Folha de S. Paulo
Militares brasileiros consideram factível a
hipótese de Maduro ir às vias de fato na Guiana
À parte das negociações da diplomacia, que na
cena oficial manifesta descrença na possibilidade de a Venezuela invadir
a Guiana,
nas internas da área militar o Ministério da Defesa traça cenários que
consideram factível a
hipótese de Nicolás
Maduro ir às vias de fato.
As conjecturas são mantidas em sigilo. Uma
delas, contudo, põe no horizonte a entrada de forças venezuelanas no Essequibo
para fincar ali uma bandeira do país e declarar de maneira unilateral a posse
do território, rico em petróleo e diamantes.
O gesto é visto como teatral, mas com potencial de agravar a tensão. Nessa hipótese, seria uma ofensiva pelo mar, dado que por solo há terreno inóspito de florestas por um lado e, de outro, o bloqueio da fronteira brasileira.
"Não vamos deixar entrar", assegura
o ministro José Mucio
Monteiro. Ainda assim, na avaliação dos militares, o ditador
venezuelano deve prosseguir em seus intentos, sendo remota a chance de ele dar
ouvidos aos apelos do aliado governo brasileiro para a moderação.
Maduro tem agenda própria e, na interpretação
dos militares brasileiros, não teria convocado o plebiscito sobre a ofensiva em
relação à Guiana se não pretendesse escalar a situação. "Ninguém convoca
uma consulta dessa se não tem a intenção de fazer algo", diz um desses
analistas.
Isso não significa que não possa haver
dissuasão pela via diplomática, mas há outro sinal de que não haveria por ora
disposição de Maduro a um recuo:
a visita a Vladimir
Putin.
Mesmo marcada antes do plebiscito, a ida a
Moscou tem, na visão brasileira, evidente intenção de buscar apoio. Por essa
análise, o encontro pode até não render ajuda material, mas pode sinalizar
posicionamento favorável do russo ao colega ditador.
Quadro
complicado para o presidente Lula,
que se vê agora preso na saia justa criada por aquele que não faz jus à
complacente versão de que seria uma vítima de "narrativas".
Verdade.
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