Folha de S. Paulo
Precisamos não de uma, mas de muitas
biografias de Bolsonaro
Leitores opinaram sobre a coluna
desta quarta-feira (1°/6), em que propus a urgência de se escrever
biografias de Jair Bolsonaro. Para alguns, não se deveria perder esse tempo com
ele. Com todo respeito, tal visão é um erro. Ninguém mais que Bolsonaro precisa
ser biografado no Brasil. E não uma, mas muitas vezes. Só várias delas nos
permitirão entender como foi possível ao réptil expandir-se em segredo e, ao
sair do bueiro, chegar ao Planalto.
Calcula-se que, em todas as línguas, Adolf
Hitler já tenha tido 10 mil biografias. Todas foram importantes —ajudaram a
impedir um novo Hitler. As de Bolsonaro também cumpririam esse papel.
Neste momento, no entanto, há um problema em biografar Bolsonaro. Entre a concepção da ideia, o trabalho de investigação, entrevistas com as fontes, a escrita propriamente dita e sua produção física por uma editora, nenhuma biografia séria levará menos de dois anos para sair. No caso de o biógrafo trabalhar 24 horas por dia, sem perder tempo com comer e dormir, e a editora adotar máxima urgência na composição, revisão de provas, editoração e impressão, isso pode ser reduzido para talvez um ano. É muito tempo, durante o qual Bolsonaro continuará perpetrando monstruosidades. O livro sairá inevitavelmente desatualizado.
Prova disso é o número de vezes em que
pensei em escrever uma coluna sobre alguma de suas canalhices
naquele dia e tive de abandonar o assunto porque, horas
depois, ele cometeu outra. Colegas com quem converso também passam por
isso. Bolsonaro é canalha full-time, e somente os jornais online e as redes
sociais conseguem acompanhá-lo.
Em outubro, no entanto, esse problema pode ter uma solução. Se o Brasil sobreviver às tentativas de golpe e Bolsonaro for excretado pelas urnas, um ciclo se terá cumprido. E, então, pelos anos a seguir, muitos livros a seu respeito serão possíveis. Só se espera que se passem de 2022 para trás.
E comparar Bolsonaro a Hitler nem é exagero,se ele tivesse o poder do outro,gays,como eu,já estariam no pau de arara levando choque na genitália.
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