sexta-feira, 19 de outubro de 2018

Opinião do dia: Hannah Arendt

"A pluralidade humana, condição básica da ação e do discurso, tem o duplo aspecto da igualdade e diferença. Se não fossem iguais, os homens seriam incapazes de compreender-se entre si e aos seus antepassados, ou de fazer planos para o futuro e prever as necessidades das gerações vindouras. Se não fossem diferentes, se cada ser humano não diferisse de todos os que existiram, existem ou virão a existir, os homens não precisariam do discurso ou da ação para se fazerem entender. Com simples sinais e sons poderiam comunicar as suas necessidades imediatas e idênticas.

Ser diferente não equivale a ser outro - ou seja, não equivale a possuir essa curiosa qualidade de «alteridade», comum a tudo o que existe e que, para a filosofia medieval, é uma das quatro características básicas e universais que transcendem todas as qualidades particulares. A alteridade é, sem dúvida, um aspecto importante da pluralidade; é a razão pela qual todas as nossas definições são distinções e o motivo pelo qual não podemos dizer o que uma coisa é sem a distinguir de outra.

Na sua forma mais abstrata, a alteridade está apenas presente na mera multiplicação de objetos inorgânicos, ao passo que toda a vida orgânica já exibe variações e diferenças, inclusive entre indivíduos da mesma espécie. Só o homem, porém, é capaz de exprimir essa diferença e distinguir-se; só ele é capaz de se comunicar a si próprio e não apenas comunicar alguma coisa - como sede, fome, afeto, hostilidade ou medo. No homem, a alteridade, que ele tem em comum com tudo o que existe, e a distinção, que ele partilha com tudo o que vive, tornam-se singularidades e a pluralidade humana é a paradoxal pluralidade dos seres singulares."
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Hannah Arendt, in 'A Condição Humana'

Marco Aurélio Nogueira: Quando o ódio encontra a violência

- O Estado de S. Paulo

A cultura da época substitui a moderação política pela contestação radicalizada, indispõe a sociedade com o modo de ser dos políticos, desdemocratiza o pensamento dos cidadãos.

Logo após o primeiro turno das eleições, passamos a perceber que algo “novo” despontava no Brasil. Multiplicaram-se as informações dando conta de que gays, lésbicas e transexuais, além de negros e ativistas do PT, estavam sendo perseguidos, humilhados e agredidos por apoiadores de Bolsonaro. Sobretudo nas redes, os fatos vêm sendo sistematicamente denunciados, como parte de uma operação de desconstrução do candidato do PSL.

Há muito de fake news, mas inúmeras denúncias têm comprovação e testemunhas. Estudo da Diretoria de Análise de Políticas Públicas da FGV mostra, por exemplo, que os comentários sobre agressões por motivação política geraram 2,7 milhões de postagens desde que o segundo turno começou, contra 1,1 milhão nos 30 dias anteriores à eleição. É um volume impressionante, sobretudo quando se considera que as agressões são feitas nas redes e também na vida presencial.

Fernando Gabeira: O que será será

- O Estado de S.Paulo

O que será do nosso país? Tudo o que consigo dizer ainda não transcende a sabedoria de um escoteiro: estar alerta

O que será do nosso país?

Muita gente me pergunta isto, nas ruas e nos aeroportos. Respondo que penso no tema todos os dias e um bom pedaço das noites. Mas não cheguei a uma conclusão que pudesse ser transmitida num diálogo telegráfico. Tudo o que consigo dizer ainda não transcende a sabedoria de um escoteiro: estar alerta.

Não temo pela sobrevivência da democracia brasileira, mas pelos arranhões e pancadas que pode levar no caminho. É um perigo que ronda a democracia em quase todos os lugares onde ela existe.

Acabamos de sair do primeiro processo de eleições disputado principalmente no território virtual das redes. Talvez seja mais reveladora do Brasil que as outras, marcadas por comícios, propaganda na TV e reuniões domésticas. Muita gente participou, compartilhando opiniões.

Eliane Cantanhêde: ‘Histeria conservadora’

- O Estado de S.Paulo

Além de militares, quem chega ao poder com Bolsonaro são os evangélicos

Além dos militares, há um outro setor da vida nacional esfuziante e em alta nas eleições de 2018: os evangélicos das diferentes designações, que apoiam maciçamente Jair Bolsonaro, agora a um passo de assumir a Presidência da República.

Militares e evangélicos, aliás, andam muito juntos: “quase 100% dos evangélicos apoiaram a ditadura militar”, segundo o pastor e ministro Ronaldo Fonseca, secretário-geral da Presidência de Temer. No primeiro turno, Fonseca diz que votou em Henrique Meirelles, do MDB. No segundo, vai de Bolsonaro.

Os principais líderes da Assembleia de Deus, da qual o ministro Fonseca é pastor, eram generais, coronéis, tenentes, desde os anos 1960, as igrejas evangélicas têm uma hierarquia que praticamente copia a militar e ambos, militares e evangélicos, têm posições muito próximas em questões de comportamento, no apoio a Israel e, em geral, no horror à esquerda. Neste momento, muito particularmente ao PT.

Como contraponto: o ex-presidente Lula fez até reunião entre países árabes e do Mercosul no Itamaraty, em Brasília, e foi mais de uma vez à região, mas só fez uma visita oficial a Israel no seu último ano de governo. E Dilma Rousseff foi mais longe, ao rejeitar um embaixador indicado por Israel.

