sábado, 27 de novembro de 2021

Cristovam Buarque* - A lição de Ortega

Blog do Noblat / Metrópoles

O Lula precisa reconhecer que autoritarismo não deve ser apoiado, qualquer que seja o partido e o dirigente que o pratica

Uma jornalista espanhola deu a Lula a chance de perceber o risco de certas posições que ele e o PT assumem, refletindo visão de esquerda do passado, alguns chamam de “exquerda”; e do risco de estas posições atrasadas servirem para eleger Bolsonaro, por rejeição ao PT. Historicamente, seria melhor se o Brasil contasse com posições e nomes progressistas sintonizados com a marcha do século XXI, mas, eleitoralmente, ainda bem que o Brasil tem o PT e Lula para ajudar a barrar a reeleição de Bolsonaro. Por isto, Lula tem a obrigação de perceber que ainda carrega ideias e erros do passado, e deve supera-las para cuidarmos do futuro. Depois do Bolsonaro, não vamos voltar a 2003, mas avançarmos para 2023.

Deve superar qualquer rancor pelo que sofreu no passado recente, da mesma forma que também devem abandonar rancor aqueles que sofreram e foram agredidos pelos gabinetes de ódio do PT.

Pablo Ortellado – A ambivalência de Lula

O Globo

No final de sua viagem à Europa, Lula deu entrevista ao jornal espanhol El País e foi questionado sobre o governo de Daniel Ortega na Nicarágua e sobre os protestos em Cuba. Suas respostas talvez evasivas, talvez condescendentes com o autoritarismo de esquerda provocaram amplo debate. Afinal de contas, por que Lula e o PT não conseguem condenar com clareza o autoritarismo na Nicarágua, na Venezuela e em Cuba?

Cuba é uma ditadura de partido único, sem liberdade de reunião e sem liberdade de organização sindical. O governo da Venezuela subordinou o Legislativo e o Judiciário, acabando com a separação entre os Poderes, redesenhou distritos eleitorais para dificultar a eleição de opositores, perseguiu veículos de imprensa, torturou e assassinou dissidentes. O governo nicaraguense prendeu os candidatos da oposição para poder ganhar as eleições, prendeu arbitrariamente centenas de outros dissidentes e suspendeu a operação de ONGs. Todos esses abusos antidemocráticos estão amplamente documentados nos relatórios das organizações de direitos humanos.

Dora Kramer - Briga de foice

Revista Veja

Pacificação e unidade são palavras recorrentes dos envolvidos na articulação de candidaturas ao centro. Nada mais falso e distante da realidade

Pacificação e unidade são duas palavras recorrentes tanto nos pronunciamentos oficiais quanto nas conversas informais dos envolvidos na articulação de candidaturas capazes de percorrer caminho alternativo a Jair Bolsonaro e Luiz Inácio da Silva. Nada mais falso e distante da realidade de cada um desses grupos.

Não significa que não haverá desistências adiante. É bastante possível, e até provável que haja, mas não ocorrerão em nome de uma união fraterna, e sim em atendimento a interesses pontuais resultantes do balanço entre custos e benefícios imposto pelas circunstâncias.

Em princípio, os partidos precisam de candidaturas a presidente para “puxar” votos à Câmara dos Deputados, nesta que será a primeira eleição geral com a proibição de coligações proporcionais. Quem quiser, e todos querem, ampliar suas bancadas federais e estaduais terá de se atrelar a cabeças de chapa fortes. Isso vale também para as disputas por governos de estados.

Ricardo Rangel - O fator Moro

Revista Veja

O ex-ministro tirará votos tanto de Jair Bolsonaro quanto do centro

Sergio Moro lançou sua candidatura há apenas duas semanas e já há pesquisas indicando que chegou aos dois dígitos nas intenções de voto. Não está claro a que patamar Moro chegará, mas é certo que ainda tem bastante espaço para crescer. Também é certo que tirará votos tanto de Jair Bolsonaro quanto do centro. Se tirar mais votos do centro, inviabiliza a terceira via e entrega o segundo turno ao capitão; se tirar mais votos à direita, inviabiliza o capitão e vai disputar a Presidência com Lula.

Moro precisa ter um discurso de direita o suficiente para tomar votos de Bolsonaro — o que explica, por exemplo, o convite ao senador Marcos do Val, que defende excludente de ilicitude (ou seja, licença para a polícia matar) e foi participante eventual da tropa de choque de Bolsonaro na CPI da Pandemia, para colaborar na área de segurança. Mas, ao mesmo tempo, Moro tem de mostrar moderação, senão não consegue votos ao centro e perde no segundo turno — por isso vem falando de injustiça social, educação, desmatamento. É um equilíbrio delicado. 

