*Luiz Werneck Vianna, Sociólogo, PUC-RJ. “Como
enfrentar o tornado que se avizinha.” Blog Democracia Política e novo
Reformismo, 7/5/22.
Política e cultura, segundo uma opção democrática, constitucionalista, reformista, plural.
quarta-feira, 11 de maio de 2022
Opinião do dia - Luiz Werneck Vianna*: ‘a pedra no meio do caminho’
Vera Magalhães: Hora do salve-se quem puder
O Globo
Numa eleição em que, cinco meses antes do
pleito, dois candidatos já concentram cerca de 70% das intenções de voto, é
tarefa cada vez mais hercúlea aos demais postulantes se manter no páreo, ainda
mais num cenário de escassez de dinheiro para bancar campanhas.
São muitas as causas para que essa
consolidação de Lula e Jair Bolsonaro nas primeiras colocações na preferência
do eleitor tenha ocorrido, da inexplicável inapetência dos demais partidos pela
Presidência da República a uma espécie de profecia autorrealizável que levou o
eleitorado a antecipar para o primeiro turno, pela segunda eleição consecutiva,
uma escolha que ele só precisaria fazer no segundo.
Diante desse cenário que permanece imutável
nas pesquisas semana a semana — na verdade se acentua, dado o crescimento
lento, mas ainda assim assustador, de Bolsonaro —, a situação dos demais
postulantes vai se assemelhando a um salve-se quem puder. Como num reality show político, os
pré-candidatos foram sendo “eliminados” por não reunirem condições mínimas de
brigar no primeiro pelotão.
Restam, agora, Ciro Gomes (PDT), João Doria
(PSDB) e Simone Tebet (MDB), lutando para levar seus projetos até o fim, e
André Janones (Avante) e Luciano Bivar (União Brasil), que devem figurar na
cédula, mas cujos partidos nunca chegaram a ter aspiração real de disputar com
chance.
PSDB e MDB parecem não saber o que fazer com a data que eles mesmos fixaram para o “resta um” entre seus pré-candidatos. Eduardo Leite caiu fora, Sergio Moro foi limado, Bivar se retirou da brincadeira, agora ficaram Tebet e Doria à espera de algum critério que defina quem será cabeça de chapa e quem será vice (se é que um deles topará esse prêmio de consolação).
Luiz Carlos Azedo: Cabeças seguem desorientadas na terceira via
Correio Braziliense
Há diferenças e semelhanças
nas narrativas da oposição em relação a 2018. No caso do ex-presidente Lula, a
principal diferença é a clareza quanto ao adversário principal: Bolsonaro
Cabezas Cortadas é uma produção
hispânico-brasileira de 1970, dirigida por Glauber Rocha. Filmado na Espanha,
trata a ditadura de Franco e o regime militar brasileiro de forma alegórica. A
estrela do filme é o espanhol Francisco Raba, que interpreta o déspota louco
Diaz II. Todas as suas aparições na tela, da cena inicial, no castelo, aos
longos momentos de delírio, são antológicas, mas o filme acaba se descolando da
realidade, mesmo se comparado às duas ditaduras da época.
A analogia serviu para descrever a forma
como o presidente Jair Bolsonaro fora tratado por Fernando Haddad, o candidato
do PT, no segundo turno das eleições de 2018. O filme de Glauber descrevia um
déspota sozinho num castelo e acreditava falar ao telefone com pessoas
importantes para seu governo ou vida pessoal. No imaginário, resolvia problemas
civis, dava ordens, conversava sobre questões particulares.
Cenas de opressão aos índios, aos
trabalhadores, aos negros e aos estudantes retratam o que teria sido a volta ao
poder de Diaz II, em Eldorado. O país imaginário representava, no filme, o que
seria a continuação da história contada em Terra em Transe, cujo contexto é a
crise do governo Jango e o golpe militar de 1964. A colonização, a escravidão e
outros elementos recorrentes nos países da América Latina foram trazidos de
volta, como se a história estivesse voltando para trás.
Haddad havia passado todo o primeiro turno ignorando Bolsonaro, seu inimigo principal era o candidato do PSDB, Geraldo Alckmin. Além disso, fizera tudo o que podia para confundir sua imagem com a do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, que estava preso em Curitiba. Quem erra na escolha do adversário, geralmente perde a eleição. Foi o que aconteceu com o petista.