Merval Pereira: A hora das consequências

- O Globo

O PT que quer anular a eleição devido a abuso de poder econômico é o mesmo que foi acusado de crime semelhante na eleição de 2014

A manutenção da distância entre Jair Bolsonaro e Fernando Haddad, confirmada pelo Datafolha, leva à conclusão de que, com mais uma semana passada sem que o candidato do PT conseguisse se aproximar do adversário, a vitória deste parece inexorável. A diferença continua sendo de cerca de 18 milhões de votos, e o tempo está se reduzindo, apenas dez dias separam a pesquisa mais recente das urnas.

Bolsonaro, temerário, já anunciou que está com uma mão na faixa presidencial, e no seu entorno já se discutem nomes para um futuro ministério. Mas o clima de já ganhou ontem passou a assustar os próprios assessores, que decidiram adotar um tom mais cauteloso, inclusive o próprio Bolsonaro.

Já começa a se solidificar a sensação de que somente uma “bala de prata”, um fato chocante contra Bolsonaro, seria capaz de alterar o resultado. A proximidade da derrota fez com que o PT ontem tentasse armar um escândalo com a suposta guerra de WhatsApp que seu adversário estaria comandando na clandestinidade.

Há muito pouco, porém, na reportagem de denúncia da “Folha de S. Paulo” para basear o pedido, feito ontem ao Tribunal Superior Eleitoral (TSE), de anulação da eleição e convocação do terceiro colocado, no caso Ciro Gomes, para a disputa do segundo turno. O PDT também resolveu entrar na disputa, já que seria beneficiado.

Bernardo Mello Franco: A indústria da mentira deu um baile no TSE

- O Globo

A campanha de Fernando Haddad entrou com ação no TSE pedindo a inelegibilidade de Bolsonaro caso investigação do órgão comprove abuso de poder econômico pelo adversário.

Reportagem da “Folha de S. Paulo” informou que empresas custearam divulgação de mensagens pelo WhatsApp contra o PT, o que é proibido. Em abril, o ministro Luiz Fux disse que as candidaturas que espalhassem notícias falsas seriam anuladas pela Justiça Eleitoral. Apesar da ameaça, a boataria correu solta, desequilibrou o jogo e ajudou a decidir votos. A promessa do ministro se tornou um exemplo involuntário de fake news.

O TSE fracassou na tentativa de coibir a indústria da mentira nas redes. A constatação é de dois outros ministros que falaram em caráter reservado com a coluna. Eles admitem que a comissão que fiscalizaria a campanha virtual se revelou inútil. Fux saiu de cena em agosto, quando seu mandato na Corte terminou.

Bruno Boghossian: Autoridades analógicas

- Folha de S. Paulo


Financiamento ilegal no WhatsApp mostra despreparo de juízes e procuradores

Candidatos que apostaram todas as fichas na propaganda de TV ficaram pelo caminho este ano. Celulares e redes sociais atropelaram quem confiou só nas estratégias tradicionais para conquistar votos. As autoridades eleitorais também precisarão reconhecer seu fracasso.

Enquanto promotores e juízes se ocupavam em julgar direitos de resposta no rádio e verificar se santinhos tinham o CNPJ certo, a disputa digital corria no estilo faroeste.

Nesta quinta (18), a repórter Patrícia Campos Mello revelou que empresas alinhadas a Jair Bolsonaro pagaram para enviar milhões de mensagens pelo WhatsApp contra o PT. A prática é proibida e pode configurar financiamento ilegal de campanha.

O candidato do PSL só disse que não tem controle sobre aqueles que o apoiam. Uma advogada do partido afirmou que são “atos isolados”, sem autorização da sigla. O caso foi levado à Justiça Eleitoral por PT e PDT.

Fernando Bizzarro: Quem vai, então, parar Bolsonaro?

- Folha de S. Paulo

Apoiadores de Bolsonaro não são democratas liberais e não vão proteger coisa alguma

Cientistas políticos discordam quanto ao risco que a eleição de Bolsonaro traz para a democracia no Brasil. Para alguns, como eu, o risco é positivo. Para outros, o risco é zero. Quando cientistas discordam, as evidências são soberanas. Então vejamos.

Comecemos por: "risco de quê". Se for de quebra brusca da democracia —com um golpe que cancele as eleições, feche o Congresso e suspenda direitos—, o risco é, provavelmente, zero. Tanto a experiência internacional quanto a história brasileira mostram isso.

Primeiro, em democracias que sobreviveram por 21 anos ou mais, a probabilidade de golpe é efetivamente zero. Além disso, golpes caíram em desuso, sendo cada vez mais raros. Por último, a história mostra que mesmo em condições domésticas e internacionais mais favoráveis ao autoritarismo —como em 1964— o fechamento completo do sistema político brasileiro foi difícil.

Fernando Canzian: Discurso retrógrado pode ganhar sustentação com economia

- Folha de S. Paulo

Setor privado brasileiro há tempos vem se preparando para retomada mais forte

Apesar do gigantesco rombo nas contas públicas, o novo governo assumirá em 2019 com condições macroeconômicas mais favoráveis do que Michel Temer há dois anos.

Em 2016, a inflação alcançou dois dígitos, o PIB despencava -3,5% e a contabilidade pública estava em ruínas.

Neste ano, o Brasil pode crescer pouco, cerca de 1,5%. Mas não há tarifas públicas represadas e as empresas têm enorme capacidade ociosa para produzir mais sem pressionar a inflação caso a economia reaja. E ela parece pronta para isso.

A chave em 2019 será encarar a reforma da Previdência como questão de vida ou morte. Se ela passar, não será difícil o Brasil decolar razoavelmente e ganhar tempo para outras mudanças estruturais.

