quarta-feira, 22 de setembro de 2021

Rosângela Bittar - Promenade em NY

O Estado de S. Paulo

Bolsonaro proferiu o discurso de sempre, sem alma, sem ideias, recheado de mistificações

O balanço dos vexames de Jair Bolsonaro na 76.ª Assembleia-Geral da ONU mostrou como um governante pode estragar uma conquista da diplomacia do seu país. O presidente levou o Brasil a perder uma grande oportunidade de se fazer ouvir. Seu negacionismo agressivo com relação à pandemia, as insistentes falsidades, as referências reacionárias à família, além dos desvios de comportamento, superaram as expectativas.

O contragosto começou na véspera, quando Bolsonaro teve de ouvir o discurso de más-vindas do prefeito de Nova York. A partir dali, enfrentou uma sucessão de reações que o obrigaram a zanzar de um lado para o outro fazendo-se de desentendido. A comitiva do governo brasileiro, sem agenda, seguiu o mestre, promovendo cenas inacreditáveis de degradação. 

Almoçar uma pizza na calçada porque, ao descumprir regras sanitárias de Nova York, está proibido de entrar em restaurantes, não é uma cena natural para um presidente da República. Bolsonaro contamina o cargo com sua incivilidade e péssima educação.

Luiz Felipe D'Ávila* - Caráter e liderança

O Estado de S. Paulo

Eis dois dos atributos do futuro presidente da República para tirar o País do lamaçal

Montesquieu dizia que “a indiferença pelo bem comum é a causa da ruína das repúblicas”. Ruína que começa com a indiferença do presidente da República em honrar suas promessas ao povo brasileiro. Prometeu abrir a economia, privatizar estatais e aprovar reformas liberais para desidratar o Estado intervencionista que estrangula os brasileiros que trabalham e produzem riqueza, mas se rendeu à agenda do corporativismo que destrói a produtividade e a competitividade do Brasil e ainda criou mais estatais, como a ENBPar, que recebeu um aporte de R$ 4 bilhões dos cofres públicos.

Prometeu combater a “velha política” e a corrupção, mas se aliou ao Centrão, sepultou a Lava Jato, e pululam escândalos de superfaturamento de vacinas e de seus familiares. Por fim, Bolsonaro prometeu honrar os valores cristãos, mas na hora da pandemia demonstrou falta de misericórdia e de compaixão com milhares de brasileiros que padeceram da covid. Menosprezou a importância da vacina e repudiou o uso de máscara. Ademais, o presidente mostra-se indiferente aos reais problemas que afetam a vida dos brasileiros, como a queda da renda e o aumento do desemprego e da inflação, que vem encarecendo o preço do gás de cozinha, da carne, do arroz e feijão.

Evidentemente, o presidente da República culpa os infortúnios do seu governo à pandemia, à imprensa “esquerdista” e às decisões do Supremo Tribunal Federal e do Congresso. Essa visão infantil de que o problema está sempre nos outros revela sua incapacidade de reconhecer as incompetências política e administrativa do seu governo.

Roberto DaMatta* - É preciso combinar com a lei

O Estado de S. Paulo

O coletivo é governado por normas fora dele que, no entanto, são parte dele ou feitas para ele

A lei, a regra, a norma ou o habitual estão fora de nós. Quando um desejo nascido no fígado ou no coração nos assalta, temos de combinar com os costumes. Sem um acordo entre interesses egocêntricos e leis sociocêntricas não há jogo.

O coletivo é governado por normas fora dele que, no entanto, são parte dele ou feitas para ele. Não é por acaso que mandamentos e leis foram entregues a deuses encarnados, patriarcas, visionários e profetas – a seres extramundanos, como dizia Max Weber – em montanhas mediadoras entre céu e terra, ou em situações dramáticas como tempestades, humilhações, extrema solidão e doenças mortais. 

Por mais, entretanto, que as leis sejam sagradas, somos nós que as honramos com nossa lealdade ou desonestidade. Mesmo vindo do “outro mundo”, não há quem não saiba que as regras mudam e são mudadas. 

Tudo isso para dizer algo simples, mas pouco discutido no Brasil. Nas monarquias e aristocracias, os soberanos e os nobres que são parte de sua corte ou família (pessoas especiais, “cortadas” ou removidas das gentes comuns) não precisam pensar no futuro, pois sua posição social é dada ao nascer. 