Cristina Serra - Máquina de moer gente

Folha de S. Paulo

A mudança do Código de Mineração se soma a outros projetos pró-mineradoras

Está em processo de incubação na Câmara dos Deputados, num grupo de trabalho criado por Arthur Lira, o projeto de alteração no Código de Mineração. O relatório da deputada Greyce Elias (Avante-MG), que está para ser votado, propõe que a mineração seja considerada atividade de "utilidade pública", de "interesse social" e "essencial à vida humana".

Sim, você leu direito. No país em que quase 300 pessoas morreram em dois recentes desastres no setor, a mineração passaria a ser considerada "essencial à vida humana". A essência do relatório é reduzir o papel regulador e fiscalizador do Estado, transformando-o em um mero bedel dos interesses das companhias mineradoras.

Alvaro Costa e Silva – Quem mandou morar ali?

Folha de S. Paulo

Como deseja o ministro Guedes, filho de porteiro não tem vez

A maneira pela qual o governo Bolsonaro trata o Enem é a confirmação de um desejo, uma tara, uma perversão, expostos em ações e declarações: aumentar ainda mais a desigualdade social no país. O ministro da Economia, Paulo Guedes, é taxativo: filho de porteiro não pode entrar na universidade. E esta, segundo o ministro da Educação, Milton Ribeiro, há de ser para poucos, destinada às elites, que podem pagar caro em instituições particulares.

No primeiro dia do exame, uma chacina no Salgueiro, em São Gonçalo, região mais pobre e populosa do Rio de Janeiro, deixou oito corpos jogados num mangue. Negócio corriqueiro. O governador Cláudio Castro se limitou a comentar: "Não estavam fazendo coisa boa no local". A operação policial, no entanto, impossibilitou que cerca de 500 jovens tentassem uma vaga no ensino superior. O bando que controla o sistema educacional deve ter entrado em regozijo. Quem mandou morar ali?

Demétrio Magnoli - PSDB morre de política, não de app

Folha de S. Paulo

Causa mortis do partido foi a gripe do antipetismo e a pneumonia de bolsonarismo

MAD, iniciais em inglês de Mútua Destruição Assegurada, é o nome da doutrina nuclear seguida por EUA e URSS na Guerra Fria. Aplica-se, porém, ao espetáculo falimentar das prévias do PSDB.

Se estrategistas de Bolsonaro e Lula se reunissem para escrever um roteiro de implosão da candidatura presidencial tucana, não fariam serviço mais perfeito que o dos próprios tucanos.

A culpa é do app, ou do cronograma alternativo, ou da empresa contratada para fabricar o software, a julgar pela guerra de declarações desferidas por Eduardo Leite e João Doria.

A retórica bélica não deixou entrever algum fundamento político para a cisão irreparável, o que é prova definitiva da bancarrota do partido. Mas, de fato, o PSDB morre de política.

Lá na origem, o partido surgiu como expressão de um projeto social-democrata adaptado ao Brasil. Pouco mais tarde, no seu auge, os tucanos derivaram para uma plataforma social-liberal, sintetizada no Plano Real.

As reformas empreendidas pelo governo FHC não se confinaram à estabilização da moeda, alastrando-se aos campos do equilíbrio fiscal, das privatizações, da responsabilidade gerencial e de um ensaio de abertura comercial. O programa abriu caminho para, já sob Lula, a expansão das políticas de renda formuladas pelo antecessor.

Entrevista | 'Moro é agente do campo de centro e vai jogar junto', diz presidente do PSDB

Marcelo de Moraes / O Estado de S. Paulo

Bruno Araújo não vê ex-juiz da Lava Jato como rival e afirma estar certo de que partido chegará ao segundo turno na disputa ao Planalto

BRASÍLIA — Com a retomada das prévias tucanas neste sábado, 27, o presidente do PSDBBruno Araújo, avalia que o candidato escolhido pelo partido será competitivo na disputa pelo Palácio do Planalto e não enxerga o ex-juiz da Lava Jato Sérgio Moro como rival.  Na avaliação de Araújo, o novo político do Podemos é alguém que vai “jogar junto”.

“Moro é visto como um agente catalisador do campo do centro, e não como adversário. Ele é visto como um protagonista que vai jogar junto para permitir que haja um segundo turno diferente dessa polarização”, disse Araújo, numa referência às pesquisas que indicam o presidente Jair Bolsonaro e o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva como os dois polos da corrida de 2022.

Araújo não mencionou, no entanto, se poderia haver uma dobradinha do PSDB com Moro e quem, nesse caso, lideraria a chapa na corrida ao Planalto. As eleições internas que vão indicar, com voto dos filiados, o nome preferido pelos tucanos para concorrer à Presidência são disputadas pelos governadores João Doria (São Paulo), Eduardo Leite (Rio Grande do Sul) e pelo ex-prefeito de Manaus Arthur Virgílio. As prévias foram interrompidas no domingo passado, 21, após um problema no aplicativo de votação. Tanto a equipe de Doria como a de Leite cantam vitória.

