quarta-feira, 4 de janeiro de 2023

Alvaro Gribel - Tropeço inicial na economia

O Globo

Ainda que tenha recebido uma herança maldita de Bolsonaro, é fato que Lula começou mal na economia. Seu discurso de posse foi repleto de ideias ruins na área e ele apenas enfraqueceu o seu governo ao deixar Fernando Haddad exposto com a prorrogação da isenção dos combustíveis. Lula não tem nada a ganhar minando a credibilidade do seu ministro da Fazenda, que tem feito um enorme esforço para atender às demandas do próprio partido e, ao mesmo tempo, construir pontes com o mercado financeiro e o setor produtivo.

Lula defendeu que as estatais sejam indutoras do crescimento, conclamou o consumo popular para fazer “a roda da economia girar” e chamou de estupidez o teto de gastos, sem que tenha indicado o que colocará no lugar. Também relembrou o malfadado PAC, sugeriu mudanças na reforma trabalhista e acusou Bolsonaro de ter dilapidado bancos e empresas estatais, o que não é verdade, ainda que tenha tentado. Ele foi impedido pela Lei das Estatais, justamente a legislação que alguns integrantes do PT defendem mudar, para que essas empresas voltem a ser ocupadas por indicados políticos.

A reação exacerbada dos mercados é sempre criticada, principalmente pelo apoio que a maior parte dos investidores deu ao governo Bolsonaro e pela idolatria sem sentido ao ex-ministro Paulo Guedes. Mas o erro anterior não pode servir de desculpa para desacreditar críticas que façam sentido agora. Se é verdade que o Brasil tem um enorme passivo social que precisa ser combatido urgentemente, também é verdade que as contas públicas têm um rombo insustentável, e nenhuma política de combate à pobreza será duradoura sem que isso seja enfrentado. Por ora, o novo governo apresentou solução para apenas um dos problemas.

De Bolsonaro, Lula recebeu uma economia em desaceleração, com uma taxa de juros exorbitante, inflação elevada e um enorme passivo de gastos a pagar. O que se esperava era que tivesse a sabedoria para conduzir as expectativas, como fez em seus dois mandatos, para reduzir as projeções de inflação e juros e aumentar as de crescimento. Até agora, tem feito tudo ao contrário e o risco é que o país entre em um cenário de estagnação, pela Selic elevada.

E que ninguém se engane: o Banco Central só vai começar a reduzir a taxa quando tiver confiança de que a questão fiscal está encaminhada. Por isso, o prazo dado por Haddad para apresentar um novo regime fiscal, até o final de junho, também é insatisfatório. Dentro de sua equipe há ideias boas que circularam pelo mercado e foram vistas com bons olhos. Esse assunto já era pauta na campanha, foi falado na transição e mais seis meses parecem tempo demais.

O enfraquecimento de Haddad na largada suscita outra uma dúvida pertinente: se não ele, quem está fazendo a cabeça de Lula na economia? Tudo isso aumenta as incertezas.

Dilema do subsídio

O subsídio ao diesel mantém o país em um dilema. Se o corte do tributo melhora a competitividade no curto prazo, porque o diesel move caminhões, ônibus e máquinas, também subsidia veículos de luxo e desestimula programas econômicos mais racionais. Como mostra o gráfico, o percentual de automóveis e veículos comerciais leves movidos a diesel vem crescendo nas vendas totais. De janeiro a novembro, foram 10,8%, segundo a Jato do Brasil, sendo 2,3% de automóveis, como as SUVs, e 8,5% de comerciais leves, como as picapes. Milad Kalume, diretor de desenvolvimento de negócios da consultoria, ressalta que a frota de caminhões do país é antiga, com 12 anos de uso na média, e isso significa mais consumo, poluição e problemas mecânicos. “O prejuízo indireto para a produtividade é incalculável”, diz. Pelas contas da XP Investimentos, o subsídio custará R$ 19 bi. Há formas mais inteligentes de usar o recurso, como estimular a renovação dos caminhões.

Economia não é tudo

No discurso de Carlos Lupi, consternação e lamento com a afirmação de que não há déficit na Previdência. No discurso de Silvio Almeida, arrepios e aplausos pela defesa enfática dos direitos humanos e das minorias.

4 comentários:

  1. Anônimo4/1/23 11:46

    Começou mal... repleto de idéias ruins...nada a ganhar... apenas enfraqueceu... cenário de estagnação...
    Aos 04 de Janeiro de 2003 esse 'papo' de jornalista bolsonarista desassuntado parece piriri

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  2. Anônimo5/1/23 02:52

    Qual o que? Aposto que o Lula vai copiar as malandragens do Bozo, sempre haverá um desculpa para isso. São todos da mesma laia, uns são maus fingidos que outros. Políticos são porca miséria

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  3. Anônimo5/1/23 02:58

    O Bom sera quando começarmos fazer justiça pelas mãos e acabar com essa raça, aposto com quem quiser apostar.!Eu bem que senti uma ponta de inveja do Lula em relação ao Bozo.!Não tinha que aproveitar nada desse governo que xingaram tanto. GENOCIDA ou GENIAL?

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  4. Anônimo5/1/23 03:01

    Começou mais rápido do que eu supunha, eis a esperteza do Lula funcionando a todo vapor. Isso demonstra o seu interesse verdadeiro para o terceiro mandato. E tem gente ingênua que acredita em bias intenções. Ra ra ra tá tá bogoiios

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