O Estado de S. Paulo
Presidente ainda precisa convencer de que
‘fez o melhor’ diante da mal-estar da maioria do eleitorado com a direção do
País
A campanha presidencial entra na fase na
qual os partidos diretamente buscam influenciar as preferências do eleitor,
após o processo de seleção das candidaturas, estrutura de campanha e da
construção dos palanques nos estados. Sob a ótica da campanha presidencial, a
campanha serve basicamente para impactar a visão do eleitor em relação ao
desempenho do governo, uma vez que uma corrida presidencial é fundamentalmente
o plebiscito da atual administração. Quando a maioria do eleitorado aprova o
atual mandatário, a tendência é de continuidade do grupo no poder. Se o eleitor
não gostou dos resultados gerados pelo governo e encontra uma alternativa
segura na oposição, a direção da eleição aponta para alternância de poder.
A sabatina com o presidente Bolsonaro no Jornal Nacional, então, foi bastante desafiadora para o presidente, dado que o “sentimento natural” do eleitor é de reprovação à atual administração. A tarefa do presidente, então, simultaneamente mudar a cabeça do eleitor sobre o seu governo e ainda desgastar seu principal adversário, o ex-presidente Lula.
Havia duas opções na mesa para o
presidente. Dobrar a aposta na estratégia de tensionamento institucional e da
imagem de contestador do status quo, incluindo os grandes veículos da
comunicação apostando no sentimento de rejeição a “política tradicional” ou
apresentar uma nova faceta apostando no efeito moderador do jogo eleitoral.
O presidente mobilizador de tensões deu
lugar a uma tentativa de mostrar serenidade diante da enxurrada de agenda
negativa mobilizada pelos entrevistadores. O candidato Bolsonaro em boa medida
foi vítima do presidente Bolsonaro. Quase a totalidade da entrevista foi
dedicada menos a apontar resultados do governo e propostas de avanços e mais
para justificar comportamento referente às urnas eletrônicas, pandemia e
alianças políticas. Mais do que a defesa do governo, uma parte da sabatina se
voltou para ritos básicos de um presidente da República, por exemplo, diante da
postura do mandatário da nação reagindo aos óbitos da pandemia ou da
metamorfose em réptil (ou figura de linguagem) em caso de vacinação.
O real efeito da sabatina será decorrente
da repercussão dos trechos e imagens que passam a circular nas redes sociais. A
enxurrada de temas gera custo alto para o eleitor acompanhar as justificativas
do presidente que, na média, teve tempo de apresentar defesa do seu legado.
A construção da reeleição é ainda tarefa em
construção. O presidente ainda precisa convencer de que “fez o melhor” diante
da mal-estar da maioria do eleitorado com a direção do país. A sabatina expôs
que a defesa do governo pode esbarrar na imagem pessoal do presidente.
*Rafael Cortez é Sócio da Tendências Consultoria é Doutor em Ciência Política (USP)
O Pinóquio na terceira idade apareceu ontem no Jornal Nacional. Como sua memória já não era a mesma, acabou falando mentiras do primeiro ao último minuto. E ainda teve cara de pau de atribuir mentiras aos entrevistadores que apenas repetiam acontecimentos e palavras literais proferidas por um genocida!
ResponderExcluir''Pinóquio da terceira idade'' é ótimo,rs.
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