O Estado de S. Paulo.
Caso das joias serve para mostrar que a burocracia, por si só, não é problema
Cerca de seis meses atrás, um passageiro
desembarcou no aeroporto de Guarulhos, em São Paulo, num voo que chegava do
exterior.
Passou pela alfândega brasileira e pegou a
fila menos frequentada do aeroporto, aquela de quem traz bens a declarar com
valores acima de US$ 1 mil.
O passageiro apresentou uma joia que seria para a sua esposa e a nota fiscal do item. Não era uma peça qualquer. Tratava-se de uma joia de aproximadamente R$ 20 milhões. Com o imposto de 50% que é cobrado, ele teria de pagar em torno de R$ 10 milhões. E assim o fez. No balcão, o servidor da Receita emitiu a guia de recolhimento do imposto a pagar.
O passageiro, então, encaminhou-se para o
guichê bancário, como foi orientado pelos fiscais. Pagou na hora, retornou,
pegou o presente para a esposa e saiu do aeroporto.
Esse episódio, real, foi relatado à coluna
pelo chefe da Receita Federal em Guarulhos, delegado Mario de Marco Rodrigues
Sousa.
A ironia no escândalo relevado pelo
Estadão, há uma semana, das joias milionárias doadas pelo regime da Arábia
Saudita apreendidas no mesmo local em que o fato acima aconteceu é que, no caso
do presente das Arábias para Michelle e Jair Bolsonaro, não haveria imposto a
pagar se o presente fosse apresentado como peças destinadas ao patrimônio
público.
Bastava o assessor do exministro de Minas e
Energia Bento Albuquerque, que teve a bagagem revistada, ter declarado devidamente
o bem na entrada do País.
A prova de que não havia boa-fé nessa
rocambolesca história é que os envolvidos não seguiram o rito oficial para
incorporar o presente ao acervo público via o famoso ADM, o Ato de Destinação
de Mercadoria.
Ao contrário, deixaram o presente
“abandonado” na Receita durante as eleições, para que o caso não viesse à tona
e comprometesse o desempenho de Bolsonaro nas urnas. A urgência para reaver as
joias só apareceu no fim do ano, com o resultado da corrida eleitoral já conhecido,
com a vitória de Lula.
O fato serve para mostrar ainda que a
burocracia, por si só, não é um problema. É o excesso dela e a utilização sem
razões claras que atrapalham as instituições e o País.
Quando se trata de um procedimento correto,
que é seguido por servidores comprometidos com suas funções, o resultado é o
que se viu neste episódio, com o devido cumprimento da lei, o que evitou um ato
criminoso.
Bolsonaro, o 'Muambo', pagar imposto?
ResponderExcluirMas é nunquinhas!
Quando era deputado do baixíssimo clero, o miliciano confessou em entrevista à imprensa que sonegava o que podia dos impostos! E um canalha como este se elegeu seguidas vezes, mesmo confessando e cometendo crimes ao longo deste tempo todo!
ResponderExcluirNada a declarar.
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