O Estado de S. Paulo
Brasil teme que guerra em Israel afete economia e evolua para crise internacional
É um alívio que o presidente Lula, trancado
no Alvorada, recuperando-se da cirurgia no quadril, não tenha dado entrevistas
ou declarações de improviso sobre a guerra em Israel. O risco era Lula repetir
os erros e a confusão que aprontou ao falar, por exemplo, sobre a invasão da
Ucrânia e a ditadura da Venezuela. Vai que ele, para defender a Palestina,
ousasse amenizar o ataque terrorista do Hamas?
Por escrito, e bem assessorado, Lula reagiu de forma cautelosa no X, dizendo-se “chocado com os ataques terroristas contra civis, com numerosas vítimas”, reafirmando “repúdio ao terrorismo em qualquer de suas formas” e prometendo esforços para “uma solução que garanta a existência de um Estado palestino economicamente viável, convivendo pacificamente com Israel dentro de fronteiras seguras para ambos os lados”.
Um ataque, por ar, mar e terra, atingindo
crianças e velhos, inclusive mil jovens num show, é um atentado terrorista
condenável sob todos os aspectos e ponto final. Mas ideologia, política e
interesses nem sempre permitem posições claras, diretas. Lula, por mais
simpático à causa palestina, por mais resistência que tenha a Israel, deu nome
aos bois: atentado terrorista é atentado terrorista.
Na presidência rotativa do Conselho de
Segurança da ONU, o Brasil convocou reunião de emergência do colegiado, que
aprofundou a percepção geral do processo da ONU rumo à irrelevância. Dominada
pelos EUA, rachada entre países que insistem em não admitir novas potências e
pairando sobre consensos impossíveis, a ONU ficou em cima do muro.
Ontem, Lula fez sua primeira reunião com o
conselho político do governo, de casa, por internet, e incluiu o ministro da
Defesa, José Múcio, e o assessor internacional, Celso Amorim, para ouvir deles
sua visão da guerra e as providências para retirar mais de mil brasileiros da
área de conflito. Nada de novo, mas houve concordância na avaliação sobre a
guerra.
Ela já começou em grandes proporções, fica
pior com o cerco israelense a Gaza, com bloqueio de luz, água e comida, e pode
evoluir para uma crise internacional imprevisível, caso – como alertou o
embaixador aposentado Rubens Barbosa – o Hezbollah entre no conflito e atraia o
mundo árabe. Com EUA e Europa ao lado de Israel e os países árabes com os
palestinos, o que farão Irã, China e Rússia? E no rastro da guerra da Ucrânia?
Para o Brasil, preocupa a disparada do
petróleo, com aumento do preço interno da gasolina e do diesel, pressão sobre a
inflação e recuo na trajetória de queda dos juros. E o dólar só subindo. O
problema deixou de ser Congresso e o BC. O buraco, agora, é muito mais em cima.
"um atentado terrorista condenável sob todos os aspectos" não precisa de um ponto final"! Ele acontece num CONTEXTO! Mesmo que a competente colunista não esteja interessada em mostrá-lo ou discuti-lo. Ou até que ela prefira desconhecê-lo ou ocultá-lo... Ele existe e tem que ser entendido, mesmo contra a vontade da colunista.
ResponderExcluirE tem gente que quer justificar um atentado.
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