Folha de S. Paulo
Alívio nos preços e outros fatores oferecem
oportunidade política ao presidente
Lula se
preparou para um primeiro
ano de sufoco na economia. Antes de subir a rampa, o petista correu
atrás de oxigênio extra e negociou uma turbinada dos gastos do governo. Na
mesma época, abriu uma guerra com o Banco Central para
tentar driblar o aperto dos juros.
A largada do mandato foi de apreensão no
Planalto e na Fazenda. O receio era que a frustração com a economia
contrariasse um eleitorado que ouviu promessas de uma recuperação quase
instantânea. Agora, o clima nesses gabinetes mudou.
A equipe de Lula não espera uma bonança milagrosa, mas acredita que vai atravessar 2023 com um respiro. Um alívio nos preços, a aposta no corte dos juros, o efeito das despesas sociais e uma boa dose de sorte podem permitir ao petista terminar o ano com bons dividendos políticos.
Uma fatia do otimismo se deve a fatores
externos. A alta da produção de alimentos e uma demanda internacional menor
seguraram preços de produtos que afetam o bem-estar do eleitor. Os combustíveis
e o dólar sob controle completam o pacote da inflação em queda e tornam um
corte de juros inevitável.
O atoleiro ainda é feio porque a produção e
o emprego patinam, mas algumas boias de salvação do governo (Bolsa
Família, Desenrola,
salário mínimo) podem oferecer uma sobrevivência um pouco menos penosa para os
mais pobres, em particular.
Lula não vai desperdiçar a chance de deixar
sua marca. Deve atrelar o possível conforto do eleitor aos programas do governo
e bater bumbo para uma queda dos juros (ainda que não tenha de fato dobrado o
BC).
O cenário está na conta de investidores
que, aos poucos, amenizam o discurso de que Lula 3 produzirá desgraças do
início ao fim. O próximo reflexo pode aparecer no mundo político, que costuma
se abrir para governantes em dias de sol.
A previsão melhorou para a primeira metade
do mandato, mas os anos seguintes dependem de um aumento de investimentos e
alguma reforma. O contrafilé parece garantido, mas Lula precisa ir atrás da
picanha.
A inflação de alimentos caindo já está bom.
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