José de Souza Martins: E os pobres?!

- Eu & Fim de Semana | Valor Econômico

À vista do que dizem candidatos e sábios das duas candidaturas residuais à Presidência da República, que se enfrentarão no próximo dia 28 de outubro, os pobres do Brasil estão fritos. De um lado, os que acham que a quirera do Bolsa Família resolveu o grave problema da pobreza. Além de ter resolvido o problema eleitoral dos que carecem de muitos votos em troca de poucas e ilusórias soluções para os problemas sociais. Dez merréis de acréscimo a ganhos indigentes são suficientes para a ascensão social puramente estatística de parte da população. Mas não aquela que a integre decentemente e democraticamente na sociedade de mercado e menos ainda na sociedade de consumo.

De outro lado, estão os sábios desenraizados do economismo superficial, pseudocientífico, que tem fórmulas mágicas para tudo, na educação, na ciência, na economia propriamente dita, desde que lucrativas. É evidente, pois, que os que "dão" prejuízo ou não dão lucro estão fora das cogitações políticas da nova ordem baseada no racional da iniquidade e na exclusão social e cultural.

É curioso isso. Historicamente, a sociedade brasileira reafirma o seu caráter estamental, volta sempre às desigualdades do passado, douradas por discursos ufanistas e enganadores. Procura restaurar sempre a inferioridade social do nascimento dos pobres que herdamos da dominação colonial.

Maria Cristina Fernandes: O silêncio empresarial e o futuro da democracia

- Eu & Fim de Semana | Valor Econômico

Na semana anterior ao primeiro turno, um marqueteiro entrou numa sala no Itaim, zona sul de São Paulo, para ouvir uma proposta de trabalho. Lá estavam os donos de uma grande distribuidora, de um hotel e de uma empresa de aluguel de equipamentos. Nenhum deles a mando do presidenciável do PSL. Mas se uniram para patrocinar uma campanha na internet com o objetivo de eleger seu candidato. Dinheiro não seria o problema. Problema é o PT voltar ao poder.

Quarenta anos atrás, um grupo de empresários também decidiu ter voz mais ativa na política. Caminharam, no entanto, na direção oposta. Foram signatários do Documento dos Oito, que ajudou a derrubar a ditadura. Nesse desencontro cabe uma parte da história de um país que deu a cara a bater contra o autoritarismo e hoje não teme seu retorno.

Aos 36 anos, Roberto Muller era um dos responsáveis pela fama adquirida pela "Gazeta Mercantil" de jornal para empresários feito por comunistas. Neto de anarquista húngaro emigrado para Ribeirão Preto no fim do século XIX, Muller estudou química e integrou a cédula do PCB na Cosipa. Chegou a ser preso no navio Raul Soares, porão da ditadura atracado no porto de Santos. Ingressou no jornalismo junto com o golpe de 1964, pelas mãos de Claudio Abramo, na "Folha", ainda fichado num Inquérito Policial Militar.

Michael Reid: O risco de uma democracia iliberal no Brasil

Eu & Fim de Semana | Valor Econômico

"As coisas vão abaixo; o centro cede", escreveu William Butler Yeats, o grande poeta irlandês, em "A Segunda Vinda". Yeats capturou a sensação de desarticulação sociopolítica na Europa após a Primeira Guerra, que levaria, depois da crise financeira de 1929 e a depressão que se seguiu, à ascensão de Hitler. Mas suas linhas se aplicam às políticas de muitas democracias ocidentais no momento e especialmente ao Brasil, onde o colapso do amplo centro político foi assustadoramente repentino.

Há dois anos, as eleições municipais realizadas pouco depois do impeachment de Dilma Rousseff pareciam passar uma mensagem clara. De um lado, os eleitores bateram no PT: o partido elegeu apenas 254 prefeitos de um total de mais de 5,5 mil. De outro, o PSDB conquistou 803 prefeituras, em comparação às anteriores 701, enquanto seu provável aliado, o MDB, conseguiu 1.038. No modelo que a política brasileira vem seguindo desde 1994, esse resultado apontava para uma vitória fácil do PSDB nas eleições presidenciais deste ano e o declínio do PT.

Mas o modelo foi destruído. Os brasileiros enfrentam uma escolha não invejável entre dois extremos. A moderação que caracterizou a política brasileira na maior parte do atual período democrático se foi. De um lado, Jair Bolsonaro, com sua nostalgia da ditadura de 1964-1985 e seu entusiasmo por Augusto Pinochet, personifica o surgimento de uma direita radical e retoricamente não democrática, com um grau sem precedentes de apoio público.

Celso Rocha de Barros: O que é isso, companheiro?!

- Época

A autocrítica que o PT não fez

A República brasileira hoje enfrenta o maior inimigo que já teve: Jair Bolsonaro. O candidato do PSL não representa só a herança da ditadura militar: representa o porão, a facção que se opunha à abertura de Geisel — que, a propósito, chamou Bolsonaro de “mau militar”. Os cinco generais que Bolsonaro pretende colocar no ministério não estarão lá para administrar suas pastas, mas para manter a ameaça de golpe permanente. Chegamos a um ponto em que Marine Le Pen, a candidata da extrema-direita francesa, declarou que as coisas que Bolsonaro diz seriam inaceitáveis na França. E a questão é esta: somos uma sociedade como a França, em que mesmo a extrema-direita recusaria Bolsonaro? Ou somos um daqueles negócios exóticos e atrasados para quem o mundo olha e pensa “Eles são assim mesmo, não tem jeito”?

