O Globo
Demandas sobre Israel podem até ser
justificadas, mas nenhum governo do país pode simplesmente se retirar a troco
de nada
O presidente Lula e
dirigentes do PT têm históricas relações com lideranças palestinas. Lula
procura um lugar de destaque na diplomacia global. Logo, este é o momento para
recorrer àqueles contatos. O governo brasileiro não reconhece o Hamas como
organização terrorista. Assim, autoridades de Brasília podem, legalmente,
conversar com dirigentes do Hamas. Só há um ponto para começar: o Hamas precisa
liberar de maneira imediata todos os reféns que capturou durante os horrorosos
ataques terroristas de 7 de outubro.
Há hoje clara pressão sobre Israel. As demandas são variadas: suspensão dos bombardeios; fornecer ou permitir o fornecimento de alimentos, remédios e combustível para a população de Gaza; não invadir; não forçar o êxodo de moradores. Podem até ser demandas justificadas, mas nenhum governo israelense pode simplesmente se retirar, a troco de nada, quando sua população ainda está chocada por ter sido vítima do maior atentado terrorista depois do 11 de setembro. E quando o Hamas ainda dispara foguetes sobre cidades israelenses.
O número de civis mortos em Nova York foi
maior que as 1.300 pessoas assassinadas em Israel. Mas são 10 milhões de
israelenses — de modo que o ataque de 7 de outubro é proporcionalmente muito
mais ofensivo. A liberação imediata dos reféns abriria espaço para cobrar
alguma moderação de Israel. O corredor que seria aberto para a retirada dos
reféns poderia ser o mesmo para a entrada da necessária ajuda humanitária.
Ajudando nisso, Lula poderia pleitear seu
sonhado Nobel da Paz. Mas precisa ir muito além do pífio apelo para que o Hamas
libere as crianças reféns. Não, presidente. Todos os reféns são igualmente
vítimas do terror. O governo brasileiro demorou para se manifestar — e quando
se manifestou apenas citou o “falecimento” de brasileiros. Foram assassinados,
quando dançavam numa festa. E demorou de novo para falar em ataque terrorista,
sem citar o Hamas. Como se o crime tivesse acontecido sem autoria.
A histórica posição pró-Palestina de Lula e
do PT foi a causa dessa demora e dos comunicados que procuravam escamotear a
realidade. Alguns chegaram a dizer que essa atitude procurava deixar em aberto
linhas de negociação com lideranças palestinas. Mas qual negociação se faz?
Alinhar-se? Pedir que os “dois lados” cessem hostilidades não faz sentido. Há
um lado criminoso, que persevera no crime ao manter civis como reféns e escudos
humanos.
Não é só um problema de Israel. Há reféns de
diversas nacionalidades. E manter civis como reféns é crime contra a
humanidade. Sem a libertação dos reféns, não há ambiente para qualquer demanda
sobre Israel.
Há outros movimentos diplomáticos a fazer —
especialmente para impedir uma ampliação dos conflitos. Também aqui, Lula teria
um papel. Há poucas semanas, ele esteve com o presidente do Irã, Ebrahim Raisi,
admitido no grupo do Brics. Em 2010, Lula esteve em Teerã,
negociando com o então presidente Mahmoud Ahmadinejad as bases de um acordo em
torno do programa nuclear iraniano. Deu errado, mas as boas relações
permaneceram. O Irã manda no Hamas e também no Hezbollah, grupo terrorista
instalado em áreas do Líbano.
Há, portanto, muito o que tratar numa
conversa com Raisi. São poucos os que podem negociar com ele. A maior parte dos
países árabes tem o Irã como inimigo. Qual seria o objetivo dessa conversa?
Contenção, claro. Não faria sentido simplesmente alinhar-se.
E para ficar claro: há questões humanitárias
envolvendo a reação de Israel; governos israelenses mais recentes erraram na
ocupação de territórios palestinos na Cisjordânia; o governo Netanyahu errou
mais escandalosamente ao abrigar direitistas que propõem a anexação de todos os
territórios. Mas, gente, neste momento, Israel é a vítima de um ataque brutal.
