 e 2014, custaram, somadas, R$ 1,4 bilhão, mais do que o dobro dos valores declarados à Justiça Eleitoral. Segundo Palocci, as campanhas foram abastecidas com caixa dois. De acordo com o depoimento, os empresários contribuíam esperando benefícios em troca e, mesmo nas doações oficiais, a origem da maior parte do dinheiro eram acertos de propina.

O anexo se tornou público ontem, após decisão do juiz federal Sergio Moro, que determinou que o depoimento de Palocci fosse anexado a uma das ações penais em andamento contra o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, na qual ele é acusado de receber propina da Odebrecht. O PT criticou a decisão de Moro a seis dias das eleições. Palocci atuou nas campanhas petistas como interlocutor do setor empresarial para a arrecadação financeira, daí seu conhecimento sobre o tema.

Sobre as duas campanhas de Dilma Rousseff, Palocci afirmou: “Pode citar que as campanhas presidenciais do PT custaram em 2010 e 2014, aproximadamente ,600 e 800 milhões de reais, respectivamente”. Nas prestações de contas oficiais, os valores oficialmente declarados de custo dessas campanhas foram de R $153 milhões e R $350 milhões, respectivamente.

O ex-ministro está preso preventivamente desde setembro de 2016. Ele já foi condenado em primeira instância a 12 anos e dois meses de prisão por corrupção passiva e lavagem de dinheiro.

PT: ex-ministro ‘mente’, e Moro ‘interfere na eleição’

Partido diz que Palocci inventa fatos para gozar dos benefícios da delação e critica juiz por tornar público o depoimento

Aguirre Talento e Sérgio Roxo | O Globo


Em reação às afirmações de Palocci em sua delação premiada, a defesa do ex-presidente Lula afirmou que o ex-ministro “mentiu mais uma vez sobre Lula, sem apresentar nenhuma prova, para obter generosos benefícios que vão da redução substancial de sua pena e da manutenção de parte substancial dos valores encontrados em suas contas bancárias”. O advogado Cristiano Zanin Martins criticou também a conduta do juiz Sergio Moro, afirmando que sua decisão de tornar público o depoimento “reforça o caráter político dos processos e da condenação injusta imposta ao ex-presidente Lula”.

O PT também divulgou nota rebatendo as acusações, na qual acusou Moro de “interferência arbitrária e ilegal no processo de eleições” por ter retirado o sigilo de parte da delação.

“A delação mentirosa é tão desprovida de provas que foi rejeitada pelo Ministério Público e sequer poderá ser usada na ação penal que Sergio Moro conduz arbitrariamente, como ele mesmo reconhece no despacho de propaganda eleitoral que divulgou hoje”, diz trecho da nota do PT.

Palocci tentou fechar acordo inicialmente com o Ministério Público Federal, mas o órgão não aceitou sua delação. Por isso, o ex-ministro teve que recorrer à Polícia Federal.

Em sua nota, o PT critica o fato de Moro ter adiado os depoimentos de Lula marcados para agosto e setembro para evitar “exploração eleitoral”. “Agora, na ultima semana do primeiro turno, Moro promove a exploração eleitoral, pelos meios de comunicação, de um depoimento antigo, imprestável e forjado para incriminar o PT”, diz a nota.

O ex-ministro Gilberto Carvalho, que faz parte da coordenação da campanha de Haddad, minimizou o impacto eleitoral da delação:

— Esse modus operandi contra nós já está tão desgastado, que é só mais um. Serão um ou dois dias no noticiário e a vida segue, até porque é a palavra do Palocci no desespero para viver em liberdade com os milhões que ele acumulou. A gente lamenta esse gesto de traição.

