O Globo
São monstros que relativizam crimes de
guerra. Desalojaram do cérebro todo senso de humanidade, para acomodar uma
ideologia
Cerca de 3 mil jovens se divertem num
festival de música eletrônica. Em poucos minutos, ao menos 260 estarão mortos.
Haverá estupros. Transeuntes serão baleados, aleatoriamente, nas estradas, nas
ruas. Famílias, chacinadas dentro de casa. Pessoas torturadas serão exibidas
como troféus. Pelo menos 150 civis — entre eles, idosos e crianças —, levados
como reféns.
Talvez tenha havido um tempo em que a simples leitura desse parágrafo fosse suficiente para definir quem são os algozes, quem são as vítimas. Não mais. Um filósofo contemporâneo terá material de sobra — nos jornais, nas conversas, nas redes sociais — para desenvolver uma teoria sobre a relatividade do mal.
Poderá começar com as notas do PCO,
presidido pelo jornalista Rui Costa Pimenta. Com os cadáveres ainda insepultos,
ali se festejava: “Ontem foi um dia histórico não só para o povo palestino, mas
para todos que querem ver o mundo livre da opressão, da tirania e do
terrorismo. Todo apoio ao Hamas!
Fim de Israel!” e “A violência e a guerra pode [sic] ser um espetáculo
repugnante, mas elas são parte da política”.
E prosseguir com as declarações do jornalista
Breno Altman, para quem “A guerra de um povo subjugado contra um Estado
colonial é sempre justa. Esse é um marcador essencial para ler a situação
palestina”. Quem precisa da Convenção de Genebra quando está do lado
progressista da Força?
“O que o Hamas fez contra Israel é condenável
e repudiamos. Mas nesta guerra não há inocentes”, ecoou o teólogo, filósofo e
defensor dos pobres e excluídos, o ex-frei Leonardo Boff. Do seu ponto de
vista, as crianças mortas no ataque de 7 de outubro carregariam o pecado
original de ser judias.
Todos ignoram, por conveniência, que, além
dos mais de mil assassinados em Israel, o Hamas também condenou à morte
milhares de palestinos, ao fazê-los de escudo humano. Que, para o grupo
terrorista, vidas palestinas importam tão pouco quanto quaisquer outras.
Soubemos, por fotografias e relatos, das
tragédias do colonialismo, da escravidão, do Holodomor, do Holocausto. Pela
televisão, tomamos contato com as atrocidades no Vietnã, na Bósnia, no Camboja,
no Iraque, em Ruanda e Burundi. No que parecia ser o limite, assistimos aos
vídeos da degola de prisioneiros, feitos por jihadistas. Chegamos agora a outro
patamar: a transmissão, ao vivo, das execuções e dos abusos, orgulhosamente
gravados pelos criminosos. Nossa geração não precisa estar no campo de batalha
para ter uma experiência imersiva no horror.
“A ocasião faz o furto; o ladrão já nasce
feito”, escreveu Machado de Assis. Esses que olham o horror nos olhos e não se
horrorizam — ao contrário, debocham das vítimas em rede social, celebram nas
universidades, abusam das conjunções adversativas, transbordam em eufemismos —
há pouco bradavam por vacinas para salvar vidas, se comoviam com o drama dos
ianomâmis, tinham na ponta da língua slogans para preservar o planeta.
São monstros que sempre estiveram, mais ou
menos despercebidos, à nossa volta. Bastou a ocasião, e ei-los relativizando
crimes de guerra, em negacionismo do pacto civilizatório. Monstros que
desalojaram do cérebro todo senso de humanidade, para acomodar uma ideologia.
A sabedoria judaica ensina que quem salva uma
vida salva o mundo inteiro. Mundos inteiros se perdem, neste instante, em
Israel, na Faixa de Gaza.
Os monstros comemoram.
O colunista quer nos contar a estória que, DO NADA, os homens maus saíram de seus palácios na tranquila Faixa de Gaza, onde viviam à vontade e respeitados por seus pacíficos vizinhos israelenses, e resolveram, DO NADA E POR MALDADE ou loucura, trucidar vizinhos judeus, talvez só por implicância ou por distração. Tragédias não surgem DO NADA, e há um CONTEXTO de décadas de violência e assassinatos na região, que o colunista FAZ QUESTÃO DE IGNORAR.
ResponderExcluirSobre a "relativização de crimes de guerra", o colunista e muitos de seus colegas são mestres, ao não mostrar os TANTOS cometidos por Israel e seu TERRORISMO DE ESTADO, e também quando o próprio colunista nesta coluna atribui AO HAMAS as "milhares de mortes de civis palestinos" que ocorrerão pela vingança israelense! Ou seja, os palestinos são sempre os responsáveis pela violência criminosa/terrorista...
Mais de 700 crianças palestinas ASSASSINADAS nos últimos 8 dias pelos bombardeios israelenses. Segundo o colunista, condenados à morte pelo Hamas, e não pelo TERRORISMO DE ESTADO de Israel. O colunista escreveu sobre o que considerou "monstros". Outros deste tipo escrevem em O Globo, como o próprio. Colunista NOJENTO!
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