O Estado de S. Paulo
Os impasses também se multiplicam, porque ninguém quer assumir um ministério esvaziado
Só o milagre da multiplicação para resolver
a disputa política por cargos entre os ministeriáveis da frente ampla que Lula
construiu para ganhar as eleições.
Soma-se a essa guerra por cargos a
negociação que o governo já teve e está tendo de fazer para conseguir aprovar a
PEC da Transição. Para cada impasse na acomodação das forças políticas na
formação do novo governo, a solução sugerida é dividir o ministério.
O superministério da Economia deve ser
dividido em quatro (Fazenda, Indústria, Planejamento e Gestão), o que pode
abrir espaço para mais um petista na equipe econômica. O próprio ministro
indicado para a Fazenda, Fernando Haddad, atuou para que ocorresse essa
divisão.
O ministério da Infraestrutura é alvo da cobiça e se fala até mesmo em divisão de transportes, aeroportos e portos. A possibilidade de divisão do Ministério da Educação em duas pastas também foi cogitada. Um ministério para a educação básica e outro para o ensino superior.
Ao União Brasil foram prometidos os
ministérios de Minas e Energia e de Desenvolvimento Regional. O senador Davi
Alcolumbre e o deputado Elmar Nascimento disputam as duas pastas. Com isso, o
Desenvolvimento pode ser fatiado em Integração e Cidades. A Codevasf, objeto de
desejo do Centrão, ficaria em Cidades, a pasta que o União quer.
O Ministério da Agricultura também corre o
risco de não passar ileso pelo processo da multiplicação e se fala em ser
fatiado em agricultura, pesca e desenvolvimento agrário.
O Ministério da Saúde está sendo cobiçado
pela tropa do presidente da Câmara, Arthur Lira, em troca da aprovação da PEC
sem grande desidratação – apenas a redução do prazo de validade da expansão de
gastos de dois para um ano e a retirada dos “penduricalhos” que aumentam as
exceções ao teto.
O PSD quer que os dois ministérios virem,
na prática, três com a contabilização da indicação do senador Alexandre
Silveira (PSD-MG) para a cota pessoal de Lula. Ele foi relator da PEC da
Transição no Senado. O mesmo vale para Simone Tebet no MDB, que disputa o
Ministério
do Desenvolvimento Social. Ela vai perdendo
força a cada dia nesse xadrez político.
Nessa multiplicação dos ministérios, o
impasse acontece porque ninguém quer assumir um ministério esvaziado.
A pressão por novas vagas será consequência
natural dessa inflação de ministérios. Imagina Haddad enfrentar a pressão por
gastos com uma Esplanada tão grande. Pior é o risco de os novos ministros
quererem inventar a roda criando políticas que já foram experimentadas sem
sucesso.
Simone Tebet merece um cargo de honra,mas pelo andar da carruagem...
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