Folha de S. Paulo
Presidente topa queda de braço em torno de
cargos para não abrir mão de muito poder de uma vez só
O Planalto foi palco de uma cena explícita de
pressão política. Depois de um evento na terça (26), parlamentares do PSD
cercaram Alexandre
Padilha para cobrar o
controle da Funasa e a liberação de uma verba travada pelo Ministério
da Saúde.
"Se a gente dançar, a ministra vai dançar também", ameaçou a deputada Laura Carneiro (PSD), que caprichou no linguajar ao se referir a Nísia Trindade. No dia seguinte, Padilha tentou fazer graça, mas acabou reforçando o desconforto. "Eu sei que vocês ficaram chocados com o baculejo que eu recebi ontem", declarou. "Vocês não têm ideia do que eles fazem comigo a portas fechadas."
Nove meses e uma reforma ministerial
depois, Lula continua
numa relação instável com sua base. O apetite dos partidos que fecharam negócio
com o governo antes da posse e o acordo tardio com o centrão submetem o
presidente a uma insegurança permanente.
Ainda que tenha interesse na aliança para
sustentar o governo, Lula parece disposto a enfrentar uma queda de braço para
não abrir mão de muito poder de uma vez só. Nas últimas semanas, o presidente
escolheu a negociação pelo comando da Caixa para marcar essa posição.
A entrega do banco ao grupo de Arthur Lira (PP) estava prevista
nas discussões com o centrão, mas Lula segurou o negócio. Há pouco mais de dez
dias, o presidente da Câmara mandou um recado quando disse à Folha que o acordo daria
conforto ao governo nas votações da Casa e apontou que o
controle da Caixa fazia parte daquele acerto.
Lula ouviu o baculejo de Lira, mas manteve o
freio puxado. O petista afirmou na segunda (25) que não
está "disposto a mexer com nada" e insinuou que pode manter
a Caixa como está até o fim do ano.
O impasse é fruto da desconfiança mútua entre
Lula e Lira. O Planalto segura os cargos porque ainda quer saber se os partidos
vão entregar os votos que prometeram, enquanto o presidente da Câmara aperta a
pauta de votações no plenário até que o centrão esteja abastecido.
Não é fácil governar,dá-lhe mensalão.
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