PSDB, Podemos e PDT são as opções disponíveis
Por João Valadares / Valor Econômico
BRASÍLIA - Depois de uma longa reunião
virtual na noite de terça-feira, com bate-boca intenso, reclamação de censura e
acusações de “entrega” do partido ao PSDB, o diretório nacional do Cidadania
aprovou a formação de uma federação. No entanto, a escolha da legenda para
formalizar a união ficou para sábado. Há três opções: PSDB, Podemos e PDT.
A autorização para formar a união com base
no novo mecanismo recebeu 66 votos a favor e 44 contrários. No início do
encontro, a maioria dos integrantes derrubou o encaminhamento que havia sido
proposto pelo presidente da legenda, Roberto Freire, e decidiu que a escolha do
partido seria votada ainda na reunião.
O dirigente do Cidadania desejava que a opção fosse feita apenas em março. Ele argumentou que o prazo para formalização da federação foi ampliado pelo Supremo Tribunal Federal (STF).
O clima ficou tenso quando o
secretário-geral da sigla, Davi Zaia, iniciou o encaminhamento para votação da
escolha da legenda. Assim como Roberto Freire, o dirigente defendeu, mesmo após
decisão já tomada pela maioria no encontro, que o mais sensato seria aprofundar
as discussões para só escolher a sigla posteriormente. Para ele, com regras
mais claras apresentadas pelos partidos, o Cidadania evitaria o “voto no
escuro”.
Com microfones abertos, o bate-boca
começou. O deputado João Vítor Xavier (MG), em tom elevado, disse que a direção
da sigla precisava entregar “a encomenda” para o governador João Doria (PSDB).
“Querem entregar a fatura para o Doria”, acusou. Ele teve a fala cortada e
reclamou de censura. “Respeita. Você não está falando com moleque. Se continuar
nesse nível, eu encerro a discussão”, disse Zaia.
Quando os ânimos já pareciam mais
controlados, Freire pediu a palavra. “Queria dizer aqui que o senhor não repita
nunca mais que estamos vendendo ou entregando o partido a quem quer que
imagine. Temos dignidade. Seu João Vítor, não pode fazer o que o senhor fez. É inadmissível
isso”, reclamou. Em seguida, o parlamentar mineiro pediu desculpas e a reunião
seguiu.
No sábado, o diretório nacional volta a se
reunir para tentar, finalmente, votar a escolha do partido com quem deve se
federar. As conversas estão mais avançadas com o PSDB, mas um grupo resiste.
O deputado Rubens Bueno (PR) alegou que
alguns parecem querer a destruição do partido e avaliou que a direção estava
forçando uma federação com o PSDB. “Vamos votar aqui pelo que o Paraná aprovou,
que é o Podemos. No segundo turno da votação, vamos para o PDT e contra o
PSDB”, pontuou.
Uma ala do partido cobra pressa na decisão
porque precisa definir as chapas proporcionais nos Estados e amarrar o arranjo
para a disputa nacional. Até o momento, o senador Alessandro Vieira, que ganhou
destaque na CPI da Covid, é o pré-candidato do partido a presidente. O
parlamentar tem se posicionado contra a federação por entender que não há
regras claras definidas. Nos bastidores, defende a união com o Podemos, que
lançou a pré-candidatura do ex-juiz Sergio Moro.
Cidadania e Podemos não é sigla.
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