O Globo
A barbárie revelada é tão grande que não é
possível ficar com meias palavras neste momento, tentando esconder os fatos
Cinco dias de uma ação terrorista brutal
contra Israel foram suficientes para que o governo brasileiro ajustasse seu
radar geopolítico e passasse a chamar pelo nome a organização terrorista Hamas.
Não é ainda uma admissão oficial de que o grupo que domina pela força a Faixa
de Gaza seja uma organização terrorista em si mesma, mas é natural que assim
seja, pois a definição oficial ainda não é adotada pela ONU, e um partido como
o PT, que sempre manteve relações próximas com organizações esquerdistas no
mundo, sejam oficiais ou não, teria naturais dificuldades para dar um “cavalo
de pau” em suas posições internacionais.
Mas o apelo do presidente Lula, divulgado pelo X (antigo Twitter), em defesa de um corredor humanitário para permitir que mães e crianças sejam evacuadas da Faixa de Gaza, em que reconhece que o Hamas sequestrou crianças israelenses, é mudança importante em busca de “um mínimo de humanidade na insanidade da guerra”. Também a defesa de um cessar-fogo por parte de Israel “para que as crianças palestinas e suas mães deixem a Faixa de Gaza através da fronteira com o Egito” demonstra uma preocupação além da visão ideológica que vinha dificultando a retórica oficial do governo brasileiro.