Folha de S. Paulo
Governo pode dar certo até por motivos
alheios à vontade do PT, segundo financistas
A finança está otimista com Lula 3. Essa
opinião ainda mal aparece na principal pesquisa de intenção de voto dos
mercados, que são o
preço dos ativos financeiros (juros, dólar, Bolsa etc.). Nem seria razoável
que aparecesse: a
eleição acabou faz uma semana. Mas a boa vontade, notável no ano eleitoral,
continua.
Essa opinião transparece na conversa com
meia dúzia de administradores de dinheiro grosso e economistas e executivos de
banco. Esse otimismo cauteloso é motivado por cinco restrições ou
possibilidades que podem orientar um governo Lula 3.
Para resumir, são eles: 1) "emparedamento"; 2) "fato consumado"; 3) virada externa; 4) potencial do PIB; 5) conjuntura.
O efeito "emparedamento" viria da
conjuntura política, do resultado da eleição em particular. Lula seria, em
princípio, minoritário no Congresso e teria uma coalizão mais precária, que não
vai se sujeitar a petismos mais extremos também na economia. Mais do que
acordos no Congresso, Lula teria de fazer alianças sociais e com quadros de
centro, de modo a firmar seu governo.
O efeito "fato consumado"
dificultaria a reversão de mudanças institucionais, "reformas", que
tornaram a economia menos disfuncional.
Além de difícil, seria desperdício de
capital político tentar desfazer a reforma trabalhista, ao menos no que diz
respeito à redução de custos do trabalho. Do mesmo modo, não vale a pena bulir
com a entrada do setor privado em saneamento, no setor elétrico, em óleo e gás,
ferrovias, aeroportos etc. A redução progressiva dos juros subsidiados na banca
pública, entre outros fatores, ajudou a ampliar o mercado de capitais. Seria
melhor deixar tudo isso quieto, aproveitar os ganhos e dedicar esforços a
alguma outra intervenção.
A "virada externa" deriva da
crença na capacidade de Lula melhorar a imagem do Brasil no exterior, com
efeitos muito objetivos também na economia. O governo da era de trevas
(2018-22), de isolamento, instabilidade e destruição ambiental, afastou
investidores, não apenas os diretamente comprometidos com a causa do clima.
Esse dinheiro deve voltar. Há gente animada com o programa de transição verde e
digital anunciado por Lula na campanha, o que pode multiplicar o efeito da
"virada externa".
O efeito "potencial" diz respeito
à revisão da perspectiva de crescimento (aumento do "PIB potencial").
Reformas feitas a partir de 2016 teriam aumentado a capacidade da economia de
crescer sem desequilíbrios tais como inflação e déficit externo excessivo.
O assunto está "sub judice", em
debate, e o PIB potencial ainda seria de no máximo 2%, medíocre. Mas há certa
animação a respeito.
Relacionado ao efeito
"potencial", há a conjuntura doméstica mais favorável do que se
imaginava em 2021. O PIB deste 2022 deve crescer 2,8%. PIB maior, commodities
caras e inflação engordaram a receita de impostos. Tudo isso conteve o tamanho
relativo da dívida pública. Juros altos, saldo comercial grande e investimento
externo contribuíram para valorizar o real neste ano e deram perspectiva mais
benigna para a inflação, situação rara no mundo.
Sim, a taxa de juros será horrível até fins
de 2023. Sem solução para o problema fiscal (gasto e dívida), pode até
aumentar, um prenúncio de desastre. Sem reformas adicionais, o potencial de
crescimento não aumenta.
Mas, apesar de uma década de ruína, as
condições de sair da lama melhoraram um tico; a conjuntura social e política
pode levar Lula a agir "corretamente", na visão da finança.
Esse cenário não é unânime, tem buracos, é
sujeito a trovoadas e tem um tanto de pensamento desejante. Mas, para variar,
por hoje vamos ficar no otimismo.
"O governo da era de trevas (2018-22), de isolamento, instabilidade e destruição ambiental, afastou investidores"! O colunista resume bem o DESgoverno do GENOCIDA!
ResponderExcluirLula e seu terceiro mandato.
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