Como sempre ocorre logo depois da eleição,
o noticiário político nas próximas semanas estará repleto de especulações sobre
os nomes que comporão o ministério no novo governo. Independentemente do
escolhido para a educação, uma das principais necessidades na área é a formação
de uma equipe com preparo técnico, capaz de executar um projeto sólido e com
clareza sobre objetivos a serem alcançados. Parece óbvio, mas não foi a regra
nos últimos anos.
Entre vários percalços, um dos que mais afetou o MEC foi a descontinuidade. O governo Bolsonaro abusou desse pecado nos últimos quatro anos, mas o problema é anterior a ele, pois nove ministros se revezaram no cargo nos últimos oito anos. A crise política e econômica que assolou o segundo mandato de Dilma Rousseff fez com que, em 16 meses, três ministros ocupassem o posto (Cid Gomes, Renato Janine Ribeiro e Aloizio Mercadante). No também turbulento governo Temer foram dois os titulares da pasta (Mendonça Filho e Rossieli Soares da Silva).
A gestão do atual presidente levou a
instabilidade a outro patamar. Não apenas porque foram quatro os ministros que
se revezaram (Ricardo Vélez-Rodrigues, Abraham Weintraub, Milton Ribeiro e
Victor Godoy), mas porque, ao contrário do que aconteceu nas gestões Dilma e
Temer, o entra e sai de ministros se refletiu também em intenso troca-troca em
todos os cargos de alto escalão no MEC. Não há continuidade de política pública
que resista a um movimento tão frenético nos nomes responsáveis por sua execução.
Em uma análise mais ampla, o perfil dos
nomes que passaram pelo MEC desde a criação do órgão, em 1930, diz também muito
da sociedade que somos. Em toda a história, houve apenas um ministro negro
(José Henrique Paim, no primeiro governo Dilma) e uma mulher (Esther de
Figueiredo Ferraz, na gestão Figueiredo). O mesmo acontece, em maior ou menor
intensidade, em todas as outras pastas. Não sabemos ainda os nomes da equipe
ministerial de Lula, mas há a expectativa de que, por se tratar de um governo
progressista, no conjunto do ministério, a diversidade da população brasileira
esteja melhor representada.
Independentemente do perfil de quem ocupará
o principal cargo da educação brasileira, uma das características mais
necessárias na formação da nova equipe será, além do preparo técnico, a
capacidade de articulação, pois, em educação, nenhuma política pública consegue
se sustentar ao longo do tempo se não for bem assimilada pelos seus principais
atores. E, no ensino básico, estamos falando de 27 secretários estaduais, 5.565
municipais, 163 mil diretores e 2,2 milhões de professores, responsáveis pela
educação formal de 47 milhões de alunos.
O equívoco mais comum dos que chegam ao MEC
sem conhecimento da área é acreditar que, mesmo quando as intenções são as melhores
possíveis e as evidências científicas robustas (o que nem sempre é o caso),
todo esse ecossistema complexo se moverá naturalmente na direção desejada pelos
gabinetes de Brasília.
O Brasil saiu das urnas dividido, e o campo
educacional já era palco de intensas disputas antes mesmo das eleições. A árdua
tarefa de baixar a temperatura política e trazer para o diálogo construtivo
pessoas com visões distintas, mas com os mesmos objetivos e dispostas a aceitar
o jogo democrático, vale para todo o país. Mas, na educação, é ainda mais
necessária.
Pobre Educação brasileira... No DESgoverno Bolsonaro, atingiu o fundo do poço. Com um pastor safado como ministro que apoiava outros pastores safados indicados por Bolsonaro, vimos propina ser pedida em barras de ouro, bíblias e dinheiro vivo - seria pra ajudar a comprar os imóveis da família Bolsonaro? Com o economista incompetente Abraham Weintraub, que atuou apenas 4 ou 5 anos como PSEUDOprofessor, os ataques às Universidades Públicas, aos professores, às famílias dos alunos e aos alunos foram constantes, algo impensável em qualquer outro mandato anterior! O canalha nada fez durante a pandemia pra tentar minorar os enormes prejuízos didáticos sofridos pelos alunos do ensino fundamental e médio! Os 4 mil votos que Weintraub recebeu como candidato a deputado federal por SP certamente são muito excessivos comparado ao NADA que ele ofereceu à Educação brasileira!
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