Só Fernando Haddad e o Partido dos Trabalhadores podem defender a República brasileira da ameaça Bolsonaro.

Não, não é a situação ideal.

Monica de Bolle: O que é um populista?

- Época

Com a arma da mensagem direta e pessoal, simples e confeccionada para provocar uma reação emocional — de raiva, de indignação, de revolta —, o populista não precisa de plano de governo detalhado.

O que é um populista? Se há uma região no mundo em que ondas populistas deixaram marcas profundas na política e na economia, essa região é a América Latina. Por conseguinte, deveríamos ser capazes de enxergar políticos com essas tendências à distância e deles ficarmos, no mínimo, desconfiados. Afinal, sabemos como acabam os arroubos populistas: com economias desarranjadas pelas necessidades do líder “do povo” de atender aos anseios da população, ao mesmo tempo que alimenta sua própria necessidade de ser visto como um messias, um grande salvador, o pai dos pobres, o defensor dos bons costumes, o caçador de marajás, o perseguidor de bandidos ou qualquer outro rótulo de ocasião. Como bem documentaram os economistas Rudiger Dornbusch e Sebastian Edwards em seu magistral The macroeconomics of populism in Latin America, publicado em 1991, não há qualquer caso de populismo que tenha tido final feliz na região.

Por que, então, temos tido tanta dificuldade em enxergar na candidatura de Bolsonaro traços inequivocamente populistas, que deveriam nos deixar cabreiros, mas em vez disso causam euforia, sobretudo entre aqueles que tão bem conhecem o legado? Deixo aqui uma tese: o populismo na América Latina e no Brasil sempre foi caracterizado pelo discurso redistributivo. De Getulio Vargas a João Goulart, o foco nas desigualdades e nos excluídos da vida econômica e política do país norteou os discursos e as políticas adotadas. Em termos de comparação histórica com o momento atual, Jânio Quadros, o presidente-cometa, é parâmetro interessante.

Dora Kramer: Muro de contenção

- Revista Veja

Seja qual for o inquilino do Planalto, à sociedade cabe o poder moderador

A fim de lidar com a vida como ela é, tratemos logo de início de deixar de lado o artifício do falso equilíbrio factual e vamos ao fato: a eleição está decidida. Não apenas porque as pesquisas indicam uma dianteira consolidada e crescente de Jair Bolsonaro ante o aumento da rejeição a Fernando Haddad, mas principalmente porque os petistas já fizeram tudo o que podiam (não necessariamente o que deveriam) sem obter efeito algum, e o candidato do PSL não precisa fazer mais nada para alcançar o resultado pretendido.

À extensa lista de infrações legais e morais cometidas ao longo de três governos e meio, nesta campanha já em via de chegada o PT acrescentou erros crassos equivocadamente tratados no noticiário como “estratégias”. Da insistência na candidatura impossível de Luiz Inácio da Silva ao dístico “Lula livre”, indo pela retomada programática do passado e culminando com a conversão súbita ao dito pelo não dito no segundo turno, o partido só fez reforçar as razões do modelo rejeitado pelo eleitorado que Bolsonaro soube cooptar, jogando com a manipulação de emoções negativas.

Mas tudo isso caminha para um terreno de águas passadas que ao PT caberá revolver ou insistir em nelas navegar. Daqui a praticamente uma semana, o país estará diante de nova realidade à qual vai precisar se adaptar. E nesse barco estamos todos nós: os de oposição e os de situação. Aos vencedores, aí incluídos os governantes e seus eleitores adeptos do lema “É melhor já ir se acostumando”, conviria que também fossem se acostumando com um cenário que provavelmente não seja aquele contido nas respectivas imaginações e projeções exacerbadas.

Luiz Carlos Azedo: A deslegitimação do voto

- Correio Braziliense

“Pesquisa Datafolha sobre as eleições presidenciais mostrou que Bolsonaro tem 59% de intenções de votos válidos, um ponto percentual a mais do que na anterior, e Haddad, 41%, um ponto a menos”

A 10 dias das eleições, o PT pediu a cassação do registro da candidatura de Jair Bolsonaro (PSL) e sua inelegibilidade por oito anos ao Tribunal Superior Eleitoral (TSE). Uma reportagem do jornal Folha de S. Paulo sob o suposto impulsionamento de mensagens pelo WhatSapp contra o petista Fernando Haddad, financiado por empresas privadas, às vésperas do primeiro turno, motivou o pedido. O objetivo é afastar Bolsonaro da eleição e substituí-lo pelo terceiro colocado, Ciro Gomes (PDT), para disputar o segundo turno contra o petista.

Segundo a denúncia, as empresas teriam comprado um serviço chamado “disparo em massa”, usando a base de usuários do candidato do PSL ou bases vendidas por agências de estratégia digital. Como a legislação eleitoral proíbe o financiamento de empresas privadas, o candidato poderia ter o registro eleitoral cassado por abuso de poder econômico e/ou uso de caixa dois. A campanha de Haddad também pediu a quebra dos sigilos bancário, telefônico e telemático de Bolsonaro, que teria recorrido a meios ilegais para disseminar fake news contra Haddad.

A presidente do PT, Gleisi Hoffman, comemorou: “Ontem, da Tribuna do Senado, antecipei denúncia sobre o submundo do WhatsApp. A campanha de #Haddad13 pediu investigação sobre o assunto junto à PF. Hoje, pediremos providências urgentes junto ao TSE; é operação clara de caixa dois, ilegal!”, publicou no Twitter. Militantes petistas consideram a denúncia um “fato novo” capaz de mudar os rumos da campanha de Haddad.

