Folha de S. Paulo
Ministros trabalham para reduzir ameaça às
eleições e consideram que presidente é 'imprevisível'
Apesar de articulações
em curso por um armistício em relação às urnas eletrônicas, autoridades
envolvidas no planejamento das eleições continuarão encarando Jair Bolsonaro
como uma peça "imprevisível" nessa arena. Ministros que atuam em
tribunais superiores consideram que, a partir de agora, é preciso neutralizar
ameaças à votação mesmo que o presidente mantenha seus ataques.
O comportamento de Bolsonaro no próximo Sete de Setembro é o que menos importa, de acordo com esse raciocínio. Ainda que o presidente segure a língua no feriado e repita gestos recentes em que repreendeu apoiadores golpistas, é quase impossível que ele desista de contestar a eleição em caso de derrota.
Para a turma dos tribunais, Bolsonaro
cultivou desconfianças sobre as urnas por tempo demais para imaginar que seus
apoiadores aceitarão tranquilos um resultado negativo. Não é absurdo esperar
casos de tumulto a partir do mínimo sinal de que o presidente está insatisfeito
com a votação.
É por isso que um dos primeiros movimentos
de Alexandre de Moraes à frente do TSE foi uma
reunião com comandantes das polícias militares para pedir a repressão
de ações radicais no dia da eleição. Depois disso, a corte também proibiu
o porte de armas nos locais de votação.
Se o tribunal confiasse num processo de
pacificação encabeçado por Bolsonaro, não precisaria ter feito nem uma coisa
nem outra.
Nem mesmo a negociação com o Ministério da
Defesa em torno do teste de integridade das urnas eletrônicas prevê uma mudança
de comportamento de Bolsonaro. A única ideia, neste caso, é vincular os
militares a um reconhecimento público da segurança do equipamento.
Esse tipo de plano já deu errado quando o
TSE cedeu uma cadeira para as Forças Armadas na fiscalização das urnas. Os
militares e Bolsonaro, afinal, estão no mesmo time. Desta vez, os ministros
esperam que o gesto seja suficiente para reduzir a coloração verde-oliva de uma
contestação do resultado da eleição.
Incrível!quer dizer,tudo que vem de Bolsonaro é crível.
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