O Estado de S. Paulo.
Uma coisa é sair por aí dizendo o que tem
de ser feito na economia e proclamar sustentabilidade social e fiscal, sem
explicar como se faz isso. E outra é executar essas coisas. O governo Lula
começa a ter que lidar com trombadas e a ter de fazer escolhas dolorosas.
Política econômica é como o velho jogo do
pega-varetas. É preciso concentração e habilidade para libertar pauzinho por
pauzinho, porque o deslocamento de um pode desequilibrar irremediavelmente o
outro e fazer ruir o todo.
O caso dos subsídios federais aos combustíveis que levou o governo ao primeiro bate-cabeças é a prova disso. O ministro Fernando Haddad dava como certa a revogação dessas isenções tributárias, porque entendeu que é preciso reduzir o rombo fiscal. A área política vetou, pelo seu impacto sobre o orçamento do consumidor. A decisão do presidente Lula foi adiar a revogação das isenções – o que desautorizou Haddad –, que tinha anunciado outra coisa.
O ministro assume a Fazenda carregado de
promessas. Mas, até agora, não foi capaz de apontar direções. Non hay camino;
se hace camino al andar. E isso parece pouco diante do rombo fiscal de mais de
R$ 230 bilhões e da rota de colisão pela qual se encaminha a dívida pública.
Deixar rolar esse déficit sem distribuição
de contas a pagar pela sociedade vai produzir efeitos sobre cada pauzinho do
pega-varetas. Um deles é mais inflação que, por sua vez, exige juros lá em
cima, que Haddad já considera excessivos. Enfrentar mais juros é tirar o pé do
acelerador, é tolerar mais desemprego e menos renda. O mais pobre paga o preço
mais alto porque não tem as mesmas condições de defesa com que contam os mais
ricos. Ou seja, déficit fiscal é antipolítica social.
Outra tentação é agir como a presidente
Dilma, que tentou manter em pé sua “nova matriz econômica”. Entre outros
desastres, obrigou o então presidente do Banco Central, Alexandre Tombini, a
derrubar os juros a canetadas. Produziu mais inflação e mais confusão.
Mais um efeito de uma decisão desastrada
pode ser a quebra de confiança ou a não criação de confiança. E isso tem
potencial para reduzir investimentos e para elevar ainda mais as cotações do
dólar, que tendem a produzir mais inflação a partir do aumento dos preços dos
importados.
Como já está na PEC da Transição, Haddad
garantiu também que trataria de decidir por nova âncora fiscal para substituir
o teto de gastos que, em seu discurso de posse, o presidente Lula considerou
“uma idiotice”.
Mas até onde Haddad poderá repetir o
experimentalismo intervencionista do governo Dilma? Haddad é um animal
político. Como todo político, é movido a ambições políticas. Ele sabe que, se
conduzir uma política econômica equivocada, corre o risco de ter suas asas
políticas irremediavelmente cortadas.
Celso Ming é um animal jornalista acometido de raiva dilmista.
ResponderExcluirCelso Ming, competente jornalista econômico. Seu artigo é realista e bem fundamentado.
ResponderExcluirPara quem entende o Sr. é perfeito,há muitos anos que eu não deixo de ler seus comentários, aprecio gente inteligente, p mundo está cheio de imbecil invejosíssimo.
ResponderExcluirA Dilma é ótima,o colunista é ótimo e os três comentários também são ótimos,rs.
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