Rogério Furquim Werneck: Choques de realidade

- O Globo

O candidato Jair Bolsonaro desfaz rumores de que passara a ser adepto do liberalismo econômico

A dez dias do segundo turno, o desfecho da eleição presidencial parece cada vez mais nítido. Grosso modo, as pesquisas eleitorais mostram que Fernando Haddad tem quase o dobro dos votos válidos de seu adversário no Nordeste, e cerca de metade dos votos de Jair Bolsonaro nas demais regiões. O que o deixa com cerca de 70% dos votos válidos de Bolsonaro no país como um todo. É improvável que, a menos de erros muito graves do candidato do PSL, diferença tão grande possa vir a ser eliminada até o dia 28.

Na campanha do primeiro turno, o PT fez o que pôde para poupar o capitão. Concentrou seus ataques nos candidatos de centro. E deixou mais do que claro que preferia ter Bolsonaro como adversário no segundo turno. Acalentava a ideia de que as forças políticas de centro não teriam alternativa a não ser lhe dar apoio no embate que seria travado contra a extrema direita.

Míriam Leitão: Óleo: otimismo e baixo carbono

- O Globo

Empresas de petróleo farão a mudança para baixa emissão de gases de efeito estufa, mesmo se o governo provocar retrocesso ambiental no país

O petróleo será um aliado das receitas públicas no ano que vem se forem mantidos os leilões e o país conseguir realizar a concessão das áreas excedentes do pré-sal que foram descobertas pela Petrobras. Vai depender do caminho que o novo governo escolher. O setor quer ser também um aliado do combate às mudanças climáticas. As empresas já trabalham com o horizonte de que terão que emitir menos gases de efeito estufa porque essa foi a escolha do mundo no Acordo de Paris.

A empresa noruguesa Equinor, antiga Statoil, tem planos de investir no Brasil US$ 15 bilhões até 2030, e a vice-presidente Verônica Coelho me explicou, numa entrevista na Globonews, a razão dessa aposta.

— A Equinor está com 22 licenças no Brasil e participação em campos importantes, como Roncador, e já temos uma produção de 100 mil barris/dia. O Brasil está numa posição superfavorável, dado o potencial que temos na costa. Isso sem falar na parte rasa, ou onshore, que a gente nem conhece ainda. Então o potencial que se tem, principalmente na área de águas profundas é tão grande que viabiliza a produção a preços competitivos. O momento é ótimo para o Brasil. É importante capturar essa oportunidade e esse valor potencial — disse a executiva.

A consultora Clarissa Lins, da Catavento e do Instituto Brasileiro do Petróleo (IBP), diz que a indústria como um todo vê esse momento também com otimismo.

Celso Ming: Como quebrar o oligopólio dos bancos?

- O Estado de S.Paulo

A questão é difícil e necessária, mas o programa do PT faz proposta problemática de reforma bancária e o de Bolsonaro nem cita o assunto

A oferta de crédito bancário está fortemente oligopolizada. Apenas cinco bancos (Banco do Brasil, Caixa Econômica Federal, Itaú-Unibanco, Bradesco e Santander) detêm mais de 80% das operações de crédito bancário, como demonstram os dados do Banco Central. (Veja tabela.)

Com base nesse fato, o candidato do PT, Fernando Haddad, já se comprometeu a liderar uma “reforma bancária”. Como já foi comentado nesta Coluna há alguns dias, uma das ideias é usar os bancos estatais para baixar compulsoriamente os juros e arrastar os outros grandes na mesma direção. O programa do PT diz que “será estimulado o aumento da concorrência” e que “o Brasil precisa superar a estrutura oligopolista que controla o sistema financeiro e bancário privado”. Quando acrescentam esse adjetivo “privado”, deixam Banco do Brasil e Caixa de fora desse esforço, embora ambos façam parte do mesmo oligopólio. E acrescenta: “Tudo isso, para a retomada da bancarização, ampliação dos serviços bancários e difusão do crédito aos pequenos negócios e à população de baixa renda”.

No programa do candidato Jair Bolsonaro nada consta sobre o assunto. Mas as manifestações a respeito da necessidade de baixar os juros no crédito foram relativamente fartas.

Claudia Safatle: BNDES tem R$ 50 bi para infraestrutura

- Valor Econômico

Próximo governo receberá o banco com caixa de 140 bi

Depois de chegar ao fundo do poço, o BNDES está preparado para dobrar e liderar os investimentos em infraestrutura no próximo ano, assegurou o diretor de Infraestrutura e Saneamento do banco, Marcos Ferrari. O pico da atuação na infraestrutura foi em 2014, quando os desembolsos chegaram a R$ 69 bilhões. O "cavalo de pau" foi dado em 2016, com a queda para R$ 26 bilhões. Em 2017 e 2018 a cifra se estabilizou em R$ 27 bilhões.

A instituição, agora, está pronta para retomar, nos próximos três anos, a média histórica de 2% do PIB - cerca de R$ 130 bilhões - de desembolsos anuais, sendo que desses, R$ 50 bilhões podem ser destinados à expansão da infraestrutura no país a partir de 2019, disse o diretor.

Ferrari explicou que, quando fala em liderança, está se referindo não aos desembolsos de operações tradicionais, mas à estruturação de projetos e ao fomento do mercado de capitais com garantias e fianças, dentre outros recursos, que o banco está ofertando.

