O Globo
Presunção e água benta, dizia minha avó, cada um toma quanto quer. É daqueles
ditados que, quando se é criança, custam a fazer sentido, mas ficam na cabeça
de tanto que são repetidos.
Pois foi nele que pensei quando vi Rodrigo
Pacheco, 44 anos, se esforçando para ficar empertigado e emular a pose de um
dos muitos pôsteres de seu conterrâneo Juscelino Kubitschek na solenidade em
que se filiou ao PSD, primeiro passo de um ainda embrionário projeto de
candidatura presidencial.
O dito faz menção à falta de limite para a
vaidade humana, e, no caso dos políticos brasileiros, haja água benta. Diante
de uma realidade em que todos juntos têm menos que Lula e Jair Bolsonaro
separadamente nas pesquisas, os quase dez candidatos a ser a alternativa à
polarização em 2022 se comportam como se fossem a última bolacha de um pacote
disputado a tapa pelos eleitores.
Não fosse essa autoestima exacerbada, como explicar o surgimento diário de candidatos de si mesmos, antes de qualquer mínima definição de propositura para o país?