O Estado de S. Paulo
Por que o veto dos EUA a uma resolução propondo ‘pausa humanitária’? Vá-se entender...
Os Estados Unidos tinham boas razões para
empurrar com a barriga a votação de uma “pausa humanitária” articulada pelo
Brasil na guerra de Israel. Com o amplo apoio à proposta de resolução entre os
15 membros do Conselho de Segurança da ONU, cinco permanentes e dez rotativos,
o governo Joe Biden sabia que seria o único voto contrário, ficaria isolado no
próprio conselho e atrairia chuvas e trovoadas do mundo árabe e de sociedades
mundo afora.
Foi o que ocorreu, depois que o Brasil percebeu a manobra protelatória e submeteu a resolução a voto. Todos os membros rotativos, inclusive o Japão, aliado dos EUA, votaram a favor da pausa para proteger as populações civis que já sofreram tanto nesta guerra. Dos cinco permanentes, dois votaram a favor, França e China, e dois se abstiveram, Rússia e Reino Unido, o que é considerado positivo, pois abstenção não impede aprovação.
Com poder de veto, os EUA, sozinhos, na
contramão dos demais, derrubaram a resolução consensual, alegando que o texto
não previa o direito de Israel de reagir ao ataque terrorista do Hamas.
Itamaraty e Planalto rebatem: esse direito é legítimo e já é garantido pelas
leis internacionais, só não se pode confundi-lo com provocar um êxodo
obrigatório de mais de um milhão de pessoas e impor condições sub-humanas a
famílias inteiras de civis, sem casa, água, luz, comida e medicamentos.
Afinal, por que não aprovar uma pausa na
guerra, temporária, restrita geograficamente e diferente de um cessar-fogo?
Enquanto isso, os EUA enviavam a Israel o
secretário de Estado, o secretário de Segurança e, enfim, o próprio presidente
Joe Biden, para negociarem por conta própria, e não com as Nações Unidas, não
em aliança com a comunidade internacional. Donos do mundo?
O Brasil nem teve uma vitória nem uma derrota
estrondosa, como as torcidas dos dois lados esperavam, mas faça-se justiça: o
Itamaraty voltou a atuar, o chanceler Mauro Vieira tem sido incansável, o
embaixador Sérgio Danese coordenou bem as reuniões do conselho da ONU. E o
assessor internacional Celso Amorim e a diplomacia brasileira também tiveram
papel ativo no acordo entre Venezuela e EUA e na retirada de mais de mil
nacionais de Israel.
Falta resgatar em torno de 30 brasileiros
ilhados em Gaza, correndo alto risco, mas isso depende mais de Israel e Egito
do que do Brasil. Que, aliás, não vai discutir as versões sobre quem bombardeou
o hospital em Gaza, com 500 mortos. “Nesse pântano não vamos entrar”, resumiu
quem está na linha de frente das negociações e dá a dimensão da atuação
brasileira: “A gente faz o que é possível”.
Mais um papelão de Biden e dos EUA! Cúmplices incondicionais dos crime de guerra israelenses!
ResponderExcluirBombardear hospital vai contra os mandamentos da quarta convenção de Genebra.
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