O Globo
Na economia não pode haver erro porque essa
área é a que define o destino de qualquer governo. Esse é o desafio de Haddad
O ministro da Fazenda, Fernando Haddad, não
poderá errar na escalação da sua equipe nem nas políticas que adotará, porque a
economia tem riscos e chances pela frente e nela é que o rumo do governo Lula
se definirá. A economia, sempre ela, decide o destino de qualquer
administração. Na política externa, o presidente Lula poderia ter ousado com
segurança, mas preferiu nada renovar, mas espera-se no Itamaraty que Mauro Vieira faça
mudanças importantes. Na Defesa, Lula preferiu não comprar a briga que um dia o
Brasil terá que travar.
O ministro da Justiça, Flávio Dino, proporá a Lula a revogação total das normas que liberaram a posse e o porte de armas, mas fará uma política gradual de desarmamento. Os clubes de tiro com ilegalidade serão fechados, e o tempo de revisão da licença de armas será reduzido. Dino venceu a disputa interna em torno da criação de um ministério da segurança. E a política de segurança vai mudar, com participação muito maior do governo federal.
Rui Costa, o ministro da Casa Civil, é
adversário assumido do orçamento secreto, ao qual o presidente da Câmara tenta
dar sobrevida. Costa é economista e durante seu governo melhorou as contas da
Bahia. O estado tinha nota C do Tesouro na Capacidade de Pagamento, hoje é B,
mas a nova nota que sairá no começo do ano que vem será A. Pode influenciar na
defesa de uma política econômica pragmática.
O governo conta com a aprovação da PEC na
Câmara como ela saiu do Senado. Na quinta-feira, às 23h, o vice-presidente
Geraldo Alckmin enviou para o relator do Orçamento todo o detalhamento daqueles
R$ 75 bilhões que serão abertos no Orçamento se a PEC for aprovada como foi.
Isso significa que o governo eleito pensa que não terá sustos na Câmara.
A aprovação da
PEC garantirá o necessário reforço nas despesas sociais. Com essa
folga garantida, Haddad então terá dois desafios principais. Não errar na
elevação de gastos e enfrentar a difícil agenda de corte de despesas. E há onde
cortar. Um exemplo: a proposta orçamentária que o governo Bolsonaro enviou
prevê a manutenção do PIS e Cofins em zero sobre combustíveis fósseis ao custo
de R$ 52 bilhões. Não faz sentido manter esse subsídio. A reoneração da
gasolina pode ser feita aos poucos. A gasolina está 11% acima do seu preço, e o
diesel, 5%. Em vez de diminuir os preços, pode começar a subir os impostos. Há
outras renúncias fiscais a cancelar, como o quase R$ 1 bilhão que favorece o
carvão. Um grave erro seria mudar a política de preços da Petrobras porque
elevaria o subsídio indireto ao combustível fóssil, equívoco que o PT já
cometeu no passado.
Se o novo governo apresentar um projeto
fiscal que pareça sólido e crível, o dólar cairá. Isso ajuda também a volta do
imposto dos combustíveis sem elevar a inflação. O dólar está caindo no mercado
internacional. Boa hora para acertar na área fiscal. Outro erro a não cometer é
fazer a contrarreforma da Previdência. A despesa previdenciária é gasto
obrigatório, tem aumento vegetativo e será impactada pela elevação real do
salário mínimo. Rever o valor de pensões e aposentadorias por invalidez, que
foi defendido na transição, será um tiro no pé.
Na política externa, Lula tinha chances de
indicar a primeira mulher, e negra, para a chefia do Itamaraty. É patético que
só homens brancos tenham sido chanceleres no Brasil. Mas a embaixadora Maria
Laura Rocha deve ocupar a secretaria-geral. Uma fonte da diplomacia afirma que
será criada uma secretaria ambiental e de mudança climática dentro do Itamaraty
que abrigaria os especialistas no assunto, como o embaixador Everton Vieira e o
embaixador André Correia do Lago. A torcida é para que Mauro Vieira faça uma
administração melhor do que da primeira vez que assumiu o Itamaraty, quando
deixou as embaixadas sem dinheiro para pagar contas de água e luz. Essa demora
nos repasses às embaixadas foi resolvida por José Serra quando assumiu o
Ministério.
Ao escolher José Múcio como ministro da
Defesa, Lula atendeu aos militares. Com isso, passou o sinal de que não vai
encarar a questão militar. A liderança das Forças Armadas feriu várias vezes os
limites constitucionais durante o governo Bolsonaro. Lula preferiu não abrir
outra frente de batalha. Entende-se. Mas esse problema não vai sumir. Ou o
poder civil se impõe ou eles vão continuar querendo tutelar a Nação.
Na Defesa melhor um militar dotado de hombridade que um civil pusilânime.
ResponderExcluirVerdade.
ResponderExcluirMíriam Leitão vive a eterna dicotomia entre dar uma notícia (poucas vezes) e passar uma notícia determinada (várias e muitas vezes).
ResponderExcluirLê-la é como ouví-la: gaguejante e tatibitate.