Tomando como ótimo o estoque de infraestrutura de 60% do PIB que o país registrava nos anos de 1980, a situação hoje beira a calamidade. O estoque é de pouco mais de 30% do PIB. Entre os anos de 1970 e 1980, o país investia o equivalente a 5,4% do PIB. Hoje o investimento na expansão de rodovias, energia, telecomunicações, saneamento, dentre outras áreas, não passa de 2% do PIB.

Para o país voltar a ter um estoque de 60% do PIB até 2035, a taxa de investimento necessária varia de 4,5% do PIB a 5,3% do PIB, dependendo do crescimento econômico médio do período, de 1% a 3%, respectivamente.

Vinicius Torres Freire: Incertezas até o Natal

- Folha de S. Paulo

Além de tumulto na eleição, economia incógnita e política difícil devem balançar resto de 2018

Para quem esperava calmaria nestes dias finais de campanha, a quinta-feira foi agitada. Mais que isso, houve outras notícias de que a transição para o próximo governo, qualquer que seja, tende a ser acidentada.

A reportagem desta Folha que trata de suspeitas de financiamento ilegal da campanha de Jair Bolsonaro (PSL) indica que não haverá modorra, com restos de confusão a pagar e apagar mesmo depois de encerrada a eleição.

Haverá mais, porém, mesmo em caso de vitória do preferido das elites econômicas, o candidato do PSL.

Haverá uma nomeação crucial, o novo comando do Banco Central. Haverá a negociação com o Congresso e a eleição do novo comando da Câmara, que já estão quentes. Terá de haver, enfim, a divulgação do que seria o programa para a economia, ainda uma incógnita para especialistas, que dirá para a massa do eleitorado. Muita gente votou na esperança vã de que promessas de fim da corrupção e de "quebrar o sistema" resolvam a crise econômica que já dura meia década.

Caso as instituições do sistema de Justiça se encarreguem de averiguar o que se passa na escuridão do WhatsApp, pode haver sequelas, no mínimo uma indisposição de um presidente com procuradores e juízes. Convém lembrar que o próximo governante nomeará ministros do Supremo e o procurador-geral da República.

Mentira que prolifera: Editorial | Folha de S. Paulo

Empresas gastam para disseminar mensagens contra o PT, revela a Folha

Dois terços dos votantes brasileiros possuem conta no WhatsApp, a rede social mais popular do país. Segundo pesquisa realizada pelo Datafolha em 2 de outubro, 44% dos entrevistados declararam ler notícias sobre política e eleições por esse meio, e 24%, compartilhá-las.

Os números bastam para constatar o peso adquirido pela rede na formação da opinião nacional —e, sem dúvida, nos rumos do pleito em curso. Ainda está por ser dimensionado, porém, o impacto do fluxo de informações enganosas, quando não inteiramente falsas, e mensagens difamatórias que chegam a todo momento aos usuários.

Antecipava-se, ademais, que a campanha deste ano constituiria um marco de importância global quanto às possibilidades de combate à disseminação de fake news. Até aqui, falhamos no teste, como qualquer frequentador de ambientes virtuais poderá observar.

Reportagem de Patrícia Campos Mello, desta Folha, mostra evidências aterradoras de como o que originalmente seria um aplicativo de conversas privadas se tornou uma arma do jogo eleitoral mais sujo.

Fracasso da frente é incentivo à autocrítica do PT: Editorial | O Globo

Partido deveria procurar saber por que não conseguiu formar um bloco em defesa da democracia

A proposta de uma “frente democrática”, lançada pelo PT para atrair apoios no enfrentamento de Bolsonaro no segundo turno, tem lógica formal. Se o adversário é considerado de extrema direita, todos que não o sejam devem se unir para enfrentá-lo. Mas não deu certo.

Antes de tudo porque o PT disseminou desde sempre fundadas desconfianças de que seja de fato um partido democrático. A começar pelo próprio funcionamento interno. Pois há nele uma transparente e sólida estrutura vertical, cujo único vértice é Lula, a quem todos devem obediência, se tiverem juízo.

A mais recente demonstração do “centralismo democrático” com que funciona o PT é a absoluta dependência do projeto Fernando Haddad a um Lula preso em Curitiba. Cordão umbilical bem explorado pela campanha do adversário de Haddad.

O comportamento do partido no poder também nunca foi democrático. A abertura ao diálogo sempre foi feita com objetivos eleitorais, na busca da hegemonia sobre a Nação. Este é o fim que também justificou os meios da grossa corrupção nos governos Lula e Dilma, de dimensões que chamaram a atenção do mundo.

Alguns esboços sobre o programa de Bolsonaro: Editorial | Valor Econômico

No mutirão de agregados e ideias que se forma em torno do candidato favorito à Presidência, Jair Bolsonaro, líder folgado nas pesquisas, começa a se delinear um programa liberal na economia, com mais iniciativa privada e bem menos regulação e controle, e um projeto social ultra-conservador. Não é certo o que resultará disso tudo porque a incógnita principal é o que pensa Jair Bolsonaro (PSL). O que passar pela moderação entre seus pendores nacionalistas e estatistas e o menu privatista de seu já nomeado ministro da Economia, Paulo Guedes, ainda terá de transpor um Congresso balcanizado, travessia que não será emocionante para o governo - qualquer governo.

Dos economistas agrupados em torno de Guedes emergem os esboços de um programa mais radical que a "ponte para o futuro" do governo Temer. Algumas definições básicas parecem assentadas, como a da manutenção do tripé macroeconômico, com teto de gastos, câmbio flutuante e metas de inflação. E, também pelas indicações disponíveis, se Bolsonaro vencer, seu governo vai demorar para desamarrar o nó fiscal, a principal bomba a desarmar a curto prazo, sem a qual a economia desandará em um par de anos.