Aliás, em todas as guerras, Israel foi atacado por exércitos árabes.
O atentado de 7 de outubro é um crime contra
a humanidade. Matar 1.300 pessoas, a esmo, só porque são cidadãos de um país ou
estão ali de passagem? Isso não tem perdão, nem ressalvas.
■Há um abuso com.ple.to de Israel para com o povo palestino, e este abuso tem consequências de humilhação, brutalidade, mortes, etc. E há, obviamente, a supressão de quase todos os direitos dos palestinos por parte de Israel, e isto com a omissão, e muitas vezes equívoco, de democratas e progressistas diversos, incluindo jornais e jornalistas..
ResponderExcluir■Muitos dos abusos de Israel contra o povo palestino são equivalentes a terrorismo.
▪Mas NÃO são terrorismo político e ideológico!
■Eu entendo que, diante de todo o histórico e contexto que envolve a questão Israel-Palestina, cabe condenar de forma veemente o terrorismo do Hamas e do Hezbollah.
Aquilo que o Hamas e o Hezbollah fazem não tem nenhuma relação com os interesses do povo palestino e com os interesses de povo nenhum. O que estas organizações fazem tem a ver com fundamentalismo politico e ideológico e com terrorismo dos mais perversos.
E é um terrorismo e fundamentalismo empregados não só contra judeus, mas contra o próprio povo palestino, contra mulheres, contra LGBT's, contra adeptos de religiões diversas, contra tudo que contraria as crenças políticas destes terroristas e fundamentistas políticos.
▪E é um fundamentalismo ideológico exercido de forma cruel inimaginável !
Cabe total condenação ao terrorismo e ao fundamentalismo do Hamas e do Hezbollah.
E é imperativo chamar o que eles são pelo nome::
▪T.E.R.R.O.R.I.S.T.A.S !
■Mas está havendo mesmo um total silêncio cúmplice e cínico dos países e líderes democráticos e da imprensa profissional quando não denunciam a politica de Israel contra aquele povo pobre e vulnerável.
▪Este silêncio é de uma burrice completa! E é uma postura com consequências tão cruéis quanto o terrorismo do Hamas, além de ser completamente injusto contra todo um povo.
Morrem crianças judias degoladas pelos terroristas? Sim, morrem! E isto é de uma sandice terrível ! ; mas também morrem crianças palestinas aos milhares por consequência da irresponsabilidade de quem poderia e teria a obrigação de agir.
Estes que deveriam agir, líderes políticos, jornalistas, jornais, partidos políticos, progressistas diversos, países democráticos, denunciam com veemência!
=》 Denunciam com veemência as consequências do terrorismo do Hamas e do Hezbollah ;
=》 Mas NÃO denunciam como precisam ser denunciados os abusos do Estado de Israel contra o povo palestino.
O mundo precisa agir para por fim aos abusos de Israel !
▪Não agiram contra as monstruosidades de Saddam Hussein?
=Boa! Muito Boa!
▪Não agiram contra as monstruosidades de Muammar al-Gadaffi?
=》Boa! Muito Boa!
Então, por que não agem contra as monstruosidades de Benjamin Netanyaho?
E os abusos e monstruosidade de Israel contra os palestinos não começaram com Netanyaho ; tem que agir contra o abuso, portanto, tem que agir contra Israel!
Porém, é preciso diferenciar uma coisa::
▪ O que Israel faz não é terrorismo! Terrorismo é outra coisa.
Se tomarmos licença para assimilar coisas diferentes por terem as mesmas consequências e por isto serem equivalentes estaremos tomando licença para fazermos com as palavras o que bem quisermos. Não podemos tomar esta licença com as palavras!
As palavras são mais poderosas que qualquer abuso de Estado e que qualquer prática terrorista e por isto precisamos tomar muito mais cuidado ainda com as palavras que com qualquer outro eventual radicalismo e fundamentalismo que defendemos ou acusamos.
■Dando os nomes corretos, o que Israel faz é Abuso de Estado, muitas vezes mais cruel e torpe que atos terroristas, mas são abusos de Estado.
No caso de Israel, esses abusos são praticados sob a proteção de progressistas, jornalistas, países democráticos, líderes políticos, etc.