Lula sabia de esquema na Petrobrás, diz Palocci

O ex-ministro Antonio Palocci afirmou em depoimento à Polícia Federal, em abril, que o ex-presidente Lula sabia, desde 2007, do esquema de corrupção da Petrobrás descoberto pela Operação Lava Jato. No termo de acordo de colaboração premiada, tornado público pelo juiz Sérgio Moro, Palocci detalha o suposto envolvimento de Lula com o loteamento de cargos na estatal feito para captar recursos ilícitos para campanhas do PT e de partidos aliados de 2003 a 2014, durante os governos Lula e Dilma Rousseff. Segundo Palocci, as campanhas presidenciais de Dilma Rousseff, em 2010 e 2014, custaram R$ 1,4 bilhão. No TSE, foram declarados R$ 350 milhões. A defesa de Lula disse que a conduta de Moro “apenas reforça o caráter político dos processos e da condenação injusta”.

Palocci detalha elo de Lula com corrupção estatal

Em depoimento à PF, ex-ministro detalhou o loteamento de cargos e o esquema de arrecadação para campanhas de Dilma Rousseff

Fabio Leite, Fausto Macedo, Julia Affonso, Luiz Vassallo e RIcardo Brandt | O Estado de S. Paulo

O ex-ministro Antonio Palocci afirmou em depoimento à Polícia Federal que o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva sabia, desde 2007, do esquema de corrupção na Petrobrás desmantelado pela Operação Lava Jato. No primeiro termo tornado público de seu acordo de colaboração premiada – firmado com a Polícia Federal e homologado pelo desembargador João Pedro Gebran Neto, do Tribunal Regional Federal da 4ª Região –, Palocci acusa Lula de envolvimento com o loteamento de cargos na estatal de 2003 a 2014, durante sua gestão e a da presidente cassada Dilma Rousseff. O sigilo foi levantado pelo juiz Sérgio Moro em uma das ações penais da Lava Jato na qual Lula é réu.

Segundo o ex-ministro – que foi um dos mais poderosos auxiliares do ex-presidente –, a distribuição de diretorias da petrolífera tinha como objetivo captar recursos ilícitos para campanhas do PT e de partidos aliados. Conforme a delação, as campanhas presidenciais de Dilma em 2010 e 2014 custaram R$ 600 milhões e R$ 800 milhões, respectivamente. O valor somado supera em quase três vezes o oficialmente declarado ao Tribunal Superior Eleitoral – aproximadamente R$ 500 milhões nas duas disputas.

Palocci relatou ainda a “venda” de medidas provisórias nos governos petistas e implicou também o ex-presidente da Petrobrás, José Sérgio Gabrielli, atualmente coordenador da campanha de Fernando Haddad (PT) à Presidência da República.

O ex-ministro diz na colaboração que o presidente Michel Temer foi um dos emedebistas que indicaram Jorge Zelada, que está preso, para a diretoria da estatal. O Palácio do Planalto diz que a indicação foi do PMDB (atual MDB) de Minas. A defesa de Lula, o PT e Dilma afirmaram que Palocci mentiu. Gabrielli não se manifestou.

Ex-presidente sabia de esquema desde 2007, afirma delator
Lula, relata Palocci, o levou a ‘ambiente reservado’ no Palácio do Alvorada para dizer que tinha ciência dos fatos na estatal

No depoimento concedido por Antonio Palocci em 13 de abril na Superintendência Regional da Polícia Federal no Paraná, onde ele e o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva estão presos, o ex-ministro relata uma conversa que teve com o antigo chefe em fevereiro de 2007.

Segundo ele, o petista o levou a um “ambiente reservado” no primeiro andar do Palácio da Alvorada (residência oficial do presidente) para dizer, “bastante irritado”, que tinha tido ciência de que os então diretores da Petrobrás Renato Duque (Serviços) e Paulo Roberto Costa (Abastecimento) “estavam envolvidos em diversos crimes no âmbito das suas diretorias”.

Campanha do PT em 2010 custou o quádruplo do declarado, afirma Palocci

Trecho da delação foi tornado público pelo juiz Sergio Moro nesta segunda-feira

Estelita Hass Carazzai e Felipe Bächtold | Folha de S. Paulo

CURITIBA E SÃO PAULO - Em trecho de delação premiada divulgado nesta segunda-feira (1º), o ex-ministro Antonio Palocci afirma que as campanhas presidenciais do PT em 2010 e 2014, que elegeram a ex-presidente Dilma Rousseff, custaram até quatro vezes o valor declarado à Justiça Eleitoral.