Desespero: Editorial | O Estado de S. Paulo

Consciente de que será muito difícil reverter a vantagem de Jair Bolsonaro (PSL) na disputa pela Presidência da República, o PT decidiu partir para seu "plano B": fazer campanha para deslegitimar a eventual vitória do oponente, qualificando-a como fraudulenta. É uma especialidade lulopetista.

A ofensiva da tigrada está assentada na acusação segundo a qual a candidatura de Bolsonaro está sendo impulsionada nas redes sociais por organizações que atuam no "subterrâneo da internet", segundo denúncia feita anteontem na tribuna do Senado pela presidente do PT, senadora Gleisi Hoffmann, que lançou o seu J'accuse de fancaria.

"Eu acuso o senhor (Bolsonaro) de patrocinar fraude nas eleições brasileiras. O senhor é responsável por fraudar esse processo eleitoral manipulando e produzindo mentiras veiculadas no submundo da internet através de esquemas de WhatsApp pagos de fora deste país", afirmou Gleisi, que acrescentou: "O senhor está recebendo recursos ilegais, patrocínio estrangeiro ilegal, e terá que responder por isso. (...) Quer ser presidente do Brasil através desse tipo de prática, senhor deputado Jair Bolsonaro?"

Aumentam suspeitas sobre campanhas na rede social

Murillo Camarotto e Luísa Martins | Valor Econômico

BRASÍLIA, SÃO PAULO E DO RIO - Denúncia de que empresas estariam comprando pacotes de disparos em massa de mensagens no WhatsApp contra o PT, partido do presidenciável Fernando Haddad, aumentou a suspeita de que o uso das redes sociais para disseminar "fake news" está causando forte impacto na campanha eleitoral. As empresas, segundo reportagem da "Folha de S. Paulo", apoiam o candidato Jair Bolsonaro (PSL), líder das pesquisas. A prática é ilegal. Doações de pessoas jurídicas a candidatos estão proibidas pela lei eleitoral.

O PT entrou com ação para que a Justiça Eleitoral investigue o caso. O partido solicita que o TSE torne Bolsonaro inelegível. A coligação em torno de Fernando Haddad pede, ainda, a decretação da prisão do empresário Luciano Hang, caso ele não colabore com as investigações. Hang é dono da rede de lojas Havan, supostamente um dos envolvidos na compra desses serviços.

PT pede ao TSE inelegibilidade do candidato do PSL

A campanha de Fernando Haddad entrou com ação no TSE pedindo a inelegibilidade de Bolsonaro caso investigação do órgão comprove abuso de poder econômico pelo adversário. Reportagem da “Folha de S. Paulo” informou que empresas custearam divulgação de mensagens pelo WhatsApp contra o PT, o que é proibido.

WhatsApp: PT vai à Justiça contra Bolsonaro

Após jornal publicar que empresários financiaram irregularmente a divulgação em série de mensagens no aplicativo, campanha de Haddad pede investigação; presidente do PSL diz ser ‘impossível controlar rede’

Bruno Góes, Sérgio Roxo e Dimitrius Dantas | O Globo

BRASÍLIA E SÃO PAULO – A campanha do candidato do PT à Presidência, Fernando Haddad, protocolou ontem uma ação no Tribunal Superior Eleitoral (TSE) para que a Corte abra uma investigação com o objetivo de apurar possíveis crimes eleitorais cometidos pela candidatura de seu adversário, Jair Bolsonaro (PSL). O PT afirma que a campanha cometeu “abuso de poder econômico” e “uso indevido de comunicação digital”.

O pedido é baseado em reportagem publicada ontem pela “Folha de S. Paulo”, segundo a qual empresas estariam favorecendo a campanha de Bolsonaro ao comprar pacotes de divulgação em massa de mensagens contra o PT no WhatsApp. Segundo a reportagem, a prática é ilegal porque representa doação eleitoral de empresas a políticos, ação já proibida pela Justiça Eleitoral e que configuraria o uso de caixa dois.

FACHIN PEDE “FAIR PLAY”
Os contratos, diz a reportagem, chegariam a até R$ 12 milhões pelos disparos de centenas de milhões de mensagens, com o uso de bases irregulares de números de telefone. A distribuição de conteúdo seria feita a partir de administradores de grupo no aplicativo que usam celulares com códigos de outros países para escapar de limitações do WhatsApp, como o número máximo de encaminhamentos de mensagens.

Ao PSDB, agência ofertou 80 milhões de disparos ilegais

Consultor digital da campanha de Alckmin, que não contratou serviço, conta ter participado de reunião sobre cadastros

Silvia Amorim | O Globo

SÃO PAULO - O consultor de marketing digital da campanha presidencial de Geraldo Alckmin (PSDB), Marcelo Vitorino, relatou ontem ao GLOBO que participou de reunião em que uma empresa ofereceu ao partido a entrega de disparo de mensagens por WhatsApp, para até 80 milhões de pessoas, usando cadastro de terceiros, o que é proibido por lei.

A oferta do serviço, segundo ele, foi feita pelo presidente da empresa DOT Group, Luiz Alberto Ferla, num encontro na sede do PSDB em Brasília em 11 de julho, antes do início da campanha eleitoral. Segundo o PSDB, o serviço não foi contratado.

A reunião era com o PSDB Mulher, presidido pela ex-governadora do Rio Grande do Sul Yeda Crusius. Participaram também advogados, sócios do marqueteiro de Alckmin, Lula Guimarães, Vitorino, Yeda e assessores.