Nobres são estruturalmente diferenciados (têm, reza a lenda, sangue azul) e imutáveis. O clero tem uma dinâmica singular porque ninguém nasce padre, bispo ou papa. Mas o “povo” (os membros do chamado “terceiro estado”) tem de construir o seu futuro e esse futuro, como o dos escravos, é preestabelecido. Uma pessoa comum morre como nasce. 

Luiz Carlos Azedo - A bolha chinesa

Correio Braziliense

Uma crise chinesa agora seria muito ruim para o Brasil. Em primeiro lugar, aumentaria a cautela dos investidores — no nosso caso, agravada pela crise fiscal

O discurso do presidente Jair Bolsonaro, na Assembleia Geral da Organização das Nações Unidas (ONU), confirmou o que aqui já se sabia, embora tenha assombrado o mundo: nosso governante vive num país imaginário, que governa para uma bolha de eleitores que acreditam na sua ficção. O país real, porém, foi tangenciado quando Bolsonaro falou do agronegócio e de infraestrutura, os dois setores do seu governo que, numa análise fria e não-maniqueísta, vão bem, obrigado. Uma segunda bolha no horizonte, porém, pode formar uma tempestade perfeita: a crise de liquidez da Evergrande, uma das principais imobiliárias chinesas e a incorporadora mais endividada do mundo. Uma crise na economia da China é tudo o que o Brasil não precisa neste momento, pelo poder desarticulador que teria tanto nas nossas exportações de commodities agrícolas e de minérios quanto nos investimentos em infraestrutura.

Daniel Rittner - Mentira na ONU é fácil de pegar. E distorções?

Valor Econômico

Desinformação e fake news também podem ser sutis

Fake news não é necessariamente inventar um dado sem pé nem cabeça e divulgá-lo sem lastro nenhum na realidade. Também é pegar um número verdadeiro e distorcê-lo maliciosamente, com o objetivo de manipular a opinião pública ou reforçar as convicções pré-existentes de um segmento dela. Dizer na tribuna das ONU que brasileiros mais vulneráveis receberam US$ 800 do governo não é de todo uma mentira quando a conta soma sabe-se lá quantas parcelas de auxílio emergencial durante a pandemia. Mas é mais ou menos como dar os parabéns para quem ganhou salário mínimo a vida inteira e se aposentou depois de 30 anos: “Caramba, você teve uma renda acumulada de R$ 1 milhão”.

Como há dois anos, quando atacou seus antecessores socialistas no Palácio do Planalto por terem desviado “centenas de bilhões de dólares” para comprar jornalistas e parlamentares, o presidente brasileiro mentiu novamente na ONU. Cifras imaginárias ou fantasmas comunistas que se escondem debaixo da cama ainda podem ser boas armas para animar grupos de WhatsApp de quem está #fechadocombolsonaro, mas são as distorções mais sutis que fazem a turma menos apaixonada balançar em dúvidas quando exposta à máquina de desinformação.

Às vezes, como ontem, basta omitir para distorcer. É verdade que o crescimento da economia está estimado em 5% em 2021, apenas repondo as perdas do ano anterior, mas esconde-se que o desempenho do segundo trimestre foi o terceiro pior do G-20 e que o maior banco privado do país rebaixou sua previsão de alta do PIB em 2022 para meros 0,5% após o flerte golpista de Jair Bolsonaro no 7 de setembro.

Hélio Schwartsman - Você teve vergonha de Bolsonaro?

Folha de S. Paulo

Você sentiu vergonha de ser brasileiro com a viagem de Bolsonaro a Nova York? Eu senti. Motivos não faltaram.

discurso do presidente na ONU foi, ao mesmo tempo, fraco e mentiroso. Quando um autor decide que não irá curvar-se aos imperativos da realidade nem da verossimilhança, espera-se que pelo menos produza uma peça de ficção grandiosa. Bolsonaro não fez isso. Insistiu em suas obsessões paroquianas, embarcou na autoglorificação delirante e não disse nada que preste.

