Folha de S. Paulo
Meu receio é que petista já pense ser um
Mandela, embora esteja mais para Itamar
Depois de dar confortável vitória
ao governo na votação do arcabouço fiscal, Arthur
Lira e seu centrão mostraram quem de fato manda no país. Impuseram à
administração Lula uma série de derrotas, algumas delas particularmente
humilhantes. A pauta ambiental, que a esquerda queria transformar em cartão de
visita da gestão, foi
a maior vítima.
Daí não decorre que o mandato de Lula esteja irremediavelmente perdido. O centrão está fazendo o que sempre fez, que é criar dificuldades para delas extrair benefícios. Funciona. Só na quarta-feira (31) foi liberado R$ 1,7 bilhão em emendas individuais. E Lira e aliados já cobram mudanças em ministérios. O governo se divide entre tentar transformar o STF numa terceira casa do Legislativo, o que seria fonte de desgaste institucional, e aquiescer às demandas do centrão. O mais provável é que ceda.
Uma parte desse movimento é estrutural.
Lula venceu porque uma boa fatia dos eleitores centristas preferiu seu nome ao
de Bolsonaro. Mas, no Parlamento,
foi a direita, não a esquerda, que avançou. E temos hoje um Legislativo muito
mais forte do que era 20 anos atrás. Mesmo assim, penso que o governo está
sofrendo mais que o necessário, e parte grande da responsabilidade cabe a Lula.
Ele não demonstra a perspicácia política
que já teve no passado. Meio que enamorado de si mesmo, Lula investe no sonho
de intermediar a paz na Ucrânia (e com isso ganhar um Nobel) e não se
envolve no dia a dia da política congressual, onde sua atuação poderia fazer
diferença. Mais, ele não se livra de ideias velhas, que já não funcionam no
mundo atual. Passar
o pano para a ditadura de Maduro foi não apenas desnecessário como
nocivo para a imagem do petista, mesmo para um público internacional de
esquerda.
Meu receio é que Lula tenha atingido aquele
estado em que se crê um Nelson
Mandela, embora esteja mais para Itamar
Franco, do que dá prova a volta
do carro popular.
Lula pensa que é Mandela e está mais para Itamar Franco?
ResponderExcluir▪Por enquanto, em relação à política internacional Lula está parecendo mais com o presidente da Bielorússia, Aleksandr Grigorievitch Lukashenko.
Se meu fusca falasse!
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