Correio Braziliense
O confronto de Bolsonaro com
o ministro Alexandre de Moraes parece ter desanuviado, após o novo presidente
do TSE tê-lo convidado pessoalmente para a sua posse
A campanha eleitoral começa hoje com o foco
voltado para as pesquisas de intenções de voto realizadas pelo Ipec (sucessor
de Ibope) nos estados de São Paulo, Minas Gerais, Rio de Janeiro, Brasília,
Pernambuco e Rio Grande do Sul. Nos três estados do Sudeste, a disputa entre o
ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva e o presidente Jair Bolsonaro começa
mais nervosa, porque são os três maiores colégios eleitorais do país. Os dois
deverão comparecer à posse do ministro Alexandre de Moraes na Presidência do
Tribunal Superior Eleitoral (TSE), para a qual foram convidados todos os
ex-presidentes. José Sarney, Fernando Collor de Mello e Dilma Rousseff
confirmaram presença; Fernando Henrique Cardoso, não, devido a problemas de
saúde. A posse será um termômetro do clima da campanha eleitoral no plano
institucional.
O nervosismo que antecede os programas eleitorais de rádio e tevê, que somente começarão no dia 26 de agosto, já tomou conta das equipes de marketing dos candidatos. Por hora, está radicalizado nas redes sociais, principalmente entre petistas e bolsonaristas. O jogo bruto nas redes sociais tende a esquentar o clima político, mas essa pode não ser uma boa receita para os programas eleitorais de rádio e teve, a partir do próximo dia 26, que têm audiência difusa e não segmentada em bolhas de apoiadores como as redes sociais.
Na semana passada, as pesquisas mostravam o
encurtamento da distância entre Lula e Bolsonaro no Sudeste. Nas pesquisas de
ontem, porém, Lula mantinha uma margem de 13 pontos de vantagem em relação a
Bolsonaro em Minas (39% a 26%), dez pontos em São Paulo (38% a 28%) e um empate
técnico no Rio (35% a 33%), o que reduziu o estresse na cúpula petista. Como
são as primeiras pesquisas regionais desse instituto, não há termos de
comparação.
Em relação aos demais candidatos, entretanto,
a pesquisa mostra que a tendência de polarização e a narrativa do “voto útil”
pode explicar a recuperação da vantagem de Lula. Ciro Gomes (PDT), com média de
3%, parece ter sido desidratado em São Paulo, Minas e Rio de Janeiro. No
cômputo geral do Ipec, Lula aparece com 44%, Bolsonaro com 32%, Ciro com 6% ,
Simone Tebet (MDB) com 2% e Vera (PSTU) com 1%. Lula venceria o segundo turno
com 51% dos votos, contra 35% de Bolsonaro.
Depois de uma semana na qual o
ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva jogou parado, com a sociedade civil se
mobilizando em defesa das urnas eletrônicas, do Supremo Tribunal Federal e do
Estado democrático de Direito, o presidente Bolsonaro reagiu em duas frentes: a
primeira, foi nas redes sociais, nas quais viralizou um meme no qual
bolsonaristas espalhavam o boato de que Lula pretende fechar os templos
evangélicos, o que obrigou a campanha de Lula a desmentir a fake news; a
segunda foi na esfera administrativa do governo: o pagamento de duas parcelas
do Auxílio Brasil, equivalente a R$ 1.200,00; o subsídio de R$ 1 mil para os
taxistas; e nova redução de preços dos combustíveis pela Petrobras.
Uma batalha especial está sendo travada no
mundo evangélico, no qual a forte atuação da primeira-dama Michele Bolsonaro
começa a surtir efeito entre as mulheres, segundo pesquisas internas das
campanhas de Lula e Bolsonaro. O discurso de Bolsonaro é o de sempre, contra o
comunismo e corrupção, em defesa da família e da fé cristã, mas o de Lula ainda
não está claro. Tradicionalmente ligado à esquerda católica, Lula teme uma
aproximação forçada com os evangélicos. Esse é o nó ainda não desatado de sua
campanha, o que abre o flanco para a recuperação de Bolsonaro em segmentos
desse eleitorado que haviam se aproximado do petista.
Calmaria
Do ponto de vista institucional, o aspecto
mais positivo é que o confronto de Bolsonaro com o ministro Alexandre de Moraes
parece ter desanuviado, após o novo presidente do TSE tê-lo convidado
pessoalmente para a sua posse, em visita ao Palácio do Planalto. Moraes também
tem boas relações com os militares. O ministro da Defesa, general Paulo Sérgio
Nogueira, moderou as críticas à Justiça Eleitoral. O procurador-geral da
República, Augusto Aras, também contribuiu para a calmaria, ao dar entrevista a
jornalistas estrangeiros garantindo que o presidente eleito nas urnas tomará
posse.
Por tudo o que já aconteceu entre o presidente Bolsonaro e o futuro presidente do TSE, não se pode dizer que estamos num processo eleitoral como os que já vivemos desde a redemocratização. Entretanto, o fato relevante são as eleições em si, com milhares de candidatos, a deputados estaduais e federais, nas eleições proporcionais, e a senadores e governadores, em pleitos majoritários, além da disputa presidencial. O eleitor vota simultaneamente em cinco candidatos, já tem experiência de participação eleitoral acumulada, num processo de engajamento político que se intensifica após a campanha eleitoral pelo rádio e a tevê começar. Para Bolsonaro, não resta alternativa a não ser pleitear a reeleição de acordo com as regras do jogo, sobretudo depois do repúdio antecipado à qualquer virada de mesa. A mobilização da sociedade esvaziou a narrativa golpista.
Definitivamente a imprensa velha e seus jornalistas escolhem as pesquisas pra comentar, o exemplo é a última pesquisa da Brasmarket que apontou o presidente Bolsonaro à frente com 39. 8% contra Lula com 33.1%
ResponderExcluirHouve um silêncio total, não vi um órgão de imprensa comentar, é a política velha donde Stálin , apagar o que não está no seu agrado, da mesma forma as grandes manifestações populares de primeiro de Maio e do sete setembro, que foram ignoradas pelo consórcio, quando não rotuladas de atos antidemocráticos, total inversão da importância da participação popular nas democracias saudáveis