Blog do Noblat / Metrópoles
Lula aceitou o desafio de ser presidente
por compromisso com o Brasil, não por necessidade biográfica, nem para servir
ao seu grupo político
O Brasil precisou de Lula e do PT para
vencer a tragédia. Sem eles, dificilmente teríamos nome capaz de vencer a
polarização política que o país atravessa, nem chegarmos em 2023 com um
presidente preparado para nos reunificar e conduzir com coesão e rumo.
Felizmente, em 2022, o Brasil teve Lula em condições e disponibilidade para
dedicar quatro anos de sua vida, aos 76 anos de idade, para voltar à difícil
tarefa de presidir o país. Lula aceitou o desafio de ser presidente por
compromisso com o Brasil, não por necessidade biográfica, nem para servir ao
seu grupo político.
A metade democrática do Brasil entendeu isto e votou nele, incluindo um significativo número de eleitores que não tinham o PT nem ele como primeira opção. Mas sabiam que sem ele teríamos pouca chance de vencer a tragédia e enfrentarmos os quatro anos seguintes para recuperarmos o país. Por pouco o presidente atual não foi reeleito. Até hoje, as pesquisas indicam que 32% dos brasileiros preferem um golpe militar a deixar Lula tomar posse. Ignorar esta realidade é tão negacionista e grave, quanto dizer que o covid era uma gripezinha.
Votamos porque ele era o melhor para cuidar
dos problemas sociais, retomar o crescimento da economia, proteger a natureza,
manter a estabilidade monetária, recuperar a presença do Brasil no mundo. Foi
para isto que ele foi eleito, olhando o futuro. Por isto, ele não tem
necessidade de manifestar gratidão com aqueles que o apoiaram, por convicção.
Mas tem necessidade de rodear-se dos melhores quadros e demonstrar que seu
governo representa e está comprometido com todas as forças políticas do Brasil,
não apenas com partidos e pessoas que o rodeiam.
Quando escolheu Alckmin para vice, Lula
demonstrou que percebia a necessidade de ampliar sua base de apoio para se
eleger, quando o nomeou para coordenador da transição, demonstrou a intenção de
ampliar para governar em sintonia com as aspirações do país, não apenas com os
desejos e convicções dos mais próximos. Por isto, surge temor quando se noticia
vetos partidários à nomeação de pessoas capazes de mostrar sintonia do
ministério com o oioopppppoosapconjunto do país, e, ao mesmo tempo, desempenhar
com competência e ética as tarefas que lhes forem atribuídas.
Os dirigentes do PT demonstraram lucidez e
patriotismo durante a campanha ao atrair e conviver com outras forças políticas
para ganharem as eleições, precisam agora demonstrar a mesma abertura ao compor
um governo em sintonia com a nação e competente para conduzir o governo.
Foi muito difícil superar eleitoralmente a
tragédia, muito mais difícil será enterrar e conduzir o país na direção certa.
Nenhum partido isolado, nem mesmo o PT com toda sua força, poderá dar a
necessária sustentação ao governo Lula, se não contar com o simbolismo, a força
e a competência que só virá com a participação de dezenas de lideranças que o
apoiaram. Não porque desejavam cargos, mas porque o viram como o melhor e sabem
que ele precisa atrai-los, não por gratidão ao passado, mas por compromisso com
o futuro.
Não é por gratidão que líderes e técnicos,
homens e mulheres, que o apoiaram, devem estar ao seu redor em seu governo, é
porque eles e elas simbolizam a sintonia política com o país e a competência
técnica e gerencial para os difíceis, muito difíceis, anos adiante, que nenhum
partido ou grupo sozinhoolll conseguirá vencer. Não teria conseguido na lá eleição
de 2022, ainda os de Lula é com o país de hoje e nossas gerações do futuro, mas
esta gratidão exige reunir aos que acreditaram e se arriscaram pelo que ele
simbolizava e oferecia. Líderes como Isolda Cela, Eliziane Gama, Simone Tebet,
Marina Silva, precisam estar nos principais cargos do governo 2023-2026,
simbolizando a unidade de pouco mais de 50% dos eleitores, e servindo como
pilares na gestão do Brasil. Não por gratidão pelo apoio delas no passado, mas
por responsabilidade com o que representam para o futuro.
*Cristovam Buarque foi governador, ministro e
senador
O professor Cristovam certamente conhece Lula muito melhor que qualquer um de nós. Em geral confio nas suas avaliações. Mas, sobre a motivação de Lula para este terceiro mandato, tenho dúvidas e não acredito muito na opinião do excelente colunista.
ResponderExcluirEsse anônimo é muito educado, com pessoas assim é bom trocar opiniões no blog que algumas vezes se torna extremamente agressivo para participar
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