Mas o que Israel faz não é terrorismo, é abuso de Estado!
Já o que o Hamas e o Hezbollah fazem, isto sim, é propriamente terrorismo.
O povo palestino é refém na própria terra faz décadas e precisa ser libertado das garras de Israel tanto quanto os israelenses sequestrados pelo Hamas !
Mentira sua.
ResponderExcluirMAM
"Mas, gente, neste momento, Israel é a vítima de um ataque brutal. Aliás, em todas as guerras, Israel foi atacado por exércitos árabes."
ResponderExcluirPerfeito. O resto é cascata e de edsons.
MAM
■Sim, neste momento Israel é a vítima.
Excluir▪NESTE MOMENTO !
=》São tantos os momentos!
E no 1° momento anterior a este?
E no 2° momento anterior a este?
E no 3° momento anterior a este?
■Quem tem sido mais vítima desta insanidade e, no entanto, no momento em que a vítima não é a que nós escolhemos, nós nos calamos?
Quem tem sido vítima permanente desta insanidade?
Há uma insanidade dos dois, e não apenas de um.
=》Eu escolho!
▪Escolho Israel!
▪Escolho a democracia!
Vou escolher a democracia SEMPRE!
●Mas não posso ser eu o covarde!
O que eu quero, porque acho o razoável a ser feito, é que os dois, e não só um, sejam obrigados pelo mundo a dar fim a este sofrimento.
São mais de dez milhões, as vítimas todas somadas desta insanidade. Mais de dez milhões de vítimas só no corredor palestino!
Mas as vítimas destas insanidade somos todos nós!
■Vou recordar alguns versos do poeta russo Vladimir Maiakoviski::
" Não há boa alma neste mundo
Que desta dor não faça parte "
A dor é dos mais de cinco milhões de israelenses e dos outros mais de cinco milhões de palestinos que vivem no lugar. Mas esta mesma dor se estende às boas almas de todo o mundo.
=》A dor dos israelenses é a dor de todos nós!
=》A dor dos palestinos também é a dor de todos nós!
■ Etgar Keret
Excluiré um consagradíssimo escritor israelense.
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Vou colar aqui um drops que peguei no Wikipedia para mostrar quem é Etgar Keret:
▪ " Etgar Keret (Tel Aviv, 1967) é um escritor israelita e um dos mais populares da nova geração.
" O crítico literário Nissim Calderon escreveu que Keret é "o Amos Oz da sua geração, e o jornal diário Yedioth Ahronoth escolheu o seu livro "Missing Kissinger" como o quinto livro israelita mais importante de todos os tempos.
" Os livros de Keret são sempre best-sellers em Israel e cada um deles recebeu o prémio de platina da associação de livreiros israelita por vender mais de 40.000 cópias.
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Um dia o pequeno filho de Etgar Keret, ao voltar da escola, pediu aos pais para comprarem um rifle.
Edgar perguntou ao filho o porque de comprarem um rifle e o menino respondeu que era para matar árabes.
O menino também disse que os árabes matavam judeus e que por isto judeus deveriam matar árabes.
■Não conseguindo mostrar para o menino o que alimentava o conflito entre os dois povos, Edgar Keret e a mãe do menino passaram a fazer barreira ao deslocamento do filho dentro de casa. O menino perguntava o porquê de estarem fazendo aquilo e impedindo o seu deslocamento e os pais, quietos mas amorosos, apenas colocavam barreira usando os próprios corpos aos deslocamentos do filho, inclusive em suas idas ao banheiro.
Com alguns dias de barreiras o menino disse aos pais::
▪Eu já sei porque vocês estão fazendo isso comigo. É para me mostrarem que nós colocamos bloqueios para os árabes e que é por isto que os árabes querem matar judeus.
E com esta tomada de consciência pelo menino, os país levantaram os bloqueios que lhe faziam em seus deslocamentos fora de casa.
Só vai faltar você falar que que esta história real que contei do escritor Etgar Keret é cascata minha.
ExcluirLeiam Edgar Keret, vale muito o tempo gasto com a leitura. É altíssima literatura!
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