Paulo Delgado*: Um mesmo momento longo
O Estado de S. Paulo
A conta da política e de partidos
disfuncionais chegou para os brasileiros com o nome de polarização e
hiperatividade de interesses.
Entender a psicologia do brasileiro e sua
parte de responsabilidade naquilo que vive, a que se submete e de que reclama
ajuda a analisar a eleição. Nosso problema não é somente culpa de presidentes
com problemas com as Justiças Criminal e Eleitoral, cassados, encarcerados ou
processados no exercício do mandato. É, também, do eleitor capturado pelo
cansaço de tudo.
O mero sustento da vida que o leva a
decidir em quem votar não deveria colocar em segundo plano a preocupação com a
melhor chance de vida estável a que tem direito. Submetido à informação
truncada e à passividade, ele não percebe que perde todas as forças de análise
e defesa. Como animal civilizado que acha que é, sofre contusões, cai em
armadilhas e se oferece ao predador de forma tão ingênua e cativa de fazer
vergonha a animal solto em seu ecossistema natural.
Um país com tantas florestas e recursos
naturais, é nas cidades que a luta pela domesticação se faz de maneira mais
selvagem. Eleição entre nós é um circo, bichos trapezistas que atraem o
público. E é o público que os paga, a troco de ilusões. Deveria ser possível
escolher alguém maior do que aquele com o qual temos interesses pessoais
envolvidos em nossa decisão. A angústia da esperança paralisa o bom senso em
eleição.
A conta da política e de partidos disfuncionais chegou para os brasileiros com o nome de polarização e hiperatividade de interesses – uma eleição pernilongo, que, como a inflação, pousa, pica e deixa ali coçando, podendo virar infecção. A forma psicológica que a preguiça encontrou de impedir a pessoa de usar a inteligência da negatividade a seu favor é carregar na emoção e obscurecer o discernimento.
Fábio Alves: Surto de otimismo
O Estado de S. Paulo
Os fundamentos de médio e longo prazos da
economia brasileira ainda não são robustos
Surpresas positivas dos recentes
indicadores de atividade levaram grande parte dos economistas brasileiros a
surfar uma nova onda de otimismo, revisando significativamente para cima suas
projeções de desempenho do PIB em 2022, inclusive com estimativas melhores para
a taxa de desemprego.
Mas, com a inflação rodando em mais de 10%
e a taxa Selic devendo superar 13%, até quando os indicadores de atividade vão
seguir surpreendendo para cima?
Em outras palavras, esse otimismo recente tem vida longa? Poderá resistir ao aumento da inadimplência das famílias brasileiras quando o efeito integral do aperto monetário em curso pelo Banco Central for sentido na economia real?
Vinicius Torres Freire: Quanto custaria o golpe de Bolsonaro
Folha de S. Paulo
Figuras do mercado financeiro comentam
efeito econômico de um ataque à eleição
Quanto custaria um golpe
de Jair Bolsonaro, na conta de calculistas do mercado financeiro, aqueles
que estimam preços
de dólar, ações, títulos do governo (juros), inflação ou
administram dinheirão?
A pergunta causa riso nervoso ou reações do
tipo "cara, não tenho como falar disso". Mas, com promessa de
anonimato, sai alguma coisa.
Para facilitar a conversa, este jornalista
chamou de golpe a mera tentativa de desrespeitar o resultado
das urnas.
Um economista de um grande banco diz que
"uma consultoria política que ouvimos" alerta para "algum"
risco de violência na eleição, também institucional, mas a hipótese "não
está nos nossos cenários" (isto é, hipótese que sirva para calibrar projeções econômicas).
No entanto, diz esse economista, essa "percepção de que 2023 é muito nebuloso, talvez até um pouco por isso que você está dizendo [golpe], já afeta preços de alguma maneira, mas não vi ninguém que tenha isolado isso, colocado como risco explícito". Mas "é uma preocupação que ouvimos no exterior, até porque rupturas, incerteza institucional, ou quebras em governança são levadas a sério, até por meio de cláusulas formais, de contratos".
