O Estado de S. Paulo (27/8/22)
Para começar, tenhamos bem claro: até aqui, o evento de maior impacto na campanha eleitoral para a Presidência da República foram as sabatinas com os candidatos no Jornal Nacional. Foi a TV, não foram as redes sociais. Não foram os canais no Youtube, não foram as correntes de baboseiras no Whatsapp ou no Telegram, mas a velha televisão de sinal aberto que gerou o fato mais determinante da corrida eleitoral. As duas entrevistas de maior repercussão, a de Bolsonaro, na segunda-feira, e a de Lula, anteontem, foram vistas por cerca de 42 milhões de pessoas (a audiência do primeiro ficou pouca coisa acima, mas, em ordem de grandeza, ambos alcançaram o mesmo patamar). Com elas, o Jornal Nacional bateu recordes de público. Algo como um quinto ou um quarto dos habitantes do País grudou na tela para ver Renata Vasconcellos e William Bonner entrevistando (e bem) o atual presidente e seu maior rival, o ex-presidente Lula.
Esse fato, tão singelo quanto retumbante,
deveria nos ajudar a ter claro que a televisão ainda conta, e muito, para
formar a opinião do eleitor brasileiro. O velho meio mantém seu peso. É por
isso que, em 2022, como bem sabem os partidos, o horário eleitoral na TV vai
fazer diferença, como nas eleições anteriores.
É verdade que, em 2010 e em 2014, Marina
Silva teve um desempenho notável nas mídias digitais, conquistando milhões de
votos. Também é verdade que, em 2018, com poucos segundos no horário eleitoral,
Bolsonaro ganhou a eleição. À primeira vista, isso poderia indicar a vitória
das plataformas digitais, nas quais sua campanha jogou toda a energia, sobre as
velhas ondas eletromagnéticas. Mas não foi bem isso o que aconteceu. O então
candidato da extrema direita recebeu, sim, uma cobertura suplementar
valiosíssima nos telejornais em função da facada que levou em Juiz de Fora
(MG). Os efeitos eleitorais que essa cobertura teve nas urnas ainda estão por
ser avaliados.
Há ainda outro aspecto que fortaleceu a TV.
Embora o chamado jornalismo dito convencional tenha perdido espaço na dieta
informativa (e desinformativa) das sociedades democráticas, a pandemia levou as
pessoas a buscarem informações confiáveis na imprensa profissional, especialmente
nos telejornais. Houve aí um ganho residual de credibilidade, que também
contribuirá para que eleitoras e eleitores olhem com alguma atenção para o
horário eleitoral.
Os marqueteiros mais sabidos sabem que, em
tempos de tecnologias digitais, alguma coisa no eleitor ainda é analógica.
Sabem, igualmente, que a televisão ainda mora no centro do espaço público
brasileiro.
*Eugênio Bucci, jornalista e professor titular da ECA-USP
Esse é um dos que interessados - visto ser professor de faculdade de jornalismo e jornalista profissional - insiste na ladainha da importância da imprensa e tv abertas.
ResponderExcluirNão vê o obvio que teima em dançar na frente dele: imprensa - incluindo a tv aberta - estão moribundas e arquejantes.
"a pandemia levou as pessoas a buscarem informações confiáveis na imprensa profissional, especialmente nos telejornais."
ResponderExcluirEssa conclusão é tirada da cartola? onde ele ousa dizer que as pessoas buscam informações confiáveis em telejornais? faz-me rir e ter mais desconfiança do que ele escreve hoje.
Antigamente Bucci era até legível mas nessa toada tende a cair na lata de lixo da historia - para usar o chavão - bem depressinha.
e se é por falta de adeus...
Francisco Lira
Tanto o que Eugênio Buci disse é verdade que a Amazon, o Tik Tok, e outros gigantes digitais anunciam na Globo. E Bolsonaro vai aproveitar a TV para vender ao povo um personagem que ele não é. Todo mundo sabe que o boçal não gosta de gays, de mulheres (se for lésbica piorou), de negros (se for quilombola piorou), de índios (se luta por suas terras piorou). Seu objetivo é destruir nossa democracia que cuida do meio ambiente e dos povos. E instituir um regime militar fascista caricatural (tão perigoso quanto o verdadeiro nazifascismo). Mas a frente democrática que o fascismo exige para derrotá-lo já está montada na campanha LulaAlckmin. O Boçal no lixo da história e Viva a Democracia!!!
ResponderExcluirBucci está coberto de razão. Ainda que não tenha tanta importância como já teve, a mídia convencional (imprensa e tv aberta) continua influenciando muito nossa sociedade, aqui e em qualquer país do mundo! O jornalismo impresso está em decadência, mas as emissoras de televisão ainda são muito assistidas pela grande maioria da população. Notícias com qualidade raramente são encontradas fora desta mídia tradicional. As redes bolsonaristas são fontes constantes de feiquenius, e outras redes são também bastante parciais ou descuidadas. Comparada com este tipo de comunicação, a mídia tradicional ainda é muito superior e insubstituível.
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