E o discurso não foi o ponto mais embaraçoso da viagem. Não passou despercebido ao mundo que, se Bolsonaro não é o único líder que ainda não se vacinou, é o único que faz questão de propagandeá-lo. Foi ridicularizado por isso pelo prefeito de Nova York, Bill de Blasio, que lhe passou uma lista dos postos de vacinação em operação na cidade. Mesmo o premiê britânico, Boris Johnson, um dos poucos dirigentes de país ocidental que topa aparecer ao lado de Bolsonaro, tirou uma casquinha, recomendando ao brasileiro que tomasse o imunizante da AstraZeneca. A foto da comitiva comendo pizza na rua fala por si só.

Bruno Bogossian – O pacto do cercadinho

Folha de S. Paulo

Presidente reforça pacto com apoiadores fiéis e mostra que não se arrepende de negacionismo

O Jair Bolsonaro que subiu ao púlpito da Assembleia-Geral da ONU é o mesmo que desfila pelo cercadinho do Palácio da Alvorada. O presidente brasileiro levou ao evento sua cruzada conservadora e tentou maquiar a realidade para esconder fracassos do governo. Reforçou seu compromisso com o morticínio da pandemia e com uma agenda de desgaste da democracia.

Bolsonaro não abre mão do posto de garoto propaganda global do negacionismo científico. O presidente repetiu a defesa de remédios ineficazes contra a Covid-19 e mostrou que não se arrepende de ter patrocinado uma política de exposição intencional da população ao vírus.

Diante de muitos governantes que seguiram pesquisas sérias, o brasileiro atacou aqueles que recusaram o uso indiscriminado da cloroquina. "A história e a ciência saberão responsabilizar a todos", disse Bolsonaro, possivelmente em busca de reconhecimento internacional como charlatão.

Mariliz Pereira Jorge - Bolsonaro odeia o Brasil

Folha de S. Paulo

Gesto de Queiroga traduz o discurso mentiroso do presidente

Nenhuma surpresa de que o Jair Bolsonaro que deu as caras na Assembleia-Geral da ONU é aquele que conhecemos desde sempre: canalha e ególatra. Pelo terceiro ano consecutivo, o presidente fez o que faz cada vez melhor: mentiu.

Quem achou que seria diferente não entendeu nada sobre o seu caráter. Bolsonaro não é um sujeito moderado, jamais será. Seus raros recuos não significam mudança nenhuma em sua forma de fazer política e de nos representar. Tal qual a parábola do sapo e do escorpião, ele é capaz de morrer afogado, mas nada o fará trair suas convicções e transformar sua natureza autoritária.

O que ainda me surpreende é que o país continue mais um ano e três meses refém desse mitômano, que usou o palco da ONU apenas para reafirmar o que já sabemos: é um presidente que fala e governa apenas para uma pequena parte da população, aquela que acredita nesse Brasil utópico criado em sua cabeça.

Vinicius Torres Freire - O xiismo de Xi e o tumulto financeiro

Folha de S. Paulo

Reformas socialistas do líder chinês são pano de fundo da crise da incorporadora

Na segunda-feira, os donos do dinheiro do mundo tiveram um paniquito daqueles, como se tudo estivesse para ir à breca por causa do risco de bancarrota da Evergrande. No dia seguinte, calmaria. Amanhã ou depois, se gigante chinesa der calote, pode ser que o fim do mundo volte à agenda do dia. Mas é disso mesmo que se trata, de um problema financeiro gigante, apenas?

Não apenas. A repercussão é grande também porque os mercados financeiros americanos, em particular, estão estressados por motivos próprios. Claro, se a “Sempre Grande” virar pó ou se a falência controlada (pelo governo) fugir do script, contagiando outras empresas e mercados no país, a economia chinesa pode crescer menos, com efeitos reais sobre o planeta. De resto, o contágio financeiro pode estourar bolhas e provocar quebras inesperadas no “Ocidente”.

No fundo, o caso Evergrande é apenas um caldo que entorna, entre várias fervuras. Os solavancos político-econômicos podem durar mais tempo. Está em curso um programa de reforma de cima para baixo, o xiismo, o plano do líder Xi Jinping, que vem de anos e agora se traduz em choques evidentes entre o Partido Comunista Chinês (PCC) e grandes empresas. No caso da Evergrande, limites oficiais para o endividamento dessas incorporadoras, controles de preços e de empréstimos bancários foram a gota d’água. Outros embates já ocorreram, outros virão.

