Folha de S. Paulo
É triste que nosso bicentenário seja
comemorado como festa em homenagem ao pior líder que o Brasil já teve
O bicentenário da Independência do Brasil deveria ser um
momento de grandes eventos culturais e discussões públicas sobre o que foi a
história brasileira até aqui e o que devemos fazer de agora em diante. Em vez
disso, Bolsonaro está andando pra lá e pra cá com um pedaço
de defunto e vai fazer um comício a favor do golpe de Estado no dia 7 de setembro.
Ainda não se sabe o quanto o ato de quarta-feira será comício e o quanto será tentativa de golpe: só se sabe que será uma mistura dos dois, e que crimes serão cometidos. Golpe de Estado é proibido, usar as Forças Armadas em comício também.
No último sábado, o presidente da República
já chamou o ministro Alexandre de Moraes de vagabundo, de modo
que, se eu fosse o Temer,
deixaria a cartinha preparada.
No fundo, Bolsonaro deve estar em dúvida sobre
o que fazer. As pesquisas não o ajudam. Se Bolsonaro tivesse ultrapassado Lula,
seria melhor desistir do golpe e se concentrar em ganhar a eleição. Se Lula
estivesse com 20 pontos na frente de Bolsonaro, a vitória nas urnas seria
impossível e só restaria a Jair tentar um golpe. Com a diferença estável, mas não intransponível, fica a dúvida.
Não é fácil tentar um golpe de Estado e
fazer uma campanha eleitoral ao mesmo tempo.
Todas as pesquisas mostram que o eleitorado
em geral não quer um golpe, quer comida. Mesmo o eleitor de 2018, aliás, podia
não querer um político, mas queria um governo: queria vacina, queria
salário-mínimo com reajuste real que lhe permitisse sobreviver à alta dos
preços, queria, enfim, tudo que o governo Bolsonaro não lhe entregou.
Quatro anos depois, os brasileiros ainda
querem um governo, e, se não quiserem um político, não vai ser Bolsonaro quem
vai representá-los. Jair é o candidato do centrão e sua única esperança de
reeleição é o uso da máquina pública durante a campanha. Sobre isso, aliás, recomendo
o artigo do cientista político Jairo Nicolau na última edição da
revista piauí.
Por isso, se Bolsonaro tiver como
prioridade vencer a eleição, deve fazer o que fez durante sua entrevista no Jornal Nacional: mentir o tempo todo, mas
mentir sobre coisas que interessam à população, como emprego, comida e vacina.
Por outro lado, se Bolsonaro tiver como
prioridade dar um golpe, deve mentir sobre coisas que mobilizam o ódio de seus
seguidores mais radicais: as urnas eletrônicas, as mulheres, o STF,
os LGBTs, a esquerda. Aqui a prioridade não é tanto prometer
bem-estar aos aliados, é prometer que os inimigos, reais ou imaginários,
sofrerão. Para um público de sádicos, funciona.
Note-se que a única opção que Jair não tem
é falar a verdade: como candidato à reeleição, não tem nada a dizer sobre seu
governo que seja ao mesmo tempo bom para o Brasil e verdade. Como golpista, só
lhe resta entregar a seus seguidores as teorias conspiratórias mais alucinadas
sobre inimigos da liberdade. Se falasse a verdade, teria que admitir que o
inimigo da liberdade é ele.
Seja como for, é triste que nosso bicentenário seja comemorado como uma festa
em homenagem não ao Brasil, mas ao pior líder que o país já teve, culpado
pelo assassinato em massa de brasileiros durante a pandemia, militante do ódio
às mulheres e à liberdade democrática. Se fosse sincero, Bolsonaro terminaria
seu discurso no dia 7 gritando: "Incompetência e morte!".
Incompetências causaram milhares de mortes! Bolsonaro demitiu 2 médicos ministros da Saúde que estavam planejando as ações governamentais para combater a Covid e seguindo as recomendações globais da OMS. Para implantar o "tratamento precoce" que só enganava e evitar a compra de vacinas que seria cara, Bolsonaro nomeou Pazuello, então general da ativa para comandar o ministério. Mais de anos depois, e com muito mais mortos que no resto do mundo, o incompetente general foi denunciado na CPI da Covid e teve que ser demitido. Nem Bolsonaro e nem Pazuello entendiam alguma coisa de SAÚDE. Militares arrogantes assumiram responsabilidade sobre o que nada conheciam, negando a Ciência e a OMS e as instituições brasileiras de especialistas que sempre criticaram a condução da pandemia pelo governo Bolsonaro. O resultado: centenas de milhares de brasileiros mortos que não deveriam ter morrido, se Bolsonaro tivesse mantido os ministros médicos e seguido as recomendações mundiais da OMS. O genocida apostou em remédios sem efeito e em combater e retardar as vacinas. Muito mais brasileiros morreram do que seria esperado pelo tamanho da nossa população! E Bolsonaro é o responsável, pela condução incompetente e criminosa que a pandemia teve no Brasil.
ResponderExcluirÓdio o Bolsonaro sente de gays,de mulheres,nem tanto.
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