Segundo ele, a campanha de 2010 custou R$ 600 milhões, e a de 2014, R$ 800 milhões. Os gastos declarados, porém, foram de R$ 153 milhões e R$ 350 milhões, respectivamente.

Palocci, que foi ministro dos governos Dilma e Lula, afirmou que era um dos arrecadadores do PT, sendo responsável por tratar de “doações de grande porte junto aos empresários”.

Essas doações, segundo ele, tinham, em sua maioria, origem ilícita, resultante da negociação de contratos e percentuais com o governo.

“Ninguém dá dinheiro para campanhas esperando relações triviais com o governo”, disse o ex-ministro petista, segundo o termo assinado com a Polícia Federal.

Um dos esquemas de arrecadação seria a venda de emendas legislativas e medidas provisórias, de acordo com Palocci. Segundo ele, 90% das medidas provisórias propostas pelos governos petistas envolveram pagamentos de propina.

Os contratos de publicidade da Petrobras também envolveriam repasses de 3% ao PT. Nessa parte do relato, Palocci cita que a área estava sob comando de Wilson Santarosa, descrito como "pessoa ligada" a Lula, ao ex-prefeito de Campinas Jacob Bittar e ao atual candidato do PT ao governo de São Paulo, Luiz Marinho.

Santarosa deixou a função na Petrobras em 2015.

O relato do ex-ministro também afirma que a proposta de nacionalizar a exploração do pré-sal envolveu “um interesse social e um interesse corrupto”, já que atender a pleitos das empreiteiras nacionais facilitaria doações para as campanhas do PT.

A delação de Palocci foi homologada em junho pelo TRF (Tribunal Regional Federal) da 4ª Região. Lá tramita a apelação do ex-ministro contra sua condenação a 12 anos e dois meses de prisão imposta pelo juiz Sergio Moro, em 2017. Nesta segunda, foram tornados públicos os primeiros trechos do acordo, em uma ação na qual Palocci é réu, que trata de supostas irregularidades envolvendo a compra de um terreno para o Instituto Lula em São Paulo.

No despacho que derruba o sigilo do depoimento, o juiz afirma que a medida é necessária para a “ampla defesa dos acusados”, e diz não ver risco às investigações, tampouco de exploração política do processo.

“Ninguém está sendo processado ou julgado por opiniões políticas. Há sérias acusações por crimes de corrupção e lavagem de dinheiro. Se são ou não procedentes, é questão a ser avaliada na sentença”, escreveu Moro.

Bolsonaro sobe 4 pontos e vai a 31%; Haddad tem 21%

Presidenciável do PSL atinge seu patamar mais alto desde o início do levantamento do instituto em parceria com o ‘Estado’ e TV Globo

Daniel Bramatti, Caio Sartori, Alessandra Monnerat e Cecília do Lago | O Estado de S.Paulo

A menos de uma semana das eleições 2018, o candidato a presidente Jair Bolsonaro(PSL) subiu quatro pontos porcentuais e chegou a 31% das intenções de voto, segundo levantamento Ibope/Estado/TV Globo divulgado nesta segunda-feira, 1º, – seu patamar mais alto desde o início desta série de pesquisas. Em segundo lugar, o petista Fernando Haddad se manteve com os 21% registrados no levantamento anterior do instituto, divulgado no dia 26.

A seguir, aparecem Ciro Gomes (PDT), que oscilou de 12% para 11%, e Geraldo Alckmin(PSDB), que manteve seus 8%. Marina Silva (Rede) passou de 6% para 4%, sua taxa mais baixa desde o início da campanha.

No universo dos votos totais, a vantagem de Bolsonaro sobre Haddad aumentou de 6 pontos porcentuais para 10 em cinco dias. Quando se considera apenas os votos válidos, ou seja, sem contar os brancos e nulos, o candidato do PSL lidera por 38% a 25%. Para vencer no primeiro turno, um candidato precisa obter 50% mais um dos votos válidos.

Na simulação de um segundo turno entre os candidatos do PSL e do PT, há um empate: ambos com 42%.

