O Estado de S. Paulo
Que a comemoração do bicentenário da
independência tenha um novo grito, o grito do diálogo. É hora de um pacto
nacional
Este 7 de setembro é muito diferente dos
anteriores não apenas pelo bicentenário da independência brasileira, mas porque
carrega em seu ventre uma reflexão visceral, um desafio, para o nosso bem,
incontornável. O grito do Ipiranga que, 200 anos atrás, ao cair da tarde,
encerrou o período do Brasil colônia e deu início à formação de um país
gigantesco, rico, peculiar e complexo, já não ressoa como antes. Perdeu energia
mobilizadora, não desperta orgulho de pertencimento, como já o fez. A
constatação não é má notícia. Na verdade, anuncia uma oportunidade: precisamos
dar sequência ao processo de independência!
Libertar o País de grilhões estruturais que
o impedem de ser, além de celeiro do mundo, também referência mundial em
economia inclusiva, verde, tecnológica e sustentável. Uma obra urgente e
inadiável que, se não realizada, nos levará à periferia do mundo novo em
construção, mas, ao contrário, reservará ao País uma centralidade planetária.
A Pátria dos dias atuais, rebelde e dispersa, reclama por conquistas que rejuvenesçam a brasilidade, que fortaleçam a identidade nacional e reforcem os laços entre nós. Para o atendimento dessa demanda é preciso, em primeiro lugar, que os brasileiros deixem de ser tão desiguais entre si. Este é o pilar de sustentação de qualquer projeto de desenvolvimento que o novo governo, seja qual for a candidata ou o candidato eleito, venha a propor ao Parlamento. Não mais remendos, como bolsas e auxílios emergenciais ou permanentes, mas políticas consistentes de renda e de ascensão social, que estabeleçam novos patamares de qualidade de vida, pontos de não retorno da pobreza e da fome, partes integrantes do plano de desenvolvimento, e não possível consequência dele. Fato, e não mais promessa. Falo de desafios que, sem dúvida alguma, exigem a pacificação do País para que haja boa vontade, unidade, soma de esforços.
Pacificar, fique bem claro, não é uma
panaceia para manter tudo como está, mas a base para a transformação do País. É
o mastro onde tremulam as causas nacionais.
Responder às disparidades absurdas, entre
regiões, entre cidades e entre brasileiros, corresponde a rejuvenescer os laços
da nacionalidade. Enquanto este país for extraordinário para poucos,
caminharemos com dificuldades cada vez maiores no desafio de fortalecer a
Nação. A percepção de injustiça vem corroendo progressivamente as relações
entre os brasileiros e entre os brasileiros e suas instituições, transforma as
cidades em cenário de conflitos e desajustes graves, acabando por esvaziar as
datas cívicas, como o aniversário da independência nacional.
Precisamos cuidar mais uns dos outros. A
percepção dessa necessidade talvez seja o principal legado deste momento
turbulento que vivemos, de pandemia, desastres naturais resultantes do
aquecimento global e instabilidade política e econômica do Brasil e do mundo.
Uma nação é constituída pelas pessoas que vivem num mesmo país, sem qualquer
exclusão, regidas por um pacto de convivência – a Constituição.
Esse coletivo e essas regras formam o
ecossistema para a execução dos projetos de desenvolvimento, os quais só devem
fazer sentido se tiverem por resultado a promoção do bem comum, a melhoria da
qualidade de vida de todos, não apenas do ponto de vista do consumo, mas da
formação dos indivíduos e da viabilização de seus talentos pessoais. Até mesmo
o capital vem se humanizando e pressiona os governos nacionais na medida em que
escolhe os países com melhor Índice de Desenvolvimento Humano (IDH) para
investir.
Que a comemoração do bicentenário da
independência tenha um novo grito, o grito do diálogo. É hora de um pacto
nacional. É hora de reunir governadores, prefeitos, parlamentares e lideranças
da sociedade civil, sob a coordenação do presidente da República, para alinhar
objetivos, estratégias e recursos, unificar esforços e transformar os problemas
de cada cidade ou conjunto de cidades em desafio nacional, de forma a gerar um
padrão de desenvolvimento mais simétrico, um novo padrão de relacionamento
baseado na convivência e na paz.
Que estes 200 anos de independência semeiem
um Setembro Branco no calendário nacional, fazendo do dia 7 data anual para
comemorar a renovação dos nossos laços. Que as ruas se encham de brasileiros e
brasileiras orgulhosos de pertencer a uma pátria justa e próspera, que venham,
candidatas e candidatos, embalados pela constatação de que, concluído o embate
das ideias, é possível e muito prazeroso construir juntos as respostas à
vontade popular.
Fazer do grito do Ipiranga uma voz
contemporânea, transformado em conversa de convergência e chamamento para a
refundação do País. Fazer real um projeto que paira acima das disputas
ideológicas, posto que nossos sonhos são os mesmos e não há quem seja contra a
erradicação da pobreza e da fome e a emancipação de todos os brasileiros, sem
distinção de classe, cor e credo.
Serão a paz e o fim das desigualdades o
nosso novo grito do Ipiranga!
*Advogado, professor de Direito Constitucional,
foi presidente da República
Michel Temer sempre um hipócrita, cínico , que gasta seu português esmerado pra não falar nada, fazer declarações de boas intenções , que com ela foi parar na cadeia por corrupção , que país é esse que ele almeja toda sociedade almeja paz tranquilidade prosperidade e liberdade para criar sua família poder cultuar a sua igreja sem intervenção de ninguém e sem censura de ninguém
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