O Globo
Variável imprevisível na tentativa de
compor aprovação da PEC e 'saneamento' do Orçamento secreto é Rosa Weber
O acordo para a aprovação de uma versão
intermediária, em prazo e valores, da PEC da Transição e as tentativas de
última hora para costurar um acordo para tornar o orçamento secreto mais
limpinho e palatável são movimentos que vão na mesma direção: fazer uma
acomodação entre os Poderes para fechar a conta dos gastos e das emendas e
garantir alguma dose de tranquilidade ao futuro governo na largada.
A equipe de Lula e o Congresso vão dando ao
Supremo Tribunal Federal (STF) o recado de que não querem mais atrito, mais
tanta confusão como foi a tônica dos quatro anos de Jair Bolsonaro. O subtexto,
que vale para o STF e também para o futuro chefe do Executivo, vem da Câmara e
do Senado: não nos tirem todo o oxigênio das emendas do relator, senão vai ter
briga.
Lula já deu várias demonstrações de que entende e está disposto a jogar conforme essas regras não escritas. Ele já foi presidente por dois mandatos, e uma das grandes crises que enfrentou, a do mensalão, foi um escândalo originado na tentativa de estabelecer um mecanismo tosco de cooptação de maioria parlamentar.
Passados 17 anos, existe um mecanismo
pronto, engenhoso, rodando a todo vapor, criado por Jair Bolsonaro, que ele
pode usufruir sem sujar os punhos da camisa. Se vier “saneado” pelo STF, então,
melhor ainda.
Outro trauma que parece ter ensinado ao
petista foram as disputas pela presidência da Câmara e do Senado. As duas vezes
em que o Planalto decidiu meter a mão nessa cumbuca resultaram em desastres. A
primeira num registro quase cômico: Severino Cavalcanti em 2005. Com Eduardo
Cunha em 2015, a coisa foi mais séria e resultou no impeachment de Dilma
Rousseff. Arthur Lira está muito mais para o cerebral Cunha que para o
folclórico Severino.
A variável de imprevisibilidade dessa
acomodação das abóboras no caminhão se chama Rosa Weber. A presidente do STF
não quis delegar a relatoria das ações que apontam a inconstitucionalidade do
orçamento secreto quando assumiu o comando da Corte, muito provavelmente por
pressentir que viria dos vizinhos da Praça dos Três Poderes alguma dose de
pressão para que se deixasse tudo como está. Também deixou deliberadamente para
pautar o julgamento depois das eleições, para evitar a contaminação da decisão
pela polarização da escolha do presidente. Duas atitudes cerebrais, frias.
Agora não há mais como postergar a decisão.
Porque desse mecanismo depende, em grande medida, a construção da
governabilidade dos próximos quatro anos, um xadrez que já tem complicadores de
sobra, a começar pela ciumeira nos partidos que integraram a aliança de Lula
desde sempre ou no final, passando pela numerosa e ruidosa bancada de direita
ou extrema direita que saiu das urnas e desaguando nas ruas inflamadas pelo
golpismo bolsonarista.
Muitos ministros do STF argumentam,
reservadamente, que está na hora de o Judiciário sair dessa cena, atuar no
julgamento dos atos antidemocráticos, ajudar a dar transparência às emendas,
mas não querer definir como será a alocação de recursos no Orçamento, tarefa
que caberia a Executivo e Legislativo. Mas Rosa não se alinha com esses
cálculos políticos. Também não é uma ministra acessível a lobbies. Sua equipe
de gabinete recebeu emissários do governo eleito e tem pontes com Lira e
Rodrigo Pacheco, mas ela não.
Seu voto é longo, caudaloso, mas o conteúdo
não foi franqueado previamente aos colegas. Que ela considerará
inconstitucionais vários aspectos das emendas do relator (RP9) é considerado
pule de dez. Mas ninguém arrisca dizer que votará pela extinção total delas. O
julgamento tende a demorar. Não é o primeiro item da pauta de hoje, e amanhã é
feriado, Dia da Justiça.
Em tese, há tempo para o Congresso
construir uma versão mais republicana das emendas do relator e esperar que isso
sensibilize o Supremo. Mas a chance de Rosa ser convencida por essa tentativa
de acomodação é remota, para não dizer nula.
Para se ter o grau completo da patifaria,O Banco do Brasil,sem nenhum constrangimento e explicação bloqueou parte de salários de novembro dos funcionários públicos ESTADUAIS, leiam bem Estaduais. Mais uma demonstração do “cabresto” que os governos dos estados estão sendo sujeitados. Falta Homem nessa baderna que se transformou o país.
ResponderExcluirVera Magalhães entende das coisas.
ResponderExcluirA taxa de juros deve sofrer outro reajuste esta semana mas o rendimento da poupança só reajusta quando os bancos quebram e que preocupação é essa com a fazenda nacional que PIB alto ou baixo, arrecada 1trilhão e meio por bimestre?
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