Valor Econômico
Pistas sobre gestão estão no passado de
cotado para Fazenda
Exatamente vinte anos atrás, Fernando
Haddad vivia a expectativa de ser convidado para integrar a equipe de Lula. O
convite, contudo, demorou a chegar.
Foi só em 26/06/2003, transcorrida quase a
metade do primeiro ano do governo, que o Diário Oficial da União trouxe a
nomeação de Haddad para o cargo de assessor especial de Guido Mantega, então
ministro do Planejamento. Desde então, ninguém teve ascensão tão rápida na
hierarquia do PT e, principalmente, na confiança de Lula.
Ministro da Educação (2005-2012) e prefeito de São Paulo (2013-2016), nem mesmo três derrotas eleitorais significativas - na busca pela reeleição no governo paulistano em 2016, substituindo Lula na disputa presidencial em 2018 e recentemente, quando candidatou-se a governador de São Paulo - abalaram seu prestígio junto a Lula. Cotado para a Fazenda, tudo indica que o presidente confiará a Haddad a condução da economia brasileira a partir de primeiro de janeiro.
Como é natural em todo processo de
transição, há muita especulação a respeito da capacidade técnica e política de
Haddad para ocupar o gabinete localizado no 5º andar do prédio P da Esplanada
dos Ministérios. Suas ações e opiniões nesses últimos anos, entretanto,
deveriam servir de guia para conter a ansiedade.
Para aqueles que criticam sua visão
estatista, Haddad sempre argumenta que esteve à frente da lei que regulamentou
as Parcerias Público-Privadas (PPPs) e do Programa Universidade para Todos
(Prouni), iniciativas que privilegiam o setor privado na execução de políticas
públicas. Os críticos, contudo, rebatem argumentando que as PPPs nunca foram
prioridade nos governos petistas, enquanto os resultados positivos do Prouni
vieram à custa de uma renúncia fiscal bilionária para grandes grupos educacionais.
Ainda na Educação, Haddad reformulou o Fundeb, concedendo mais recursos da União para Estados e municípios aplicarem na educação. Caso seja nomeado ministro da Fazenda, deverá sentar-se no outro lado da mesa de negociações, defendendo o Tesouro Nacional das pressões dos entes subnacionais por mais transferências federais.
Por falar nisso, tendo comandado um dos
maiores orçamentos do país entre 2013 e 2016, o compromisso de Fernando Haddad
com a responsabilidade fiscal pode ser avaliado a partir dos balanços da
prefeitura de São Paulo.
Haddad administrou as contas públicas com
parcimônia, reduzindo o peso da dívida pública de 196,9% da receita corrente
líquida em 2012 para 182,3% em 2015. No último ano de sua gestão, beneficiou-se
da renegociação dos débitos do município com a União e, assim, conseguiu
reduzir o passivo de R$ 73,1 bilhões para R$ 27,7 bilhões.
Durante os quatro anos de seu governo, a
folha de pagamentos do pessoal ativo manteve-se em níveis confortáveis em
relação aos limites da Lei de Responsabilidade Fiscal - no máximo, fechou em
37,1% da receita em 2016, bem abaixo da meta prudencial de 54%.
O ponto negativo, porém, esteve nas
despesas com aposentadorias e pensões. Durante seu mandato, houve crescimento
real de 38,3% com os inativos. Embora a situação exigisse uma reforma da
previdência ambiciosa, Haddad evitou comprar briga com o funcionalismo e enviou
à Câmara uma proposta que alterava as regras apenas para os futuros servidores,
que se aposentariam dali a três décadas.
Sem ocupar cargos públicos desde que foi
derrotado na tentativa de reeleição em 2016, Haddad voltou a exercer seu ofício
de professor universitário. Entre 4/05/2019 e 8/01/2021, manteve uma coluna
semanal no jornal Folha de S.Paulo. Trata-se de boa fonte de informações sobre
o pensamento econômico do eventual futuro ministro da Economia.
No campo fiscal, Haddad destaca a
importância de não se negligenciar a trajetória da dívida pública. Porém, chama
a atenção para os papéis da receita e da despesa pública em três dimensões: seu
efeito multiplicador sobre o crescimento, o impacto sobre a distribuição de
renda e o potencial de transformar a estrutura produtiva do país (coluna de
19/06/2020).
Pelo lado tributário, porém, Haddad se
coloca a favor da revisão da tributação indireta sobre o consumo, com a adoção
de um Imposto sobre Valor Adicional dual (federal e estadual), assim como a
reforma da tributação sobre a renda e a riqueza (31/07/2020). O ex-prefeito
também defendeu a adoção de um ITR progressivo para propriedades rurais
desmatadas ou improdutivas (8/06/2019).
Apesar de crítico das desonerações fiscais
adotadas por Dilma Rousseff para estimular a economia (coluna de 12/10/2019),
Haddad louva a diretriz adotada por Lula de apoiar as empresas de capital
nacional, com o BNDES à frente (25/01/2020).
Tema recorrente nas entrevistas da campanha
eleitoral de 2018, a reforma bancária é citada por Haddad como uma das
ferramentas para estimular a concorrência, abaixar o spread e, assim, estimular
o crédito e o crescimento econômico (1/06/2019). Como a regulação bancária é
matéria de competência do Banco Central, agora independente, resta saber como o
futuro ministro pretende tirar essas ideias do papel. A autonomia do Bacen,
aliás, já foi por ele rotulada como uma medida para agradar o lobby da Febraban
(30/10/2020).
Apesar de ser rotulado como “o mais tucano
dos petistas”, não foram poucas as vezes que Haddad se revelou um membro fiel
do PT. É famosa a história em que cedeu à ordem de Dilma para não reajustar as
tarifas do transporte público em São Paulo para não pressionar a inflação em
2013.
As candidaturas à Presidência em 2018 e ao
governo paulista neste ano também são apontadas como um atestado de sua
disposição de colocar-se a serviço das decisões superiores do PT (e de Lula)
sempre que convocado.
Caso Lula escolha mesmo Haddad para a
Fazenda, estará privilegiando um aliado leal, criativo na busca de novas
medidas de políticas públicas e com um histórico de gestão fiscal prudente, mas
pouco ambicioso na aprovação de reformas.
Como diria o slogan do primeiro turno das
eleições de 2018, “Haddad é Lula e Lula é Haddad”.
*Bruno Carazza é mestre em economia e doutor em direito, é autor de “Dinheiro, Eleições e Poder: as engrenagens do sistema político brasileiro” (Companhia das Letras)”.
Só "esqueceu" de mencionar as visitas quinzenais como advogado fake ao grande líder na prisão, coroadas com uso da máscara do lula na campanha de 2018. Eita jornalismo de bajulação!
ResponderExcluirSe for indicado Ministro da Fazenda, será mais pela sua subserviência ao chefe do que por suas qualidades e virtudes enquanto político ou administrador público.
ResponderExcluirComparado com o JEGUES, gado, HADDAD DÁ DE DEZ!
ExcluirVamos comparar índices de emprego, IDH, saúde, miséria, econômicos, etc. do bozo, agorinha, agorinha, agorinha, com os índices do LULA daqui a 13 meses.
SERÁ UM MASSACRE LULISTA - O BOZO É UM DESASTRE TOOOOOTAL!
Aliás, todo índice dos LULA 1 e 2 É MAIS MIÓ DE BÃO DO Q US DU GENOCIDA ziquizirento.
Lula e Haddad,dobradinha do c...
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