Bruno Boghossian: Bolsonaro organiza o golpe desde o primeiro ano de mandato
Folha de S. Paulo
Esforço para melar eleições é ação
coordenada e principal programa do governo
Se há um único programa de Jair Bolsonaro
que contou com planejamento de longo prazo e dedicação de diferentes áreas do
governo, esse projeto é o ataque às urnas eletrônicas. O presidente mobilizou
auxiliares desde o primeiro ano de mandato para fabricar suspeitas sobre a
votação e reforçar seu arsenal golpista.
Bolsonaro parece desconfiar há tempos da
própria capacidade de ficar no poder pela via democrática. Ainda no final de
2019, o ministro Luiz Eduardo Ramos telefonou para um técnico em eletrônica e
pediu dados sobre possíveis fraudes nas urnas, como
mostrou a Folha.
O assunto era considerado tão sério que o general marcou um encontro do
informante com o presidente.
Na época, Bolsonaro já mostrava vontade de melar a eleição. Em novembro daquele ano, ele pegou carona numa suspeita de fraude na Bolívia e lançou nas redes sociais a ideia de implementar o voto impresso no Brasil. Nos corredores do Planalto, seus aliados usavam a máquina do governo para fortalecer o plano.
Fernanda Perrin: Tempo histórico do Brasil é o da tragédia contínua
Folha de S. Paulo
Há 50 anos, revista discutia se vivia sob regime militar; hoje debatemos se democracia está em risco
"Esta infeliz atitude de vestal, tutor
e messias, do militar, recrudesceu
recentemente gerando os acontecimentos a que todos estamos assistindo.
(...) Oxalá os bons militares meditem sobre isso, reconsiderem e retornem, com
humildade e patriotismo, para a singela posição que a Constituição lhes aponta."
Eu poderia ter
pescado o parágrafo acima de uma coluna recente qualquer, mas foi em
uma velha revista Realidade onde o encontrei.
O texto, assinado pelo contra-almirante
Norton D. Boiteux, divide a página com um segundo artigo, de autoria do então
deputado Anísio Rocha. Os dois respondem a uma pergunta enviada por um leitor:
"É verdade que, no Brasil, todo o poder está na mão dos militares?"
Para bom brasileiro, não causa espanto que a resposta do militar seja sim, e a do deputado, não. O que de fato surpreende é a data da publicação: junho de 1966. O golpe militar já havia sido consumado há dois anos.
Fernando Exman: Alguns riscos eleitorais já aparecem no radar
Valor Econômico
É urgente o debate sobre as soluções para
os problemas do país
Tem origem no latim a palavra que não sai
da cabeça de empresários e investidores neste período pré-eleitoral: risco.
Alguns verbetes remetem-na a “risicare”,
cujo significado é “ousar”. Em outros, lê-se “aquele que corta, o que corta
separando”, vindo do vocábulo “resecum”. É uma referência ao período das
navegações, quando as embarcações precisavam passar perto de rochas pontiagudas
colocando em perigo as vidas e riquezas que transportavam.
Especialistas apontam que o Renascimento
foi um marco para o desenvolvimento dos estudos desta área. Foi a época em que
mais pessoas começaram a se sentir à vontade para desafiar as crenças do
passado e arriscar o presente, de olho no futuro.
Colheu-se, entre outros resultados, o
período das grandes descobertas. Recursos até então inexplorados fizeram girar
a economia, a qual passou por um intenso processo de mudança. Diante de
turbulências religiosas, muitos se voltaram para a ciência.
Unindo a noção de risco com o conceito de probabilidade, desenvolveu-se a estatística. Era evidente a necessidade de redução das incertezas que envolviam a evolução do sistema financeiro e a expansão das trocas comerciais.
Bernardo Mello Franco: Bolsonaro finge não ter responsabilidade pelo preço da gasolina
O Globo
Na última quinta-feira, a Petrobras
informou que registrou lucro líquido de R$ 44,561 bilhões no primeiro
trimestre. A companhia festejou um resultado 3.718,4% maior que no mesmo
período do ano passado. À noite, Jair Bolsonaro reagiu aos gritos: “Isso é um
crime! É inadmissível!”.
Em tom inflamado, o capitão acusou a
estatal de saciar sua “gula enorme” às custas do povo. “Petrobras, não aumente
mais o preço dos combustíveis! O lucro de vocês é um estupro!”, esbravejou.
Faltou dizer quem seria o estuprador.
