Correio Braziliense
O único dado positivo para o
governo na pesquisa Genial Quaest é o apoio à reforma tributária, que chega a
91% quanto à unificação dos impostos e à perspectiva de aprovar a reforma em
seis meses
A Consultoria Genial Quaest divulgou, ontem,
uma pesquisa com representantes do mercado financeiro que mostra claramente a
má vontade desses setores com o governo Lula. É a mesma registrada na eleição,
quando apoiaram a recondução do presidente Jair Bolsonaro e a continuidade da
política econômica do ex-ministro Paulo Guedes, o Posto Ipiranga do governo
passado. Cerca de 94% confiam pouco ou nada no presidente Luiz Inácio Lula da
Silva. O levantamento foi realizado entre 10 e 13 de março e ouviu 82
representantes de fundos de investimentos de São Paulo e do Rio de Janeiro.
A pesquisa também apontou que 98% dos entrevistados consideram que a economia do país, com o governo Lula, está indo na direção errada. O pessimismo em relação aos próximos 12 meses também é grande: 78% dos representantes acham que a economia vai piorar. A pesquisa mostra também um alinhamento com o presidente do Banco Central, Roberto Campos Neto, pois 90% consideram a relação do governo com o BC negativa; 89% temem a sua exoneração. Confiam “muito” no presidente do BC 68% dos entrevistados.
O único dado positivo para o governo na
pesquisa Genial Quaest é o apoio à reforma tributária, que chega a 91% quanto à
unificação dos impostos e à perspectiva de aprovar a reforma em seis meses. A
desconfiança em relação à sustentabilidade da política fiscal chega a 90%, com
base numa previsão de que a economia precisaria de um superávit primário entre
R$ 150 bilhões e R$ 200 bilhões. Não é uma meta inalcançável.
O resultado primário do setor público
consolidado foi superavitário em R$ 99,0 bilhões em janeiro, ante superávit de
R$ 101,8 bilhões no mesmo mês de 2022. O governo central e os regionais
registraram superávits respectivos de R$ 79,4 bilhões e de R$ 21,8 bilhões, e
as empresas estatais, déficit de R$ 2,2 bilhões. Em 12 meses, o setor público
consolidado obteve superávit de R$ 123,2 bilhões, equivalente a 1,24% do PIB e
0,04 p.p. inferior ao superávit registrado em 2022.
O mercado financeiro defende como
prioridade o controle de gastos/despesas, punição em caso de não cumprimento e
a estabilização/controle da dívida. A primeira consideração em relação à
pesquisa é o fato de que seu universo está restrito ao mundo das aplicações
financeiras, os setores que mais ganham com a taxa de juros de 13,75%.
Entretanto, o setor produtivo do país começa a reclamar da taxa de juros e da
falta de crédito.
A pesquisa mostra também que esses setores
do mercado continuam alienados em relação à gravidade da situação do país, que
o novo governo procura enfrentar. Por essa razão, o posicionamento da opinião pública
é muito diferente, pois 62% acham que a economia vai melhorar. Se o presidente
Lula fizesse um choque fiscal, como muitos gostariam, seria um estelionato
eleitoral. A pesquisa reflete o conflito distributivo que o país enfrenta.
O apoio popular quase 12 pontos acima de
sua votação no segundo turno (50,9%) foi o principal fator para que a tentativa
de golpe de 8 de janeiro passado fracassasse. Esse apoio deu sustentação
política às decisões de Lula, do ministro do Supremo Tribunal Federal Alexandre
de Moraes para enfrentar os golpistas, bem como dos presidentes da Câmara,
Arthur Lira (PP-AL), e do Senado, Rodrigo Pacheco (PSD-MG).
Viagem à China
Os economistas debatem saídas para o
momento em que estamos vivendo. Serão os primeiros avalistas da qualidade da
proposta de âncora fiscal em debate no governo. Ontem, o ministro da Fazenda,
Fernando Haddad, apresentou o arcabouço do projeto ao presidente Lula, que
pretende encaminhá-la ao Congresso antes de viajar à China. Substituir o teto
de gastos e restabelecer a responsabilidade fiscal não são coisas
incompatíveis, mas exigem competência. Se a montanha parir um rato, o governo
Lula vai patinar e fracassar.
Além do presidente da Câmara, Lula está
levando na sua comitiva 20 deputados, a maioria líderes de bancada, além de
integrantes das frentes parlamentares. Estão representados os seguintes
partidos: PT – 4; PP – 3; MDB – 2; PCdoB – 2; PSD – 2; Avante – 1; Cidadania –
1; Patriota – 1; PDT – 1; Podemos – 1; PSDB – 1; e Rede – 1. Se Lula não
conseguir articular sua base na Câmara durante essa viagem, quem conseguirá?
Na sequência da âncora fiscal, o governo
pretende aprovar a reforma tributária, com a transformação de cinco impostos
num só. A expectativa oficial é de que seu impacto na geração do PIB seja da ordem
de 20%, o que é muito otimismo. Se for a metade disso, já será um grande
sucesso, invertendo a curva de crescimento da economia. “A proposta organiza o
sistema tributário brasileiro como nunca foi feito antes. Qualquer economista
de bom senso sabe que essa reforma está indo no caminho certo”, avalia Haddad.
O Imposto sobre Valor Agregado (IVA), além de unificar tributos, elimina a
cumulatividade de cobranças na cadeia produtiva e elimina distorções entre
setores da economia.
Os representantes do mercado financeiro consultados na pesquisa, assim como seus papagaios na imprensa escrita, não estão interessados nos pobres e miseráveis, nos desempregados, nos aposentados que recebem salário mínimo e nem nos empregados que ganham tal salário ou pouco mais.
ResponderExcluirLula tem compromisso com este pessoal desfavorecido, e suas políticas tentarão melhorar a vida destas pessoas que nada conhecem do mercado financeiro pesquisado.
Bolsonaro vivia em motociatas insensatas, pouco trabalhava e recebeu apoio quase unânime dos endinheirados!
Lula é muito diferente e terá que enfrentar os interesses corporativos dos "mercados" e seus porta-vozes na mídia!
Não será fácil, mas é uma luta justa!
A mão do mercado é invisível.
ResponderExcluirTá.