Adriana Fernandes - Senado é uma panela de pressão prestes a explodir

O Estado de S. Paulo

Agenda no Senado reúne votação da PEC dos Precatórios e sabatina de André Mendonça ao STF

O Senado é hoje uma panela de pressão pronta para explodir. O futuro da PEC dos Precatórios dependerá muito da capacidade de operação do governo na próxima segunda-feira, véspera do início da votação da proposta no Senado.

A semana que vem será de esforço concentrado na Casa com dois grandes embates ao mesmo tempo: a votação da PEC e a sabatina do ex-ministro da Justiça André Mendonça, indicado pelo presidente Jair Bolsonaro para uma vaga no Supremo Tribunal Federal.

O desfecho de um pode contaminar o outro. Nesse caso, a ordem de votação importa e muito. Uma derrota do governo na votação da indicação de Mendonça pode deixar ainda mais fluida a base de apoio do governo no Senado que está se desmanchando.

A votação da PEC está marcada para terça-feira na Comissão de Constituição e Justiça (CCJ). Já a data da sabatina não está certa. O presidente da CCJ, senador Davi Alcolumbre, que trabalha para a derrota de Mendonça, confirmou a votação para a próxima semana, mas deixou em aberto o dia da semana.

Novos ajustes no relatório do líder do governo no Senado, Fernando Bezerra, estão sendo negociados para buscar mais votos, entre eles, mecanismos para deixar claro que não haverá retenção da expedição de precatórios pela Justiça e a prioridade de pagamento dos precatórios alimentícios.

João Gabriel de Lima - Precisamos trazer os ‘russos’ para o jogo

O Estado de S. Paulo

Multinacionais devem adotar cada vez mais práticas sustentáveis para salvar o planeta

Pense num pequeno país africano que acaba de descobrir petróleo em seu mar territorial. Pense, agora, numa grande empresa multinacional de móveis e equipamentos de decoração. Pergunta: quem tem mais a contribuir na mitigação das mudanças climáticas?

A provocação é do economista Jorge Arbache, vice-presidente do Banco de Desenvolvimento da América Latina. Ele esteve na COP de Glasgow, onde circulou entre CEOs do setor privado. De lá saiu com um diagnóstico: “Se as grandes empresas multinacionais abraçarem a causa da economia de baixo carbono, sua contribuição pode ser maior que a de muitas nações individualmente”. Arbache é o entrevistado do minipodcast da semana.

Marco Aurélio Nogueira* - A educação na urgência da reconstrução

O Estado de S. Paulo

A educação sangra no Brasil. Mas seu coração não parou de pulsar, seja pelas exigências da vida moderna, seja pelo desejo de evoluir da maioria dos jovens

Não foram necessárias as demissões ocorridas no Inep e a “guerra ideológica” que cercou o Enem 2021 para que se vislumbrassem os dilemas do sistema educacional brasileiro. Sua situação atual assemelha-se ao topo de uma montanha que se entrevê em meio a nuvens ameaçadoras.

Os três últimos anos levaram ao extremo a crise desse sistema, hoje bastante arruinado. Em parte isso ocorreu como efeito da covid-19, mas a parte maior se deveu à conduta governamental, que cavalgou a pandemia e se apoiou tanto no menosprezo pela educação quanto no apreço pela ideologização dos temas pedagógicos e na incompetência dos ministros encarregados de formular e gerir a política educacional. Deu-se uma perversa combinação de fatores, que põe em risco o futuro do País.

Aulas remotas precárias, despreparo para o ensino à distância, falta de equipamentos adequados e impossibilidade do convívio presencial ajudaram a rebaixar a qualidade do ensino e a afastar muitos estudantes do estudo e da própria ideia de “escola”. A ausência de uma política educacional criteriosa completou o quadro.

A escola deixou de ser vista como estrada civilizatória que prepara para a vida, o trabalho, a convivência social. A situação vinha de antes, mas foi turbinada pelos estragos da pandemia e por tudo o que houve de esdrúxulo na gestão da área. O governo simplesmente fugiu da obrigação moral de transmitir aos jovens o que a sociedade tem de melhor, a cultura universal, o conhecimento acumulado, os instrumentos básicos para se mover na vida moderna, a leitura, a escrita, o cálculo, a História e a ética cívica. A ação governamental dirigiu-se deliberadamente para desorganizar o sistema escolar.

Marcus Pestana* - Guilherme Emrich, um empresário a frente do seu tempo

Hoje abandono o leito normal de meus artigos para homenagear a memória de um grande brasileiro, mineiro de Nova Lima: Guilherme Emrich.