Os aumentos da gasolina e do diesel têm
impacto direto sobre a inflação. Afetam o bolso do eleitor e a popularidade do
presidente-candidato. Por isso, seus principais concorrentes têm levado o tema
para o palanque.
No sábado, Lula acusou o governo de
“desmantelar” e “sucatear” a Petrobras. Sem citar os escândalos dos governos petistas,
criticou a “entrega” da BR Distribuidora e a privatização de gasodutos e
refinarias. “O resultado desse desmonte é que somos autossuficientes em
petróleo, mas pagamos por uma das gasolinas mais caras do mundo, cotada em
dólar, enquanto os brasileiros recebem os seus salários em real”, disse.
Menos diplomático, Ciro Gomes chamou Bolsonaro de “frouxo”, “canalha” e “vendido”. “O principal estuprador nessa história é ele, porque estupra o povo com preços altos e estupra a verdade dizendo que não tem culpa nesse crime hediondo”, disparou.
Alvaro Gribel: O PT entre o passado e o pragmatismo
O Globo
No lançamento de sua candidatura, Lula
avançou na política, acenando ao eleitorado de centro, mas, na economia, falou
apenas ao apoiador tradicional do PT. A conversa com economistas que têm
ajudado a elaborar as propostas do partido, no entanto, dá outras pistas sobre
o que pode ser um eventual governo petista.
Em caso de vitória, a promessa é manter o
arcabouço fiscal, com a permanência do presidente do Banco Central e uma visão
mais pragmática das privatizações. O grande problema é que o programa de governo
não está escrito e esses interlocutores ainda hesitam quando questionados sobre
os detalhes das propostas.
A manutenção do presidente do Banco Central, Roberto Campos Neto, é vista pela cúpula do PT como uma sinalização ao mercado de que não só a política monetária, mas também a política fiscal, não sofrerão guinadas bruscas. Não faz sentido, diz um desses economistas, relaxar nos gastos, de um lado, se, do outro, haverá Campos Neto subindo juros.
Roberto DaMatta: Eleição tira a máscara do fingimento
O Globo
Permitam ao cronista que não gosta muito
deste “vale de lágrimas” que escreva sobre o lugar onde entramos sem saber ou
ser chamados, fugindo dos fatos alarmantes que nos levam ao pior e à dor.
Exceto o prazer físico, conjugado e afim ao
“vale de lágrimas”, nem sempre existe o gozo corporal com um difícil
“bem-querer”, que pode ser o amor mutuamente inevitável e certamente ambíguo,
conforme cantam poetas, subfilósofos e malandros sedutores em todos os tempos.
Meu favorito é o velho Luís de Camões,
caolho na visão, mas aberto no coração: Amor é
fogo que arde sem se ver/É ferida que dói, e não se sente/É um contentamento
descontente/É dor que desatina sem doer.
Relembro aqui sua abertura e seu final:
Mas como causar pode seu favor/Nos corações
humanos amizade/Se tão contrário a si é o mesmo amor?
No final, brotam o humano — a ironia do “entretanto” e do “porém” — e as dívidas inerentes à liberdade que, como o amor, são fáceis de teorizar e tão difíceis de guiar a nossa insaciável índole humana, marcada justamente por projetos, desejos, escolhas e dúvidas. Aquilo que quase sempre é tão contrário a si mesmo, como torna claro a versão camoniana do amor...
Aylê-Salassié Filgueiras Quintão*: O que nos espera, um desmame ou um derrame?
Passadas as eleições e iniciada mais uma legislatura no Congresso, a Câmara dos Deputados promoverá, oficialmente, uma discussão sobre a adoção no Brasil de um sistema de governo semipresidencialista. O presidente da Câmara, Arthur Lira, criou um grupo de trabalho para discutir o assunto, e apresentar uma proposta de mudança constitucional nesse sentido. Pela suposta e futura nova forma de governo, o poderosíssimo cargo de Presidente da República, que reúne em um só ente a chefia do Estado com a chefia do Governo, perderia parte de sua força governativa para o Congresso Nacional.
O presidencialismo adotado no Brasil é um sistema altamente empoderador e, ao mesmo tempo, subserviente. Expressa-se na estrutura do Estado, como o Executivo, tendo como contraparte, o Legislativo e o Judiciário. São os tais "Três Poderes". É representado pelo Presidente da República e todo seu aparato ministerial, seis milhões de funcionários públicos, as forças armadas, as empresa públicas, as autarquias o patrimônio nacional e todas as obras públicas federais em andamento no País.
