O Globo
Qualquer um dos dois que vença, a dependência
econômica em relação a Brasília se manterá
Nada como uma crise sem precedentes para
aplacar a rivalidade histórica — no futebol, na cultura, na influência
geopolítica sobre o continente e na economia — entre Argentina e Brasil e fazer
desta não só a mais imprevisível, como a mais “abrasileirada” eleição do país
vizinho.
A influência brasileira no pleito argentino
se mostra em vários aspectos concretos e simbólicos. Representa ao mesmo tempo
alguns dos maiores trunfos e as principais fraquezas dos dois candidatos que
foram ao segundo turno.
O peronista Sergio Massa não só se valeu da proximidade de seu grupo político — o do presidente Alberto Fernández — com o governo Lula e o presidente brasileiro, como importou os marqueteiros do PT e algumas teses bem-sucedidas usadas pelo partido em diferentes disputas presidenciais por aqui.
Vem da eleição de 2014 a tática que ajuda a
explicar a arrancada de Massa na reta final do primeiro turno: plantar o medo
do fim de programas sociais para demonizar candidatos adversários — aqui, Aécio
Neves, do PSDB; lá, o extremista Javier Milei, que está mais para Bolsonaro que
para tucano.
À receita de João Santana em 2014 se somou a
tática óbvia de colar Milei a Bolsonaro, algo que o próprio candidato da
extrema direita vinha fazendo com entusiasmo e agora pretende fingir que não
aconteceu, não era verdade.
O filme em que as feições de Milei são (ainda
mais) contorcidas até ele se transfigurar no ex-presidente brasileiro fez
enorme sucesso e foi uma bola dentro, do ponto de vista dos efeitos pretendidos
pelo marketing político, da dupla brasileira Otávio Antunes e Raul Rabelo.
O problema para Lula e o PT é que, empolgados
com a arrancada desde as primárias, os peronistas querem mais apoio, mais
explícito e, se possível, mais institucional. Nos últimos dias, ministros de
Lula negaram sistematicamente que o presidente se reunirá com Massa ou
Fernández, gravar ou postar qualquer manifestação de apoio ao peronista.
A ordem é que todos os integrantes do governo
tentem ao máximo segurar a onda na torcida, coisa que escapou ao controle com a
euforia demonstrada por integrantes do primeiro escalão ainda no domingo.
A razão é óbvia: não está dado que, por ter
passado ao segundo turno na frente, Massa seja favorito. Tudo dependerá da
distribuição de votos da terceira colocada. Outra circunstância que lembra o
Brasil de 2014 e 2022, quando Marina Silva e Simone Tebet saíram como terceira
via cortejada.
Na primeira dessas disputas, Marina deixou de
lado o passado petista e declarou voto em Aécio. Dilma Rousseff venceu no olho
mecânico. Em 2022 foi a vez de a liberal Tebet dar uma guinada à esquerda, que
ajudou, bem como a ampliação da frente pela democracia, na vitória também
apertada de Lula.
Tudo indica que os votos de Patricia Bullrich
tendem a migrar para Milei. Mas, para isso, o figurino tresloucado exibido pelo
candidato que desfilou “propostas” como dolarização radical ou até venda de
órgãos e achou bacana se apresentar como alguém que fala com um cachorro morto
não parece cair bem. Razão por que, agora, o candidato da extrema direita
parece querer certa distância dos bolsonaristas, que, órfãos, aportaram
eufóricos em Buenos Aires com direito a gafes na TV local e torcida organizada
em comitê.
O Brasil nunca foi fator de influência tão
forte na política argentina. Qualquer um dos dois que vença, a dependência
econômica em relação a Brasília se manterá — razão por que até Milei parou com
a bravata de que pretende tirar o país do Mercosul e romper com o governo Lula.
Acontece que, tanto para o presidente
brasileiro quanto para Bolsonaro, que já vive reveses em massa (sem trocadilho)
e dúvidas quanto à manutenção de sua influência “em casa”, não parece ser bom
negócio mergulhar na tentação de tentar repetir por lá a polarização daqui.
Estes governos da América Latina, África e Oriente médio são feitos de mentiras e delinquência.
ResponderExcluirVeja-se os vários últimos mandatos aqui no Brasil::
Excluir▪Mentiras!
▪Mentiras!
▪Mentiras!
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▪Delinquências!
▪Delinquências!
▪Delinquências!
Qual pais tem estrutura para sair vivo depois de repetidos governos Lula/Dilma/Bolsonaro/Lula?
ResponderExcluirQual estrutura tem hoje a Argentina depois de sucessivos presidentes tão absurdos.
ExcluirBrasil e Argentina viraram parceiros.
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