Folha de S. Paulo
Durante reunião de presidente e chefe do BC,
havia mais sinais de piora na finança e na política
O presidente Luiz Inácio Lula da Silva
reuniu-se com o presidente do Banco Central, Roberto
Campos Neto, encontro arranjado por Fernando
Haddad a fim de "melhorar
a relação". Quem sabe o clima até melhore. Não é lá relevante. De
resto, no mundo lá fora da sala de reunião, havia calor e tempestades.
O clima na finança e na política voltou
a piorar. De maio a julho, houvera onda de otimismo. Parte da degradação do
ambiente não tem a ver com Lula ou Campos.
Não quer dizer que as perspectivas de crescimento do Brasil vão mudar lá grande coisa por causa disso. Mas nossas perspectivas são ainda muito medíocres para que possamos perder umas lascas de PIB.
Como tanto já se escreveu aqui, idas e vindas
da finança dos EUA nos afetam. O dólar voltou
a R$ 5,05 por causa das taxas de juros encrencas
americanas. Em parte também por isso, as taxas de juros no mercado daqui, as de
prazo superior a dois anos, sobem desde meados de agosto. Sobem ainda porque
aumentou a descrença de que o governo conseguirá cumprir sua meta de redução de
déficit.
A arrecadação
federal cai, o Congresso está inamistoso e agora surgiu essa polêmica de
como pagar a conta
de precatórios deixada
pelo governo das trevas (2019-2022).
O Congresso estava meio parado desde que
voltou de férias, à espera do pagamento de cargos prometidos por Lula. Não
apareceram todos os cargos. Para piorar, a maioria do Congresso está em revolta
com o Supremo,
por motivos em tese e abstratamente corretos - o STF é uma monoautocracia que
se mete em política e não raro legisla.
No mundo real e concreto, há revolta das
bancadas do boi e da bala, entre outras menos cotadas, porque o Supremo disse
que os indígenas podem, sim, reaver
terras de onde foram expulsos antes de 1988 ("marco
temporal"). As bancadas da reação também se revoltam porque o Supremo pode
diminuir a punição de quem anda com uma droguinha; porque colocou na pauta uma
outra possibilidade de aborto legal.
Como este é um Congresso conservador ou
reacionário em grau raro de se ver, a revolta é na verdade ad hoc, contra essas decisões
e iniciativas específicas do Supremo. Já nesta quarta aprovaram
uma lei ainda mais reacionária sobre terras e vidas indígenas. De quebra,
prometem uma PEC para dar cabo dessas decisões monocráticas a torto e a
direito, entre outras exorbitâncias do Judiciário.
Lula nada tem a ver com a pendenga do
Congresso com o Supremo; menos ainda com os juros americanos. Mas pode sobrar
para o seu governo. Já está sobrando.
Arthur Lira (PP-AL), presidente da Câmara e
sultão de todos os centrões, aproveitou o sururu para reforçar
sua ofensiva para obter os cargos que ele e amigos querem (como na
Caixa, mas não apenas). Por isso, o Congresso vive uma mistura de greve,
locaute e operação-padrão. Entretanto, o governo precisa aprovar uma série
séria de projetos a fim de aumentar sua receita e de dar um jeito no rolo
bilionário dos precatórios caloteados por Bolsonaro-Guedes.
Nesse ambiente, fica mais difícil arrumar os
remendões de que o governo precisa a fim de reduzir seu déficit. Na praça do
mercado, aumentam as dúvidas sobre a força do plano fiscal de Lula-Haddad,
pois.
Na prática, isso significa que os donos do
dinheiro grosso e seus administradores cobram mais para emprestar ao governo ou
para manter seus haveres em reais ("o dólar sobe"). Em 11 de agosto,
a taxa real de juros do título do governo (NTN-B) com vencimento em 2029
descera a 4,97% ao ano; agora, voltou a 5,83%. O dólar não estava tão caro
desde maio. Isso quer dizer que o custo de financiamento de consumo e
investimento aumentou; que há um tanto mais de pressão na inflação (com dólar
caro).
■Presidencialismo de Coalizão, com Lula, Bolsonaro e Centrão, é assim::
ResponderExcluir▪"Este pedaço é só meu e do PT" ;
▪"Este pedaço eu aceito dar pra vocês do Centrão" ;
▪"Este pedaço aqui vocês do Centrão ganharam de Bolsonaro, mas eu quero uma parte dele para o PT e para mim".
Isto é um esquartejamento da vítima, não é um governo de coalizão.
■Em um presidencialismo de coalizão o executivo e o legislativo, os dois legitimamente eleitos para governar, decidiriam em comum acordo e em favor do Brasil a ocupação do poder.
Em um governo de Coalizão um Ministério da Saúde não seria capturado por uma força política para ela fazer o que desejasse, mas sim haveria a escolha de nomes que todas as forças de Coalizão consenssualizassem.
O espaço de poder não seria de Lula, de Bolsonaro, de Arthur Lira, do PT, do PL, do Centrão ou de quem quer que fosse ; o espaço de poder seria do mandato, servindo para executar o programa que houvesse sido APRESENTADO formalmente em campanha para ser votado pelo eleitor e executado em favor do Brasil.
Com Lula, Lira, Centrão e Bolsonaro a política, os votos que eles ganham e os mandatos que recebem são usados para esquartejarem o Brasil, com cada um carregando para si uma parte, fazendo negociatas e corrupção entre eles e deixando o país sangrando, com o sangue do brasileiro escorrendo morro abaixo e afogando as ruas com ignorância, violência e miséria.
Lula, o PT, Bolsonaro, o PL, Arthur Lira, o Centrão não são exatamente forças políticas ; são estripadores!
E o STF ? Um STF de José Tóffolli, Kássio Nunes, Lewiandoviski, Gilmar Mendes?...
...Deixa para lá!
■Pela democracia e para que o sangue não continue escorrendo do escarniçamento do Brasil, precisamos mudar este estado de coisas!
Estamos perdidos.
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