O próprio papel das ideias na transformação da vida e do mundo é tema controverso. A perspectiva revolucionária sempre acreditou que um conjunto de ideias e valores novos podem dinamitar a velha ordem e construir um mundo novo. Já a ótica conservadora se ancora na convicção de que as tradições e os costumes devem nos orientar na prudência necessária para a produção de reformas e mudanças.
A evolução civilizatória humana é
determinada por uma série de condições materiais objetivas que limitam ou
potencializam as mudanças. O grau de liberdade que temos não é ilimitado.
Utopias e sonhos esbarram em limites concretos impostos pela realidade. Mas,
não há dúvida de que as ideias têm uma enorme força transformadora. Elementos
objetivos e subjetivos se cruzam. A luta política é fruto do confronto de
ideias divergentes que assumem a característica de projetos de poder em busca
de hegemonia na sociedade.
Em uma de suas principais músicas, Cazuza
clamava: “Ideologia, eu quero uma pra viver”. O ser humano não é dado a ficar
ruminando um cotidiano modorrento e aceitando passivamente injustiças que
saltam aos olhos. A capacidade crítica, o impulso para a inovação, a
inquietação existencial, a vocação para a mudança, ponderada ou disruptiva,
fazem parte da natureza humana.
No Brasil, houve uma radicalização extrema
do debate político. Mas não só aqui. Basta ver os exemplos de EUA, França ou
Itália. A questão central é que o atual debate tem a profundidade de um pires.
O objetivo não é ouvir, compreender, dialogar, construir consensos. A busca é
pelo aniquilamento do inimigo e a mobilização das respectivas bolhas. E isso,
com ralas referências teóricas e históricas. Basta acionar a metralhadora
retórica: “fascistas”, “comunistas”, “conservadores”, “neoliberais”, sem o
mínimo de conhecimento sobre essas formulações ideológicas. E com uma pobreza
de espírito e intelectual pujante.
Einstein ironicamente advertia: “Duas
coisas são infinitas: o universo e a estupidez humana. Mas, em relação ao
universo, ainda não tenho certeza absoluta”. Fora o exagero, é óbvio que um
debate produtivo tem que ser respeitoso, reconhecendo a legitimidade do
adversário, com abertura de corações e mentes, fundamentado, inteligente. No
nosso país às vezes a coisa se agrava por conta daquilo que Millôr Fernandes
identificou: “Quando uma ideologia fica bem velhinha, vem morar no Brasil”.
Fascismo e comunismo são duas ideologias já superadas pela história, mas
continuam aí como fonte de inspiração para muitos.
Com o espírito de Keynes, “quando os fatos mudam, eu mudo minha opinião”, atenderei aos amigos leitores que fizeram a provocação falando um pouco sobre as ideias e seu contexto que deram frutos ideológicos no mundo moderno: conservadorismo, liberalismo, comunismo, fascismo, reacionarismo, socialdemocracia.
"... o atual debate tem a profundidade de um pires."
ResponderExcluirE o cara me vem com Cazuza, a bichona bancada pela Globo-Som...
Putz!
Está na hora do nenê Mimi.
Excluiroportuno artigo do Pestana
ResponderExcluirUm bom começo! Vamos esperar os próximos textos! Parabéns ao blog por divulgar a diversidade de ideias que vemos todos os dias neste espaço realmente democrático!
ResponderExcluirArtigo por demais valioso esclarecedor para os tempos atuais. Depois da passagem de arrumo pela presidência o consumidor virou vítima de pessoas mal intencionas em questão de negócios. Ele mandou uma famosa lei de proteção ao consumidor do Obama para o espaço , com isso a população, está mais do que nunca sendo vítima de comerciantes desonestos
ResponderExcluirPassagem de Trump
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