Guilherme nos deixou no último dia 9 de novembro, aos 78 anos. Engenheiro, tinha algumas palavras chaves indissoluvelmente ligadas à sua personalidade e ação transformadora: inquietação, criatividade, empreendedorismo, inovação e ousadia. Era a tradução perfeita do empresário schumpeteriano, aquele que no conceito do grande economista austríaco, produzia inovações disruptivas. Guilherme sempre teve uma visão globalizada, antes da globalização. Apostou em startups, antes do termo existir. Ao invés de seguir a cultura empresarial predominante em boa parte do empresariado brasileiro, cartorial e patrimonialista, excessivamente dependente do Estado, pensava em inovação e empreendedorismo, competividade e produtividade.

Já na década de 1970, ao lado dos sócios e amigos Walfrido e Marcos Mares Guia, fundou a BIOBRAS, desenvolvendo tecnologias para a produção de insulina humana e erguendo uma planta industrial em Montes Claros, Minas Gerais, que teve a ousadia de se tornar, ao longo dos 80 e 90, a quarta maior empresa produtora de insulina do mundo, enfrentando forte competição das três grandes multinacionais instaladas no setor.

O que a mídia pensa - Editoriais / Opiniões

EDITORIAIS

Mais uma variante

Folha de S. Paulo

Nova cepa do vírus gera temores no mundo; Bolsonaro reage com presteza incomum

O mundo estava preocupado com a nova onda de infecções por Covid-19 na Europa, com a persistente disseminação do vírus nos EUA e com as baixíssimas taxas de vacinação em países mais pobres.

Agora vê a possibilidade de que esses surtos espalhem uma nova variante do patógeno, identificada no sul da África e que já circula por Europa, leste da Ásia e Oriente Médio. Governos já bloqueiam voos de países africanos, e os temores afetam os mercados.

No Brasil, o governo Jair Bolsonaro reagiu com presteza incomum. O Ministério da Saúde emitiu um alerta sobre a cepa e recomendou o uso de máscaras; anunciou-se que será proibida a entrada de viajantes que tenham estado em seis países africanos; o mandatário ainda achou tempo para criticar a realização do Carnaval, um novo cavalo de batalha de seus seguidores.

Bolsonaro, como se sabe, nunca esteve preocupado com providências de contenção da epidemia. Pouco antes de o mundo saber da nova mutação do coronavírus, cobrava a reabertura das fronteiras terrestres do país.

Seu ministro da Justiça, Anderson Torres, discordava da exigência de certificados de vacinação para viajantes que pretendem entrar no país, recomendação da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa). Segundo o argumento precário do ministro, a vacina "não impede a transmissão".

Poesia | Fernando Pessoa - Poema em linha reta

Nunca conheci quem tivesse levado porrada. 
Todos os meus conhecidos têm sido campeões em tudo.  

E eu, tantas vezes reles, tantas vezes porco, tantas vezes vil, 
Eu tantas vezes irrespondivelmente parasita, 
Indesculpavelmente sujo, 
Eu, que tantas vezes não tenho tido paciência para tomar banho, 
Eu, que tantas vezes tenho sido ridículo, absurdo, 
Que tenho enrolado os pés publicamente nos tapetes das etiquetas, 
Que tenho sido grotesco, mesquinho, submisso e arrogante, 
Que tenho sofrido enxovalhos e calado, 
Que quando não tenho calado, tenho sido mais ridículo ainda; 
Eu, que tenho sido cómico às criadas de hotel, 
Eu, que tenho sentido o piscar de olhos dos moços de fretes, 
Eu, que tenho feito vergonhas financeiras, pedido emprestado sem pagar, 
Eu, que, quando a hora do soco surgiu, me tenho agachado, 
Para fora da possibilidade do soco; 
Eu, que tenho sofrido a angústia das pequenas coisas ridículas, 
Eu verifico que não tenho par nisto tudo neste mundo. 
Toda a gente que eu conheço e que fala comigo 
Nunca teve um acto ridículo, nunca sofreu enxovalho, 
Nunca foi senão príncipe — todos eles príncipes — na vida… 
Quem me dera ouvir de alguém a voz humana 
Que confessasse não um pecado, mas uma infâmia; 
Que contasse, não uma violência, mas uma cobardia! 
Não, são todos o Ideal, se os oiço e me falam. 
Quem há neste largo mundo que me confesse que uma vez foi vil? 
Ó príncipes, meus irmãos, 
Arre, estou farto de semideuses! 
Onde é que há gente no mundo? 
Então sou só eu que é vil e erróneo nesta terra? 
Poderão as mulheres não os terem amado, 
Podem ter sido traídos — mas ridículos nunca! 
E eu, que tenho sido ridículo sem ter sido traído, 
Como posso eu falar com os meus superiores sem titubear? 
Eu, que tenho sido vil, literalmente vil, 
Vil no sentido mesquinho e infame da vileza.