O Estado de S. Paulo
Após esperar 45 minutos pelo chefe da Casa Civil, ministro da Fazenda levantou e foi embora
Há no governo uma disputa de bastidor entre
o ministro da Fazenda, Fernando Haddad, e o chefe da Casa Civil, Rui Costa. E,
no meio dos dois, o PT. O partido do presidente Lula, de Haddad e de Costa não
quer saber de ajuste para ressuscitar superávit primário nem controlar gastos.
A avaliação é a de que um arcabouço fiscal
assim levará o projeto de poder petista à ruína e abrirá caminho para a volta
de Jair Bolsonaro ou de um nome apadrinhado pela extrema direita, caso ele
fique inelegível.
No Palácio do Planalto, Lula é conhecido por arbitrar “genialidades”.
Mas o embate da vez entre Haddad e Costa
não repete a velha briga entre a equipe econômica e a ala política do governo,
como ocorria entre Antônio Palocci e José Dirceu, no primeiro mandato de Lula.
É mais do que isso.
À época, Dirceu tinha o apoio do PT para
fazer as críticas e Palocci era visto como um fiscalista que só se preocupava
com números, não com o social. Hoje, Costa não conta com a simpatia da cúpula
do partido. Ao contrário: o PT o considera “liberal” e “privatista”. Além
disso, o atual chefe da Casa Civil não quer impedir superávit primário.
Pretende, sim, se consolidar como “capitão do time” e controlar o processo.
Haddad, por sua vez, não abre mão de seu papel.
Na temporada “Lula 3”, o duelo entre
Fazenda e Casa Civil é mais por espaço de dois possíveis candidatos à sucessão
do presidente – fator que também apareceu de 2003 a 2005, quando estourou o
mensalão – do que por antagonismo de posições, o ingrediente ideológico do
primeiro mandato.
O problema é que, para piorar o cenário, os
petistas já deram sinais de que não vão facilitar a vida de Haddad. E
continuarão pedindo a cabeça do presidente do Banco Central, Roberto Campos
Neto, o vilão da série de juros estratosféricos.
Nessa troca de cotoveladas, até a maldição
da Casa Civil bate à porta. A exemplo da presidente cassada Dilma Rousseff, que
já ocupou aquele ministério, Costa é dono de temperamento definido como
“difícil” por interlocutores. Em mais de uma reunião, por exemplo, o
ex-governador da Bahia interrompeu colegas, como o próprio Haddad.
Na manhã de ontem, o ministro da Fazenda
foi ao Planalto e esperou Costa por quase uma hora para a reunião da Junta
Orçamentária, com Simone Tebet (Planejamento) e Esther Dweck (Gestão). Depois
de 45 minutos, levantou e foi embora. Deixou ali como representante o
secretário do Tesouro, Rogério Ceron.
Como se diz em Brasília, Haddad terá de
engolir muito sapo e ainda pedir a receita. E não é só para o Centrão.
Aberta a Temporada de Caça 2026
ResponderExcluirO que interessa mesmo é o sapo barbudo... O que ele decidir, tá decidido, no PT e no governo federal.
ResponderExcluir