O Estado de S. Paulo
O que americanos e europeus em Gaza têm que os brasileiros não têm? Poder
O que americanos e europeus têm que
brasileiros não têm? A pergunta faz sentido diante do sofrido, atrasado e lento
processo de retirada de 7 mil estrangeiros civis da Faixa de Gaza, iniciado na
quarta-feira, 1.º/11, interrompido três dias depois e reiniciado ontem, sem um
único dos 34 cidadãos da lista do Brasil a bordo, 15 crianças aí incluídas.
O governo Joe Biden, possivelmente na contramão da própria diplomacia americana, derrubou com um veto, único e arrogante, a resolução por uma “trégua humanitária” apresentada pelo Brasil durante seu mês na presidência do Conselho de Segurança da ONU. Depois, o mesmo governo Biden tentou emplacar e capitalizar, solitariamente, o que impediu o conselho de fazer coletivamente.
Não funcionou. Os EUA pediram a trégua a
Israel, que deu de ombros e continuou destruindo Gaza, enquanto o Hamas não
devolver seus reféns. Biden conseguiu retirar seus próprios nacionais da mira
dos bombardeios, e só. Pode ser um ganho para ele na política interna, mas
pesquisa do The New York Times informa que o republicano Donald Trump tem
vantagem sobre o democrata Biden em cinco dos seis “swing states”
(Estados-pêndulo que definem as eleições). Associar os EUA à matança de civis
pode não ter sido uma boa ideia.
O governo do Brasil avalia que Biden deu
argumento para a Rússia jogar na cara dos EUA.
Tão ferozes ao defender o “direito
internacional” contra a Rússia na invasão da Ucrânia, optaram pelo “direito de
defesa” de Israel contra famílias e crianças em Gaza. O aceitável é, ou seria:
direito de autodefesa contra o terrorista e indesculpável Hamas, sim. Massacre
de civis, não.
O Brasil articulou à exaustão e fez muito
barulho no seu mês na presidência do Conselho de Segurança e foi derrotado por
um único voto. A China o substituiu há uma semana e ninguém sabe, viu ou ouviu
sobre suas ações e intenções, mas fontes da diplomacia elogiam o voto chinês a
favor da trégua proposta pelo Brasil, a discrição na ONU e a abertura de canais
com os EUA.
No Brasil, a prioridade das prioridades é
resgatar os brasileiros, os de dupla nacionalidade, seus cônjuges e filhos. O
embaixador na ONU, Sérgio Danese, o assessor internacional Celso Amorim e o
chanceler Mauro Vieira estão em intensas negociações, mas o Brasil é só mais um
entre dezenas de países que têm nacionais ali e, até por isso – e não se sabe
se só por isso –, há um empurra-empurra. Israel joga para o Egito, o Egito
devolve para Israel. Quanto mais o tempo passa, maior a crise humanitária e maior
o risco das famílias sob ameaça de mísseis. É de arrepiar.
Como afirmou o Secretário-geral da ONU: "A Faixa de Gaza virou CEMITÉRIO DE CRIANÇAS PALESTINAS"! Mais de 4 MIL CRIANÇAS foram ASSASSINADAS pelos ataques israelenses, que já destruíram mais da metade dos hospitais da região, e não respeitam campos de refugiados, escolas, locais de atendimento da ONU, etc. Biden é CÚMPLICE do criminoso de guerra Netanyahu, e impediu que a proposta brasileira no Conselho de Segurança da ONU fosse aprovada, como a colunista analisou anteriormente e novamente aqui.
ResponderExcluirO ser humano perdeu o endereço de Deus,quer dizer,nunca achou.
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