ACM Neto chama derrota de Alckmin de 'desastre eleitoral'

Prefeito de Salvador diz que tucanos não trabalharam por campanha e que 'cada um cuidou do próprio umbigo'

Julia Chaib | Folha de S. Paulo

SÃO PAULO - Num balanço do que chama de "desastre eleitoral", o presidente do DEM e prefeito de Salvador, ACM Neto, elenca um conjunto de fatores que levaram à derrocada de Geraldo Alckmin (PSDB), e inicia a lista apontando o dedo para a infidelidade tucana.

“Poucos efetivamente trabalharam por Geraldo. Cada um cuidou de seu próprio umbigo”, disse, em entrevista à Folha.

Coordenador da coligação de Alckmin, ele diz que a equipe do tucano subestimou a força das redes sociais, mas pondera que a facada —e a exposição que Jair Bolsonaro (PSL) teve após o atentado— foram determinantes para o resultado.

Neto, que declarou apoio ao candidato do PSL, diz que não o vê como uma ameaça à democracia. “Não apenas pelas palavras dele, mas porque eu penso que hoje as nossas instituições são muito mais fortes do que as pessoas.”

O presidente do DEM avalia que o "Bolsonaro candidato" é melhor "do que o deputado”. E faz uma reflexão sobre o recado das urnas. "Essa renovação é importante? É. Em alguns casos, será uma renovação para melhor. Em outros, pode não ser. Por isso, a gente tem que ter cautela."

Leia trechos da entrevista abaixo

Haddad é mais moderado que Bolsonaro, diz 'The Economist'

Apesar do 'nojo' pelo PT ser justificado, na opinião da revista, candidato do PT é o único que pode impedir candidato do PSL de chegar à Presidência

Célia Froufe, correspondente | O Estado de S.Paulo

LONDRES - Após uma série de reportagens críticas ao candidato do PSL à Presidência, Jair Bolsonaro, a revista britânica The Economist , destacou em sua edição desta semana que Fernando Haddad (PT) é mais moderado e menos popular do que seu rival incendiário. Ainda de acordo com a revista, o "nojo" pelo Partido dos Trabalhadores é justificado, mas o petista, que está em uma "luta difícil", é apontado como o único homem que pode impedir Bolsonaro de chegar ao cargo.

O semanário salientou que personalidades geralmente importam mais na política brasileira do que os partidos. Mas se Bolsonaro, um populista de direita, vencer a eleição presidencial em 28 de outubro, será em grande parte porque os eleitores desprezam o PT.

Ex-ministro de FHC declara apoio a Haddad e vê Bolsonaro como risco à democracia

José Carlos Dias diz que só o candidato do PSL é capaz de fazê-lo votar no PT; ele e repórter do 'Estado' foram confundidos e hostilizados por eleitoras do capitão reformado

Ricardo Galhardo, O Estado de S.Paulo

Ex-ministro da Justiça do governo Fernando Henrique Cardoso, o advogado José Carlos Dias disse nesta quinta-feira,18, pouco depois de evento em apoio ao candidato do PT, Fernando Haddad, que "só o Bolsonaro é capaz" de fazer com que ele vote no PT. Ele participou de atos de juristas ao lado do presidenciável em um hotel no Paraíso, na zona sul de São Paulo. Dias defendeu presos políticos na ditadura militar e participou da Comissão Nacional da Verdade.

Crítico ao partido de Haddad, o ex-ministro classificou o candidato do PSL como um risco à democracia. "Bolsonaro é um perigo imenso para o Brasil. Este homem é um crápula". afirmou.

Dias defendeu a posição de FHC de se manter distante da candidatuta petista e atribuiu a posição do ex-presidente a um erro do PT. Segundo ele, a primeira coisa que Haddad deveria ter feito depois do primeiro turno era procurar o tucano em vez de ir a Curitiba "pedir a benção ao Lula".

'Só Bolsonaro para me fazer votar no PT', diz José Carlos Dias

Cátia Seabra | Folha de S. Paulo

SÃO PAULO - Ministro do governo FHC, o jurista José Carlos Dias participou nesta quinta-feira de ato em apoio à candidatura de Fernando Haddad à Presidência.

Sentado à mesa principal, Dias não quis discursar durante o ato porque "não quis ofender ninguém" já que se limitaria a uma frase: "Só Bolsonaro foi capaz de me fazer votar no PT".

Segundo o ex-ministro da Justiça, "Bolsonaro é um perigo imenso ao Brasil".

"Esse homem é um crápula", disse.

Ele diz, no entanto, que faltou humildade ao PT na busca de aliados neste segundo turno.

Na sua opinião, em vez de se encontrar com Lula em Curitiba, Haddad deveria procurar lideranças de outros partidos, sendo FHC o primeiro deles.

Affonso de Sant’Anna: Como amo meu país

Fragmento 1

Com aquela melancolia que ao entardecer
em Teresina
eu olhava do outro lado do sujo rio
a vilazinha de Timon,
com a fúria da multidão endomingada martelando
caranguejos entre farofa e cerveja
numa praia em Aracaju,

com a penintência de quem amssa o barro
que depois vira anjo nas mãos das mulheres de
Tracunhaém,com a solidez marinha do jangadeiro
em Cabedelo
empurrando a esperança mar adentro
e a repartir a espinha do dia morto sobre a areia,
com a cadência magoada do vaqueiro tangido nos
seus cornos a recolher o sal e a solidão
nos currais de Minas, em Curvelo,assim
eu amo este país que me desama.