O Estado de S. Paulo
Queda de Pedro Guimarães da CEF encerra núcleo ideológico no primeiro escalão
Ao se esborrachar na Caixa Econômica
Federal, Pedro Guimarães foi praticamente a última cara dos ideológicos no
primeiro escalão. Jair Bolsonaro elegeu-se com o tripé militar/policial,
evangélico e ideológico, mas logo no primeiro ano de governo o “núcleo conservador”
levou um safanão e quem passou a dar as ordens foi o Centrão. A “nova política”
foi escanteada no Congresso e vem sendo empurrada para o terceiro e quarto
escalões.
Já à deriva, os ideológicos afundaram de vez com a morte de Olavo de Carvalho. Sem chances, o diplomata Ernesto Araújo, defenestrado do Itamaraty, tenta assumir o papel de Carvalho com sua lenga-lenga apocalíptica sobre o fim do Ocidente, contra a China e a favor de Donald Trump. Araújo e Abraham Weintraub, ex-ministro da Educação sem poder ser, esperneiam, mas ninguém dá bola.
Ricardo Salles, ex-ministro do Meio
Ambiente sem jamais ter pisado antes na Amazônia, anda mais ocupado em se
livrar de inquéritos sobre desvios em São Paulo e relações com madeireiras
criminosas. E Damares Alves, ex-ministra da Mulher, Família e Direitos Humanos,
é candidata a alguma coisa no DF.
Também pastor e da cota dos ideológicos
como Damares, Milton Ribeiro já foi preso e jogou o presidente na fogueira duas
vezes: ao dizer que foi ele quem meteu no MEC os dois pastores mergulhados até
o último fio de cabelo em negociatas e lhe passou informações privilegiadas
sobre busca e apreensão.
Até os filhos Eduardo e Carlos Bolsonaro,
do núcleo mais ideológico, andam mais discretos. Assim, quem manda no governo e
faz qualquer coisa pela reeleição são o filho 01, senador Flávio Bolsonaro, o
Centrão de Ciro Nogueira e Arthur Lira e o núcleo militar do futuro vice na
chapa, general Walter Braga Netto. Enquanto eles trabalham, Bolsonaro
atrapalha.
Mas, se os ideológicos sumiram no palco,
continuam firmes e fortes em áreas como a Cultura, que concedeu a Medalha do
Mérito do Livro para Daniel Silveira, incapaz de ler um livro, quanto mais de
escrever um, mas agora ao lado de Carlos Drummond de Andrade.
Enquanto os ideológicos fazem dessas, o
Centrão dá um golpe de mestre: a PEC da Reeleição, que cria o estado de
emergência, faz picadinho da lei eleitoral e do teto de gastos e dá mais R$ 41
bilhões do dinheiro público para Bolsonaro recuperar as chances de vencer.
Com 33 milhões passando fome, essa é a
maior urgência do Brasil. Mas só viram agora, como perguntou o senador José
Serra, único com coragem para fugir da armadilha? Assim como o Senado, a Câmara
vai aprovar em peso, e em tempo recorde, a tábua de salvação, não dos
miseráveis, mas de Jair Bolsonaro. •
Até parece que Bolsonaro está preocupado com a fome alguém.
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