O Estado de S. Paulo
O Centrão e até o PL põem o pé direito no eleitorado e o esquerdo no governo Lula
Com o presidente Lula em Bruxelas e o
Congresso e o Judiciário em recesso, pausa para Lula pensar e desenhar a reforma
ministerial sem a pressão cara a cara do Centrão ou da votação no dia seguinte
da matéria tal ou qual. Agora, é torcer para que ministros do Supremo não digam
besteira por aí, ocupem as manchetes e animem o combalido bolsonarismo.
Depois de escolher os dois novos ministros do Centrão e os partidos passíveis de ceder as vagas, como já escrito aqui, Lula avança na dança de cadeiras, com um troca-troca interno, e mexe na aritmética da reforma: em vez de demitir dois ministros, poderá demitir só um, ou melhor, uma.
Geraldo Alckmin tem tido muito trabalho
como vice-presidente, já que Lula está visitando o 15º país desde a eleição em
2022 e vai continuar voando sem parar. Alckmin pode, perfeitamente, dispensar o
Ministério do Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços, que seguiria com
o PSB de São Paulo, mas com Márcio França na vaga.
Assim, França abriria a vaga do Ministério
de Portos e Aeroportos, que tem muita grana, para o PP ou para o Republicanos,
lembrando que os nomes já definidos por Lula são os dos deputados André Fufuca
(PP-MA) e “Silvinho” Costa Filho (Republicanos-PE). Entrariam dois, sairia
apenas um(a), já que Alckmin continua como vice.
O foco está no Ministério da Mulher. A
ideia, por ora, é trocar Cida Gonçalves, ligada ao PT, com uma longa carreira
na área de gênero, por Luciana Araújo, ministra da Ciência e Tecnologia, que é
do PCdoB, engenheira eletrônica, ex-líder estudantil, deputada estadual e federal
e prefeita de Olinda (PE) duas vezes. Com isso, Ciência e Tecnologia ficaria
livre para o Centrão e bastaria arrumar uma vaga à altura para Cida.
Lula blindou Nísia Trindade na Saúde e
Fabiano Silva nos Correios e há um esforço para manter Wellington Dias no
“Ministério do Bolsa Família” e Marcelo Freixo na Embratur, mas Rita Serrano,
da CEF, que se cuide. A impressão, no Planalto, é que ela é mais presidente dos
funcionários da Caixa do que da própria Caixa. Bem... ela foi escolhida por ser
líder sindical.
Estatais e órgãos de segundo escalão podem,
inclusive, servir de chamariz para os vinte a trinta dissidentes do PL de
Bolsonaro. Aliás, o líder do partido na Câmara, Altineu Cortes (RJ), que, vejam
bem, já foi do PT, tem pontes no Planalto. É assim que Lula vai atraindo
praticamente todas as siglas do Congresso e, mesmo que o Centrão se diga
“independente” ou “de oposição”, estará com o pé direito no seu eleitorado e o
esquerdo nos cargos de Lula. Depois, é só contar os votos, no Congresso e nas
urnas.
Muito bom.
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