Folha de S. Paulo
Quatro nomes de peso que sinalizariam que a
Frente Ampla estará no governo
Marina Silva, Simone Tebet, Izolda Cela e Nísia
Trindade são quatro nomes de peso que aumentariam a representatividade
feminina no ministério
Lula, trariam bagagem de competência e sinalizariam que a Frente Ampla que
o elegeu estará presente no novo governo.
Marina Silva é uma gigante da história política brasileira. Como ministra de Lula, comandou a maior redução de desmatamento da Amazônia da história. Sua indicação para o Ministério do Meio Ambiente teria efeito diplomático imediato, pois seu prestígio internacional é imenso. Sua reconciliação com o PT na campanha de 2022 foi festejada pelos melhores quadros da esquerda. Trabalhou ativamente por Lula na campanha, apesar dos ataques bisonhos que sofreu do PT em 2014.
Izolda Cela, atual governadora do Ceará, é
a principal responsável pelas mudanças da educação cearense que deram aos
estudantes do estado notas excelentes nos exames nacionais. Dilma
Rousseff tentou generalizar essa experiência para o Brasil todo
quando nomeou Cid Gomes ministro da Educação em 2016, mas Eduardo Cunha abortou
o experimento. É muito difícil pensar em um bom argumento contra a indicação de
Cela.
Simone Tebet foi a grande surpresa da
campanha de 2022. Engajou-se na
campanha do segundo turno com muito mais entusiasmo, por
exemplo, do que o candidato do PDT, historicamente muito mais próximo dos
petistas. Arriscou capital político, pois vem de um estado fortemente
bolsonarista. Se Tebet não receber um ministério de respeito, a sinalização
para potenciais aliados do PT no futuro será muito ruim. Além do mais, Tebet
pode atrair quadros técnicos que antes orbitavam no PSDB e a direita fez muito
mal em desprezar na era Bolsonaro.
Nísia Trindade é a presidente da Fundação
Oswaldo Cruz, um dos berços ideológicos do SUS e instituição importante no
combate à pandemia de Covid-19. Sua indicação —que é disputada com o PP
de Arthur Lira—
daria uma mensagem de clara ruptura com a política de assassinato em massa e
negação da ciência promovida por Jair Bolsonaro.
Petistas importantes ambicionam ganhar
esses ministérios no lugar de algumas das mulheres citadas acima. É uma disputa
política, não é o fim do mundo, mas aviso os petistas que eles estão correndo
dois riscos.
O primeiro é o de dificultar uma federação
com a centro-esquerda cuja liderança parece ser o futuro mais provável para o
PT após a minirreforma política de 2017. Se o PT não der espaço aos aliados de
centro no governo, eles se federarão sob outra liderança.
O segundo é que há alto risco de que tudo
que o PT ganhar sacrificando a representatividade feminina e a identidade da
Frente Ampla seja depois perdido para o Centrão anabolizado que Bolsonaro
deixou de herança para Lula.
Na última semana, afinal, a turma do Lira
lhes deu um baile. Conseguiu apoio do partido para um projeto que altera
o orçamento
secreto, mas ainda preserva muitas de suas características ruins. E
conseguiu jogar nas costas de Aloizio Mercadante a mudança da Lei das Estatais
que permite a nomeação de políticos. Concordo com o senador Tasso Jereissati:
Mercadante não precisava disso e quem precisa não é gente boa.
Vale a pena ao menos começar o governo com a Frente Ampla. Quanto mais o PT puder evitar ficar sozinho com a turma do Lira, eu acho melhor.
Perfeito
ResponderExcluirVai dar jogo, Celso.
ResponderExcluirTomara!
Medo de ficar sozinho com o Centrão? Sim, e muito... Excelente artigo!
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