terça-feira, 24 de agosto de 2021

Pacheco diz que Brasil precisa de presidente

Presidente do Senado pode deve decidir sobre candidatura presidencial até fevereiro

Por André Guilherme Vieira / Valor Econômico

SÃO PAULO - Em evento empresarial em São Paulo onde foi tratado como presidenciável, o presidente do Senado, Rodrigo Pacheco (DEM-MG), demarcou distância em relação ao presidente Jair Bolsonaro e voltou a sinalizar contra o pedido de impeachment apresentado contra o ministro do Supremo Tribunal Federal (STF), Alexandre de Moraes.

Falando para uma plateia de 150 empresários da construção civil de São Paulo, durante convenção sobre mercado imobiliário realizada ontem pelo Secovi, Pacheco disse que “amor à pátria não é vestir uma camisa verde-amarela e empunhar uma bandeira. É trabalhar duro pela estabilidade do País”. Segundo Pacheco, “da firmeza do Senado Federal ninguém pode duvidar”.

 “Não admitimos nenhum tipo de retrocesso ao Estado de direito e à democracia no nosso país. Não há outro mecanismo para se ter ordem e progresso no país que não seja em ambiente democrático”, completou.

Indagado, durante o evento, se será candidato a presidente, Pacheco esquivou-se. “O Brasil não precisa de candidatos. Precisa de presidente. E de presidente que tenha compromisso com o Brasil e possa unir o Brasil. Meu compromisso é com a estabilidade do país, de modo que não me permito tratar de 2022, sob pena de ser um fator de instabilidade. As eleições serão discutidas no momento certo e aí eu, como político de um Estado com a tradição que tem Minas Gerais, me posicionarei no momento oportuno”.

Pacheco disse que pedirá parecer à Advocacia-Geral do Senado sobre a representação feita por Bolsonaro pedindo o impeachment de Moraes. Mas reiterou que não vê fundamentação técnica no pedido. Ele também defendeu a rejeição à volta das coligações proporcionais, aprovada neste mês pela Câmara dos Deputados.

O presidente do Senado tem sua pré-candidatura presidencial construída desde o início do ano pelo presidente do PSD, Gilberto Kassab, e foi tratado pelos empresários da construção civil como um presidenciável da terceira via. Presente no encontro, Kassab disse ao Valor que o presidente do Senado deve decidir até fevereiro do ano que vem se sairá candidato, “com boa margem de tempo para chegar a um patamar de 25% de votos que o colocaria no segundo turno, na hipótese de optar pela candidatura”.

Kassab afirmou, durante painel de perguntas e respostas, que o fato de Pacheco ser desconhecido o coloca em vantagem com relação a outros candidatos, por ainda não existir rejeição a ele.

O vice-presidente da Câmara, Marcelo Ramos (PL-AM), sugeriu o nome de Pacheco para disputar a Presidência como solução “intermediária” em meio ao ambiente político polarizado. “Precisamos de alguém que possa representar isso e esse alguém pode estar aqui”, disse.

Na sexta-feira e no sábado Pacheco cumpriu um périplo de reuniões feitas com empresários da associação comercial, médicos e advogados da elite paulistana - os encontros foram agendados por Kassab, que além de atuar como cicerone político de Pacheco, tem hospedado o presidente do Senado em seu apartamento, em São Paulo.

Durante o almoço, o presidente do Secovi, Basilio Jafet, fez dura crítica ao presidente Jair Bolsonaro: “A política não admite vácuo e hoje nós temos um enorme vácuo de liderança, não temos um condutor, um estadista que seja capaz de levar o Brasil a porto seguro no meio de tudo isso que estamos enfrentando, alguém em quem confiemos.” O empresário afirmou, ainda, que “em não aceitando vácuo, a política vai encontrar novas pessoas que possam conduzir a bom termo o país”.

A movimentação em torno de Pacheco causou incômodo no ministro da Economia, Paulo Guedes, “Estão lançando o presidente do Senado candidato, é um pouco antes da hora”, disse em evento promovido pela Sociedade Brasileira de Varejo e Consumo (SBVC). “O presidente do Senado foi atraído pela CPI”, disse, referindo-se à Comissão Parlamentar de Inquérito da Covid. (Colaborou Estevão Taiar)

 

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