No quesito rejeição, o candidato do PSL segue líder, com 44%. Mas a quantidade de eleitores que não admitem votar em Haddad de jeito nenhum deu um salto, passando de 27% para 38%.

A divisão do eleitorado por gênero revela que, no intervalo de cinco dias entre as duas pesquisas, Bolsonaro cresceu mais entre as mulheres (de 18% para 24%) do que entre os homens (de 36% para 39%). Parte das entrevistas do levantamento foi feita após os protestos convocados por mulheres, que reuniram multidões nas grandes cidades do País contra o candidato. Apesar da melhora nos números, a rejeição ao deputado continua concentrada no público feminino: a maioria absoluta (51%) afirma que não votaria nele em nenhuma hipótese.

A preferência pelo candidato do PSL sobe à medida que aumenta a escolaridade: é de 19% entre quem estudou até a quarta série do ensino fundamental e chega a 40% entre os que têm curso superior.

No caso de Haddad, a situação se inverte: 26% entre os eleitores menos escolarizados e 14% no outro extremo.

Bolsonaro se sai melhor na faixa que recebe mais de cinco salários mínimos
A segmentação do eleitorado por renda revela que Bolsonaro se sai melhor na faixa que recebe mais de cinco salários mínimos: 46%. Entre os mais pobres, com renda familiar de até um salário mínimo, a taxa é de 19%. Na opinião de 43% do eleitorado, o candidato do PSL é o favorito para ocupar a Presidência da República entre 2019 e 2023. Outros 24% acham que Haddad será o vencedor da eleição.

Bolsonaro sobe e abre 10 pontos sobre Haddad

Rejeição ao petista cresce de 27% para 38%; no segundo turno, só Ciro venceria candidato do PSL

Em pesquisa realizada durante o fim de semana das manifestações de rua pró e contra Jair Bolsonaro (PSL), o Ibope mostrou que as intenções de voto no candidato cresceram quatro pontos percentuais, chegando a 31%. O candidato do PSL avançou seis pontos entre as mulheres. Fernando Haddad (PT) se manteve com 21%, mas a rejeição a seu nome disparou, indo de 27% para 38%. Já Bolsonaro é descartado por 44%. Nas simulações de segundo turno, Bolsonaro empata com Haddad em 42% e perde para Ciro Gomes (PDT). No caso de um enfrentamento com Geraldo Alckmin (PSDB), há empate técnico.

HADDAD PARA, E BOLSONARO SOBE 4 PONTOS

Rejeição a petista dispara 11 pontos e chega a 38%; deputado fica com 44%

Marco Grillo | O Globo

O candidato do PSL à Presidência, Jair Bolsonaro, cresceu quatro pontos percentuais e chegou a 31% das intenções de voto, segundo o Ibope, ampliando para dez pontos a vantagem sobre o segundo colocado, Fernando Haddad (PT), que se manteve estável com 21%. É a maior distância entre os dois desde 18 de setembro, quando foi feito o primeiro levantamento que captou a oficialização do ex-prefeito de São Paulo como candidato petista, no lugar do ex-presidente Lula.

Além de não ter elevado seu patamar em uma semana, a nova pesquisa trouxe outra má notícia para Haddad: a disparada de sua rejeição, que saltou 11 pontos — era de 27% na quarta-feira e chegou a 38% ontem. A rejeição a Bolsonaro ficou estável, em 44%.

PESQUISA NO FIM DE SEMANA
O crescimento do candidato do PSL coincide com a intensa exposição de seu nome no fim de semana — os eleitores foram entrevistados no sábado e no domingo. 

Atos contra o capitão da reserva foram organizados por todo o país no sábado. O movimento foi capitaneado por mulheres e chamado por redes sociais, com o título #EleNão. Em resposta, apoiadores de Bolsonaro fizeram carreatas em diversos estados. Também no sábado, o deputado recebeu alta do Hospital Albert Einstein, em São Paulo, onde estava internado desde o dia 7 de setembro, após ser atacado com uma facada em Juiz de Fora (MG).

