O Globo
Lula quer sediar a COP 30, que acontece no
ano que os países terão que mostrar redução das emissões. Brasileiro na
presidência do banco interamericano pode auxiliar nesta agenda
O presidente Lula aumentou a pressão sobre
si mesmo no combate ao desmatamento. Fez espontaneamente, mas será grande o
desafio. A COP que ele pediu para ser realizada no Brasil, a de 2025, é exatamente
no ano em que os países terão que mostrar que cumpriram as primeiras metas do
Acordo de Paris. Em 2025, o Brasil terá que comprovar que reduziu as emissões
de gases de efeito estufa em 37% em relação a 2005. E como a nossa maior fonte
de emissão é o desmatamento, o governo Lula terá que correr atrás dessa meta.
Ele terá pouco tempo para mudar a tendência, porque neste momento o país está
aumentando as emissões, e parte do desmatamento de 2023 já está contratado.
Para efeito de cálculo do desmatamento, o ano vai de agosto a julho. Neste fim do governo Bolsonaro, que estimulou a destruição da floresta, os criminosos ambientais estão acelerando suas ações. Esse segundo semestre entrará na conta de 2023. O primeiro número de desmatamento do governo Lula será contaminado pelo pior do desgoverno de Bolsonaro.
O economista Ilan Goldfajn foi ontem ao FMI
pedir demissão do seu cargo de direção do Departamento de Hemisfério Ocidental
para se preparar para seu novo trabalho na presidência do BID. Por que alguém
que tem um bom emprego, escolhe entrar numa competição para presidir um banco
que está em crise, no mundo que enfrenta uma série de incertezas e sendo de um
país cujo governo eleito torceu o nariz para ele? Ilan me respondeu que no BID
ele acha que seu trabalho pode ter muito mais impacto na vida das pessoas, no
que ele escolheu como plataforma da candidatura, combate à pobreza,
desigualdade, mudanças climáticas.
— O BID pode ir na veia desses problemas
que temos de enfrentar nesse momento, financiando projetos que vão reduzir a
insegurança alimentar, ou combatendo a desigualdade não apenas de renda, mas no
que a gente chama de GDI (Gênero, Diversidade e Inclusão), apoiando projetos de
combate às mudanças climáticas. Vou te dar um exemplo, o aquecimento global já
está afetando países da região, principalmente Caribe e a América Central. O
BID pode financiar projetos de infraestrutura de adaptação a essa realidade. A
América Latina é uma região que pode se apresentar ao mundo como grande
produtora de energia limpa. Temos sol, temos vento, temos tudo o que é preciso.
Mas ela mesma não se vê assim — me disse Ilan Goldfajn, no entusiasmo de uma
vitória histórica na eleição para a presidência do BID.
Curioso como as agendas são complementares,
entre o que pensa e quer o novo governo do Brasil com o que está pensando o
brasileiro que passará a presidir o BID. Ilan diz que o banco sempre financiou
a infraestrutura na região, mas agora o conceito se ampliou.
– Não apenas a infraestrutura física, mas
também a digital. Sem conectividade não há inclusão.
A postura de Ilan Goldfajn diante dos novos
temas que a economia precisa debater, não surpreende a presidente do Instituto
Clima e Sociedade, Ana Toni, que estava na mesa com o presidente Lula no Brazil
Hub na COP.
–Tem um grupo que a gente coordena de
ex-ministros e ex-presidentes do Banco Central para discutir exatamente a
mudança climática e ele é muito ativo, está sempre dentro da agenda do que está
acontecendo.
Ana Toni conta também que a agenda do
Brasil está lotada de desafios nos próximos anos.
– Em 2024, o Brasil vai presidir o G-20,
importante para a liderança do Brasil nesse novo momento de reintegração ao
mundo, entre 2024 e 2025 é uma data importante para a reforma das instituições
de Bretton Woods, e será importante ter o Ilan no BID, em 2025 a COP no Brasil
será a primeira em que todos os países terão que mostrar que cumpriram suas
NDCs ( metas nacionais de redução de emissão). Será muito ruim para o Brasil,
país sede, não ter cumprido a meta — diz Toni.
Ainda se faz o balanço da COP 27. Para o
coordenador do MapBiomas, Tasso Azevedo, há dois pontos marcantes nessa
reunião.
—O grande avanço dessa reunião foi os
países ricos terem aceitado criar um novo fundo de compensação por perdas e
danos, mas essa COP será lembrada pelo retorno do Brasil e pelo discurso
histórico de Lula.
Isso não é uma visão de brasileiros apenas.
Ana Toni relata que “a festa não era só nossa, era do mundo”. Foi bonita a
festa, pá. Em janeiro, começará o trabalho duro de corrigir o rumo do país. Não
será pequeno o desafio.
"O primeiro número de desmatamento do governo Lula será contaminado pelo pior do desgoverno de Bolsonaro."
ResponderExcluirVerdade. Acrescento q tudo gov. do LULA está viciosamente contaminado pelo gov. do genocida. Bozo destruiu o Brasil não apenas economicamente mas tb suas instituições. Reconstruir, por ex. PF, PRF, RFB e FA e outras exige muito trabalho tamanha a tragédia.
" de um país cujo governo eleito torceu o nariz para ele?"
ResponderExcluirQual gov. eleito, do genocida ou do LULA, torceu o nariz? Mantega torceu, é verdade, mas foi imediatamente desautorizado pelo gov. Lula - o q lhe rendeu, ao Mantega, o afastamento da transição.
"Em janeiro, começará o trabalho duro de corrigir o rumo do país. Não será pequeno o desafio."
ResponderExcluirSerá imenso. O genocida deixou terra arrasada.
''Terra arrasada'',é o que eu ia escrever,rs.
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