quinta-feira, 17 de fevereiro de 2022

Cidadania decidirá no sábado sigla para federação

PSDB, Podemos e PDT são as opções disponíveis

Por João Valadares / Valor Econômico

BRASÍLIA - Depois de uma longa reunião virtual na noite de terça-feira, com bate-boca intenso, reclamação de censura e acusações de “entrega” do partido ao PSDB, o diretório nacional do Cidadania aprovou a formação de uma federação. No entanto, a escolha da legenda para formalizar a união ficou para sábado. Há três opções: PSDB, Podemos e PDT.

A autorização para formar a união com base no novo mecanismo recebeu 66 votos a favor e 44 contrários. No início do encontro, a maioria dos integrantes derrubou o encaminhamento que havia sido proposto pelo presidente da legenda, Roberto Freire, e decidiu que a escolha do partido seria votada ainda na reunião.

O dirigente do Cidadania desejava que a opção fosse feita apenas em março. Ele argumentou que o prazo para formalização da federação foi ampliado pelo Supremo Tribunal Federal (STF).

O clima ficou tenso quando o secretário-geral da sigla, Davi Zaia, iniciou o encaminhamento para votação da escolha da legenda. Assim como Roberto Freire, o dirigente defendeu, mesmo após decisão já tomada pela maioria no encontro, que o mais sensato seria aprofundar as discussões para só escolher a sigla posteriormente. Para ele, com regras mais claras apresentadas pelos partidos, o Cidadania evitaria o “voto no escuro”.

Com microfones abertos, o bate-boca começou. O deputado João Vítor Xavier (MG), em tom elevado, disse que a direção da sigla precisava entregar “a encomenda” para o governador João Doria (PSDB). “Querem entregar a fatura para o Doria”, acusou. Ele teve a fala cortada e reclamou de censura. “Respeita. Você não está falando com moleque. Se continuar nesse nível, eu encerro a discussão”, disse Zaia.

Quando os ânimos já pareciam mais controlados, Freire pediu a palavra. “Queria dizer aqui que o senhor não repita nunca mais que estamos vendendo ou entregando o partido a quem quer que imagine. Temos dignidade. Seu João Vítor, não pode fazer o que o senhor fez. É inadmissível isso”, reclamou. Em seguida, o parlamentar mineiro pediu desculpas e a reunião seguiu.

No sábado, o diretório nacional volta a se reunir para tentar, finalmente, votar a escolha do partido com quem deve se federar. As conversas estão mais avançadas com o PSDB, mas um grupo resiste.

O deputado Rubens Bueno (PR) alegou que alguns parecem querer a destruição do partido e avaliou que a direção estava forçando uma federação com o PSDB. “Vamos votar aqui pelo que o Paraná aprovou, que é o Podemos. No segundo turno da votação, vamos para o PDT e contra o PSDB”, pontuou.

Uma ala do partido cobra pressa na decisão porque precisa definir as chapas proporcionais nos Estados e amarrar o arranjo para a disputa nacional. Até o momento, o senador Alessandro Vieira, que ganhou destaque na CPI da Covid, é o pré-candidato do partido a presidente. O parlamentar tem se posicionado contra a federação por entender que não há regras claras definidas. Nos bastidores, defende a união com o Podemos, que lançou a pré-candidatura do ex-juiz Sergio Moro.

 

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