Dois governadores do MDB declaram apoio a Alckmin

Paulo Hartung, do Espírito Santo, e Eduardo Pinho Moreira, de Santa Catarina, gravaram vídeos de apoio ao tucano

Pedro Venceslau | O Estado de S.Paulo

O ex-governador Geraldo Alckmin, presidenciável do PSDB nas eleições 2018, recebeu nessa segunda-feira, 1º, o apoio de dois governadores do MDB, partido do ex-ministro Henrique Meirelles.
Paulo Hartung, do Espírito Santo, e Eduardo Pinho Moreira, de Santa Catarina, gravaram vídeos de apoio ao tucano. “Os extremos da política brasileira não têm propostas para tirar o País dessa situação. O Brasil só tem a perder com essa polarização do nós contra eles. Por isso defendo a candidatura de Geraldo Alckmin como ponto de convergência para os brasileiros. Eu voto Geraldo Alckmin 45”, disse Hartung.

Já Pinho Moreira disse que conhece Alckmin desde os tempos que era deputado e ressaltou o “espírito público” do tucano.

Os apoios cristalizaram a debandada do MDB da campanha de Meirelles, que não consegue ultrapassar a casa dos 2% nas pesquisas de intenção de voto.

"Super animado"
Estagnado em quarto lugar na mais recente pesquisa Estadão/Ibope/TV Globo com 8% das intenções de voto, Alckmin disse nesta segunda-feira que está “super animado” com o crescimento de sua campanha.

“A terceira via verdadeira é Geraldo Alckmin”, aponta Ana Amélia

Por Shirley Loiola

Ana Amélia Lemos, candidata a vice-presidente da República na chapa de Geraldo Alckmin, destacou na noite desta segunda-feira (1º) que o ex-governador de São Paulo é o candidato mais bem preparado para assumir o comando do país. A senadora ressaltou, durante debate dos candidatos a vices no Roda Viva, da TV Cultura, a experiência de Geraldo como gestor.

“Quando eu aceitei o desafio, abrindo mão de um mandato praticamente certo de 8 anos de reeleição ao Senado, eu aceitei porque acreditei que a terceira via verdadeira é Geraldo Alckmin, um governador de um estado que equivale a vários países, dada a relevância de sua economia. O que fez em saúde, educação, infraestrutura, segurança pública com a redução de homicídios. O que fez sobretudo em 3 hospitais de atendimento às mulheres.”, frisou a senadora.

A candidata ainda salientou o trabalho feito por Geraldo Alckmin em São Paulo para tratar mulheres com câncer. Na ocasião, Ana Amélia reafirmou o compromisso da sua chapa com a saúde pública dos brasileiros e lamentou a atual crise vivida pelo setor.

“Milhares de brasileiros neste momento estão batendo à porta de um hospital e não estão encontrando vagas para os seus filhos, seus parentes exatamente porque a saúde hoje é mais do que corrupção, mais do que educação, mais do que violência e segurança pública, a principal dor de cabeça dos brasileiros.”, disse ao atribuir o problema à corrupção.

Ana Amélia ainda alertou para o risco que a Operação Lava Jato corre, caso os extremos de esquerda ou direita ocupem o Palácio do Planalto.

“Mitigar, fragilizar uma operação como a Lava Jato ou fragilizar Ministério Público, poder judiciário, num processo di vendita porque alguns líderes políticos estão envolvidos nela. Realmente esse risco nós estamos correndo seriamente.”, frisou e completou:

Charles Baudelaire: A uma passante

A rua, em torno, era ensurdecedora vaia.
Toda de luto, alta e sutil, dor majestosa,
Uma mulher passou, com sua mão vaidosa
Erguendo e balançando a barra alva da saia;
Pernas de estátua, era fidalga, ágil e fina.
Eu bebia, como um basbaque extravagante,
No tempestuoso céu do seu olhar distante,
A doçura que encanta e o prazer que assassina.
Brilho… e a noite depois! – Fugitiva beldade
De um olhar que me fez nascer segunda vez,
Não mais te hei de rever senão na eternidade?
Longe daqui! tarde demais! nunca talvez!
Pois não sabes de mim, não sei que fim levaste,
Tu que eu teria amado, ó tu que o adivinhaste!