terça-feira, 21 de março de 2023

Alvaro Costa e Silva - Puxaram o tapete do general

Folha de S. Paulo

Candidatura de Flávio Bolsonaro a prefeito do Rio é cartada de alto risco

Ao longo da sua ascensão e queda, Bolsonaro arregimentou dentro das Forças Armadas um seleto grupo de estafetas, despachantes e contínuos no qual manda e desmanda até hoje; em troca, concedeu a eles todo tipo de regalias, sobretudo financeiras. O general Braga Netto, vice na chapa derrotada à Presidência da República, é um dos mais destacados da turma.

Mordido pela mosca da política, como muitos de seus companheiros de farda, o general sonhava em disputar a Prefeitura do Rio, em 2024. O capitão lhe puxou o tapete. Exigiu do presidente do PL, Valdemar Costa Neto, que o partido trabalhe pela candidatura de Flávio Bolsonaro. O recado é claro: primeiro, os meus; depois, os militares. A vantagem da família é que Flávio, se perder, poderá retornar ao Senado, garantindo o direito ao foro privilegiado.

A desvantagem é que uma nova derrota –uma derrota de maneira acachapante– poderá significar o início do fim do bolsonarismo. E justamente na cidade que viu o fenômeno nascer. Em 2018, Bolsonaro venceu em todos os bairros do Rio, à exceção de Laranjeiras. Em 2022, concorrendo com Lula, o caldo desandou. Em Rio das Pedras, considerado o berço das milícias, ele perdeu, como em quase todos os bairros da zona sul e em boa parte dos da zona norte; saiu vitorioso na mais populosa zona oeste, para onde a milícia se expandiu e, of course, na Barra da Tijuca.

O maior adversário é o prefeito Eduardo Paes, velho freguês dos cariocas, com três mandatos. Em 2020, ele derrotou o bispo Crivella, candidato do bolsonarismo. Paes tentará a reeleição com o apoio dos petistas.

Resta saber para onde irá Cláudio Castro, o dono da máquina, que teve 49% dos votos da capital em sua reeleição. O governador está em atrito com o PL e trabalha para fortalecer a candidatura de seu secretário de Saúde, Dr. Luizinho, do PP. Se não conseguir, é quase certo que ficará ao lado de Lula.

 

Nenhum comentário:

Postar um comentário