segunda-feira, 18 de dezembro de 2023

Marcus André Melo - Gleisi e as ideias fora de lugar

Folha de S. Paulo

A ideia de agenda vitoriosa é descabida; as críticas aos parceiros da vitória, idem

Na conferência eleitoral do PT a presidente do partido, Gleisi Hoffmann, defendeu uma proposta na qual se afirma que "as forças conservadoras e fisiológicas do chamado centrão, fortalecido pela absurda norma do orçamento impositivo num regime presidencialista, exercem influência desmedida sobre o Legislativo e o Executivo, atrasando, constrangendo e até tentando deformar a agenda política vitoriosa na eleição presidencial".

Aqui o confronto Executivo-Legislativo poderia sugerir uma questão de legitimidade dual (ambos os Poderes são eleitos) em regimes presidenciais a la Juan Linz. Mas se trata, na realidade, de ideias fora de lugar. O PT tem 68 deputados, meros 13% da Câmara. O PC do B e PV, de sua coligação, agregam 2%. Juntos, os blocos parlamentares liderados pelo União Brasil e Republicanos detêm 196 parlamentares, ou 62% da Câmara. A oposição —PL e Novo— conta com 99 deputados.

A referência à agenda vitoriosa na eleição presidencial é estapafúrdia. O pleito presidencial foi uma disputa de rejeições, não um confronto programático. E sequer foi formada uma frente ampla. O argumento que Lula recebeu mandato para implementar uma agenda é uma miragem majoritária em um contexto hiperfragmentado, em que o PT é francamente minoritário. O programa do partido ou da frente sequer apareceu durante a campanha.

Causa espécie também o ataque aos parceiros da coalizão de governo vindo da presidente de um partido hiperminoritário. O PT tem governado com coalizões a contragosto. Depende delas mas não as inclui plenamente nos governos. Em Lula 1, o mensalão foi uma forma de compensar a sub-representação dos membros da coalizão nos ministérios, como escrevi aqui. Sob Lula 3, a realidade hiperminoritária acabou se impondo. Mesmo assim a prática hegemônica do partido permanece. Suas principais consequências são os malogros legislativos do governo.

A referência a uma supostamente absurda norma do orçamento impositivo no presidencialismo é também esdrúxula, ignora a experiência de países como os EUA ou o semipresidencialismo francês. Nos EUA, o orçamento é globalmente impositivo. Suas práticas orçamentárias constituíram-se em modelo histórico sob democracias. O que é absurdo é a ausência de qualquer referência programática na formação de governos, como escrevi aqui.

A oportunidade das declarações merece comentário adicional: ocorreram na semana em que vetos presidenciais cruciais foram derrubados e às vésperas da aprovação da reforma tributária por 365 votos a favor e 118 contra —quórum avassalador que veio majoritariamente do centrão. O contraste sugere que a reforma reflete não a agenda do PT, mas uma agenda suprapartidária.

*Professor da Universidade Federal de Pernambuco e ex-professor visitante do MIT e da Universidade Yale (EUA)

2 comentários:

  1. ■■■A Gleisi Hoffmann, em suas declarações, sempre foi a cara do PT::
    ■■O PT sempre coloca nos outros o carimbo do mal-feito, mal--feito este que é o PT que faz primeiro e faz tanto ou mais que aqueles a quem acusa.

    ■Alguém não petista pode roubar relógios de uma marca e um petista roubar relógios de duas marcas, mas para o PT o ladrão será só o não petista;

    ■Alguém pode fazer a mesma gastança irresponsável que fazem Lula, Dilma e o PT, mas para o PT só o não petista será irresponsável;

    ■Alguém pode se corromper com alguns $Milhões e petistas se corromperem com vários $Bilhões, mas para o PT corruptos serão só os outros;

    ■Alguém pode usar Orçamento Secreto e isto ser "Esquema de Corrupção", mas se é o PT e Lula que usam o mesmo Orçamento Secreto para corromper a Instituição Senado e a Instituição Câmara dos Deputados, aí o PT não acha que é corrupção.

    ■O PT pode destilar litros e litros de ódio, mas só será ódio quando quem fizer forem outros contra o PT;

    ■O PT pode fabricar e espalhar a quantidade que for de Fake News, mas só será Fake News a dos outros;

    ■A qualidade da educação entregue pelo PT pode ser das piores do mundo, inviabilizando a realização humana do povo pobre e com a maioria que tem de meninos negros, mas são os outros que não têm compromisso com educação;

    ■Os Estados em que o PT manda podem matar a quantidade que for, mas os assassinos são os outros governadores.

    ■Os do PT podem ser desgoverno como dos piores, mas desgoverno será o dos outros.

    E o PT fala assim::
    "A Dirrrreitttttttaaaaaaa!".

    ■Quando fala assim, o PT quer carimbar naquelas pessoas que se posicionam ideologicamente como de direita a responsabilidade por roubos, desmandos e incompetência.

    ■O PT faz isso para estabelecer uma contraposição dual::
    =》ESQUERDA - DIREITA.

    Isso é enganoso, como tudo ou quase tudo que o PT faz, e quando você vai ver de quem o PT está falando e chamando de "Dirrrreitttaaaaa" você vê que trata-se não da direita mesmo, mas de políticos fisiológicos e oportunistas que ficam com o extremista Bolsonaro. Mas estes mesmos políticos fisiológicos, que não são de esquerda nem de direita e sim são do Centrão corrupto, ficaram com o PT antes de ficar com Bolsonaro e agora estão com o PT de novo.

    Oras Bolas:: o PT também é feito de fundamentalistas como os ligados a Bolsonaro, só que o PT é um tipo de extremista em outra chave política da do bolsonarismo.

    Mas eles, os dois fundamentalismos, o petista e o bolsonarista, têm práticas e ideias bastante iguais, em que pese a diferença de inspiração na origem entre o fundamentalismo de esquerda, que tem origem iluminista e humanista, e o fundamentalismo de direita, que desde a sua origem canaliza mais a natureza exclusivista, egoísta e perversa do bicho homem.

    O PT devia assumir que é um partido fundamentalista, assim mesmo só na retórica estreita e extremista e nas companhias de ditadores e terroristas, porque na prática o PT é só corporativista, oportunista e fisiológico como o Centrão, com Lula e boa parte do PT sendo populistas.

    Bolsonaro e seu bolsonarismo são apenas isso também:: extremistas na retórica, mas na prática são apenas populistas e ladrões, como muitos petistas.

    ■■■Os dois, o petismo e o bolsonarismo, deveriam é deixar em paz o mínimo que existe no Brasil da digna e politicamente bem preparada Direita.

    E os que são realmente de esquerda no PT deveriam é se afastarem dessa gente delinquente e covarde e vir ajudar para que no Brasil um dia tenha um partido de esquerda, o que hoje não tem.

    E os do PT que são realmente extremistas de esquerda deveriam assumir isso sem sentirem vergonha, se desligarem do populismo do PT e se ligarem a um dos grupos extremistas que existem ou criarem o grupo deles.

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