Vera Magalhães - Brasília sem presidente

O Globo

Enquanto Jair Bolsonaro enfileirava mentiras, mistificações, negacionismo científico e climático e completas alucinações, não necessariamente nessa ordem, em seu discurso na abertura da Assembleia Geral das Nações Unidas, Brasília respirava outros ares.

Na capital federal, fora do Planalto e dos ministérios, o que o presidente fala perdeu ainda mais valor de face depois do 7 de Setembro. O recuo a que foi forçado e em que foi ajudado por Michel Temer foi necessário para que o país não colapsasse, avaliam autoridades do Legislativo, do Judiciário e do Ministério Público por cujos gabinetes fiz uma ronda nesta terça-feira quente e seca em Brasília.

A constatação é que Bolsonaro mostrou-se incapaz de dar um golpe de qualquer natureza, mas as instituições também não têm, hoje, meios de expeli-lo, porque faltam rua e apoio congressual ao impeachment.

O que os que têm caneta fazem, neste momento, é traçar um plano de contingência para atravessar a seca de 1 ano e três meses de Bolsonaro sem que ele consiga dilapidar o pouco que resta de institucionalidade e de direitos.

Bernardo Mello Franco - Um palanque em Nova York

O Globo

Jair Bolsonaro tratou a Assembleia Geral da ONU como palanque de sua campanha à reeleição. O presidente usou a tribuna para elogiar o próprio governo e agradar sua base de extrema direita. Chegou a exaltar as marchas do 7 de Setembro, que pregaram golpe e fechamento do Supremo Tribunal Federal.

O capitão se apresentou como um líder que “acredita em Deus”, “valoriza a família” e “deve lealdade a seu povo”. Só faltou concluir o discurso com um “vote em mim”.

Ainda sem partido, o candidato disse que o Brasil estava “à beira do socialismo” antes da sua eleição. Ele recebeu a faixa de Michel Temer, xodó de banqueiros e barões da Fiesp.

Elio Gaspari - A ruína do coronel Queiroga

Folha de S. Paulo / O Globo

Os tupinambás que dançaram em 1550 em Rouen na festa da rainha Catarina de Médici eram pitorescos, e seus costumes intrigavam os franceses. Já a comitiva de Jair Bolsonaro comendo pizzas numa calçada de Nova York não tinha graça alguma. Selvagem seminu, tudo bem, mas Gilson Machado, o ministro do Turismo da Terra dos Papagaios, estava com a parte frontal da cueca para fora da calça. Quem já viu coisa igual ganha um cinto. Ao seu lado, estava o doutor Marcelo Queiroga, quarto ministro da Saúde do governo de um país onde falta pouco para que seja atingida a marca dos 600 mil mortos.

Queiroga comeu pizza de dia, mostrou o dedo à noite e ontem ouviu um discurso delirante. Está há seis meses na cadeira e tornou-se símbolo do caos da administração de Jair Bolsonaro. Quem achava que, depois do general Eduardo Pazuello, qualquer substituto seria boa escolha enganou-se.

No início da pandemia, com 2.141 mortos, Bolsonaro demitiu Luiz Henrique Mandetta e nomeou o médico Nelson Teich, que havia farfalhado em torno do cargo, mas foi-se embora depois de 29 dias, honrando seu diploma. O capitão substituiu-o por um general que ocupou a pasta com uma desastrosa patrulha. Entrou na marca dos 15 mil mortos e saiu com 298 mil. Ficou a lembrança do seu humor de caserna e de um mandonismo inútil. Pior, parecia impossível.

Cristovam Buarque* - O rumo está na escola

Correio Braziliense, 21/9/2021

Em coluna no Correio Brasiliense, Luiz Carlos Azedo, além da honra de colocar-me ao lado de Paulo Freire, Darcy Ribeiro e Anísio Teixeira, me provocou com o título “Onde perdemos o rumo”, na véspera do bicentenário da Independência: estancados na economia, com pobreza e violência nas ruas e democracia fragilizada.

Nascemos sob o rumo insustentável da economia baseada no trabalho escravo para produção agrícola e mineradora, voltada para exportação. Atravessamos assim 350 dos 500 anos da história, e até hoje temos a economia semi-primária e semi-escravocrata. Fomos governados por populismo ou ditadura, com sistemático desrespeito ao equilíbrio fiscal, insensibilidade às necessidades sociais e urbanas, permanente concentração de renda, depredação ambiental. Tentamos rumo baseado em fazendas, minas, lojas, indústrias, estradas, hidrelétricas, uma nova capital, nunca em escolas.

