O Globo
O Brasil é a real possibilidade, inaugurada
pela natureza das civilizações que nos formaram, a indigenista, os
euro-ibéricos e a África de todas as nações, de um novo rumo para a Humanidade
Ufa! Ainda temos problemas a resolver com
eles, mas a verdade é que já passamos pelo pior. Embora ele insista em discutir
com a gente questões com as quais não temos mais nada a ver, sabemos que é pela
transição e pela ocupação das cadeiras que são nossas por decisão do eleitor
brasileiro que devemos dar os próximos passos, encurtar o caminho entre o
resultado das eleições e o nosso papel na recuperação do Brasil.
Para início de conversa, sabemos que o Brasil está flutuando no fundo de um poço que não tem mais poder de nos catapultar por cima de seus limites, como se pudéssemos esquecer ou simplesmente não dar bola para o que nos aconteceu nesses últimos quatro anos. Uma coisa é ocupar o espaço que era ocupado por gente que pensava diferente de nós. Outra é ocuparmos um espaço que não existe mais, que foi destruído pela ideia de que era possível existir um país como o nosso sem compromisso com nenhum projeto mais claro e pelo menos um pouco mais de acordo com a população majoritária do país.
Trocando em miúdos, sabíamos que a
população não estava satisfeita, embora não soubéssemos o tamanho da
insatisfação. O tamanho era aquele revelado no dia 30 de outubro e a
profundidade do desencanto não tinha limites de gosto ou de capacidade de
suportar. Não tínhamos mais condições de continuar experimentando o fracasso
político, econômico e social, com o qual não tínhamos nada a ver.
Mas não podemos reagir com o mesmo espírito
da população que votou neles. Não podemos achar que agora tanto faz. Pelo
contrário, mais do que nunca o Brasil precisa de nós, precisa que recuperemos
seus sonhos e a capacidade de ser uma nação de futuro inconteste, mesmo que não
tenhamos ideia de que futuro é esse. Entre nosso desejo e nosso poder de
reagir, existe um espaço que podemos perfeitamente ocupar como o futuro incerto
de uma nação que voltou a ser uma esperança para a Humanidade de amanhã.
Insisto em afirmar que somos o único país
do mundo que representa uma civilização inédita, uma nação sem nenhuma
experiência anterior a ela mesma. Como disseram e repetem pensadores de todas
as origens, inclusive aqueles que não têm nenhum compromisso conosco, o Brasil
é a real possibilidade de um novo rumo para a Humanidade. Uma possibilidade
inaugurada pela própria natureza das civilizações que nos formaram: a
indigenista, os euro-ibéricos e a África de todas as nações. Por mais de 500
anos experimentamos essa experiência original, sem colocarmos nossa própria
inteligência a serviço do enigma.
Nosso papel na sobrevida democrática desse país é justamente esse, o de levantarmos de novo o que somos, com que potencial de mudar o mundo nossa origem pode nos fazer sonhar, que rumo podemos seguir de modo a termos outra vez o direito da esperança de um mundo melhor. Talvez seja esse o papel histórico do Brasil, na reorganização de um mundo que sonha em ser melhor. E essa última eleição foi um excelente exemplo do que podemos e temos para fazer.
Eu nem acredito...
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