Aliados com Tebet, MDB e PSDB estão separados em mais da metade dos estados
Diante dos impasses, chapa vai constituir
um conselho com representantes das duas legendas e do Cidadania, que compõe uma
federação com os tucanos
Por Natália Portinari e Camila Zarur /
O Globo
BRASÍLIA - Apesar de a pré-candidata do MDB à Presidência, a senadora Simone Tebet (MS), ter conseguido atrair o PSDB para o seu palanque, tucanos e emedebistas terão dificuldades para trilhar o mesmo caminho em pelo menos 15 unidades da federação. Diante dos impasses, a chapa recém-formada, que deverá ter o senador Tasso Jereissati (PSDB-CE) como vice, vai constituir um conselho com representantes das duas legendas e do Cidadania, que compõe uma federação com os tucanos, para buscar alternativas aos nós estaduais e evitar que ele resulte em enfraquecimento e falta de engajamento na candidatura presidencial por parte dos palanques estaduais.
O comando da campanha presidencial quer
evitar o risco de os dois partidos constituírem um “palanque oco”, ou seja,
unido no plano federal, mas sem apoio na ponta.
O mapeamento é vasto. Há problemas à vista
no Amapá, Amazonas, na Bahia, no Distrito Federal, em Goiás, no Mato Grosso do
Sul, na Paraíba, no Paraná, em Pernambuco, no Piauí, Rio de Janeiro, assim como
em Rondônia, Roraima, Sergipe e Tocantins.
No Rio, MDB e PSDB estão em lados opostos. Enquanto o ex-prefeito de Caxias Washigton Reis (MDB) é cotado para vice de Cláudio Castro (PL), o PSDB deve ter Cesar Maia na chapa de Marcelo Freixo (PSB). Tanto Freixo, aliado de Lula, quanto Castro, apoiado pelo presidente Jair Bolsonaro (PL), não darão palanque a Tebet.
MDB e PSDB também estão distantes na Bahia.
O MDB indicou o presidente da Câmara de Salvador, Geraldo Júnior, para a vice
do candidato a governador Jerônimo Rodrigues (PT). Já o PSDB está fechado com o
candidato a governador ACM Neto (UB). A chance é praticamente nula de uma
mudança no tabuleiro, de acordo com lideranças locais ouvidas pelo GLOBO.
No Distrito Federal, o governador Ibaneis
Rocha (MDB) tenta a reeleição, enquanto PSDB lançou o senador Izalci Lucas.
Nenhum deve abrir mão da disputa.
A dobradinha PSDB-MDB é tida como inviável
em Goiás. O medebista Daniel Vilela deve ser o candidato a vice na chapa do
governador Ronaldo Caiado (União Brasil). Disputado a reeleição, ele lidera as
pesquisas, seguido pelo seu histórico inimigo político, o tucano Marconi
Perillo.
— A chance de estarmos juntos é de menos um
milhão — diz o tucano.
Em Pernambuco, também há alianças locais
consolidadas que impedem uma união. O MDB deve apoiar Danilo Cabral (PSB),
enquanto o PSDB pretende lançar candidata própria, de Raquel Lyra.
A falta de consenso extrapola os limites
dos palanques estaduais. Mesmo em unidades da federação em que PSDB e MDB
convergem, há quadros históricos das duas legendas que não se mostram dispostos
a trabalhar pela chapa de Simone Tebet e Tasso Jereissati. É o caso de Minas
Gerais e Alagoas.
— Nomes relevantes do PSDB terão
dificuldade de transformar o apoio formal (a Tebet) em apoio eleitoral efetivo
— resumiu Aécio Neves, principal cacique tucano mineiro, após ser vencido na
Executiva do PSDB.
Sinais trocados
O deputado federal tucano Aécio Neves (MG)
era contra o apoio à emedebista. Ele queria que os tucanos tivessem candidatura
própria ao Palácio do Planalto, embora em Minas as duas legendas devam estar
juntas.
Nos estados nordestinos, o desejo
emedebista era o inverso: não lançar um nome à presidência. Renan Calheiros
(MDB-AL) diz abertamente que vai engrossar o palanque de Lula. Ainda assim, a
esfera local une MDB e PSDB. Os tucanos devem indicar o candidato a vice de
Paulo Dantas (MDB), o cabeça da chapa.
— O PSDB foi convidado a compor a chapa. Sempre estivemos juntos em Alagoas — resume Renan.
Um longo caminho a percorrer no centro do Brasil
ResponderExcluirUma fuzarca.
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