Perdemos o rumo quando o quase Imperador gritou “Independência ou Morte” em vez de “Independência e Escola”; ou por esperarmos 350 anos para erradicar o escravismo e a Princesa assinar a Lei Áurea com o único artigo abolindo a escravidão, sem estes outros: “a terra pertence a quem nela produz” e “fica estabelecido um sistema nacional de educação para todos”. A bandeira republicana adotou o lema escrito “Ordem e Progresso”, em vez de “Educação é Progresso”, e até hoje não abolimos o analfabetismo: 12 milhões de adultos não reconhecem a própria bandeira.

Opinião do dia – Antonio Gramsci*

 

“Deve-se, portanto, explicar como ocorre que em cada época coexistam muitos sistemas e correntes de filosofia, como nascem, como se difundem, por que nessa difusão seguem certas linhas de separação e certas direções, etc. Isto mostra o quanto é necessário sistematizar crítica e coerentemente as próprias intuições do mundo e da vida, fixando com exatidão o que se deve entender por “sistema”, a fim de evitar compreendê-lo num sentido pedante e professoral. Mas esta elaboração deve ser feita, e somente pode ser feita, no quadro da história da filosofia, que mostra qual foi a elaboração que o pensamento sofreu no curso dos séculos e qual foi o esforço coletivo necessário para que existisse o nosso atual modo de pensar, que resume e compendia toda esta história passada, mesmo em seus erros e em seus delírios, os quais, de resto, não obstante terem sido cometidos no passado e terem sido corrigidos, podem ainda se reproduzir no presente e exigir novamente a sua correção.”

*Antonio Gramsci (1891-1937), “Cadernos do Cárcere”, 4ª Edição, v.1, p.97. Civilização Brasileira, 2006.

O que a mídia pensa - Editoriais / Opiniões

EDITORIAL

Vergonha

O Estado de S. Paulo

Em discurso na ONU, como se estivesse falando a seus fanáticos apoiadores, Bolsonaro esbanjou ignorância, má-fé e oportunismo, expondo o País a vexame mundial

Há poucos dias, o presidente Jair Bolsonaro, após reiteradas ameaças de golpe e seguidas demonstrações de desapreço pelo decoro do cargo, comprometeu-se por escrito a dialogar. Como previsto, no entanto, suas promessas de moderação e racionalidade na tal Declaração à Nação não duraram nem um mês. Em discurso na ONU, Bolsonaro, como se estivesse falando a seus fanáticos apoiadores, esbanjou ignorância, má-fé e oportunismo, expondo o Brasil a um vexame mundial. Ou seja, foi o mesmo de sempre.

Seu pronunciamento foi uma profusão de meias-verdades e mentiras completas, insistindo no negacionismo e na pregação para sua base eleitoral. Bolsonaro ignora a diferença entre discursar na Assembleia-Geral da ONU e falar no cercadinho do Palácio da Alvorada.

Poesia - Carlos Drummond de Andrade - Síntese da Felicidade

Desejo a você:
Fruto do mato
cheiro de jardim
namoro no portão
domingo sem chuva
segunda sem mau humor
sábado com seu amor
Frango caipira em pensão do interior
ouvir uma palavra amável
ter uma surpresa agradável
ver a banda passar
noite de lua cheia
rever uma velha amizade
ter fé em Deus…
Não ter que ouvir a palavra não , nem nunca , nem jamais , nem adeus.
Rir como criança
ouvir canto de passarinho!
Filme de Carlitos
chope com amigos
crônica de Rubem Braga
viver sem inimigos
filme antigo na TV
ter uma pessoa especial
e que ela goste de você .
Música de TOM
com letra de Chico
Sarar de um resfriado
Escrever um poema de amor que nunca será rasgado .
Formar um par ideal
tomar banho de cachoeira
pegar um bronze legal
aprender uma nova canção
esperar alguém na estação .
Queijo com goiabada
por do sol na roça
Uma festa
um violão ,uma seresta
recordar um amor antigo
ter um ombro sempre amigo
bater palmas de alegria
uma tarde amena
Calçar um velho chinelo
sentar numa velha poltrona
tocar violão para alguém
ouvir a chuva no telhado
vinho branco
Bolero de Ravel
e muito carinho meu!