O que a mídia pensa: Editoriais / Opiniões
Editoriais
Bolsonaro tem de ser obrigado a respeitar
as leis
Valor Econômico
Resta ao Congresso, TSE e STF encontrarem
formas legais de obrigar o presidente a respeitar a “harmonia entre Poderes”
Em 15 de dezembro de 2021, a Polícia
Federal, em inquérito no qual o presidente Jair Bolsonaro é investigado por
divulgar fake news sobre as urnas eletrônicas, a delegada Denisse Ribeiro disse
que ele teve “atuação direta e relevante” com sua live, feita para provar a
existência de fraudes - e que, obviamente, não provou nada. A live, segundo a
PF, foi realizada “com o nítido propósito de desinformar e levar parcelas da
população a erro quanto à lisura do sistema de votação”. Bolsonaro mudou de
tática depois e passou a usar o comando das Forças Armadas para os mesmos fins.
Há mais no inquérito da PF. Andaram à caça
de indícios, que levaram à live mentirosa, o general Luiz Eduardo Ramos (na
época na Secretaria Geral de Governo) e o general Augusto Heleno, do Gabinete
de Segurança Institucional (Folha de S. Paulo, ontem). Esse esforço deu em
nada.
O Tribunal Superior Eleitoral convidou
então as Forças Armadas para fazerem parte, junto com órgãos oficiais e da
sociedade civil, do Comitê de Transparência das Eleições, criado para
aperfeiçoar o processo eleitoral.
O comportamento dos militares na comissão
mostrou que buscaram de todas as formas encontrar vulnerabilidades nas urnas
eletrônicas. Revelou também que o comando militar, sob o ministro da Defesa,
Paulo Sérgio Nogueira, alinhou-se ao presidente na tarefa e que Bolsonaro não
desperdiçou a chance valiosa para tentar desmoralizar o sistema eleitoral
eletrônico.
O indicado para a comissão foi o general Heber Portella, escolhido pelo então ministro da Defesa, Braga Netto, hoje o mais forte candidato à vice na chapa de Bolsonaro. Ao longo dos trabalhos, o presidente, em mais um de seus devaneios reveladores, disse que as Forças Armadas tinham encontrado irregularidades. Era mais uma mentira de Bolsonaro, que fez questão de dizer que a escolha de Heber teve seu aval. “Esqueceram que sou eu o comandante em chefe das Forças Armadas”, afirmou, deixando claro que havia uma missão a cumprir.
Poesia | Antonio Machado: Tenho andado muitos caminhos
Tenho andado muitos caminhos
tenho aberto muitas veredas;
tenho navegado em cem mares
e atracado em cem ribeiras
Em todas partes tenho visto
caravanas de tristeza
orgulhosos e melancólicos
borrachos de sombra negra.
E pedantes ao pano
que olham, calam e pensam
que sabem, porque não bebem
o vinho das tabernas
Má gente que caminha
e vai empestando a terra...
E em todas partes tenho visto
pessoas que dançam ou jogam,
quando podem, e lavoram
seus quatro palmos de terra.
Nunca, se chegam a um lugar
perguntam a onde chegam.
Quando caminham, cavalgam
lombos de mula velha.
E não conhecem a pressa
nem mesmo nos dias de festa.
Onde há vinho, bebem vinho,
onde não há vinho, água fresca.
Tenho andado muitos caminhos
tenho aberto muitas veredas;
tenho navegado em cem mares
e atracado em cem ribeiras
Em todas partes tenho visto
caravanas de tristeza
orgulhosos e melancólicos
borrachos de sombra negra.
E pedantes ao pano
que olham, calam e pensam
que sabem, porque não bebem
o vinho das tabernas
Má gente que caminha
e vai empestando a terra...
E em todas partes tenho visto
pessoas que dançam ou jogam,
quando podem, e lavoram
seus quatro palmos de terra.
Nunca, se chegam a um lugar
perguntam a onde chegam.
Quando caminham, cavalgam
lombos de mula velha.
E não conhecem a pressa
nem mesmo nos dias de festa.
Onde há vinho, bebem vinho,
onde não há vinho, água fresca.